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Análise: Silent Hill 2 Remake

Um retorno brilhante, mas tecnicamente imperfeito

Há mais de duas décadas, Silent Hill 2 redefiniu o gênero de terror psicológico nos videogames. Agora, em 2024, a Bloober Team, em parceria com a Konami, assume a desafiadora tarefa de trazer este clássico para uma nova geração. O resultado é uma experiência que, embora tecnicamente imperfeita, consegue capturar e até mesmo amplificar o horror psicológico que tornou o original tão memorável. Se você quer saber tudo sobre Silent Hill 2 Remake, confira a nossa análise completa abaixo:

Esta análise contém spoilers leves sobre elementos da história e gameplay

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A Névoa Se Dissipa Novamente

Silent Hill 2 segue a história de James Sunderland, um homem atormentado que recebe uma carta de sua esposa Mary, falecida há três anos, pedindo que ele a encontre na cidade turística de Silent Hill. Essa premissa aparentemente simples criada há mais de 20 anos desencadeou uma das narrativas mais perturbadoras e psicologicamente complexas já vistas em um jogo, e que agora foi reimaginada com visuais modernos e mecânicas atualizadas.

Quando eu soube que a Bloober Team seria responsável pelo remake, a apreensão foi inevitável. O estúdio polonês, embora tenha demonstrado talento com títulos como Layers of Fear e The Medium, também teve seus tropeços. No entanto, após dezenas de horas explorando essa nova versão de Silent Hill 2, fica claro que o estúdio tratou o material original com o devido respeito e cuidado.

Design de Níveis e Exploração

Um dos aspectos mais impressionantes do remake é como a Bloober Team conseguiu expandir e reimaginar os ambientes icônicos do jogo original. Os Apartamentos Wood Side, por exemplo, foram significativamente ampliados, oferecendo novos cômodos e corredores para explorar, cada um contando sua própria história macabra através de detalhes ambientais muito bem elaborados.

O Hospital Brookhaven, outro ponto alto do jogo original, recebeu um tratamento similar, com suas alas redesenhadas para criar uma experiência ainda mais claustrofóbica e desorientadora. A própria cidade de Silent Hill foi expandida, inclusive, com mais estabelecimentos acessíveis e becos para explorar, aumentando a sensação de que este é um lugar real que sucumbiu a forças sobrenaturais.

O level design brilhante se estende também às novas áreas criadas especialmente para o remake. Cada novo ambiente se encaixa perfeitamente na narrativa do jogo, como se sempre tivesse estado lá, apenas esperando para ser descoberto.

Jogabilidade Modernizada

O sistema de combate e controles passou por uma completa reformulação, se aproximando dos padrões modernos sem perder a essência do original. O combate corpo a corpo, antes limitado e truncado, agora oferece uma sensação de peso e impacto mais satisfatória. O novo sistema “over-the-shoulder” (sobre o ombro) para combate com armas de fogo traz uma precisão bem-vinda, embora mantendo a tensão característica da série.

É importante notar que, mesmo com essas modernizações, James continua sendo um homem comum forçado a situações extraordinárias – não um herói de ação. Cada encontro com as criaturas grotescas de Silent Hill permanece tenso e desafiador, exatamente como deveria ser.

Trilha Sonora e Design de Som: Uma Obra-Prima Auditiva

Se existe um aspecto em que Silent Hill 2 Remake alcança a perfeição absoluta, é em sua direção de áudio. Akira Yamaoka, compositor original, retorna para supervisionar a reimaginação de sua icônica trilha sonora, e os resultados são extraordinários. Cada faixa foi maravilhosamente reorquestrada, preservando a essência perturbadora do original.

Fora isso, o design de som também contribui muito para experiência. O uso fantástico de áudio posicional 3D cria uma atmosfera assustadora e imersiva – desde o eco distante de passos metálicos até o característico ruído estático do rádio que alerta sobre a proximidade de perigo. Os sons das criaturas foram recriados com um nível perturbador de detalhes, o que torna cada encontro ainda mais aterrorizante. Não foram poucos os sustos que eu tomei por conta disso, vale acrescentar.

A mixagem de áudio também merece destaque especial. O jogo sabe exatamente quando usar o silêncio como ferramenta de terror e quando bombardear o jogador com uma sequência de sons perturbadores. É um trabalho digno de premiação, mesmo em um ano recheado de jogos com trilhas e efeitos sonoros incríveis.

Comparativo com Outros Remakes Modernos

O mercado de remakes de jogos de terror tem sido particularmente aquecido nos últimos anos, com títulos como Resident Evil 2 e 4 Remake colocando a barra bastante alta no gênero. Silent Hill 2 Remake segue um caminho próprio, optando por uma abordagem mais conservadora em relação às mudanças na estrutura básica do jogo.

Enquanto Resident Evil 2 Remake praticamente reinventou seu material fonte com mudanças dramáticas na jogabilidade e estrutura narrativa, Silent Hill 2 mantém-se mais próximo ao original, modernizando apenas o necessário. Essa abordagem mais cautelosa funciona a favor do jogo, preservando a atmosfera única que o tornou um clássico.

Em comparação com Resident Evil 4 Remake, Silent Hill 2 também é menos ousado em suas alterações, focando mais em aprimoramentos técnicos e visuais do que em mudanças fundamentais. No entanto, essa decisão se prova acertada, considerando a natureza mais psicológica e sutil do terror em Silent Hill.

Aspectos Técnicos: O Calcanhar de Aquiles

Infelizmente, é aqui que encontramos o principal ponto fraco do remake. A versão PC, que analisamos, sofre com problemas técnicos significativos que impedem o jogo de atingir seu potencial máximo. Como muitos títulos recentes que utilizam a Unreal Engine 5, Silent Hill 2 é afetado por problemas de stuttering (pequenos engasgos) persistentes que não podem ser completamente resolvidos mesmo com hardware de ponta. No nosso caso, por exemplo, nem uma 3080ti pareada com um processador 5800X3D deu conta.

A lista de problemas técnicos é extensa e preocupante. Durante a exploração dos ambientes, o jogador frequentemente encontrará engasgos que quebram a imersão, especialmente em momentos cruciais de tensão. As animações de tecidos, inexplicavelmente, estão limitadas a 30 FPS, o que acaba gerando um contraste visual estranho com o resto do jogo. As cutscenes também sofrem com limitação similar, sendo forçadas a 30 FPS por algum motivo e apresentando frame-pacing inconsistente que tornam as cenas cinematográficas bem menos agradáveis do que deveriam ser.

Os problemas se estendem também aos aspectos visuais mais avançados. Os reflexos em ray tracing, embora impressionantes quando funcionam adequadamente, frequentemente apresentam artefatos que distraem o jogador. Para fechar, a vegetação sofre com flickering (uma tremulação) constante, e o mais frustrante é que mesmo usuários com hardware extremamente poderoso terão problemas significativos de desempenho. No nosso caso foi necessário remover completamente o ray tracing para deixar o jogo mais ou menos na casa dos 60 FPS a 4K. Usar um mod para remover o denoiser do jogo também ajudou muito no desempenho do jogo, já que mesmo com o ray tracing desligado, o jogo ainda usa uma iluminação global via software, que é bastante pesada.

Embora o jogo ofereça um conjunto impressionante de opções gráficas, incluindo ray tracing via hardware e suporte a resolução dinâmica, essas características acabam sendo prejudicadas pelos problemas fundamentais de performance. O jogo tem potencial de se tornar incrível depois de muitos patches, mas no momento, ainda há arestar a aparar.

Aspectos Visuais: Entre Luzes e Sombras

Quando funciona adequadamente, Silent Hill 2 Remake é um espetáculo visual impressionante. A icônica névoa da cidade foi recriada com um nível de realismo surpreendente, movendo-se de forma orgânica e criando uma atmosfera sufocante. O sistema de iluminação dinâmica, especialmente quando combinado com ray tracing, produz sombras e reflexos que aumentam tremendamente a tensão.

Outro ponto importante são os modelos dos personagens e monstros, que foram recriados com muito mais detalhes. O infame Pyramid Head nunca pareceu tão ameaçador, com sua superfície metálica oxidada refletindo a luz de forma realista. As famosas Bubble Head Nurses e outros monstros emblemáticos também receberam tratamento similar.

Os ambientes são ricos em detalhes que contam histórias silenciosas. Papéis de parede descascando, manchas suspeitas nas paredes, objetos pessoais abandonados – cada elemento foi cuidadosamente posicionado para construir a narrativa ambiental.

Conteúdo e Valor

Silent Hill 2 Remake traz muito mais conteúdo que o jogo original, com uma duração aproximada de 15-20 horas na primeira jogatina (significativamente mais longo que o original, que tinha 8 horas). O jogo mantém os múltiplos finais do original, adicionando ainda mais possibilidades de conclusão, o que aumenta consideravelmente seu valor de rejogabilidade.

Além disso, foram incluídas diversas opções de acessibilidade, permitindo que mais jogadores aproveitem o jogo. As dificuldades separadas para combate e puzzles também ajudam a personalizar a experiência de acordo com as preferências individuais.

Conclusão – Análise: Silent Hill 2 Remake

Para resumir a análise, Silent Hill 2 Remake é uma realização notável que consegue, na maior parte do tempo, equilibrar o respeito ao material original com modernizações necessárias. A Bloober Team demonstrou um entendimento profundo do que torna Silent Hill 2 especial, preservando sua essência perturbadora enquanto atualiza a experiência para os padrões contemporâneos.

A direção de arte, design de som e expansão dos ambientes são absolutamente exemplares, criando uma atmosfera de terror psicológico que raramente é vista nos jogos modernos. Além disso, a jogabilidade modernizada torna a experiência mais acessível sem sacrificar a tensão característica da série.

No entanto, os problemas técnicos na versão PC são impossíveis de ignorar. O stuttering constante e outras questões de performance podem prejudicar significativamente a imersão, especialmente durante momentos cruciais. É frustrante ver um remake tão bem executado em tantos aspectos ser prejudicado por problemas técnicos que parecem estar enraizados na própria engine do jogo.

Essa análise/review de Silent Hill 2 Remake segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.

Absolutamente horripilante

Nota - 9

9

Excelente

Silent Hill 2 Remake é uma reimaginação impressionante do clássico de terror psicológico, oferecendo visuais modernizados, trilha sonora excepcional e gameplay atualizado que respeita a essência do original. Infelizmente, problemas técnicos significativos na versão PC, principalmente relacionados à Unreal Engine 5, impedem o jogo de atingir seu verdadeiro potencial, embora ainda seja uma experiência altamente recomendada para fãs do gênero e da série.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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