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Análise: Echoes of the End

Um início ousado, mas marcado por tropeços.

Trago aqui a análise de Echoes of the End, um título que estava no radar de muitos jogadores curiosos pelo seu potencial. Desde as primeiras impressões, o jogo chamava atenção por lembrar em alguns aspectos os títulos mais recentes da franquia God of War, principalmente pelo estilo de ação cinematográfica aliado a uma narrativa mais intimista.

Além disso, sua ambientação deslumbrante é um dos pontos que imediatamente conquista o olhar de quem acompanha o projeto. A grande questão é: será que esse jogo de ação, desenvolvido por um estúdio estreante no mercado, consegue realmente se sustentar e entregar uma experiência marcante?

Confira a resposta aqui em nossa análise de Echoes of the End.

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Uma história empolgante

Em Echoes of the End, a narrativa se constrói de forma semelhante como o reboot de God of War e Ragnarok, especialmente pelo foco no relacionamento entre personagens e na forma como eles dialogam durante a jornada. A protagonista é Ryn, uma Vestigal — seres que possuem poderes especiais (mágicos) ligados a esse universo. Logo no início, ela está acompanhada de seu irmão Cor, realizando uma patrulha de rotina, até que ambos presenciam um fenômeno incomum: uma Sentinela, uma pedra mística de enorme importância, começa a emitir uma luz vermelha e provocar terremotos.

Esse evento coincide com a invasão do exército inimigo, que conta com outra Vestigal ainda mais poderosa que Ryn. Essa guerreira consegue penetrar no núcleo da Sentinela e extrair sua energia, trazendo devastação para a região. Diante da ameaça, Cor se sacrifica ao se entregar ao inimigo como refém, na esperança de salvar sua irmã e manter alguma chance de resistência futura.

A partir desse ponto, Ryn passa a ter como companheiro Abram, um erudito que já tinha relação com sua família, trocando cartas com o pai dos irmãos. Essa dupla forma o núcleo da narrativa, com interações que funcionam bem: enquanto Ryn é mais direta e determinada, Abram oferece uma visão mais ponderada e guiada pelo conhecimento. Essa troca constante de diálogos ajuda a aprofundar tanto os personagens quanto a própria trama, tornando a jornada envolvente e cativante.

Echoes of the End tem um dos melhores gráficos da geração

Se a história e os personagens já chamam atenção em Echoes of the End, a ambientação é ainda mais impressionante. Logo de início, fica claro que o jogo é visualmente marcante. Testei o título em uma RTX 4070 Super combinado com um Ryzen 7 5800X, rodando tudo no máximo, com frame generation ativado, e consegui uma média de cerca de 80 FPS em configurações ultra. O resultado é um dos jogos mais bonitos que já vi nesta geração.

A estética combina elementos medievais com uma leve influência viking, marcada por vilas abandonadas, lama, cavernas e grandes cadeias de montanhas. Durante a campanha, é possível explorar rios, lagos e passagens subterrâneas, sempre com cenários ricos em detalhes e com iluminação de alta qualidade. Em alguns momentos, a direção de arte chega a lembrar Hellblade II, dada as devidas proporções, mas mostrando o quanto a produção da Myrkur Games conseguiu entregar em termos de imersão visual.

Além do visual, a ambientação é fortalecida por sua parte sonora. As vozes dos personagens são convincentes, cada uma com sua própria entonação, transmitindo emoção nos momentos certos. Já a música, totalmente orquestrada, alterna entre climas de ação e exploração, sempre reforçando a atmosfera de Echoes of the End.

Falta de Polimento é evidente

Apesar de toda a qualidade apresentada em história, ambientação e visual, Echoes of the End sofre com a falta de atenção aos detalhes. É um problema que fica cada vez mais evidente conforme se avança no jogo, e dá a impressão de que alguns meses a mais de desenvolvimento poderiam ter feito uma grande diferença.

O exemplo mais claro está na forma como Echoes of the End lida com situações de plataforma. Como Ryn, o jogador precisa escalar e pular obstáculos, enquanto Abram, seu companheiro, sempre encontra um caminho alternativo “mágico”, aparecendo do outro lado sem nunca enfrentar os mesmos desafios. Isso acontece repetidamente e gera estranheza, como se o jogo tivesse pressa em resolver situações que poderiam ter sido melhor trabalhadas.

As animações também sofrem com essa falta de cuidado. Pulos, ataques e até a descida em cordas são duros e artificiais. Há momentos em que o personagem simplesmente “teleporta” de uma animação para outra, pulando de corda em corda de forma tosca e nada convincente. Em outros, o problema é visual: armas atravessam roupas, objetos atravessam paredes, e detalhes básicos de física parecem ignorados.

Além disso, são comuns situações de clipping, paredes invisíveis e até quedas estranhas, nas quais o personagem escorrega lentamente por uma pedra ou montanha enquanto a animação de queda permanece estática. Individualmente, são falhas pequenas, mas sua frequência acaba quebrando a imersão e transmitindo a sensação de que o jogo não foi suficientemente polido antes do lançamento.

Gameplay que não encaixa

O gameplay de Echoes of the End tem o coração no lugar certo, mas falha na execução. O título tenta unir elementos de hack and slash com a cadência de um soulslike, dois estilos que raramente funcionam juntos. Para que essa combinação desse certo, seria necessário um polimento muito maior, algo que o jogo não consegue entregar.

No controle de Ryn, a protagonista, o jogador tem acesso a ataques básicos, esquiva e contra-ataques. Os inimigos, por sua vez, variam entre ataques comuns (que podem ser bloqueados ou respondidos com um counter) e ataques vermelhos (que obrigam a esquiva). Na teoria, é um sistema interessante, mas, na prática, se mostra desbalanceado.

O problema aparece quando a tela se enche de inimigos. Echoes of the End exige cadência para os counters, mas, ao mesmo tempo, cobra agilidade contra vários oponentes, incluindo inimigos à distância com mira quase perfeita. Isso gera uma sensação constante de frustração, já que a leitura de golpes e o posicionamento raramente acompanham o ritmo da batalha. Nas lutas contra chefes, que seguem a lógica de duelos 1×1, a mecânica funciona melhor — mas esses momentos acabam sendo exceção.

Há também uma árvore de habilidades, que amplia os poderes de Ryn como Vestigal. Ela pode manipular inimigos e objetos usando mana, empurrando adversários contra outros ou até derrubando-os de penhascos — uma solução tão eficaz que chega a ser cômica, evidenciando o quão quebrado o sistema de combate pode parecer. Entre as evoluções estão ataques carregados, disparos de energia e counters aprimorados que atordoam inimigos em área. Apesar da variedade, o combate permanece apenas mediano.

Outro pilar do gameplay está nos puzzles e momentos de exploração. O jogo oferece desafios de plataforma, além de mecanismos que precisam ser ativados ou desativados, muitas vezes com a ajuda de Abram, que pode paralisar estruturas e criar novas possibilidades. Essa parte é funcional e até interessante, mas sofre com a repetição: a estrutura se torna previsível, alternando entre combates longos e seções de exploração, sem grandes surpresas. A previsibilidade fica clara até na progressão, já que um totem de energia sempre antecede grupos de inimigos, eliminando qualquer expectativa de surpresa.

No fim, individualmente, cada parte funciona. Mas, assim como nos problemas de polimento já mencionados, o que falta aqui é justamente a conexão entre os elementos. O gameplay tem boas ideias, mas não consegue transformá-las em uma experiência coesa e consistente.

Echoes of the End vale a pena?

Echoes of the End é um daqueles casos em que a primeira impressão encanta, mas o contato prolongado revela problemas difíceis de ignorar. De imediato, o jogo impressiona pelo visual deslumbrante, pela direção artística caprichada, pela ambientação imersiva e por uma história que prende a atenção, sustentada por personagens carismáticos e uma trilha sonora competente. No aspecto audiovisual, não há como negar: a desenvolvedora acertou em cheio.

No entanto, videogames não vivem apenas de narrativa e estética. É na jogabilidade que o título tropeça. Falta polimento nas animações, nas interações de cenário e até no design dos desafios, que acabam se tornando repetitivos e previsíveis. O combate, embora tenha boas ideias, mistura estilos incompatíveis sem a coesão necessária, resultando em uma experiência frustrante em muitos momentos. Some a isso problemas técnicos recorrentes — como clipping, paredes invisíveis e movimentos artificiais — e a imersão se quebra constantemente.

No fim, o que poderia ser um grande destaque da nova geração acaba se tornando apenas um jogo mediano. Não é ruim, mas está longe do potencial que demonstrava no início. Fica a sensação de que, com alguns meses extras de desenvolvimento e ajustes de polimento, Echoes of the End poderia ter entregado algo muito mais marcante.

Essa análise de Echoes of the End segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Belo, promissor, mas ainda distante dos grandes nomes do gênero.

Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 6
Diversão - 7
Áudio e trilha-sonora - 8
Polimento - 3

6.6

Razoável

Echoes of the End impressiona em sua proposta inicial, com uma ambientação belíssima e um estilo que remete a grandes jogos de ação. No entanto, a falta de polimento, a repetição em certas mecânicas e o peso da comparação com produções maiores deixam claro que a estreia do estúdio ainda não alcança todo o potencial que poderia ter.

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Leonardo

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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