Análise: Chorus tem seus méritos, mas não convence
Join the dark side?!
Até hoje me lembro quando vi Chorus na apresentação da Microsoft onde exibiu os primeiros jogos da tão esperada nova geração. No trailer era possível ver o espaço sideral, ambientes interessantes com muitas coisas místicas, quase um Control no espaço. Mas será que o jogo é bom mesmo? Confira aqui em nossa análise de Chorus se o jogo realmente vale seu tempo e dinheiro.
Esta análise de Chorus foi possível graças a um código da produtora. Chorus possui legendas PT BR e já está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e PC.
Uma narrativa com potencial, mas que erra no ritmo
Em Chorus você será a pilota Nara. Originalmente ela foi a guerreira mais mortal do Círculo, mas depois de presenciar a destruição de um planeta inteiro ela desistiu de lutar por esse culto que perdeu o rumo e se isolou. Durante esse período de isolamento ela se uniu ao Enclave e juntamente com a resistência, ajudou a lutar contra o Círculo.
Embora essa premissa seja bem aceitável, ela é muito mal explorada e a história e interação entre personagens não traz nenhum tipo de dinamismo. Por exemplo, todas as interações são feitas entre as naves como se fossem pessoas. Isso de certa forma já foi feito anteriormente como Starcraft, mas o jogo conseguia passar alguma empatia entre os personagens. Já Chorus não consegue cumprir essa função.
Tirando os personagens centrais, os outros personagens que você interage por diversas vezes, não tem nem sequer um rosto. Todos estão atrás da mesma máscara e torna tudo muito impessoal e com pouco apelo para o jogador. Infelizmente essa interação distante não traz uma proximidade nem à história nem aos personagens.
Curiosamente o outro personagem principal é a inteligência artificial de sua nave, o Forsaken. Chamado de Forsa por Nara eles têm uma real e interessante relação onde o jogador irá se interessar pelos personagens. De resto, infelizmente, a história deixa muito a desejar.
E além desta interação que guarda muitos segredos, Nara é assombrada por decisões que tomou no passado. Ela está constantemente pensando sobre todas suas ações e falando consigo mesmo como se estivesse sussurrando. Depois de um tempo é extremamente enfadonho esse tipo de narrativa.
E o gameplay de Chorus salva?
Se por um lado a história de Chorus tem um grande potencial desperdiçado, posso falar que seu gameplay não fará feio nesta análise. Bem, pelo menos não tão feio.
Como já falei, você será Nara, a pilota da nave Forsaken. Ela é a mais mortal entre todos pilotos e agora irá começar a caçar o Círculo para acabar com as loucuras desse culto religioso que está oprimindo as pessoas e o universo.
A pilotagem de sua nave funciona de duas formas. A primeira é o esperado de controlá-la, mudar sua velocidade, fazer manobras mirabolantes e atirar com uma de suas três armas básicas. A novidade no jogo é que como você é uma pessoa especial, chamada de Anciã, tem a capacidade de usar ritos, ou seja, terá poderes. Será possível escanear a área, se teletransportar para de trás dos inimigos e mais.
Aqui Chorus tenta muito trazer diversas mecânicas para dar um frescor ao gameplay ao longo de suas mais de 10 horas de jogo. Os inimigos vão evoluindo com suas classes, escudos, tipos novos e mais. Use a arma certa para o inimigo certo para ter vantagem no campo de batalha.
Adicionalmente existe um botão dedicado para fazer Forsaken planar. Isso é muito interessante em diversos cenários para virar rapidamente e acertar seus perseguidores. O problema é que existem alguns momentos de precisão que não funcionam tão bem. Inclusive, em todos os momentos onde está em um ambiente mais fechado, Chorus não funciona tão bem quando tem espaço disponível para as tão queridas dogfights.
Tirando isso, é possível buscar diversas missões secundárias que darão novas recompensas assim como saberá um pouco mais deste mundo. Muitas vezes Nara irá buscar ecos que irão contar um pouco mais da história de uma região ou situação específica melhorando a lore do jogo.
E, por fim, é possível fazer diversos upgrades em suas armas, vida e escudo de Forsa, e acessórios para a nave. Foque em uma arma preferida, um tipo de bônus ou faça uma nave mais equilibrada. Essas melhorias podem ser tanto compradas por dinheiro como receber recompensas por missões concluídas.
Gráficos e som de nova geração em Chorus?
Entrando na parte mais técnica desta análise de Chorus tenho que falar de como fico dividido em analisar seus gráficos. Existem coisas muito legais e bem feitas e existem coisas muito amadoras.
Em Chorus você irá visitar alguns setores onde irá aceitar missões até liberar esse sistema e ir para o próximo. É uma espécie de jogo de mundo aberto de nave espacial. Ver cada novo setor é muito legal e é tudo bem bonito, porém ao chegar perto, você pode ver como muitas das modelagens são simples demais. Naves repetidas, grandes prédios sem muitos detalhes e por aí vai. Visualmente ele funciona de longe, mas não de perto.
Além disso, eu achei os takes de câmera em momentos da história bem fracos já que as naves flutuando no espaço não passam a devida emoção. Por fim, eu vi algumas explosões toscas em diversas cenas.
Embora o que eu tenha acabado de relatar sejam problemas reais, eles não incomodam tanto assim. Por ser um jogo focado muito na briga de naves super rápidas, o ambiente e efeitos funcionam muito bem no meio do tiroteio. E por ser um jogo visto de longe todo aquele espaço aberto com detritos, pedras e grandes construções funcionam muito bem.
Inclusive, eu joguei Chorus no PS5 e pude testar tanto a versão com e sem ray tracing e posso afirmar que a perda de frames para ganhar ray tracing não vale a pena por causa da velocidade do jogo.
Porém, se tem algo que realmente me incomodou tanto no nível visual e sonoro foi a protagonista. Ela acaba sendo a única personagem do jogo modelada. E já posso adiantar que a modelagem dela é básica demais. Faz sentido termos personagens pouco modelados quando temos centenas em um jogo. Mas quando se tem apenas um, é esperado um foco nela. Adicionalmente, sua dublagem é excelente, porém, o fato dela estar sempre sussurrando incomoda muito e é chato demais.
No geral a parte de áudio é extremamente competente e muitas vezes passa a sensação de vazio. E assim como a dublagem de Nara é boa, a dublagem dos outros personagens também é boa.
Conclusão da análise de Chorus
Sendo muito sincero, é difícil dar um veredito para Chorus. Ele é um jogo que irá agradar uma parte dos jogadores e que outros não irão se divertir com ele. Mesmo a minha experiência foi uma montanha russa de sentimentos onde tinha momentos que não aguentava mais e outros que eu queria continuar jogando e ficava feliz com uma mega manobra que eu fazia para destruir um inimigo.
De forma resumida, Chorus é um jogo que acerta em seu gameplay, mas falha em trazer um mundo e história mais convincente. E isso não é porque o jogo não tem potencial, mas sim porque decisões erradas foram tomadas ao longo de seu desenvolvimento.
Particularmente indico ele para fãs de jogos de nave que não esperam uma história profunda. E esperar uma primeira leva de desconto não fará mal para ninguém.
A análise de Chorus segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Chorus deixa a desejar
Visual, ambientação e gráficos - 6.5
Jogabilidade - 7.5
Diversão - 6.5
Áudio e trilha-sonora - 7
6.9
Mediano
Chorus é um jogo que irá divertir os fãs de jogos de nave com uma jogabilidade arcade e que estão em busca de uma mecânica sólida. Infelizmente, a história não empolga e muitas vezes temos que respirar fundo para aguentar a protagonista deliberar sobre suas ideias e decisões para chegarmos à ação.