Análise: System Shock é um remake para os fãs
Pegou bastante na nostalgia.
Desenvolvido pela Nightdive Studios e distribuído pela Prime Matter, recebemos o remake de um clássico da década de 90. Em um mundo cyberpunk, precisaremos lutar, hackear, explorar e atirar para conseguirmos fugir de uma estação espacial tomada por uma AI megalomaníaca. Será que o enredo de um jogo de quase 30 anos ainda agrada? Venha conferir o que achamos em nossa análise de System Shock.
Essa análise de System Shock foi possível graças a um código de PC cedido pela Publicadora. Ele já está disponível para PC (via Steam, GOG e Epic Store), Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series e conta com legendas e interface em PT-BR.
Uma IA megalomaníaca
System Shock se passa em um cenário cyberpunk no ano de 2072. Nesse futuro, uma megacorporação chamada TriOptimum comemora os 10 anos de inauguração de sua estação espacial chamada Cidadela. Encarnamos em um hacker que está tentando invadir a empresa chamada TriOptimum para conseguir um implante. No entanto, somos descobertos e capturados pelas forças de segurança da companhia e levados até a estação espacial para falar com o seu CEO, Edward Diego.
Ele reconhece nossas habilidades e faz uma proposta: hackear a inteligência artificial SHODAN, que cuida da estação, e remover suas limitações éticas ganhando, com isso, o implante que queríamos, ou sair da estação, mas não da mesma forma que entramos. Sem muitas opções, nós fizemos o que foi pedido e um grato Edward agradeceu dizendo que talvez tenha mais um trabalho para nós enquanto um guarda nos seda.
Após isso, acordamos em um ambiente totalmente diferente sem termos ideia do que houve e como fomos parar ali. Rapidamente descobrimos o que aconteceu. A IA SHODAN, ao ser liberada de suas limitações éticas, tomou o controle da estação Cidadela e utilizou seus robôs para dominar a tripulação e transformá-los em androides. Com isso, criou uma identidade megalomaníaca onde acredita que deve ser adorada como uma deusa e que toda a civilização deve ser dizimada e transformada em robôs. Como possível único sobrevivente naquele ambiente, cabe a nós encontrar alguma forma de parar esse plano maluco.
A mistura do clássico com o moderno
Apesar de ser um remake, System Shock traz uma inovação visual bastante interessante. Diferente de um Resident Evil, que veio como uma mudança total, tanto no visual quanto no gameplay, System Shock entregou uma melhoria mais sutil. Enquanto temos sim, uma evolução gráfica considerável – ainda mais considerando seu original – é possível ver que foi utilizado as texturas antigas, ou ao menos algo que simulasse isso de modo que o jogo manteve sua identidade visual. Do meu ponto de vista, isso ficou excelente pois temos um cenário moderno, mas ao jogarmos sentimos uma forte nostalgia.
Outro ponto excelente do visual do game é sua iluminação, ela está impecável. Como o game se passa em uma estação espacial, temos um ambiente todo metalizado repleto de ambientes escuros e outros bem iluminados e é difícil não admirar o trabalho feito aqui. Os efeitos das explosões, tiros e efeitos não ficam de fora também. Um destaque especial é o dano causado aos inimigos, tanto quando os ferimos quanto quando o matamos. Foram adicionados efeitos nos membros atingidos assim como no impacto da arma utilizada.
Tudo isso foi lindamente apresentado graças a engine Unreal utilizada no desenvolvimento do game. Resumindo, recebemos uma linda obra que mistura o clássico com o moderno, e isso ficou muito bom.
System Shock é desafiador e divertido – Análise
Os jogos antigos nunca foram famosos por serem fáceis e aqui não é diferente. Mas vamos começar falando da sua jogabilidade. System Shock é um clássico shooter em primeira pessoa, então para quem está acostumado com esse gênero não encontrará desafios em se adaptar. Sua principal diferença é que possuímos um sistema de inventário e implantes que mudam a dinâmica geral do jogo. A começar pelo inventário, que além de armas, encontramos vários outros tipos de dispositivos e itens que precisamos carregar pelo jogo. De acordo com o tamanho das armas e objetos que carregamos, será necessário abandonar algumas coisas.
Já os implantes, são na realidade chips que encontramos pela estação. Eles auxiliam no combate, mas também tem algumas utilidades fora dele, como destacar itens, iluminar locais escuros entre outros. A localização deles é bastante complicada de achar e a exploração se torna vital para se quisermos sobreviver. Isso porque temos uma munição muito limitada em uma estação labiríntica repleta de robôs e androides tentando nos matar.
O game também entrega alguns puzzles que servem, em sua maioria, para acessarmos salas especiais – geralmente – repletas de itens úteis. Eles são relativamente simples de entender, mas desafiadores o suficiente para serem divertidos. Além de tudo, podemos definir a dificuldade dos aspectos do game de forma separada. Ou seja, podemos aumentar a dificuldade do combate, da missão, do ciber – hacker – e dos enigmas. Resumindo, podemos personalizar a dificuldade do game baseado nos aspectos que mais gostamos.
Um último detalhe que vale muito a pena falar é que em alguns momentos precisamos hackear alguma coisa para podermos avançar no game. Quando o fazemos, viajamos para um mundo digital onde as defesas do sistema se tornam perigos reais e se morrermos neste mundo, precisamos recomeçar e tomamos um dano considerável.
Os sinistros sons dos corredores da Estação Cidadela
Imagine o cenário: você está caminhando em uma estação espacial deserta. O único som é do metal sobre seus pés e dos eletrônicos e circuitos próximos. De algum canto você escuta uma voz metalizada murmurando algo enquanto uma música quase inaudível de suspense o acompanha. Esse é o cenário que System Shock entrega. Embora o game não possua locais muito escuros que crie uma tensão, o ambiente faz isso por si só. Com o tempo, somos capazes de identificar que tipo de inimigo encontraremos na esquina apenas pelo som que ele emite quando se move passivamente.
Mas isso não quer dizer que não teremos surpresas. SHODAN acompanha nossos passos constantemente e eventualmente prepara armadilhas ativando unidades que se escondem em paredes falsas. Isso enquanto nos provoca, fazendo comentários ácidos e enaltecendo sua megalomania. Outro ponto forte do game é justamente sua dublagem. Todas as mensagens possuem voz própria que transmite os sentimentos da pessoa. Medo, pânico, raiva etc. Tudo fica bem claro dado a qualidade do trabalho.
Já a trilha sonora do game, bem é passável. Apesar da descrição inicial sinistra, enquanto escrevo não consigo nem lembrar como, de fato, é a trilha do game. Ela apenas cumpre seu papel, o que não é nem de perto um problema, mas nem de longe algo memorável.
Conclusão da nossa análise de System Shock
Resumindo todos os pontos descritos digo que sim, System Shock foi um maravilhoso golpe na nostalgia. Diferentemente da primeira versão que joguei a décadas atrás, dessa vez pude acompanhar e entender melhor a história e perceber quão boa ela era. Isso se reflete, inclusive, em algumas ações dentro do jogo que podem até nos dar um – ou mais, não achei outros – final alternativo.
Juntamente com isso, temos um visual magnífico que não deixou de trazer os detalhes do game clássico, mais um acerto na nostalgia. Somado a uma jogabilidade desafiadora bem típica dos games antigos, temos um prato cheio para os antigos fãs e os novos jogadores. Sua trilha se encaixa bem com o cenário e os sons da plataforma e dos inimigos são a cereja do bolo para um game de terror no espaço.
Infelizmente, ouso dizer que achei o preço um pouco salgado para um remake. Embora o game esteja excelente, não temos um nível de qualidade de um Resident Evil, por exemplo. Talvez para os mais nostálgicos, isso não pegue tanto. Mas para a nova geração, talvez valha a pena esperar uma promoçãozinha. E vale lembrar como incentivo, para quem comprar/comprou na pré-venda leva de brinde o game System Shock 2: Enhanced Edition quando for lançado. Mas eu ainda preferiria um remaster do dois que é ainda mais incrível que o primeiro.
A análise de System Shock segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
System Shock
Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 9
Diversão - 9
Áudio e trilha-sonora - 8
Nostalgia - 10
8.8
Ótimo
System Shock é um golpe certeiro na nostalgia e pode agradar também a nova geração. Porém, seu preço salgado pode afastar um pouco seu público.