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Análise: Metal Eden

Ação frenética que desafia reflexos e estratégia

Metal Eden chega como uma grata surpresa no cenário dos jogos independentes. A experiência mistura a brutalidade frenética de DOOM com a agilidade e precisão de Ghostrunner, resultando em um híbrido de ação e velocidade que funciona de maneira quase impecável.

Para quem busca um jogo intenso, desafiador e que não tem medo de experimentar, esta análise vai mostrar por que Metal Eden pode ser um dos títulos mais interessantes do ano.

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História que expande o clichê

Uma das primeiras surpresas em Metal Eden é a profundidade de sua narrativa. Antes de jogar, não havia uma grande expectativa quanto ao enredo, mas o jogo consegue entregar uma ficção científica consistente e envolvente.

A premissa inicial parte de um clichê conhecido: a Terra se tornou insustentável, todos os recursos foram minerados e a humanidade precisou buscar novos horizontes no universo. Até aí, nada de novo. O diferencial de Metal Eden aparece na tecnologia Core, capaz de digitalizar tudo o que define um ser humano. Em vez de corpos físicos, apenas núcleos — comparáveis a um “pendrive” carregando a essência de cada indivíduo — precisavam ser transportados, tornando possível reabitar outros mundos.

Esse processo levou à construção da cidade de Mobius, erguida sobre o planeta Vulcan. No entanto, como costuma acontecer, problemas humanos ressurgem mesmo diante das maiores inovações. O projeto que parecia perfeito ruiu quando investidores decidiram retirar o financiamento por falta de retorno imediato. Aos poucos, os engenheiros responsáveis perderam o bom senso, entrando em conflito entre si. O jogo, nesse ponto, expõe uma crítica clara ao capitalismo e à ganância que frequentemente sabotam conquistas coletivas.

É nesse cenário que o jogador assume o papel de uma unidade Hyper, um protótipo extremamente capaz, guiado pelo misterioso Nexus. Sua missão é recuperar os núcleos dos quatro grandes engenheiros para libertar a população de Mobius, ainda aprisionada dentro dessa tecnologia. O mais interessante é a forma como a narrativa se desenrola: a cada avanço, novos diálogos e interações revelam detalhes sobre o passado, as motivações e as quedas dos engenheiros. Essas “pílulas de informação” são distribuídas em ritmo constante, criando uma sensação de recompensa que vai além das habilidades adquiridas durante o gameplay.

O resultado é uma história densa, rica em detalhes e que surpreende pela coesão. Metal Eden não apenas cria um universo futurista consistente, mas também consegue manter o jogador engajado ao conectar progressão mecânica e narrativa, algo raro em títulos desse estilo.

Ambientação e audiovisual simplesmente fabuloso

Se tem algo que chama a atenção em Metal Eden desde os primeiros minutos é o impacto visual. O jogo abraça sem medo uma estética futurista e sci-fi, entregando cenários cheios de cor, iluminação trabalhada e detalhes digitais que passam uma sensação constante de tecnologia avançada. O trabalho da Reikon Games aqui é notável: para um estúdio que está apenas em seu segundo título — o primeiro foi Ruiner — o salto de qualidade é claro.

As estruturas metálicas, corredores iluminados por reflexos intensos e ambientes repletos de informações visuais criam um espetáculo constante para os olhos. Há uma diferença marcante quando o jogo alterna para o planeta Vulcan: ali, a ambientação muda para algo mais devastado, com paisagens de lava, fogo, construções abandonadas e grandes maquinários. Essa variação reforça o contraste entre a cidade tecnológica de Mobius e o planeta em colapso, mantendo o jogador imerso.

O design dos inimigos, em sua maioria robóticos, não chega a ser o ponto mais marcante, mas o conjunto da ambientação compensa. Há também momentos de narrativa apresentados com cutscenes bem dirigidas, incluindo sequências onde o protagonista é desmontado e remontado, reforçando o tom futurista e a sensação de que o jogador está sempre dentro de um sistema maior.

O impacto não fica apenas no visual. O áudio acompanha com a mesma qualidade. A dublagem transmite peso e personalidade: Nexus, por exemplo, carrega frustração e mistério em sua voz, enquanto outros personagens trazem entonações bem distintas. Além disso, a trilha sonora acerta ao equilibrar músicas de ação — com guitarras e batidas metálicas — e momentos mais silenciosos, onde sons de metal retorcendo reforçam a sensação de isolamento durante a exploração.

No fim, o audiovisual de Metal Eden impressiona por sua coesão. Não é apenas bonito ou tecnicamente competente; ele constrói atmosfera, dá identidade ao jogo e mantém o jogador interessado em explorar cada canto desse universo.

Entre Ghostrunner e Doom Eternal

Se fosse para resumir Metal Eden em poucas palavras, a melhor comparação é imaginar Doom Eternal e Ghostrunner “tendo um filho”. O jogo combina a velocidade frenética e o arsenal diversificado do reboot de Doom com a movimentação ágil, parkour e desafios de plataforma que lembram de imediato Ghostrunner.

A base é um shooter em ritmo acelerado, que exige reflexos rápidos e uso constante de diferentes armas. Ao mesmo tempo, o jogo não se limita a combates. Há diversos trechos de exploração e plataforma: usar o grappling hook para se lançar de um ponto a outro, correr pelas paredes, flutuar e encadear movimentos para não perder o ritmo. Esses momentos trazem variedade e ajudam a equilibrar o fluxo entre combate intenso e exploração mais cadenciada.

Combate e arsenal

O combate é, sem dúvida, o coração de Metal Eden. O jogador começa com uma arma básica de munição infinita, mas que superaquece após uso prolongado, exigindo gestão do tempo de disparo. Aos poucos, o arsenal cresce com pistolas, escopetas, armas de plasma, SMGs, lança-granadas e outras opções. Cada uma delas pode ser aprimorada em duas ramificações possíveis, criando espaço para personalização de acordo com o seu estilo de jogo.

Além das armas, há uma árvore de habilidades ligada aos núcleos, coletados tanto em exploração quanto no avanço da campanha. Essa progressão permite especializar o personagem em áreas como defesa (campos de força e efeitos de congelamento), mobilidade (planar e desacelerar o tempo) ou utilidades ofensivas, como o uso de granadas. O sistema é amplo e traz impacto real na jogabilidade, reforçando a sensação de evolução.

O ritmo dos combates lembra muito Doom Eternal: um verdadeiro balé de tiros, saltos, movimentos acrobáticos e troca constante de armas, enquanto inimigos variados pressionam de todos os lados. A diferença é que aqui a munição é compartilhada entre todas as armas, simplificando a dinâmica de gerenciamento. Ainda assim, há especificidades úteis — armas de plasma quebram os escudos, ataques físicos desequilibram inimigos e os núcleos retirados de adversários podem ser usados como granadas ou absorvidos para liberar ataques especiais.

Variedade de gameplay

Além do núcleo de tiro e plataforma, Metal Eden insere algumas mecânicas alternativas. Uma delas é a transformação da protagonista em uma esfera de ataque, usada principalmente em trechos no planeta Vulcan. Essa forma muda o ritmo, permitindo atravessar áreas mais abertas e até enfrentar inimigos de maneira diferente. Não é o ponto mais elaborado do jogo, mas funciona como uma boa quebra na cadência, dando um respiro ao jogador entre sessões intensas de combate.

No geral, o gameplay é exigente, rápido e cheio de nuances. A mistura de estilos pode parecer arriscada, mas aqui funciona bem: Metal Eden entrega tanto para quem busca a adrenalina dos tiros frenéticos quanto para quem aprecia desafios de movimentação e precisão em plataforma.

Problemas e pontos de melhoria

Apesar de Metal Eden ser uma experiência extremamente sólida e impressionante em quase todos os aspectos, ele não escapa de alguns deslizes. Nenhum deles chega a comprometer a experiência como um todo, mas ainda assim merecem ser destacados.

Em primeiro lugar, existem pequenos bugs de IA que podem atrapalhar a imersão. Algumas vezes, inimigos ficaram presos em paredes ou em cantos do cenário, sem reagir ao jogador. Isso aconteceu poucas vezes, mas o suficiente para chamar atenção em um jogo que valoriza tanto o dinamismo e a pressão constante dos combates.

Outro ponto está no sistema de progressão das armas. Para aprimorar o arsenal, é necessário coletar poeira — a moeda do jogo — obtida ao derrotar inimigos, chefes ou explorar os cenários. A questão é que a forma como a poeira é distribuída segue um padrão bastante óbvio: caixas espalhadas em cantos específicos, muitas vezes sem surpresas no design. Isso torna a exploração menos recompensadora, já que o jogador rapidamente entende a lógica e sabe exatamente onde encontrar recursos, perdendo um pouco do impacto da descoberta.

Além disso, há situações em que o design de combate permite soluções fáceis demais. Em alguns trechos, subir em uma plataforma elevada garante ao jogador a possibilidade de eliminar inimigos abaixo sem grande risco, especialmente quando eles estão posicionados próximos a barris explosivos. Essa abordagem “quebra” um pouco a proposta de combates intensos e cheios de movimento, e mostra a necessidade de um polimento extra no balanceamento de encontros.

No fim das contas, esses problemas soam mais como detalhes que poderiam ser corrigidos com ajustes de design e otimização. Metal Eden continua sendo um jogo impressionante, mas certamente se beneficiaria de um refinamento final para estar no mesmo nível de excelência em todos os seus aspectos.

Felizmente, em questão de performance, jogando em meu PC equipado com uma RTX 4070 Super e um Ryzen 7 5800X em resolução 2K, o jogo atingiu com uma impressionante estabilidade os almejados 60 fps. Ter tanta estabilidade em um jogo pré-lançamento é algo surpreendente nos dias de hoje.

Metal Eden é um grande acerto

Metal Eden me surpreendeu de uma forma extremamente positiva. Seus pontos fortes são numerosos, e quem aprecia jogos que combinam parkour, movimentação técnica, velocidade intensa e combates cheios de variação estratégica encontrará aqui um verdadeiro banquete. A todo momento o jogo desafia o jogador a se adaptar, trocar de armas e repensar a abordagem, mantendo a adrenalina sempre no limite.

A melhor comparação que consigo fazer é imaginar uma fusão entre Ghostrunner e Doom Eternal — dessa união nasce Metal Eden. Ele brilha em praticamente todos os aspectos: narrativa envolvente, visuais impressionantes, trilha sonora marcante e um sistema de combate que vai além das expectativas. Faltou apenas um ajuste fino para alcançar a perfeição, mas ainda assim o resultado é um título estupendo, daqueles que deixam uma marca forte em quem joga.

Essa análise de Metal Eden segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

A fusão brutal entre velocidade e carnificina

Visual, ambientação e gráficos - 10
Jogabilidade - 9
Diversão - 9.5
Áudio e trilha-sonora - 9
Otimização e polimento - 8.5

9.2

Fantástico

Metal Eden entrega um espetáculo de velocidade e violência, misturando o parkour ágil de Ghostrunner com a brutalidade visceral de Doom. Apesar de algumas quedas de ritmo em trechos mais repetitivos, a experiência geral é intensa, viciante e demonstra como o gênero pode evoluir sem perder identidade.

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Leonardo

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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