Temos o Resident Evil 7 mais barato do mundo

Ser gamer no Brasil não é pra principiantes. Vivemos em um lugar assolado por impostos abusivos, varejo impiedoso e descaso com o consumidor por parte de grandes produtoras. É bem provável que a história de muitos dos que foram amantes dos games na década de 90 (e além) tenha confluído em algum momento com a pirataria, que já foi a única saída para driblar preços inflados e o vácuo das grandes distribuidoras no país. Da geração anterior para cá, como não se via desde os tempos da parceria entre SEGA e Tectoy com o saudoso Mega Drive, amplos avanços foram feitos para tornar esse mundo mais acessível aos fãs brasileiros, com a chegada das grandes empresas do segmento e o barateamento de boa parte de suas line-ups. A Steam, plataforma de compra de jogos digitais da Valve, por si só já teve um grande impacto na maneira como os gamers no país lidam com seu hobby, praticando preços que, por uns bons anos, esteve muito abaixo da concorrência nos PCs. A Origin, da Electronic Arts, e mais recentemente a GoG, da CDProjekt Red, também chegaram para oferecer alternativas ao consumidor interessado no consumo de jogos digitais para PC. Não tardou para que concorrentes nacionais, como a Nuuvem, surgissem e abocanhassem uma parte do mercado.

Essas lojas praticam preços regionais, que relevam condições sócio-econômicas do país e cobram um preço “justo” e diferenciado para cada país do mundo nos quais estão presentes. E isso responde por boa parte da política de preço acessível que é adotada por esses sites. O que normalmente acontece com isso são distorções regionais de preço. Por exemplo, um determinado jogo pode ser proporcionalmente mais caro no Reino Unido do que no Brasil, mas será mais barato ainda na Rússia, que também não tem um índice de desenvolvimento humano de primeiro mundo e sofre bastante com a pirataria. A lógica passa a ser então que o Brasil possui preços inferiores aos dos encontrados em países de primeiro mundo mas superiores a nações como a russa, chinesa e indiana.

O que aconteceu é que, contrariando essa lógica, Resident Evil 7 está sendo oferecido a preços muito baratos no Brasil. Tão baratos na verdade, que nenhum outro lugar o vende por tão pouco. Pelo menos no PC.

Para fazer essa aferição, usamos o site Steam Prices, que faz uma análise comparativa de preços em países onde a Steam está presente. Primeiro comparamos o Brasil com o primeiro mundo, onde chegamos, sem surpresas, ao resultado esperado: o preço do jogo no Brasil da Steam (atualmente a R$ 99,00) é consideravelmente mais barato que nos EUA, Grã-Bretanha e na zona do Euro. Caro leitor, você pode ver entre parenteses os valores proporcionais praticados nos outros países e o quão percentualmente mais altos são.

Como dito, esses resultados já eram esperados. Vamos transitar para algo um pouco mais complicado: os tigres asiáticos que incluem Hong-Kong, Coréia do Sul e Japão, países desenvolvidos e assumidamente apaixonados por videogames. O Japão, é claro, é a terra da Capcom e do Resident Evil. Mas, ainda assim, o que constatamos é que os preços ainda são consideravelmente maiores do que no Brasil.

Vamos ao teste de fogo, selecionando para nossa pesquisa os gigantes em desenvolvimento Rússia, China e Índia. São países com grandes populações em que boa parte das pessoas não desfrutam de uma renda particularmente elevada e convivem com pirataria em níveis alarmantes. São lugares como o Brasil. Também são os locais onde, tradicionalmente, podemos encontrar os menores preços de jogos da Steam. E aqui temos a maior surpresa: apesar de similares, o preço nacional ainda é o mais baixo entre os quatro países.

Bonito, não é? Então que tal fazermos uma comparação com nossos vizinhos sul-americanos? Talvez a Capcom tenha sido generosa com o nosso cantinho do mundo, certo? Vamos selecionar os hermanos argentinos, nossos amigos colombianos e os simpáticos chilenos e…

Bom, definitivamente a precificação do Resident Evil 7 não se deve a razões geográficas.

Para concluir a pesquisa, alguns países chegaram perto do preço brasileiro na Steam, como é o caso de pequenos países do extremo oriente como Filipinas, Tailândia e Malásia (este último com o preço mais aproximado, apenas pouco mais de 1% mais caro). Esses países se juntam à China e Rússia como os únicos a cobrarem apenas 10% a mais pelo Resident Evil 7 do que o Brasil.

Vale lembrar que essa pesquisa contempla apenas preços para PC e, mais especificamente, os preços da Steam. Algumas outras lojas digitais podem oferecer preços ainda menores, como é o caso da Nuuvem e Hype, que oferecem preços ainda menores para o jogo durante a pré-venda:

Até onde sabemos é a primeira vez que a Capcom traz um Resident Evil da franquia principal a um preço tão módico no Brasil frente a outros países. Tentamos contato com os representantes da empresa no país para entender o raciocínio por trás da precificação mas ainda não tivemos resposta. De qualquer forma, são excelentes notícias para quem quer experimentar o mais novo jogo da saga e da produtora.

Atualização: a Capcom informou que não comenta sua política de preços. Mas continuamos felizes com o valor.