Análise: Dragon Age: The Veilguard
O acerto de contas com o Lobo Temível chegou
Dragon Age: The Veilguard emerge como a aguardada sequência do aclamado Dragon Age: Inquisition, vencedor do prêmio Jogo do Ano em 2014. Este novo capítulo da saga épica apresenta um mundo ainda mais perigoso que seu antecessor, onde as consequências do fim da Inquisição e a traição de Solas estabelecem o cenário para uma nova aventura.
Em um ano extraordinário para os fãs de RPG, com lançamentos de peso como Dragon’s Dogma 2, Final Fantasy VII Rebirth e Metaphor: ReFantazio, nossa análise busca determinar se The Veilguard consegue se destacar neste cenário competitivo.
Essa análise foi feita graças a um código cedido pela nossa parceira Nuuvem. Aproveite e compre Dragon Age: The Veilguard.
Um mundo repleto de podridão, demônios e sem uma Inquisição
Dragon Age: The Veilguard dá continuidade à rica narrativa estabelecida em seu antecessor, mantendo-se fiel a todos os eventos anteriores. A trama central gira em torno de Solas, o Lobo Temível, cuja traição ameaça o véu místico que separa o reino dos vivos do mundo espiritual dos demônios.
O jogo permite que as decisões tomadas em Dragon Age: Inquisition influenciem diretamente o novo enredo, incluindo a crucial escolha sobre o destino de Solas – se o antigo protagonista deseja salvá-lo ou eliminá-lo. Este elemento de continuidade adiciona profundidade à narrativa e recompensa os jogadores veteranos da série.
No centro da trama, Solas inicia um ritual envolvendo o véu místico. Rook, o novo protagonista, tenta impedir este ritual, independentemente de suas intenções em relação ao Lobo Temível. No entanto, a intervenção resulta em consequências inesperadas: duas antigas divindades élficas escapam através do véu, apresentando uma ameaça ainda maior para o mundo.
Esta nova crise exige que Rook reúna uma equipe extraordinária para enfrentar não apenas estas divindades, mas também as forças das trevas que as acompanham – incluindo demônios e o temível culto Venatori.
A narrativa de The Veilguard se destaca pela riqueza de seus personagens, cada um dotado de histórias complexas e alinhados com a profunda mitologia do universo de Dragon Age. O jogo expande seu universo através de missões secundárias que exploram como diferentes povos enfrentam esta nova era apocalíptica.
Como marca registrada da série, o sistema de escolhas permanece um elemento central. As decisões do jogador, sejam elas relacionamentos pessoais ou dilemas morais complexos como escolher qual cidade salvar, têm repercussões significativas no desenvolvimento da história. A própria criação do personagem – seja pela escolha da raça ou filiação a diferentes facções – molda fundamentalmente a experiência narrativa. Por exemplo, membros dos Corvos de Antivan enfrentarão desconfiança por sua reputação como assassinos, enquanto Guardiões Cinzentos encontrarão mais credibilidade em sua missão de proteger o véu.
Não é um mundo aberto
Dragon Age: The Veilguard inova na franquia ao abandonar o formato de mundo aberto tradicional, adotando uma estrutura mais focada e bem articulada. Embora não siga uma progressão linear, o jogo oferece um sistema de exploração baseado em áreas distintas e interconectadas. Cada região selecionável apresenta uma rica teia de possibilidades, incluindo rotas alternativas, estabelecimentos comerciais, missões principais e secundárias, além de segredos escondidos. A perspectiva visual remete à abordagem utilizada nos títulos recentes de God of War, embora com um campo de visão mais amplo.
Os ambientes apresentam uma diversidade impressionante de biomas, cada um com sua identidade própria e atenção excepcional aos detalhes. O jogador atravessa desde vastas extensões geladas e densas florestas até praias paradisíacas, regiões vulcânicas ativas, complexos de cavernas ancestrais, locais imbuídos de misticismo e cidades populosas repletas de vida.
A direção de arte alcança a excelência na concepção desses cenários, combinando beleza visual com funcionalidade. O sistema de viagem rápida, integrado ao mapa-múndi, permite uma navegação fluida entre as diferentes zonas. Um aspecto notável é como as decisões do jogador podem alterar significativamente a estrutura dos ambientes, incentivando múltiplas explorações e revelando novas camadas de conteúdo em revisitas posteriores.
Combate dinâmico, visualmente deslumbrante, mas ainda é Dragon Age
O sistema de combate de Dragon Age: The Veilguard apresenta uma dinâmica intensa e espetacular, onde o protagonista, acompanhado por dois aliados, enfrenta ondas de inimigos em batalhas repletas de efeitos visuais impressionantes.
O controle de Rook foi projetado com foco na versatilidade. O personagem dispõe de dois botões principais para ataques básicos, que podem ser combinados em sequências variadas de combos, dependendo do timing e da ordem dos comandos. Cada facção adiciona personalização ao combate – por exemplo, como Corvo de Antivan, o protagonista ganha acesso a um versátil conjunto de habilidades com arco e flecha.
O arsenal do personagem permite a equipagem de três habilidades especiais, além de um poderoso ataque supremo que serve como recurso decisivo. Embora o combate seja mais dinâmico que nas versões anteriores da série, The Veilguard mantém o DNA estratégico de Dragon Age através do sistema de pausa tática, permitindo que o jogador coordene ações específicas para cada membro do grupo.
Uma das mecânicas mais interessantes é o sistema de “aplicar e detonar”, onde os personagens podem criar sinergias poderosas. Um membro da equipe aplica uma condição de status no inimigo, como vulnerabilidade, enquanto outro pode detonar esse efeito com um ataque complementar, gerando uma explosão mágica devastadora. Esta mecânica adiciona mais estratégia à composição da equipe, exigindo que o jogador considere cuidadosamente as combinações de habilidades entre os membros do grupo.
O sistema apresenta, contudo, algumas imperfeições técnicas. O sistema de mira ocasionalmente perde o foco quando inimigos desaparecem e reaparecem, e o targeting sem “lock-on” pode ser impreciso, especialmente com ataques à distância, que por vezes erram seus alvos pretendidos.
Quanto à interface do usuário, embora inicialmente criticada por seu aspecto minimalista – em contraste com a HUD mais tradicional baseada em MMORPGs que aparecia nos títulos anteriores – ela se mostra eficiente em sua simplicidade. A limitação de três habilidades ativas força decisões significativas na construção do personagem.
Sistemas de evolução em Dragon Age: The Veilguard
O sistema de desenvolvimento de personagem em Dragon Age: The Veilguard oferece uma profunda customização através da interação entre facções e classes. O jogador deve primeiro escolher entre três arquétipos clássicos – guerreiro, trapaceiro ou mago – cada um dos quais se ramifica em três especializações únicas vinculadas às diferentes facções do universo do jogo.
A árvore de habilidades apresenta uma estrutura tripartite bem elaborada. Em seu primeiro nível, contempla as habilidades fundamentais da classe escolhida, estabelecendo as bases do estilo de jogo. O segundo nível expande-se em uma área mais ampla, abrangendo atributos físicos e habilidades versáteis específicas da classe, permitindo maior personalização da build. Por fim, o terceiro nível subdivide-se em três ramos de especialização, cada um oferecendo um golpe supremo exclusivo e habilidades que potencializam as características distintivas de cada especialização.
A progressão do personagem é complementada por um robusto sistema de equipamentos que permite aprimorar atributos e adicionar efeitos especiais que impactam diretamente na jogabilidade. Embora os companheiros de equipe também possuam seus próprios sistemas de progressão e equipamentos, estes são intencionalmente mais simplificados para manter o foco no desenvolvimento do protagonista, oferecendo assim um equilíbrio entre complexidade e acessibilidade.
Gráficos e trilha sonora
Tecnicamente, Dragon Age: The Veilguard alcança excelência audiovisual em todos os aspectos. A direção de arte excepcional se manifesta através de uma apresentação visual deslumbrante, onde cenários meticulosamente construídos, personagens expressivos e efeitos visuais impressionantes se complementam harmoniosamente. O jogo oferece dois modos gráficos distintos: um modo resolução que privilegia a qualidade visual em 4K, e um modo desempenho que opera em 1080p, permitindo que os jogadores priorizem suas preferências entre fidelidade visual e fluidez.
O design sonoro demonstra igual atenção aos detalhes. A dublagem de alto calibre transmite com precisão as nuances emocionais e personalidades distintas de cada personagem, enquanto a trilha sonora orquestral proporciona uma atmosfera épica que intensifica cada momento da narrativa. A experiência auditiva é ainda enriquecida pelos efeitos sonoros e ambientação que contribuem para a completa imersão no universo do jogo.
Conclusão da análise de Dragon Age: The Veilguard
Dragon Age: The Veilguard estabelece-se como uma das obras mais significativas de 2024 no gênero RPG, apresentando-se como um forte candidato aos principais prêmios do ano. A combinação magistral de valores de produção excepcionais, um sistema de combate envolvente e uma narrativa cativante ambientada em um mundo medieval apocalíptico resulta em uma experiência verdadeiramente memorável.
Em uma decisão acertada de design, The Veilguard abandona a tendência atual de mundos abertos extensos em favor de ambientes mais focados e densamente elaborados. Cada área foi projetada para oferecer uma experiência rica em conteúdo, repleta de quebra-cabeças inteligentes, caminhos alternativos e missões secundárias que se integram organicamente ao ambiente. Embora apresente pequenas imperfeições no sistema de mira, estas não comprometem a qualidade geral da experiência.
Este título representa uma adição essencial à biblioteca de qualquer entusiasta de RPGs, seja fã de longa data da série ou novato no gênero. Em um ano já notável por seus lançamentos expressivos, Dragon Age: The Veilguard se destaca como uma das surpresas mais agradáveis, reafirmando a capacidade da série de se reinventar mantendo sua essência.
Essa análise/review de Dragon Age: The Veilguard segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.
Uma experiência memorável
Visual, ambientação e gráficos - 10
Jogabilidade - 9.5
Diversão - 10
Áudio e trilha-sonora - 10
Narrativa - 10
9.9
Maravilhoso
Dragon Age: The Veilguard é um jogo excelente em vários aspectos e consegue trazer uma imersão enorme neste mundo fantástico mesmo beirando um apocalipse por conta das divindades corrompidas. Seus gráficos, seu gameplay e sua história são simplesmente espetaculares.