Análise: Terra Nil traz uma experiência leve e divertida

Terra Nil propõe uma análise diferente da que estamos acostumados em jogos de gerenciamento de mundos. Enquanto games como SimCity e Cities: Skylines colocam os jogadores em ambientes verdes e vazios, prontos a serem populados com grandes metrópoles, a proposta do novo jogo desenvolvido pela Free Lives e publicado pela Devolver Digital é de retorcer este conceito. Em um mundo cada vez mais populoso, repleto de consumismo e poluição, esta reflexão nunca foi tão atual.

Essa análise de Terra Nil foi feita graças a um código de PC cedido pela Devolver Digital. Terra Nil estará disponível no dia 28 de Março para dispositivos Android, iOS e PC (via Steam), totalmente localizado em Português do Brasil.

Um campo aberto

Em Terra Nil, os jogadores são imbuídos com a missão de reviver diversos cenários devastados. Desde ilhas a montanhas e até cidades abandonadas, é fácil traçar um paralelo com o caminho ao qual estamos seguindo com diversas políticas destrutivas ao meio ambiente, e até a possibilidade de catástrofes ainda maiores com uma possível terceira guerra mundial.

Mas a experiência do game vem em um passo calmo e relaxante, com a progressiva liberação de novas ferramentas para que os jogadores reconstruam cada um dos biomas presentes nas diferentes fases do jogo. Dividido em 4 fases, com variações das mesmas sendo liberadas após vencer a “campanha” pela primeira vez, o jogo introduz diferentes mecânicas de terraformação para reviver a fauna e a flora dos mapas.

Desde ferramentas que esculpem o chão dos locais até métodos de alterar a temperatura e umidade dos locais, os jogadores são desafiados a trabalhar com recursos limitados a fim de alcançar se objetivo de criar ambientes que mantenham seu ecossistema vivo a longo prazo. Junto a isso, são concedidas estruturas que também auxiliam na fertilidade do solo, formação de florestas e diferentes tipos de flora, e até a manipulação de água e lava para tornar os ambientes propensos à vida.

Um passo de cada vez

A jogabilidade de Terra Nil é bastante semelhante à de outros jogos do gênero. Os cenários são subdivididos por grades nas quais podem ser inseridos as estruturas. Cada construção possui um custo específico, e conforme os jogadores adicionam plantas ou purificam o solo ou o mar, são concedidas folhas, a moeda do jogo que então possibilitam a adição de novas estruturas.

Apesar de possuir sistemas bastante simples, o jogo demanda estratégia dos jogadores visto que o processo de população destes cenários é subdivida em três seções. Inicialmente, é necessário estabilizar o solo e os rios tornando os terrenos férteis e limpos. Ao atingir uma porcentagem do objetivo, é então liberada a possibilidade de adicionar os biomas requeridos para o sucesso da vida nos locais. Cada cenário possui biomas diferentes e o jogo conta com estruturas que possibilitam a adição dos mesmos, com diversas particularidades em seus pré-requisitos para construção.

Quando os biomas são devidamente estabilizados, começa então a fase de reciclagem. As construções deixam de ser necessárias para manutenção do ecossistema e os jogadores recebem a tarefa de remover todos os destroços dos locais a fim de zarpar para um novo cenário. Ainda, nesta etapa é possível catalogar a fauna do cenário, com a construção de um satélite. Cada mapa conta com uma variedade de animais que podem ser rastreados para que sejam exibidos na tela, em meio aos ambientes criados pelos jogadores. Quando os objetivos são encerrados, os jogadores podem então partir para a próxima fase, ou apreciar a vista.

Repensando a definição de construir seu próprio mundo

Uma dos maiores destaques do game está na liberdade concedida aos jogadores para reestabelecer os ambientes de seu próprio jeito. Algumas estruturas são limitadas a certos pontos em específico, porém conforme nos familiarizamos com as ferramentas, é recompensador experimentar as reações de certas construções com fenômenos climáticos que também interferem na terra. Algumas construções permitem início de incêndios, que então tornam o solo propenso para florestas densas.

Outras estruturas tornam o ar mais úmido, que possibilitam o início de chuvas ou neve. Estes eventos então criam grama nos solos férteis, deixando os cenários mais coloridos e concedem folhas à carteira do jogador. Outros fenômenos comuns são o congelamento dos mares, solidificação de lava, criação de bancos de areia, entre diversas outras alterações tanto terrestres quanto marítimas que mostram a diversidade de biomas que são possíveis de serem adicionados aos mapas. No entanto, ressalto que cada mapa vem preparado com certos tipos específicos de bioma, o que torna a jogabilidade menos livre num escopo geral.

O que achamos de Terra Nil

Os gráficos de Terra Nil são extremamente polidos e pintados à mão, com uma atmosfera aconchegante, que torna a experiência ainda mais interessante. O jogo conta com uma campanha que dura torno de três horas, e adiciona variações dos mapas após vencer pela primeira vez. Estas variações colocam as habilidades dos jogadores à prova ao brincar com mecânicas e biomas de fases diferentes e entregam ainda mais variação ao jogo.

Apesar disso, o game é bastante curto, algo já esperado por ter seu lançamento apenas em PCs e celulares. No entanto, a aventura conforta e diverte por algumas horas, e a possibilidade de rejogar as fases é ainda mais evidente pelos cenários serem gerados proceduralmente, dificultando a existência de dois cenários idênticos.

Mas vale ressaltar que o jogo faz parte da biblioteca de games da Netflix. Com isso, assinantes dos planos de Streaming da plataforma poderão jogar sem custos adicionais em seus dispositivos móveis. O game com certeza divertirá fãs de jogos de simulação por horas, trazendo uma perspectiva refrescante do gênero.

A análise de Terra Nil segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.