Análise: Hotel Barcelona
Um Hotel para ficar longe e não se hospedar

O estúdio Grasshopper Manufacture já é conhecido por suas criações excêntricas, mas a parceria com a White Owls parece ter elevado essa característica a um novo patamar. O resultado é Hotel Barcelona, um roguelite que, embora parta de uma fórmula que lembra o sucesso Hades, rapidamente estabelece sua identidade própria ao adotar uma jogabilidade de ação em formato side-scroller.
Será que essa mistura inusitada faz jus à fama do estúdio? Continue a leitura da nossa análise para descobrir.
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Um hotel que ninguém iria querer se hospedar
A trama de Hotel Barcelona acompanha Justine, uma jovem agente do FBI que carrega um fardo inusitado: a consciência de um serial killer, conhecido como Dr. Carnival, habita sua mente. Após um acidente, ela desperta em um hotel luxuoso, cujos corredores estão repletos de figuras suspeitas. Guiada pela voz de Dr. Carnival, que insiste que todos ali são assassinos, Justine descobre que o único caminho para a liberdade é confrontar os criminosos que dominam o lugar.
A narrativa se desenrola por meio de diálogos que, aos poucos, revelam os segredos do hotel e o passado da protagonista, explicando a origem de sua bizarra conexão com o assassino. O grande charme da história está justamente em seus personagens: dos chefes aos meros hóspedes, ninguém ali é normal, o que contribui para uma atmosfera de loucura constante que define o tom do jogo.

Roguelite com plataforma e muito sangue
Hotel Barcelona se afasta da fórmula isométrica popularizada por outros roguelites e aposta em uma abordagem side-scroller, na qual o jogador enfrenta hordas de inimigos e supera desafios de plataforma. O sistema de combate é direto, com acesso a ataques rápidos, golpes fortes, esquiva, bloqueio e o uso de armas de fogo.
No entanto, a simplicidade dos comandos é ofuscada por um problema grave de responsividade. Tentar bloquear um golpe no tempo certo ou contra-atacar um inimigo pode ser frustrante, pois a resposta ao comando muitas vezes não é imediata. Isso força o jogador a adotar um estilo cauteloso, minando a fluidez e a emoção que se espera do gênero.

Uma diferença positiva em sua estrutura é que o jogo é dividido em seis cenários distintos, e cada um funciona como um checkpoint, eliminando a necessidade de completar a jornada em uma única tentativa. Dentro deles, várias portas levam a andares com bônus variados, como aumento de dano, mais velocidade ou recuperação de vida.
As batalhas contra os chefes são visualmente criativas e bizarras, mas é nelas que as falhas de jogabilidade se tornam mais evidentes. Além do atraso nos comandos, surgem problemas de detecção de colisão, como um ataque frontal do inimigo atingir o jogador que está em suas costas.Para contrabalancear os desafios, o jogo introduz uma mecânica original e positiva: os “slasher phantoms”. São fantasmas de suas tentativas anteriores que lutam ao seu lado, replicando os movimentos que você fez. É uma forma inteligente de fazer com que seu “eu” do passado ajude a superar os obstáculos do presente.

Uma constante evolução
A cada tentativa, o jogador coleta recursos como dinheiro e dentes, que são usados para desbloquear melhorias permanentes. É possível adquirir novas habilidades para Justine e expandir seu arsenal com armas de curto e longo alcance. O design do armamento se destaca pela originalidade, fugindo do tradicional com itens como serras, machados e até combinações inusitadas, como uma faca empunhada junto a uma muleta quebrada.
O jogo também oferece um sistema para evoluir as armas em um cassino, mas a mecânica se mostra mais frustrante do que recompensadora. O processo depende da pura sorte, exigindo que o jogador acerte uma chance em cinco ao escolher uma carta. O problema é que cada tentativa consome tickets, um recurso valioso que também serve para ter uma revanche imediata contra um chefe. Na prática, o risco é alto e a recompensa incerta, tornando o sistema punitivo e pouco vantajoso para a progressão.

Gráficos e áudio
Visualmente, Hotel Barcelona apresenta um contraste claro: enquanto os cenários são ricos em detalhes e se destacam como o principal atrativo, os modelos de personagens são consideravelmente mais simples. Embora seus designs sejam únicos, falta um maior refinamento técnico. Infelizmente, alguns problemas quebram a imersão, como o efeito de sangue que continua ativo no ar mesmo após a morte dos inimigos.
O maior problema, no entanto, é a intensa poluição visual. A interface é sobrecarregada de informações e, quando somada aos phantom slashers, múltiplos adversários e detalhes do cenário, a tela se torna um caos que dificulta o foco na ação. Em um ponto positivo, as cutscenes se destacam pelo estilo, simulando um programa de TV antigo com interferências de sinal que reforçam a atmosfera de suspense.
No departamento sonoro, a dublagem é o ponto alto, ajudando a consolidar a personalidade excêntrica de cada personagem. Em contrapartida, a trilha sonora é apenas funcional. Embora cumpra seu papel de criar um clima de tensão, suas composições são esquecíveis e não marcam a experiência.

Conclusão da análise de Hotel Barcelona
Hotel Barcelona acerta ao se diferenciar no mercado de roguelites com sua proposta excêntrica e uma jogabilidade em formato side-scroller. A narrativa criativa, o elenco de personagens bizarros e as charmosas cutscenes são pontos altos que sustentam o interesse do início ao fim.
Contudo, a experiência é comprometida por falhas importantes. A falta de responsividade nos comandos e a detecção de colisão imprecisa quebram o ritmo do combate e geram frustração constante. Para completar, o sistema de melhorias no cassino se mostra uma mecânica mais punitiva do que recompensadora.
No fim, Hotel Barcelona é um título com personalidade de sobra, mas que tropeça na execução. Ele certamente agradará aos fãs de jogos irreverentes que buscam algo fora do padrão, mas exige uma dose extra de paciência para lidar com falhas de jogabilidade que o impedem de atingir todo o seu potencial.

Essa análise de Hotel Barcelona segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Boas ideias, mas falta refino
Visual, ambientação e gráficos - 6
Jogabilidade - 6
Diversão - 5
Áudio e trilha-sonora - 6
narrativa - 7
6
Mediano
Hotel Barcelona é um roguelite criativo com narrativa excêntrica e boas ideias, como o sistema de “slasher phantoms”. Porém, problemas na resposta dos comandos e no balanceamento de algumas mecânicas podem frustrar. Vale para quem busca algo diferente no gênero, mas exige tolerância com suas falhas.





