Opinião: Rocket League é amor bandido no Nintendo Switch. A concepção de um apaixonado pelo jogo.
Já são dois anos de muito amor desde que Rocket League chegou ao mundo naquela feliz Playstation Plus de julho de 2015. Me lembro como se fosse ontem quando o caríssimo Bruno Degering, editor aqui do site, chegou para mim e falou: “Meu rapaz, já deu uma olhada nesse tal de Rocket League? Achei bem legal”. Pensei: “Ora pois, vamos dar uma chance a esse indie”. Mal sabia eu que essa obra da Psyonix se tornaria meu crack por tanto tempo (o Playstation 4 era o Guaravita). Joguei por centenas de horas junto a muitos dos outros membros do site. Platinei o jogo, joguei em todas as plataformas possíveis e, depois de muito tempo, acabei esquecendo de sua existência por conta dos muitos reviews e novos jogos que temos que dar atenção. Entretanto, Rocket League sempre teve um lugar especial no meu coração e, de vez em quando, eu o acessava para sentir aquela emoção que poucos jogos transmitem.
Jogado em um canto empoeirado da minha Playstation Store. Largado ao esquecimento da minha Steam, Rocket League esperava pelo retorno dos seus dias de glória para comigo. A comunidade do jogo somente cresceu desde seu lançamento, mas o jovem Bernardo não lhe dava a atenção de outrora. Entretanto, durante nossa viagem à E3 deste ano, tivemos a melhor notícia de 2017 (sou fã a ponto de dizer isso). Frente a tantos lançamentos incríveis para Nintendo Switch este ano, meus olhos nunca brilharam tanto quanto com o anúncio de Rocket League chegando ao console da Nintendo. Meus sonhos estavam realizados. Agora seria possível jogar esta obra prima no conforto da minha cama, no cálido assento do banheiro, simplesmente em qualquer lugar. Comprei meu Nintendo Switch pensando neste futuro, e agora ele chegou.
Confesso, acho que nunca estive tão qualificado para falar sobre um jogo em toda a minha vida. Amo Rocket League com todas as minhas forças, e fico muito triste pelo tempo que fiquei sem jogá-lo. Com uma curva de aprendizado grande e uma comunidade que se torna cada vez mais hábil nas suas mecânicas ao longo do tempo, voltar é como correr os 100 metros rasos depois de uma sessão pesada de narguilé vencido. Com muito esforço, entretanto, e aproveitando o momento de adaptação dos jogadores aos controles do Nintendo Switch, consegui retornar à glória e agora, felizmente, posso jogar Rocket League de modo a não bicar a porta de tanta raiva.
Após esse momento de carinho e admiração, paro de divagar e vou ao que realmente importa. Rocket League no Nintendo Switch é simplesmente uma relação de amor e ódio. A mesma emoção que me faz emitir sons estranhos quando a bola está próxima de entrar no gol é a que me faz girar o Nintendo Switch como se eu estivesse dirigindo de verdade (o que gera situações inusitadas). Alguns fatores devem ser levados em consideração quando pensamos neste tipo de jogo em um console prioritariamente portátil. Listo-os todos abaixo.
Quando joguei Rocket League em todos os outros consoles, por muitas vezes o controle dançava na minha mão nos momentos de maior euforia, em que eu tinha que voar e fazer acrobacias elaboradas para alcançar a bola. Todavia, a tela e os Joysticks do Nintendo Switch são acoplados. Parece meio óbvio que a consequência disso seja pessoas literalmente jogando o Nintendo Switch para todos os lados sem perceber durante a partida. Eu, particularmente, venho notando que o processo de adaptação ao jogo no Nintendo Switch é relativamente lento, já que esse fator atrapalha muito em momentos cruciais (principalmente quando a emoção resolve fazer com que praticamente demos uma cambalhota de verdade jogando). Claramente, este problema não é intrínseco ao console em si, mas é algo que certamente traz um nível a mais de dificuldade ao jogo que eu não estava esperando. Com um pouco mais de treino e adaptação, fiquei mais calmo ao jogar no Nintendo Switch, já que simplesmente não dá para ficar tremendo a tela enquanto se tenta voar pelos cenários.
Agora, talvez o fator que mais influencia na hora de jogar Rocket League no Nintendo Switch são os Joy-Cons. Veja bem, eu realmente gosto deles. O Nintendo Switch para mim foi uma das melhores compras dos últimos anos, mas se tem algo que traz uma desvantagem na hora de jogar os modos competitivos são os pequenos controles do console. Primeiro, para quem estava acostumado a jogar o título no Dualshock 4, ter que reacostumar com um controle menos sensível e menor atrapalha bastante. A começar que a sensibilidade dos sticks dos Joy-Cons é claramente menor que a dos controles de Playstation 4 e Xbox One. Nota-se principalmente nos momentos de vôo e nas saídas de bola que a Dead Zone dos controles da Nintendo é nativamente maior do que a dos controles rivais. Isso, em um cenário competitivo cross-platform, faz com que os jogadores do Nintendo Switch tenham uma desvantagem sensível. Mesmo com a possibilidade de ajuste da Dead Zone nas opções do jogo, o resultado ainda não é o mesmo que nas outras plataformas em que se pode jogar Rocket League. Com o tempo, acabamos nos acostumando com esse pequeno delay dos comandos e nos adaptamos, mas isso se torna uma variável a mais a ser calculada em qualquer movimento que se queira fazer no jogo. Em um cenário competitivo, esse tipo de desvantagem atrapalha muito.
Outra questão que influi bastante no gameplay de Rocket League no Nintendo Switch é o seu chipset de conectividade. O ponto aqui é muito simples, a conexão no Nintendo Switch é muito ruim. Se você nunca percebeu isso, somente compare quanto tempo ele demora para baixar uma quantidade de dados com qualquer outro aparelho que utilize Wifi na sua casa. É sabido que o console tem problemas com relação a pacotes perdidos e velocidade de conexão. Esse talvez seja o ponto que mais irrita ao jogarmos Rocket League no Nintendo Switch, pois temos que conviver com Rubber Bands e a fatídica tomada de “sua conexão está uma bosta” no jogo. Felizmente, depois de conviver com esse problema, procurei soluções na internet e cheguei à conclusão de que o MTU nativo para qualquer conexão no console possibilita essas perdas de pacote. Após mudar o MTU das minhas redes para 1500 e desativar conexões automáticas, parei de ter esse problema. Ainda assim, não posso deixar de frisar este ponto, que nunca existiu para qualquer outra versão do jogo.
Por fim, vamos à já batida discussão dos downgrades no Nintendo Switch. Sim, os gráficos de Rocket League no console estão bastante inferiores aos que já vimos por aí. Não digo nem enxugados, já que geralmente falamos isso quando os visuais ficam menos nítidos (com o intuito de diminuir o processamento do jogo), mas sim mais crus. O que quero dizer com isso? Uma qualidade gráfica de 576p com muito serrilhado no modo portátil, e 720p regulares no dock. Claro, é muito mais importante de se jogar Rocket League a 60FPS, o que justifica essa mudança drástica nos gráficos, mas ainda assim, é estranho de se jogar o jogo desta forma depois de tanto tempo jogando a 1080p e 60FPS em outras plataformas. É compreensível que essa decisão tenha sido feita, já que Rocket League é mais pesado do que parece. Quem não se lembra de quando o jogo transformava o Playstation 4 em uma grelha de churrasco no menu assim que ele foi lançado? No fim das contas, o downgrade realizado é perceptível, mas irrelevante, já que ele acaba não atrapalhando em nada o principal ponto do jogo, seu gameplay fluido e extremamente competitivo.
Em suma, Rocket League no Nintendo Switch tem algumas ressalvas, mas é quase perfeito. É glorioso o fato de que absolutamente tudo que existe em todas as versões do jogo seja idêntico no console da Nintendo. Fora os gráficos, tudo está lá. É de se bater palmas para o trabalho bem feito da Panic Button Games e da Psyonix para trazer o melhor resultado possível no portátil. Já gastei muitas horas de jogo no Nintendo Switch e prevejo que jogarei muito mais, visto que agora posso jogar em qualquer lugar.
Rocket League parece ter sido feito para os portáteis desde o começo, só estava esperando pelo momento certo para ser lançado. Esse momento chegou com o Nintendo Switch. Todas as ressalvas a Rocket League no Nintendo Switch são esquecidas quando lembro que já gastei muitas hora de jogo em menos de uma semana. E essa é uma mensagem que deixo tanto para jogadores veteranos quanto para novatos, dê uma chance para Rocket League no seu console. A probabilidade de você ter um novo vício daqui para frente é bastante alta.