Análise: Patapon 1 + 2 Replay
Patapon retorna em boa forma, mas sem fechar a trilogia

Patapon 1 + 2 Replay marca o retorno de dois dos jogos mais criativos do PSP em uma coletânea. Com foco rítmico e tático, a franquia conquistou muitos fãs desde seu lançamento original, e agora chega em um pacote que promete resgatar esse charme para um novo público. Nesta análise de Patapon 1 + 2 Replay, vamos avaliar o que essa coletânea realmente entrega, o que há de novo e, principalmente, se os jogos ainda se sustentam nos dias de hoje.
Antes de tudo, é importante destacar que Patapon 2 já havia recebido uma remasterização para o PlayStation 4. Portanto, para quem já possui essa versão, a novidade aqui é mais relevante por incluir o primeiro jogo, além de reunir ambos em um só produto.
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História simples, mas funcional
A narrativa de Patapon 1 + 2 Replay segue uma estrutura direta, com o segundo jogo continuando exatamente de onde o primeiro parou. Em Patapon 1, o jogador assume o papel de uma divindade que guia os Patapons em sua jornada para reconquistar sua antiga glória e chegar ao Earthend (o fim do mundo). Esses seres outrora poderosos vivem agora de forma fragmentada, e cabe a você liderá-los em combate.
Já Patapon 2 expande esse universo. Após conquistarem novos territórios, os Patapons constroem um navio e continuam buscando pelo Earthend. A trama segue a mesma estrutura, mantendo o jogador no papel de divindade, agora em uma ilha desconhecida.
Embora a história não traga grandes reviravoltas ou profundidade narrativa, ela cumpre bem seu papel. O carisma dos personagens e o estilo artístico minimalista colaboram para criar uma atmosfera agradável, que serve como base sólida para o que realmente importa: a jogabilidade.

Ambientação e trilha sonora: Ritmo como essência
Os dois títulos presentes em Patapon 1 + 2 Replay compartilham uma identidade visual e sonora muito próxima. Apesar de Patapon 3 não estar incluído nesta coletânea, é importante mencionar que a série como um todo mantém uma consistência em termos de ambientação, estilo e design, e isso se aplica claramente aos dois primeiros jogos.
Visualmente, a proposta continua sendo minimalista. Os cenários são compostos por silhuetas e fundos chapados, com pouco detalhamento, mas que funcionam bem dentro da proposta de Patapon 1 + 2 Replay . É um estilo que pode parecer datado para os padrões atuais, mas que ainda transmite carisma. Entre os dois títulos, Patapon 2 apresenta uma evolução visível em termos de animação e polimento, com elementos mais bem definidos e transições mais suaves.
Um ponto que chama atenção negativamente são as animações durante cutscenes ou em trechos de história. Esses momentos parecem ter sido simplesmente ampliados da versão original, resultando em imagens esticadas que contrastam com o restante da apresentação. As cenas quando introduzem os ícones de botões (Pata, Pon, Chakka e Don) também sofrem com esse problema.
Aqui vale pontuar que como originalmente esses eram jogos exclusivos do PSP, esses comandos levam os botões da Sony (cruz, círculo, quadrado e triângulo). Infelizmente, não foi feito nenhum trabalho em Patapon 1 + 2 Replay para que esses símbolos fossem modificados para os diferentes consoles. Como exemplo, o comando Pata, que é o quadrado do console da Sony, é representado pelo tambor com o símbolo quadrado. Ele não irá se modificar para Y no controle da Nintendo e nem para X no controle do Xbox.


Por outro lado, a trilha sonora continua sendo um dos pontos altos da coletânea. Como Patapon 1 + 2 Replay é um RPG rítmico, o som é essencial para a progressão. Cada um dos quatro comandos — Pata, Pon, Chakka e Don — representa uma batida diferente, e a combinação correta no tempo certo é o que faz os Patapons avançarem, atacarem, defenderem ou realizarem ações especiais. A sonoridade do jogo é construída em camadas: quanto mais acertos no ritmo, mais rica se torna a música de fundo, criando uma atmosfera dinâmica que recompensa a precisão do jogador.
Cada fase conta com uma música própria, o que contribui para a variedade sonora dentro da estrutura repetitiva de gameplay. É uma trilha simples, mas eficaz, que combina bem com a estética visual e o espírito da franquia.

Gameplay único de Patapon 1 + 2 Replay
A base de Patapon 1 + 2 Replay é o sistema de combate rítmico, que continua sendo o coração da experiência. O jogador utiliza uma combinação de quatro comandos — Pata, Pon, Chakka e Don — para mover, atacar, defender e executar ações especiais com suas unidades. Esses comandos seguem a lógica dos botões do controle, e o sucesso em combate depende diretamente da precisão rítmica. A mecânica é simples em teoria, mas se torna progressivamente desafiadora à medida que o jogo avança, especialmente contra chefes ou em momentos que exigem rápida adaptação estratégica.
A estrutura de fases é linear, com uma progressão clara da campanha em ambos os jogos. No entanto, o jogador pode revisitar fases anteriores, o que é essencial para obter recursos e equipamentos melhores. Esses materiais incluem diferentes tipos de carne, madeira, pedra e metais que, ao serem combinados, permitem a criação e evolução de novos Patapons. Tanto em Patapon 1 quanto em Patapon 2, existem diferentes classes de unidades (curta, média e longa distância) como arqueiros, lanceiros e guerreiros com escudo.

Apesar das semelhanças estruturais, Patapon 2 representa um salto significativo na qualidade de vida e profundidade do gameplay. Enquanto o primeiro jogo apresenta uma curva de aprendizado mais solta e dependente de tentativa e erro, o segundo título implementa tutoriais mais claros, uma árvore de habilidades robusta para evolução das unidades e a introdução de novas classes e mecânicas. Um exemplo relevante é a possibilidade de criar unidades com resistência a elementos como fogo, gelo ou veneno, além da adição da unidade Herói, que adiciona mais opções ao combate.
Outro destaque exclusivo de Patapon 2 é o modo cooperativo, que acrescenta variedade ao loop de gameplay e reforça a proposta de ação coordenada. Esse recurso, somado à possibilidade de customização mais precisa das unidades, elimina boa parte da aleatoriedade vista no primeiro jogo e oferece ao jogador um controle muito maior sobre o desenvolvimento do seu exército.
Na prática, Patapon 1 ainda oferece valor como introdução ao universo e às mecânicas da série, mas é difícil justificar o retorno a ele após a evolução significativa apresentada em Patapon 2. A sequência corrige falhas, amplia possibilidades estratégicas e entrega uma experiência mais consistente e moderna, mesmo dentro das limitações da proposta original.

O que Patapon 1 + 2 Replay oferece (e o que ficou de fora)
Ao jogar Patapon 1 + 2 Replay, é natural surgir a dúvida: o que exatamente essa coletânea entrega de novo? Especialmente para quem já jogou Patapon 2 Remastered, lançado anteriormente para o PlayStation 4, o lançamento levanta questionamentos sobre o real valor agregado dessa versão que reúne os dois primeiros títulos da franquia.
A primeira decepção para o público brasileiro é a ausência de localização para o português. Nenhum dos dois jogos possui menus, legendas ou opções na nossa língua. Isso é uma decisão que compromete a acessibilidade e representa uma oportunidade desperdiçada, considerando especialmente o relançamento para novas plataformas com foco em alcançar um público mais amplo.
Em termos de melhorias concretas, Patapon 1 + 2 Replay traz algumas opções de acessibilidade que ajudam a adaptar a experiência. É possível escolher entre três níveis de dificuldade (fácil, médio e difícil) o que ajusta o desafio de acordo com o perfil do jogador. Além disso, há um novo controle sobre a janela de precisão rítmica, permitindo configurar um intervalo entre 1 e 5. Isso significa que o jogador não precisa mais ser perfeitamente preciso para acertar os comandos, facilitando as sequências rítmicas e tornando a experiência menos frustrante, especialmente nas fases mais longas ou complexas.
Testando essas configurações, fica evidente que Patapon 1 + 2 Replay se torna mais acessível e tolerante a pequenos erros de ritmo e é um ajuste bem-vindo, sobretudo para novos jogadores ou para quem deseja apenas revisitar a experiência sem grande exigência técnica.
Porém, o maior ponto de crítica é a ausência de Patapon 3 na coletânea. A série possui três jogos principais, e a exclusão do terceiro título compromete o valor do pacote. Patapon 3 representa uma nova etapa da franquia, com mudanças significativas nas mecânicas e no estilo visual. Sua ausência torna o “Replay” incompleto, especialmente para os fãs que esperavam uma coleção definitiva da saga.

Conclusão
Patapon 1 + 2 Replay é uma coletânea que reúne dois jogos sólidos. Isoladamente, ambos ainda são divertidos, únicos em sua proposta e capazes de se manterem relevantes mesmo tantos anos após o lançamento original. O ritmo viciante, a ambientação minimalista e a combinação de estratégia com precisão musical ainda funcionam bem.
No entanto, como coletânea, o pacote deixa a desejar. A ausência de Patapon 3 compromete o que poderia ser uma trilogia completa, e a falta de localização para o português dificulta o acesso para parte do público. Além disso, Patapon 1 permanece com a mesma estrutura pouco amigável ao jogador novo, sem tutoriais ou guias adicionais, o que já era um ponto crítico no jogo original.
As únicas adições reais ficam por conta da escolha de dificuldade e da possibilidade de ajustar a janela de precisão dos comandos rítmicos. Melhorias pontuais, mas insuficientes para justificar o relançamento como uma coletânea robusta.
No fim das contas, são dois bons jogos reunidos em um pacote que poderia oferecer mais. Mas para melhorar um pouco esse sentimento de oportunidade perdida, pelo menos a Bandai abalizou o preço de venda tendo, em média, o preço de R$ 150. Embora não seja algo barato, também não está caro.
Os mais interessados em Patapon 1 + 2 Replay irão reconhecer o valor agregado dentro deste preço, assim como poderão esperar um desconto que é certo de vir nos primeiros meses.
Essa análise de Patapon 1 + 2 Replay segue nossas diretrizes internas. Confira aqui nosso processo de avaliação.
Patapon Replay é divertido, mas pouco ambicioso
Visual, ambientação e gráficos - 6.5
Jogabilidade - 7
Diversão - 8.5
Áudio e trilha-sonora - 8.5
7.6
Bom
Apesar de ainda divertidos e únicos em sua proposta, Patapon 1 + 2 Replay entrega uma coletânea simples, com poucas novidades. A ausência do terceiro jogo, a falta de localização em português e melhorias mínimas reduzem o impacto desse relançamento. Como jogos individuais, seguem sólidos — mas como coletânea, deixam a desejar.





