Fazendo 22 anos de idade em 2023, a franquia Fatal Frame se consolidou entre os jogos de terror ao lado de Resident Evil e Silent Hill. Nestas duas décadas, cinco jogos foram lançados da série principal, sendo um deles exclusivo para o público japonês até o dia de hoje. No entanto, com a chegada de FATAL FRAME: Mask of the Lunar Eclipse, todos os jogos principais passam a receber um lançamento ocidental.
Lançado originalmente para Wii em 2008, o quarto título da franquia marcou a estreia da série em plataformas da Nintendo. Todos os três títulos anteriores eram exclusivos do Playstation 2, e o console “de última geração” da Nintendo chamou a atenção de um dos criadores da série, os levando a mudar o lar da franquia, algo que se refletiu no último game da série, também exclusivo de um console Nintendo por anos.
Essa análise de FATAL FRAME: Mask of the Lunar Eclipse foi feita graças a um código de PS5 cedido pela Koei Tecmo. FATAL FRAME: Mask of the Lunar Eclipse já está disponível para PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series, Nintendo Switch e PC (via Steam).
O Enquadramento Fatal
A série Fatal Frame apresenta histórias antológicas, que as quais não exigem quaisquer conhecimento prévio para se aprofundar no universo de cada jogo. Em Mask of the Lunar Eclipse, os jogadores controlam quatro personagens diferentes em tempos distintos: Misaki, Madoka, Ruka e Choshiro. A narrativa é subdividida em capítulos a fim de tornar os segmentos de cada personagem melhor espaçados, e os coloca para explorar um sanatório abandonado em uma ilha ao sul do Japão.
Dos personagens jogáveis, três são sobreviventes de um sequestro cometido por um Serial Killer que atacou residentes do sanatório, e o detetive Choshiro, que as resgatou dez anos antes do início do game. Depois deste evento, todas as sobreviventes sofreram de amnésia e duas delas foram encontradas mortas de causas misteriosas. Com isso, Misaki e Madoka decidem retornar à ilha a fim de descobrir seus passados e desaparecem sem deixar vestígios. Chega então a vez de Ruka realizar sua investigação por conta própria.
No meio disso tudo, Choshiro também decide partir à ilha a fim de localizar Ruka e buscar pistas sobre o assassino em série Yo Haibara, que segue foragido há anos. O game é situado em um Sanatório e seus arredores na ilha fictícia de Rogetsu, se aprofundando na cultura e crenças da população local da ilha e introduz a Máscara do Eclipse Lunar, que dá nome ao jogo.
Enfrentando os mortos
A jogabilidade das três garotas é fiel aos jogos anteriores da série, utilizando da Camera Obscura para enfrentar fantasmas e interagir com certos elementos do cenário. Também, somando à ambientação de uma construção enorme dividida em salas, é fácil notar que o game segue a proposta de Survival Horror da época na qual foi lançado, ao melhor estilo da época de ouro dos games neste estilo. Apesar de ter sido originalmente lançado em 2008, senti muita semelhança de FATAL FRAME: Mask of the Lunar Eclipse com a jogabilidade da trilogia original do Resident Evil.
O combate do game utiliza a câmera fotográfica para atacar os espíritos agressivos que tentam interromper a progressão dos personagens. Em certos cenários, surgem espíritos hostis que variam desde crianças a médicos e os mesmos caminham em direção ao jogador para desferir ataques. Elementos na interface da câmera nos guiam para localizar facilmente os fantasmas, e dependendo do posicionamento do espírito na foto, do tempo de carga ou até do filme utilizado, os ataques podem desferir níveis diferentes de dano aos inimigos. Além disso, caso o jogador acerte o timing da foto durante um ataque dos fantasmas, é possível ativar o “Fatal Frame”, uma espécie de contra-ataque que atordoa o inimigo e permite um combo de fotos.
A grande mudança deste game para as iterações anteriores foi a introdução de uma nova ferramenta de combate – Spirit Flashlight – que permite aos jogadores vencerem os fantasmas utilizando uma lanterna que consome a luz da lua para pacificá-los. O combate funciona da mesma maneira que a Camera Obscura, contando com diversos aprimoramentos que podem ser aplicados à lanterna, e removendo a necessidade de filmes para lançar os ataques.
O jogo não poderia deixar de permitir diversas customizações dos jogadores. Desde cosméticos que variam de roupas completas a acessórios, e aprimoramentos de diversas habilidades, os jogadores podem escolher quais atributos preferem se especializar a fim de tornar a experiência mais dinâmica. Conforme exploram os cenários, os jogadores encontrarão pedras azuis que podem ser gastas na evolução dos atributos padrões como dano e velocidade de carga. Ainda, alguns equipamentos adicionais podem ser acoplados à câmera ou à lanterna para garantir efeitos ainda mais poderosos, que por sua vez podem ser evoluídos utilizando pedras vermelhas.
Revivendo espíritos adormecidos
A proposta de remasterizar um jogo com mais de uma década de idade parece totalmente válida considerando que o mesmo não recebeu lançamento internacional. Sendo este o único da série que possui tal peculiaridade, parece até esperado que os desenvolvedores queiram agraciar os fãs com uma tradução oficial e algumas melhorias no produto como um todo.
O grande porém se encontra na maneira com a qual este produto chega ao mercado. Originalmente sendo um game de Wii, aqui temos diversos assets que foram reaproveitados para criação do remaster que contrastam com outros elementos que devem ter sido totalmente refeitos. Um ponto gritante na experiência é que várias texturas de paredes e superfícies são pixeladas na versão de Playstation 5, o que se torna ainda mais visível se comparados aos modelos dos personagens principais, que são muito mais detalhados e apresentam poucos problemas gráficos.
Também, em certos cenários existem lençóis e panos que se movem conforme os jogadores passam por eles. É notável que a física destes objetos é realizada utilizando hardwares menos potentes, mas isto causa um certo estranhamento ao jogar um “lançamento” na nova geração de consoles. Obviamente, não são aspectos de performance que estragam a jogabilidade, mas sim alguns detalhes que quebram o fluxo e imersão que o game propõe.
A vontade de pôr um fim a certos ciclos
Além dos gráficos, a versão remasterizada conta com uma revisão dos controles, que precisavam ser totalmente refeitos considerando que o jogo havia sido desenvolvido com o Wii Remote em mente. O jogo conta com dois esquemas padrões de controle, podendo ser editados no menu principal. Os comandos são bastante práticos, mas algumas mecânicas se mostram bastante datadas e foram mantidas a fim de manter a fidelidade do game.
A movimentação, por exemplo, é bastante lenta, mesmo ao selecionar o botão de correr. Esta decisão deve ter sido feita levando em consideração o tamanho dos cenários, que são em sua maioria pequenos e repletos de objetos. No entanto, isso gera uma certa frustração em momentos nos quais diversos fantasmas atacam por direções diferentes e o campo de visão é bastante aberto. Além disso, o jogo insiste em adicionar cutscenes para ações banais como abrir portas, mesmo que as mesmas estejam trancadas, o que torna a progressão lenta.
Fora isso, vale ressaltar que o game não conta com tradução para Português, gerando um bloqueio ainda maior com jogadores que não entendam bem inglês. Diversos puzzles exigem leitura em registros escritos para desbloquear cadeados e se localizar pelo mapa, então a compreensão escrita se torna necessária para aproveitar o game por conta própria.
O que achamos de FATAL FRAME: Mask of the Lunar Eclipse
Entre erros e acertos, o game conquista os jogadores por sua narrativa envolvente e bastante misteriosa. É muito instigante acessar áreas ainda não exploradas, e o game introduz muitas informações sobre tudo que ocorre pelas notas espalhadas nos cenários. Desta maneira, é interessantíssimo parar para ler relatos dos habitantes e dos médicos e enfrentar fantasmas com diferentes padrões de ataque e nas ambientações mais arrepiantes.
Por conta do game ser segmentado em diversos capítulos com diferentes protagonistas, esta variação tira a mesmice de seguir a história, mesmo que várias seções repitam localidades já exploradas. A dublagem japonesa é bem imersiva e os fantasmas não deixam a desejar nos visuais sombrios. E isto tudo ainda se soma à sonorização que destaca ainda mais os ambientes do game. Com certeza, o game será um prato cheio para os fãs da série.
O grande porém é que, por conta de ser uma remasterização, diversos elementos destoam uns dos outros, gerando um sentimento de que maiores melhorias poderiam ter sido adicionadas ao pacote. Considerando que o jogo chega às lojas com um preço semelhante a de grandes lançamentos da geração, pontos como: modo foto, tradução oficial, revisão nos controles, algumas skins e alguns modelos refeitos ainda não justificam a falta de certos polimentos no produto final. Ainda mais considerando remasters passados como Metroid Prime e Like a Dragon: Ishin.
A análise de FATAL FRAME: Mask of the Lunar Eclipse segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
FATAL FRAME: Mask of the Lunar Eclipse
Visual, ambientação e gráficos - 6
Jogabilidade - 6
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 8
Narrativa - 9
7.4
Bom
FATAL FRAME: Mask of the Lunar Eclipse finalmente possibilita os jogadores ocidentais a experienciar esta aventura sombria e bastante instigante, mas certos aspectos datados dificultam um pouco o fluxo do game, considerando que o mercado está repleto de experiências de alta qualidade por preços semelhantes.