O início de uma geração é sempre muito conturbada e agitada nas críticas. Na maioria delas, temos jogos feitos às pressas, inacabados e até mesmo com falhas técnicas por conta da novidade do hardware e como ele funciona. Com o Playstation 5 tivemos um ótimo início, graças a Spider-Man Miles Morales, Sackboy, Demon’s Souls e (por que não?) Godfall (exclusivo nos consoles para PS5). Sendo este último o mais apagado devido a grandiosidade das outras franquias perto de uma nova IP, aqui está nossa análise de Godfall.
O jogo foi desenvolvido pela Counterplay Games e publicado pela Gearbox (Borderlands). A análise de Godfall foi possível graças a um código cedido pela empresa.
História e cenário de Godfall
Godfall se passa no mundo de Aperion, onde você, jogando como Orin, é um dos últimos Cavaleiros Valorian. A história começa, de fato, quando Macros o trai para alcançar a divindade, o poder supremo. Deixado para morrer e com fome de vingança, Orin procura o Sétimo Santuário para obter acesso a Valorplates e derrotar Macros.
As quase 12 horas de campanha de Godfall começam com um velho clichê de vingança, que parece promissor em um primeiro momento. Porém, nada te faz querer ver o próximo passo da história. As cutscenes são sem sal, apenas apresentando um novo lugar ou inimigo e não são expressivas. Como todos os personagens usam armaduras com máscara, tudo fica muito impessoal e narrado demais, fazendo com que o jogador se agarre a sua jogabilidade e aos seus belos gráficos.
Durante sua jornada pelo mundo apresentado em Godfall, você irá percorrer 3 reinos: Terra, Água e Ar. O curioso aqui é que por mais que o reino do fogo seja citado a todo momento, ele não aparece. Será que teremos uma DLC futura? Ou esse foi o limite para o lançamento da geração?
Gráficos que saltam aos olhos e um gameplay de qualidade durante a análise de Godfall
Cada um dos três reinos é lindamente decorado e funciona bem como mundos exploráveis por um tempo. O jogo tem seu brilho bem estourado e, por mais que eu não tenha usado por muito tempo, faz uso do Ray Tracing em seus reflexos. Durante a análise de Godfall, eu não consegui ficar muito tempo com o modo resolução do jogo ligado pois seu FPS caía para 30 e até mesmo menos em alguns momentos. Não senti uma grande diferença no visual para o modo performance que isolou meu FPS para os 60, cravados a todo momento. Eu prefiro ser enganado com reflexos estáticos e manter meu FPS o mais alto possível.
Tudo é lindo em Godfall. O cenário, as armas, os efeitos, as particulas, os insetos, os animais… qualquer coisa que você olhe dará gosto de estar ali. Isso é somado a uma jogabilidade frenética de combos e inimigos impiedosos, se você jogar na dificuldade mais elevada. Imagine aqui uma jogabilidade bem parecida com God of War de Playstation 4!
O jogo possui ainda um sistema de loot parecido com Destiny (mais do que com Warframe) onde você pode jogar casualmente ou se aprofundar pelos materiais, setups complexos e vários tipos de personagens e estilos. Cada novo item equipado, sobe seu poder geral e com isso nivela seu personagem paras missões, dificuldades e até para sua equipe coop (até 3).
Além disso, você poderá customizar uma árvore de habilidades simples, mas bem extensa. Durante a análise de Godfall eu tentei pegar um pouco de tudo para entender cada mecânica, mas, ao que parece, focar no seu estilo e em uma única área pode otimizar e muito sua performance contra os chefes e inimigos mais complexos.
O que não funcionou durante a análise de Godfall
Um dos maiores problemas enfrentados durante nossa análise de Godfall foi a repetição. Não demora muito para que os reinos pareçam familiares demais. Apesar da diferenciação visual, todos eles se resumem à mesma coisa: correr por corredores estreitos em direção a ambientes circulares que contêm inimigos genéricos, não traz dinamicidade para o jogo. Não há diferença se você está lutando em um reino ou no outro, porque o design não se altera. Você tem os mesmos tipos de inimigos com outras vestimentas e aparência.
O problema de Godfall com a repetição vai até suas missões secundárias fora das missões da história principal. Grande parte do jogo exige que os jogadores executem as mesmas missões repetidamente para subir de nível ou adquirir items especiais para desbloquear lutas contra chefes. Você começa em um local, segue um objetivo e, em seguida, mata o alvo ou pega o objetivo.
No primeiro momento, é até interessante as missões estilo Monster Hunter ou de encontrar o chefe imponentes te esperando para um combate desafiador, porém, depois da terceira ou quarta vez passando pela mesma mecânica, tudo vai perdendo o brilho (menos os gráficos do jogo).
Um jogo focado na parte técnica
Godfall não economiza em nada no departamento gráfico. A Counterplay Games pretendia entregar uma experiência visual de última geração e eles entregaram. Temos partículas, raios de sol, efeitos de luz e sombra e o tão falado carregamento quase que instantâneo quando voltamos para o lobby. O jogo também usa brilhantemente o DualSense nos impactos de espada, explosões, defesas com o escudo, marteladas no chão e etc.
De mãos dadas a isso temos um combate inspirado em God of War e muito bem executado. É prazeroso sair vitorioso de um combate com vários inimigos ou até mesmo de um único Boss. Porém, falta espírito para Godfall. Os personagens não são carismáticos, não temos uma história que quer ser lembrada e nem mesmo ambientes diferenciados para servir de fundo a tanta beleza. Nos sobra um jogo bom tecnicamente (tirando o fato dos 30fps com pouquíssima diferença visual com o Ray tracing ligado) e muito, muito bonito.
Godfall está disponível para Playstation 5 e PC (via Epic).
Godfall
Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 6
Diversão - 6
Áudio e trilha-sonora - 7
Repetitividade - 5
6.6
Godfall parece ter sido criado apenas para testar e demonstrar o que pode ser possível na nova geração e, principalmente, no Playstation 5. Porém, com outros jogos que demonstram melhor cada uma dessas tecnicidades, o jogo perde seu apelo e é indicado apenas para quem quer mais do combate de God of War e curte o crescimento contínuo de um looter solitário.