Análise: Rogue Spirit é um excelente roguelite

Antes de mais nada, já aviso que não está errado o título: Rogue Spirit é um roguelite e não um roguelike. Para explicar melhor a diferença, fizemos uma matéria sobre o que é roguelike. Caso não tenha lido ainda, sugiro que leia após a leitura desta análise.

Esta análise só foi possível graças a uma cópia digital de Rogue Spirits, gentilmente cedida pela editora 505 Games, para a versão de PC, via Steam.

Sobre Rogue Spirit

Rogue Spirit é um roguelite 3D, de ação com leves elementos de furtividade. Contudo, para não parecer que sou o tiozão do diferentão, passarei a chamá-lo de roguelike. Em Rogue Spirit, você é o fantasma do Príncipe do Reino de Midra, que foi invocado pelos sábios para os auxiliar na luta contra o Rei Demônio, que trouxe o caos para Midra. Será que você é capaz de libertar Midra deste terrível ciclo de caos?

Por fim, venho parabenizar aos desenvolvedores da Kids With Sticks, por trazer ao jogo uma legenda em PT-BR quase perfeita. Durante a análise encontrei alguns errinhos aqui e ali, mas nada que não passe apenas de um pequeno incômodo. E como este jogo possui uma história bem elaborada, tutoriais em texto longos e constantes (mas não se preocupem: tirando o tutorial introdutório, todos os outros são opcionais), várias habilidades, objetos e interações, textos em PT-BR bem escritos e traduzidos são um atrativo a mais para atrair novos jogadores.

Um ladrão visual

Antes de mais nada, preciso confessar uma coisa: quando me ofereceram a análise deste jogo, falei logo de cara que seria o Breath of the Wild da 505 Games. Mas ao jogar, percebi que eu estava bem enganado e ao mesmo tempo nem tanto.

De maneira geral, Rogue Spirit possui gráficos bem coloridos e detalhados, em um ambiente 3D que claramente são inspirados em designs asiáticos tradicionais. O personagem principal, os inimigos, chefes e NPCs são extremamente bem feitos e animados, mostrando uma fluidez praticamente natural. Falando do personagem principal, a sua forma espiritual/fantasmagórica tem o tom “exato” de um fantasma, com um movimento bem leve, suave e veloz.

Da mesma forma, as legendas e textos estão com uma fonte de fácil leitura e entendimento. Às vezes aparecem palavras de tamanho pequeno, que atrapalham a leitura. Porém, não é tão comum e a maioria das palavras pequenas estão no menu do jogo.

De maneira idêntica, a HUD é bem limpa e está nos cantos da tela. Isso traz um conforto enorme ao jogador, pois além de discreto, não é invasivo e facilmente encontramos a informação que precisamos.

Por fim, as telas de carregamento são um espetáculo à parte. Cada uma das telas podem virar papel de parede sem nenhuma dificuldade. Porém, os textos que tem nas telas às vezes ficam ruins de ler.

Contudo, alguns objetos secundários do cenário parecem embaçados ou que não tiveram o mesmo cuidado que os outros elementos. Em contrapartida do que vimos acima, folhas das árvores e plantas, grama, árvores, cercas, entre outros objetos, destoam da harmonia apresentada. Felizmente não é algo alarmante, mas é preciso apontar.

Um ladrão ágil e fácil de guiar

Conforme a descrição de Rogue Sprit, temos um ótimo roguelike. Sua jogabilidade se baseia em “corridas”, aonde o jogador tem que iniciar o desafio e terminar sem morrer. Caso venha a morrer, o jogador perde todos os recursos e habilidades adquiridas na corrida, porém as esmeraldas coletadas vão com o jogador para o início do jogo, possibilitando comprar upgrades, avatares e novas habilidades coletáveis.

Semelhantemente, o jogador pode coletar alguns modificadores do jogo opcionais, para incrementar na sua corrida. Esses desafios não precisam ser comprados com esmeraldas e trazem desafios interessantes, caso queira alguns desafios diferentes na sua “corrida”. Agora citarei alguns deles:

• Os danos primário e secundário, e a vida são aumentados em 100%, mas o personagem não pode possuir corpos durante a rodada.
• O Ataque Carregado ganha bônus de dano elemental aleatório, mas não causa dano físico adicional.
• Entre outros.

O fantasma tem a habilidade de possuir corpos de inimigos derrotados ou de ficar incorpóreo, dificultando a detecção dos inimigos ao jogador. Porém não pense que pode passar livremente na frente deles: se bobear demais, eles te detectam e o jogador volta para a forma física, iniciando o combate.

O sistema de combate é bem simples e funcional, contando com ataque fraco, ataque forte, esquiva, deflexão de golpes e uso de habilidades. O que chama a atenção é que cada corpo de inimigo possui habilidades de combate diferentes, trazendo uma diversidade tremenda em cada corrida.

Por fim, veja o gameplay que fiz do jogo e você terá um entendimento melhor do que citei acima:

Um ladrão sonoplasta

Assim como a parte gráfica, a parte sonora do jogo também remete ao ambiente asiático tradicional. Com o uso de instrumentos de corda, sopro e de percussão, as músicas dão o tom correto ao ambiente apresentado. E como Rogue Spirit oferece 5 biomas diferentes (em 10 fases geradas proceduralmente), enfrentar os desafios de cada fase se torna menos difícil, ajudando na concentração que o desafio proposto ocorre. E se você for fã de músicas ambiente ou tradicionais asiáticas, irá deleitar com a trilha sonora do jogo.

Geralmente, eu não me surpreendo com efeitos sonoros, mas aqui temos outro espetáculo à parte. Quando acerta um ataque, o efeito do golpe me deu a sensação de que realmente apliquei um único golpe. Os arcos tem um som de ataque mais fraco, mas quando é concentrado e acerta, dá a sensação que realmente o golpe doeu. O ataque de bastão tem o efeito de madeira batendo, as armas de corte passam a sensação que realmente cortamos algo e as armas contundentes passam a sensação que o golpe aplicado realmente doeu e foi impactante.

Considerações finais de Rogue Spirit

Rogue Spirit é um jogo que praticamente acertou em tudo o que propôs. A dificuldade do estilo roguelike não é exagerada e a curva de aprendizagem é bem suave, proporcionando uma jogabilidade extremamente agradável. Os gráficos estão excelentes, tirando um detalhe ou outro de objeto, que me incomodaram um pouco. Por fim, as músicas e efeitos sonoros estão em harmonia, trazendo uma ambientação asiática tradicional como poucos jogos conseguiram.

Contudo, houve um momento que me deixou bem chateado e estressado. Durante uma das corridas, o personagem ficou “preso” em uma árvore, de forma misteriosa. Este bug congelou a minha run e, para piorar, o jogo deu autosave bem na parte travada, impedindo meu avanço. Confesso que de 10 palavras que pensei, 8 eram pejorativas e as outras 2 eram “UAI”. Eu iria até dedicar um tópico só falando desse bug que “matou” o meu save e tal, mas depois descobri que tem uma opção no jogo que abandona a rodada. Infelizmente, só descobri esta opção após iniciar um novo save e começar tudo de novo… Só para vocês acompanharem, vejam como foi:

Rogue Spirit está disponível para Playstation 5, Xbox Series X|S e PC (via Steam e Epic Games Store).

Essa análise de Rogue Spirit segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.