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Análise: Disgaea 7: Vows of the Virtueless é o paraíso para o grinder

Franquia dá a volta por cima e traz experiência viciante

Eu me considero um expert em RPG. Desde a era 16 bits eu jogava os diversos tipos de RPG’s que chegavam aos consoles e muitas dessas franquias estão vivas até hoje. Curiosamente, uma franquia que sempre soube da existência, mas nunca havia jogado foi Disgaea. E de forma inesperada meu primeiro contato com a franquia foi exatamente para trazer esta análise de Disgaea 7: Vows of the Virtueless.

Portanto, para esta análise não vou apenas falar dos pontos positivos e negativos de Disgaea 7: Vows of the Virtueless. Mas também falarei de como é ingressar em um jogo da franquia.

Uma história cheia de comédia

Eu devo admitir que ao iniciar Disgaea 7 eu fiquei completamente perdido. A boa notícia é que os títulos não têm conexão entre si, portanto não era necessário saber das histórias passadas. Por outro lado, eu literalmente não sabia o que estava fazendo nas primeiras horas de jogo.

Aqui você iniciará controlando a protagonista Pirilika que é uma Otaku da cultura Hinomoto e que tem uma fascinação fora do comum pelo código do Bushido. Porém ao chegar na terra que tanto queria conhecer, ela se decepcionou e precisou imediatamente de ajuda para não ser nem presa nem algo pior.

E aqui o demônio Fuji aparece oferecendo seus serviços de protetor por uma simplória taxa de 100 milhões de HL. A partir daí a história vai ficando cada vez mais clara e Pirilika consegue enganar Fuji para que ele lute ao seu lado.

A missão aqui é bem clara, juntar as 7 armas demoníacas e devolver o Bushido a Hinomoto. Embora a história principal tenha essa pegada de Japão Feudal, inspirada pelo período Edo, nós temos inúmeras camadas de piadas e situações engraçadas que não condizem exatamente com a época. Adicionalmente, o Rooster de personagens é divertido, colorido e muito animado.

Se prepare para conhecer todo tipo de personagem que te fará dar altas gargalhadas. Cada um terá seu estilo próprio. O que achei muito interessante é que aqui não temos o apelo de uma história densa, mas sim personagens extremamente carismáticos em uma história que não se leva a sério.

Gráficos apenas agradáveis. Parte sonora absurda

E para dar vida a essa história e personagens, o jogo traz dois grandes alicerces. O primeiro são seus visuais. Aqui temos diversas cenas animadas onde ocorrem as conversas. Embora os personagens sejam muito bem desenhados, aqui eu senti que as cenas poderiam ser mais dinâmicas.

No geral existem grandes diálogos acontecendo, mas com um cenário fixo atrás. Pode ser uma cidade, rua ou castelo, tudo é visualmente muito similar e estático. Por outro lado temos a batalha onde o jogo trouxe gráficos e animações completamente em 3D. Por mais que isso seja um lugar comum no mundo dos jogos, para Disgaea é uma grande novidade.

Os cenários entre si são diferenciados e estão repletos de detalhes. Toda a movimentação deste tabuleiro e modelagem dos personagens são em 3D. Adicionalmente temos animações para os muitos golpes especiais que as unidades possuem.

E o segundo alicerce é sua trilha sonora e dublagem. Aqui eu posso afirmar nesta análise sem medo de errar que a dublagem de Disgaea 7 é absurdamente boa. Todos os personagens tem uma dublagem excelente com a entonação adequada o que faz as cenas estáticas serem muito agradáveis.

Adicionalmente a trilha sonora de época é muito bem representada. Ela se encaixa com perfeição em todos os momentos.

Há muito o que fazer no HUB principal

Agora, antes de partir para a luta existe um HUB onde você pode montar sua party e fazer inúmeras melhorias. Das mais tradicionais às mais inesperadas. Inclusive, foi aqui um dos lugares que me perdi até entender suas muitas mecânicas.

Esse HUB funciona como se fosse uma praça central. Aqui você pode caminhar livremente e ir no “mercador” que tiver interesse. À medida que você vai evoluindo na história, diversos pontos vão se abrindo e é surpreendente a quantidade de atividades que pode fazer. E muitas vezes, as atividades seguem a parte cômica da história.

Logo de cara é possível comprar itens e equipamentos, contratar novos personagens e recuperar sua vida. Porém isso é uma fração das possibilidades. Uma das atividades é participar de uma espécie de parlamento onde você bota uma “lei” a ser votada. Essa lei, nada mais é do que alguma melhoria para seus personagens.

É possível pedir para ganhar mais experiência, para poder pular mais, ter itens melhores nas lojas e muito mais. Cada um desses pedidos podem ser simples de serem votados ou então precisará persuadir os eleitores. Para tal, você poderá subornar cada pessoa dentro da casa de votação com algum item de preferência para ficar ao seu lado.

De qualquer forma, isso é apenas um dos muitos exemplos do que pode fazer. Ainda existem outras atividades como missões secundárias e mais. E aqui tudo usará ou o dinheiro do jogo (HL) ou mana. Essa mana é conseguida de forma individual de cada personagem enviado para a luta e pode ser gasta em momentos específicos.

O combate tem mil camadas

Em seguida, vou trazer a parte mais interessante desta análise que é como funciona a luta em Disgaea 7. Aqui nós temos um RPG que abraça o estilo Tactics. Ou seja, as unidades terão uma mobilidade específica dentro de campo e cada tipo de personagem tem alguma habilidade.

Após desbloquear tudo que é possível, contaremos com mais de 40 tipos de classes que abrangem os estilos clássicos. Nele podemos ter mais ataques, atacar de longa ou curta distância, usar diversos tipos de magia, tanque e por aí vai.

O que achei muito interessante, é que você pode colocar quantas unidades quiser. No entanto, isso não é aconselhável por causa dos bônus. Cada luta vai ter uma espécie de regra que, caso siga, poderá ganhar itens, mais xp, mais dinheiro ou até novos equipamentos. Por exemplo, usar apenas humanos. Não use golpes especiais. Usar personagens femininas apenas.

Isso incentiva o jogador a sempre tentar alcançar todos os bônus possíveis. E para tal, a estratégia e visualização do cenário tem que estar afiada. Além de ter que gerenciar as especificidades de cada unidade, além da vida e mana, você tem que se atentar para as possibilidades dentro de cada campo de batalha.

Aqui eu trago dois destaques. Primeiramente, é a possibilidade de levantar tanto objetos do cenário como personagens. Isso abre um leque de opções tanto para alcançar novos lugares como para conseguir uma movimentação extra.

Já os outros são efeitos de área. Ao longo da batalha o campo está dividido em blocos coloridos onde existem itens específicos que controlam essas cores. Eles podem dar diversos tipos de buffs e debuffs. Ao levantar eles ou até destruí-los, é possível mudar como o campo se comporta.

Isso tudo mostra a complexidade de Disgaea 7 em sua batalha que conta inclusive com outras mecânicas que acrescentam camadas de estratégia como o Hell Mode. Nele, personagens específicos soltam golpes superpoderosos através de suas armas demoníacas. E também temos o Jumbification. Aqui os personagens ficarão enormes, podendo causar uma grande quantidade de dano.

Grind é necessário

Todavia, a franquia Disgaea não é sobre apenas uma história, personagens e um combate com possibilidades. Aqui o destaque vai para o famigerado Grind. Afinal, a franquia é conhecida por níveis quase infinitos e ataques que podem fazer milhões a bilhões de dano.

Colocando em análise, a diversão de Disgaea 7 recai sobre a possibilidade de montar diversos times e repetir as fases. Com isso, os personagens usados ganharão experiência para avançar na história e desafios.

Contudo, diferente de RPG ‘s tradicionais, quem ganha experiência é apenas o personagem efetivamente acionado em batalha. O personagem tem que atacar ou curar alguém para ganhar experiência. Ademais, o mesmo serve para a sua habilidade. Você só vai upar uma habilidade se utilizá-la repetidamente.

Ou seja, se você quiser um personagem, classe, poder mais forte você será obrigado a ficar no “grind eterno”. Isso sem contar que sempre tentará pegar todos os bônus das fases, o que te forçará a ter tipos de personagens diferentes, mas com algum nível.

Inegavelmente, aqui eu me toquei de uma coisa que não tinha parado para pensar, em sua portabilidade. Mas o que quero dizer com isso? Bem, para esta análise eu joguei Disgaea 7 em meu PS5. A experiência foi lisa, bonita e completamente satisfatória.

No entanto, esse grind infinito clama por uma portabilidade. E é aí onde o Nintendo Switch entra. Embora eu não tenha jogado no console da Nintendo, entendo que ele é a melhor plataforma para o jogo para aproveitar diversos micro momentos para sempre ir melhorando sua party.

Conclusão

Em conclusão, quando iniciei Disgaea 7: Vows of the Virtueless não sabia muito bem o que esperar. Depois de passar por sua barreira de entrada que é sim complexa, eu me apaixonei pelo jogo. É imperativo dizer que todas essas mecânicas e possibilidades podem ser assustadoras para os jogadores de primeira viagem.

Entretanto, ao passar por essa barreira você encontrará uma história muito divertida, com personagens muito carismáticos e uma parte sonora primorosa. Aqui temos um jogo que para fechar sua história principal precisamos algo em torno de 30 horas.

Mas, a boa notícia é que é possível jogá-lo por mais de 300 horas para ter o time perfeito e testar todas suas variáveis.

Essa análise de Disgaea 7: Vows of the Virtueless segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Um RPG diferente de tudo que já viu

Visual, ambientação e gráficos - 7.5
Jogabilidade - 9
Diversão - 8.5
Áudio e trilha-sonora - 10

8.8

Ótimo

Embora Disgaea 7: Vows of the Virtueless possua uma grande barreira de entrada por causa de suas infinitas mecânicas, ele é extremamente divertido. Temos aqui um RPG colorido com personagens carismáticos e uma mecânica viciante que te fará grindar por centenas de horas. É um prato cheio para os fãs da franquia e para os viciados em grind.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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