
Mafia: The Old Country chega como uma surpresa dentro da franquia. Em vez de seguir a linha natural de evolução para períodos mais recentes, como a década de 1990, a 2K decidiu resetar a linha temporal e levar os jogadores de volta às origens da máfia, na Sicília, um dos berços desse universo de crime organizado. Essa escolha ousada abre espaço para uma narrativa densa e uma ambientação histórica extremamente imersiva.
Para quem aprecia boas histórias e cenários ricos em detalhes, Mafia: The Old Country é um verdadeiro prato cheio daqueles que você começa a jogar e simplesmente não consegue largar.
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Mafia: The Old Country e sua história
Mafia: The Old Country se passa no início do século XX, mais precisamente em 1903, e coloca o jogador na pele de Enzo, um trabalhador explorado em condições análogas à escravidão em uma mina de enxofre controlada por uma família mafiosa local. O tratamento dado aos trabalhadores é desumano e logo no início da narrativa ocorre uma tragédia que força Enzo a fugir em busca de sobrevivência.
É nesse momento que ele encontra abrigo em uma família rival, que o acolhe e passa a moldar seu destino dentro da máfia. A partir daí, Mafia: The Old Country desenvolve uma trama clássica e linear de ascensão no crime organizado. Enzo começa como um simples “faz tudo” e, gradualmente, conquista a confiança do Don, galgando posições cada vez mais altas. Essa progressão é acompanhada por eventos que evoluem com o passar dos anos, quando o poder das famílias cresce e seus negócios se expandem do controle local para o contrabando e outras atividades ilícitas.
Embora a narrativa não traga grandes inovações no gênero, ela é bem estruturada e envolvente, funcionando como uma série ou filme que prende do começo ao fim. O destaque está nos personagens onde todos são muito bem dublados e tem constante interação, o que dá vida à ambientação. O arco de Enzo, de trabalhador oprimido a figura central dentro da máfia, é convincente e sustentado por um enredo sólido, diálogos consistentes e uma trilha sonora que reforça o peso dramático da jornada.


Ambientação fabulosa
Se a narrativa de Mafia: The Old Country já prende pela força de seus personagens e pela coesão da trama, o que dá vida a essa experiência são dois elementos fundamentais: a ambientação e o trabalho sonoro.
Visualmente, o jogo reconstrói o início do século XX na Sicília com grande cuidado. Como a história começa em 1903, o cenário retrata um período em que cavalos ainda eram o principal meio de transporte, os carros surgiam de forma pontual e as armas eram rudimentares, já que sequer havia ocorrido a Primeira Guerra Mundial. Esse caráter mais arcaico é refletido no design de cenários, figurinos e veículos. As montanhas sicilianas, os portos, vilarejos, grandes casarões e ruínas compõem um mundo crível e detalhado. As roupas acompanham a época: policiais com uniformes corretos, capatazes com vestimentas simples e os poderosos com ternos elegantes.
A progressão da história leva Enzo a diferentes tipos de missões desde serviços básicos para a família até deslocamentos mais longos pela região, e cada viagem reforça a beleza dos cenários. Mesmo em atividades corriqueiras, a recriação da Sicília impressiona. No entanto, há alguns pontos técnicos que destoam: a baixa qualidade das sombras, perceptível até em diálogos importantes, e pequenos bugs de clipping em roupas ou vegetação podem quebrar a imersão em certos momentos.
No aspecto sonoro, Mafia: The Old Country mantém o mesmo nível de cuidado. As atuações são consistentes, com dublagens disponíveis em inglês e em siciliano. A segunda opção se destaca por reforçar a autenticidade da época e criar maior conexão com o contexto histórico. A trilha sonora acompanha diferentes situações, alternando entre momentos contemplativos e de ação. Violões e violinos surgem com frequência, dando ritmo às cenas e realçando a atmosfera mafiosa. A combinação entre música, efeitos sonoros e diálogos faz com que a ambientação seja um dos pontos mais fortes de The Old Country.

Gameplay deixa a desejar
Enquanto a narrativa e a ambientação de Mafia: The Old Country se destacam, o mesmo não pode ser dito de seu gameplay, que entrega uma experiência funcional, mas pouco inspirada.
A estrutura das missões se divide em dois eixos principais. O primeiro está ligado às tarefas cotidianas de Enzo dentro da família: deslocamentos, entregas e pequenos serviços. Nessa parte, a jogabilidade flui bem. O sistema de condução, seja montado em cavalos, em carros da época ou mesmo em perseguições de alta velocidade, é responsivo e convincente, funcionando de forma consistente. A exploração do mundo também cumpre bem seu papel, sem grandes problemas.
Inclusive, para quem não quer aproveitar esses deslocamentos e os diálogos que ocorrem durante ele, podem ativar uma opção de “pular a viagem” e chegar a área da missão de forma imediata.
O segundo eixo é o dos confrontos mafiosos, que incluem tiroteios e sequências de ação. O sistema de armas reflete a época retratada, com cadência mais lenta e um arsenal limitado, mas ainda assim entrega uma mecânica sólida de combate com cobertura. Não há inovação, mas tudo funciona como esperado.

O ponto que gera maior frustração está nas seções de stealth. A inteligência artificial dos inimigos se mostra simplista demais, quebrando a imersão em diversas situações. É comum encontrar grupos de personagens que, após conversarem, se posicionam de costas, prontos para serem eliminados sem esforço. Em outros momentos, a detecção falha permite que o jogador passe ao lado de inimigos sem ser notado. Essa falta de desafio compromete a tensão esperada de um jogo de máfia.
Outro detalhe de falta de atenção a essa mecânica é que é possível esconder os corpos abatidos em caixas. Contudo, não existe um limite de corpos que podem ser jogados em caixas sem contar, que a cada novo corpo colocado, o anterior desaparece. Isso acaba com a imersão desses momentos.
Além disso, Mafia: The Old Country não explora elementos de design já consolidados em outros jogos do gênero. O sistema de cover, por exemplo, poderia incluir cenários parcialmente destrutíveis, forçando o jogador a se movimentar. Os inimigos também poderiam fazer uso mais frequente de granadas ou rondas mais agressivas. No estado atual, a IA se mostra passiva demais, tornando os confrontos completamente previsíveis.
No geral, as mecânicas básicas estão presentes e cumprem sua função, mas não vão além do mínimo necessário. Outro exemplo fica com a mecânica de melhorias que existe, mas ela é superficial demais e por muitas vezes desnecessárias. O entendimento é que acaba sendo mais um desafio de achar itens escondidos pelo mapa, do que efetivamente melhorar seu personagem principal.
Comparado ao cuidado dedicado à narrativa, ambientação e trilha sonora, o gameplay parece ficar alguns passos atrás.

Conclusão
Mafia: The Old Country é uma experiência que aposta todas as suas fichas na narrativa e na ambientação, entregando um jogo linear, mas de grande impacto cinematográfico. Quem procura um título de mundo aberto, recheado de missões secundárias (as quais são inexistentes) e liberdade de exploração, não vai encontrar isso aqui. Em contrapartida, o que Mafia: The Old Country oferece é uma campanha sólida e envolvente, que pode ser concluída em cerca de 10 a 12 horas, mantendo o ritmo de um bom filme interativo.
Há pequenas atividades paralelas, como melhorias de personagem e pontos de fotografia, mas nada que altere significativamente a duração da experiência. Para muitos jogadores, isso pode soar como limitação; para outros, como uma proposta clara e objetiva.
O que sustenta a qualidade de Mafia: The Old Country são os seus pilares audiovisuais: uma história coesa, personagens marcantes, dublagem competente (com destaque para a opção em siciliano) e uma trilha sonora que dá vida às cenas de ação e contemplação. Visualmente, o título impressiona, mesmo com problemas pontuais de sombras e pequenos bugs de clipping.
O ponto que realmente impede The Old Country de alcançar um patamar mais alto é o gameplay. Embora funcional, ele carece de profundidade e falha em oferecer desafios consistentes, sobretudo nas seções de stealth. A falta de polimento na inteligência artificial e a ausência de mecânicas mais ousadas deixam a jogabilidade aquém do restante da produção.
Ainda assim, para quem busca uma ótima história da máfia, ambientada no berço siciliano, o jogo é altamente recomendado. Mafia: The Old Country não reinventa a franquia, mas entrega uma experiência audiovisual de alto nível, capaz de prender a atenção do início ao fim.
Essa análise de Mafia: The Old Country segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Uma grande obra audiovisual onde o gameplay deixa a desejar
Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 6
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 9
8
Ótimo
Mafia: The Old Country entrega uma narrativa sólida e envolvente, ambientada no início do século XX na Sicília. Com personagens bem construídos, dublagem de qualidade e ambientação visual e sonora que reforçam a imersão, o jogo oferece uma experiência cinematográfica. O gameplay funciona bem nos elementos de exploração e tiroteio, mas a inteligência artificial limitada e a linearidade das missões impedem que alcance o mesmo nível de excelência do restante do título. Ainda assim, é uma experiência altamente recomendada para fãs da franquia e da temática mafiosa.





