Análise: Sherlock Holmes Chapter One
A análise será elementar, meu caro.
Eu acho que estou me tornando um analista investigativo. Depois de ter a honra de analisar Agatha Christie – Hercule Poirot : The First Cases, recebi outra grande honra: fazer a análise de Sherlock Holmes Chapter One. Particularmente eu gosto muito das histórias de Sherlock Holmes: li os livros, vi os filmes, vi os seriados e já joguei alguns jogos do Sherlock Holmes, incluindo o jogo de tabuleiro baseado nos casos de Sherlock Holmes.
E, na minha modesta condição de fã, posso dizer a vocês que gostam do nosso detetive da Rua Baker Street, 221, que o jogo é a encarnação do livro não escrito por Sir Arthur Conan Doyle em um jogo. Valeu e ainda vale cada momento de vivência com os amigos Sherry e John.
Esta análise só foi possível graças a uma cópia digital de Sherlock Holmes Chapter One, gentilmente cedida pela Frogwares, para a versão de Xbox Series. Esta análise não contará com spoilers.
Sobre Sherlock Holmes Chapter One
Vamos começar a análise de Sherlock Holmes Chapter One falando dos personagens principais do jogo, a dupla de amigos praticamente inseparáveis: Sherlock Holmes e John Watson. Nesta aventura, os dois amigos se reúnem para que o Sherlock possa vencer alguns traumas do passado, começando por Sherlock Holmes visitar o túmulo da sua mãe. Porém, Sherlock descobre que nesta visita, esconde um mistério enorme, que envolve Sherlock e seu amigo John em um incrível caso.
Também é muito interessante como os dois são apresentados no jogo: Sherlock Holmes está bem parecido ao clássico dos livros, mas o John Watson está com uma interpretação totalmente diferente do que já vi ou já imaginei. Não colocarei aqui este detalhe pois seria um spoiler muito grande e estragaria a sua experiência.
Do mesmo modo, a segunda coisa que devo ressaltar é que o jogo está totalmente legendado em PT-BR. Tem algumas pequenas falhas na tradução, porém não é nada que prejudique o gameplay, ou o entendimento da sentença. Sobretudo, vocês lembram da análise de Crysis Remastered, onde falei que o jogo não tinha legendas PT-BR e que era difícil de ler em algumas cenas? Lembram também que eu sugeri que colocasse uma cor diferente da legenda ou um fundo preto na legenda para ler melhor? Pois é: Sherlock Holmes Chapter One fez exatamente isso.
Gráficos
Em primeiro lugar, o uso da Unreal Engine nesse jogo é algo que me surpreendeu de uma forma bem positiva. Da mesma forma, os cenários apresentados são lindos e bem detalhados. E aqui quero dar ênfase nos detalhes. Aparentemente todos os objetos do jogo tem os seus detalhes minuciosos: plantas, cadeiras, mesas, pessoas, portas, sombras. Além disso, você sente a profundidade de cada posição que está o personagem e como ela aumenta ou diminui, conforme o movimento do personagem. É algo realmente fantástico.
Porém, o maior destaque dos gráficos do jogo está na sua iluminação. Conforme a câmera do jogo aponta para o personagem, a iluminação muda perfeitamente para o ângulo de visão da câmera. Se a câmera está contra a luz, o personagem fica bem ofuscado. Se a luz corta um pouco, a iluminação restante reflete no personagem. E se a câmera está totalmente contra a luz, você consegue ver nitidamente o semblante do personagem. As imagens abaixo mostrarão melhor o que estou dizendo:
Enfim, vocês acreditam que as imagens acima são da mesma cena, sem nem mover o personagem, só mudando os ângulos da câmera? Eu achei sensacional a forma que trabalharam com a iluminação.
Jogabilidade
O jogo tem uma jogabilidade bem peculiar. Como Sherlock Holmes é um personagem que resolve casos com análises, deduções e observações, o gameplay do jogo tem foco principal nesses elementos. Dê uma conferida abaixo na gameplay do jogo.
A princípio, o vídeo acima mostra os talentos do Sherlock Holmes em ação. Alguns jogadores mais atentos irão reparar que os poderes de dedução do Sherlock Holmes parecem muito com a visão de detetive dos jogos do Batman, da série Arkham ou a “visão de gato” do Geralt, em The Witcher. E é bem semelhante mesmo, só que de forma mais reduzida e direta: as dicas das pessoas/objetos vêm rapidamente, sem precisar fazer maiores análises.
Outro dos “poderes” do Sherlock Holmes é a visão de cenário. Aparentemente, essa habilidade parece muito como a visão do Agente 47, em Hitman ou a visão da Lara Croft, na nova trilogia de Tomb Raider. Analogamente, é isso mesmo: com essa habilidade, Sherlock Holmes consegue identificar todos os objetos de destaque da cena. A pequena diferença aqui é que tem um “tempo de recarga”, para usar novamente a habilidade.
Por fim, o último “poder” do Sherlock Holmes é a memória fotográfica. Você pode “tirar uma fotografia mental” de qualquer cena que quiser. Para mim, é mais um atalho para um modo fotografia.
A arte elementar de dedução
A princípio, já que estamos falando de Sherlock Holmes, o que temos que fazer é coletar pistas, fazer as deduções e recriar cenas. Após as coletas, você consegue ver tudo no menu de pausa.
De um modo geral, é aqui que você gerencia todas as pistas, deduções, análises que o Sherlock faz. O funcionamento é, de modo geral, assim: Você acha alguma evidência, marque-a no livro, depois saia perguntando às pessoas ou encontrando pistas das evidências. Após transformar a evidência em pista, é só ir na aba Palácio Mental e fazer a ligação entre as pistas. Não tem nada muito complicado com isso, porém é muito legal fazer as ligações das pistas e poder ver elas se transformarem em algo maior. Se mesmo assim, algo ficou confuso, o tutorial do jogo explica essas mecânicas de forma impecável de tão detalhado que é.
E é só isso o jogo?
Resposta rápida: não. Sherlock Holmes é um exímio pugilista e sabe também distribuir socos com maestria. Ou seja, o jogo tem combates bem interessantes, aonde Sherlock consegue analisar os pontos fracos do oponente e ataca “com força” contra cada fraqueza. O sistema funciona de forma bem simples e direta: Sherlock entra em modo analista, vê e analisa o oponente, descobre os pontos de fraqueza e pronto! Só atacar.
O jogo também tem algumas armas de fogo. Porém, como as armas são mais antigas, a maioria delas são armas de apenas um tiro, em que o Sherlock utiliza para acertar as fraquezas do oponente, sem precisar matá-lo. E, aliás, o jogo sugere muito que não mate os oponentes! Afinal, bons detetives não costumam matar, né?
Sons e efeitos sonoros
Em primeiro lugar, as músicas do jogo são de época. Ou seja, o jogo tem um bom conteúdo de música clássica. E a música clássica nunca erra. Pelo menos essa é minha opinião. Jogar usando fone de ouvido deixa a imersão do jogo incrível, e recomendo muito usar um fone. Se não tiver um fone, aumente o volume da TV e aproveite as músicas.
Os efeitos sonoros do jogo também estão excelentes. Você consegue distinguir facilmente quando Sherlock está somente andando ou correndo, quando uma porta está abrindo e até mesmo o som dos tiros das armas são excelentes. Acho que facilmente poderiam usar esses sons para um filme do Sherlock.
A dublagem do jogo está no nível aceitável. A dublagem em si não está ruim porém, em vários momentos, muitos dos NPCs do jogo tinham a mesma voz e a mesma frase a se dizer. É como se estivesse jogando um JRPG antigo, onde o NPC só tem uma frase programada, com a diferença de que vários NPCs têm a mesma voz. Ressalto que não é algo que atrapalhe a gameplay do jogo mas chega a incomodar ouvir as mesmas vozes várias vezes, dizendo as mesmas frases. Se eu pudesse sugerir, eu deixaria os NPCs “sem fala”, ou deixar apenas as vozes que realmente trariam diferença ao jogo.
Considerações finais
Fazer esta análise de Sherlock Holmes Chapter One realmente foi algo maravilhoso! Como um bom fã da saga, eu sempre curto a leitura que cada autor faz do Sherlock Holmes. Já vi Sherlock viciado, Sherlock concentrado (quase um autismo), Sherlock clássico (o mais parecido com os livros) e algumas outras versões. E Sherlock Holmes Chapter One trouxe mais uma imaginação do personagem que os fãs irão curtir e muito. Vale a pena conferir o jogo só por causa disso.
John Watson me surpreendeu também. Todavia, John é mais participativo, fica instigando o Sherlock a todo momento e até trata o seu amigo de uma forma bem carinhosa e com uma amizade mais íntima. E tem mais uma coisa que irá surpreender a muitos (e que não posso revelar por ser um baita spoiler).
O desenvolvimento do jogo chega a ser lento em algumas partes, pois o jogo não te entrega tudo facilmente. Não serão raros os momentos em que você ficará meio perdido no jogo. Mas fique sossegado que o progresso do jogo virá naturalmente. E, se mesmo assim ficar perdido, nada como um bom amigo para lhe ajudar nessas horas (e não estou falando do Google).
Acima de tudo, é um jogo excelente. Gráficos lindos e bem ambientados, músicas que te deixam no clima de cenário de investigação, controles simples e que atendem muito bem ao jogo. Em outras palavras, posso dizer que Sherlock Holmes Chapter One é o jogo que todo fã da série espera jogar.
O jogo está disponível para Playstation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam, GOG e Epic Store que contam com legenda em PT-BR. Além disso, as versões para Playstation 4 e Xbox One ainda não tem data confirmada.
Essa análise segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Sherlock Holmes Chapter One
Visual, ambientação e gráficos - 10
Jogabilidade - 8
Diversão - 8.5
Áudio e trilha-sonora - 9
8.9
Ótimo
Sherlock Holmes Chapter One traz uma reimaginação das aventuras de Sherlock e John, com uma ambientação bem imersiva. Se você é fã, não pode deixar de jogar esse excelente jogo, aonde você será surpreendido tanto pelos personagens quanto pelo gameplay do jogo.