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Análise: The Crush House

Será que vai te agradar?

A Devolver Digital é conhecida por apoiar jogos irreverentes, e sua mais recente aposta é The Crush House. Neste jogo inovador, os jogadores assumem o controle de um Reality Show, uma premissa intrigante que merece uma análise mais profunda.

Nesta review, examinaremos se The Crush House consegue se estabelecer como um novo estilo de FPS, seguindo os passos do bem-sucedido Anger Foot, ou se fica aquém das expectativas. Vale ressaltar que o jogo está totalmente legendado em português do Brasil.

Monte sua própria história

Os reality shows conquistaram uma posição de destaque na mídia contemporânea, principalmente devido a dois fatores cruciais. O primeiro é a natureza desafiadora de suas temáticas, que frequentemente testam a confiança, resistência física e habilidades sociais dos participantes. O segundo, e talvez mais cativante, é o potencial para gerar polêmicas.

As interações humanas intensas, incluindo conflitos, traições e romances inesperados, capturam a atenção do público de forma singular. É neste segundo aspecto que The Crush House concentra sua jogabilidade, colocando o jogador no papel de Jae Jimenez Jung, a produtora local do show.

Como Jae, sua responsabilidade principal é selecionar os quatro participantes de cada temporada e capturar os momentos mais impactantes da casa. No entanto, é importante notar que a narrativa do jogo não é tão envolvente quanto se poderia esperar. Em vez de oferecer uma história mais direcionada que o jogador possa influenciar significativamente, o verdadeiro desafio de The Crush House reside na seleção estratégica dos participantes.

O cerne da jogabilidade está em criar combinações de personalidades que gerem dinâmicas interessantes, seja de afinidade ou conflito. Por exemplo, você pode optar por um participante avesso a confusões e outro mais expansivo, ou combinar um personagem metódico com outro mais desorganizado. Essas escolhas iniciais são cruciais, pois determinarão como os relacionamentos entre os participantes evoluirão ao longo da temporada.

A estratégia fundamental de The Crush House, portanto, está centrada nessa seleção inicial de elenco. São essas decisões que definirão se os participantes desenvolverão laços de amizade ou rivalidade à medida que os dias passam, criando assim o drama e o entretenimento que o público busca em um reality show.

Gerenciando The Crush House

Uma vez selecionado e preparado o elenco, a tarefa de Jae se concentra em observar os participantes e alinhar os eventos com as preferências do público. É importante esclarecer o funcionamento desse mecanismo.

Jae não pode interagir diretamente com os participantes. Sua função é capturar os eventos que ocorrem na casa, geralmente envolvendo duplas de participantes. O elemento diferenciador de The Crush House é a variação diária do perfil da audiência, embora essa implementação não alcance todo seu potencial.

Para ilustrar, imagine que no primeiro dia a audiência seja composta apenas por espectadores que apreciam drama. Neste caso, a tarefa é simples: basta gravar as conversações tensas. No entanto, no dia seguinte, esse público é substituído por uma audiência com preferências inusitadas, como cenas envolvendo água e, surpreendentemente, bundas. Neste cenário peculiar, o desafio é capturar o máximo possível de cenas que atendam a essas demandas específicas, seja filmando a piscina, pias ou até mesmo vasos sanitários. E claro, bundas também.

Conforme os dias avançam, a diversidade de perfis de audiência aumenta, e sua missão principal se resume a realizar tomadas de câmera que satisfaçam a combinação de preferências do público daquele dia. Embora o conceito seja interessante, sua execução acaba não sendo tão envolvente quanto poderia. Os conflitos e romances se desenvolvem de forma demasiado rápida, dificultando o estabelecimento de conexões emocionais com os personagens ou eventos. O resultado é uma experiência frenética em busca do melhor ângulo possível.

O jogo oferece elementos adicionais, como a possibilidade de adquirir adereços específicos ao final de cada dia, que desbloqueiam novos diálogos ou ações. Além disso, há a opção de gerenciar anúncios entre as filmagens.

Em última análise, o objetivo principal é manter o público de The Crush House satisfeito para evitar o cancelamento do programa, além de maximizar os ganhos financeiros para a compra de adereços. Infelizmente, esse ciclo de gameplay não consegue gerar o entusiasmo esperado, resultando em uma experiência que não cativa plenamente o jogador.

Quebre as regras

Como mencionado anteriormente, o objetivo primordial de Jae é garantir a longevidade do programa, assegurando sua continuidade através de novas temporadas. Uma das regras fundamentais que ela deve observar é a proibição de interagir diretamente com os participantes do reality show.

Entretanto, é justamente nesta regra que reside o grande mistério de The Crush House. À medida que os dias transcorrem, o jogo revela uma camada adicional de complexidade: durante a noite, surge a oportunidade de estabelecer comunicação com alguns indivíduos. Esse elemento introduz uma dimensão de jogo noturno, onde é possível aceitar missões secundárias para satisfazer as necessidades de participantes específicos e, simultaneamente, desvendar mais sobre a história intrincada por trás do show.

Além dessas missões secundárias, o jogador tem a chance de explorar a própria mansão onde o programa é gravado, descobrindo seus diversos segredos. Esta faceta do jogo adiciona uma camada de mistério e exploração que enriquece a experiência geral.

No entanto, o verdadeiro desafio de The Crush House reside no equilíbrio entre gerenciar as demandas cotidianas do reality show e encontrar tempo para investigar essa narrativa mais profunda e misteriosa. Esta dualidade cria uma tensão interessante entre as responsabilidades profissionais de Jae e sua curiosidade sobre os segredos que permeiam o programa, oferecendo aos jogadores uma experiência mais multifacetada do que aparenta à primeira vista.

Parte técnica é dentro do esperado em The Crush House

Quanto aos aspectos técnicos, The Crush House apresenta uma execução competente, embora não extraordinária. O estilo visual adota uma abordagem cartunesca, privilegiando uma paleta de cores vibrantes e uma estética descontraída. O jogo é inteiramente renderizado em 3D, contudo, a interatividade com o ambiente e os objetos é limitada, o que pode diminuir a sensação de imersão.

No quesito sonoro, o jogo oferece uma experiência satisfatória. As vozes dos personagens são representadas por sons vocais não verbais, reminiscentes do estilo encontrado em jogos como Luigi’s Mansion. Esta escolha confere um caráter lúdico às interações, mesmo que não alcance níveis notáveis de inovação. A trilha sonora, por sua vez, adere aos padrões típicos de programas de reality show, mesclando gêneros como rock leve, pop e outros estilos animados, criando uma atmosfera adequada ao contexto do jogo.

Adicionalmente, The Crush House demonstrou um desempenho satisfatório no Steam Deck, mesmo sem uma otimização específica para o dispositivo portátil da Valve. Esta compatibilidade amplia as opções de jogabilidade.

Conclusão da análise

Para concluir esta análise, é possível enxergar The Crush House como um intrigante estudo de caso no cenário dos jogos independentes. A Devolver Digital, conhecida por seu apoio a projetos diversificados e muitas vezes não convencionais, demonstra mais uma vez sua disposição em abraçar conceitos inovadores. Enquanto títulos como Anger Foot trazem uma perspectiva refrescante para o gênero FPS, The Crush House, infelizmente, não consegue alcançar o mesmo nível de impacto e sucesso.

É importante considerar também a trajetória da desenvolvedora Nerial, responsável por sucessos aclamados como Card Shark e a franquia Reigns. Embora The Crush House apresente uma premissa intrigante, a transição da área de expertise da empresa (jogos de cartas) para um ambiente 3D mais complexo parece ter sido um desafio considerável, resultando em uma execução que não atinge todo seu potencial.

The Crush House não pode ser classificado como um jogo ruim, mas sua recomendação torna-se um desafio devido à dificuldade em identificar claramente seu público-alvo. O jogo possui uma natureza extremamente peculiar, exigindo que cada jogador o experimente pessoalmente para formar uma opinião. Esta característica, embora interessante do ponto de vista criativo, pode limitar seu apelo para um público mais amplo.

Em suma, The Crush House representa uma experimentação audaciosa no design de jogos, mas que pode não encontrar ressonância com o jogador. Sua natureza única e divisiva provavelmente atrairá mais aqueles em busca de experiências de jogo não convencionais, enquanto pode não cativar o público mainstream da mesma forma que outros títulos da Devolver Digital e Nerial conseguiram no passado.

Essa análise de The Crush House segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.

Deixa a desejar

Visual, ambientação e gráficos - 7
Jogabilidade - 5.5
Diversão - 6
Áudio e trilha-sonora - 7

6.4

Mediano

Ao mesmo tempo que The Crush House não é um jogo ruim, fica muito difícil recomendá-lo, pois não imagino quem seja seu público alvo. Temos aqui um jogo extremamente curioso, mas onde cada um terá que encará-lo para ver se irá ou não gostar dele. Embora de um lado suas ideias são inovadoras, ele não consegue cativar por sua proposta inusitada.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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