Análise: Diablo IV inova a franquia sem perder a essência
O mal volta para atormentar Santuário.
Após mais de dez anos desde o lançamento de seu antecessor, Diablo IV chegou e com ele uma série de novidades que podem expandir a franquia para novos jogadores, mas também pode gerar algumas incertezas para os velhos conhecidos da franquia. Após meu tempo na análise de Diablo IV, posso dizer que este é com certeza o jogo da franquia com o maior número de mudanças e vamos te mostrar tudo que tivemos acesso antecipadamente a seguir.
Esta análise de Diablo IV foi possível graças à chave de acesso antecipado de PS5 cedida pela Blizzard, a qual agradecemos a confiança e parceria de sempre.
Análise sem Spoiler e disclaimer sobre o jogo
Antes de começarmos, gostaria de tranquilizar a todos dizendo que nada sobre a história será revelado durante essa análise. Somente minha opinião geral sobre o enredo e como ele é contado aos jogadores.
Além disso, é importante informar que pelo fato do nosso tempo com o jogo ter sido bem limitado, não cobrimos em detalhes todas as dificuldades presentes em Diablo IV nem sua experiência após o fim do jogo. Mas fique ligado no Última Ficha para dicas, detalhes, atualizações e opiniões sobre este que parece ser um título com anos e anos pela frente.
Esta análise de Diablo IV foi feita em uma build pré-lançamento e alguns dos detalhes descritos aqui podem ter mudado dependendo de quando você está lendo. Não tivemos acesso à loja e ao PVP do jogo, que só estarão disponíveis no dia do lançamento.
De volta ao Santuário
A franquia Diablo é conhecida por sua história rica e sombria que se desenrola ao longo dos três jogos principais. Em Diablo 1, os jogadores são introduzidos ao mundo de Santuário, onde um grupo de heróis enfrenta o Senhor do Terror, Diablo, que busca dominar o reino mortal de Tristram. Os jogadores lutam contra hordas de demônios, exploram masmorras assustadoras e descobrem a verdade por trás da corrupção que aflige a cidade.
Em Diablo II, a trama se expande enquanto o mal ressurge. O herói é convocado para combater os Lordes do Inferno, incluindo Diablo, Baal e Mephisto. A jornada leva os jogadores a terras perigosas, como as selvas de Kurast e o deserto de Aranoch, onde enfrentam inúmeros desafios e perigos mortais. No final, o herói enfrenta o demônio Diablo, agora na forma de um ser celestial chamado Anu, para impedir a aniquilação do Santuário.
Em Diablo III, uma nova ameaça emerge quando o mal retorna. O céu e o inferno entram em guerra, e os jogadores são encarregados de derrotar o demônio Diablo, que possui a jovem Leah. Os eventos culminam em uma batalha épica nas Terras Desalmadas, onde o herói derrota Diablo e fecha as portas entre os reinos celestiais e infernais.
Em Diablo IV, a história se passa anos após os eventos de Diablo III, com a humanidade tentando se recuperar das consequências da guerra entre céu e inferno. Um novo mal surge nas terras devastadas de Santuário, enquanto um culto sinistro ressuscita Lilith, filha de Mephisto, e busca trazer o caos ao mundo. Os jogadores embarcam em uma jornada para enfrentar esse novo mal e explorar regiões inexploradas do mundo de Diablo, lutando contra criaturas demoníacas e buscando desvendar os segredos antigos que assolam o Santuário.
Classes e evolução de personagem
No lançamento de Diablo IV teremos disponíveis cinco classes de personagens: Bárbaro, Feiticeira, Renegado, Druida e Necromante. Confira abaixo uma breve descrição de cada um deles.
- Bárbaro: um guerreiro forjado pela batalha que usa poder um ofensivo esmagador para cortar os inimigos no campo de batalha, dilacerando demônios com uma variedade de espadas, machados e maças de uma ou duas mãos. É a linha de frente de qualquer party!
- Feiticeira: uma mestra dos elementos que pode invocar raios e fogo para devastar seus inimigos. Ela também pode invocar criaturas para lutar ao seu lado e tem a capacidade de dar uma grande quantidade de dano nos inimigos.
- Renegado: um especialista em combate à distância que usa arcos e bestas para derrubar seus inimigos. Essa classe também pode usar armadilhas para controlar o campo de batalha e é bem útil em inimigos com mais vida ou grandes chefes.
- Druida: um mestre da natureza que pode se transformar em animais poderosos e invocar espíritos da natureza para ajudá-lo na batalha. Chame ursos e lobos para te ajudar ou se transforme em um lobisomem para acabar com o problema.
- Necromante: um mestre dos mortos-vivos que pode invocar esqueletos e golems para lutar ao seu lado. Ele também pode usar magia negra para enfraquecer seus inimigos, além de magias de ossos para se proteger e dar dano.
Em Diablo IV você terá a liberdade de ser um jogador solo ou jogar com amigos (ou desconhecidos) pela internet. Claro que você pode escolher a classe que se encaixar melhor no seu gosto, mas tenha em mente que dependendo da escolha pode ser difícil avançar rapidamente pelo jogo.
Para evoluir seu personagem, você ganha pontos de habilidade quando sobe de nível ou quando encontra equipamentos que quando equipados fornecem pontos para uma habilidade específica. Algo muito parecido com o que tínhamos em Diablo II. Você irá dividir esses pontos entre várias habilidades, colocando nos seus talentos preferidos ou guardando para investir em habilidades que ainda não desbloqueou.
Cada classe tem sua própria árvore de talentos, o que permite personalizar muito o personagem. Mas cada escolha tem uma consequência. Por exemplo, os feiticeiros podem focar em habilidades que os deixam mais ágeis ou que causem dano elétrico, mas aí vão abrir mão de poderes de gelo. Já os druidas podem escolher ser lutadores fortes no corpo a corpo, melhorando suas habilidades como urso. Isso não quer dizer que eles não possam usar habilidades de lobo ou lançar feitiços, só que não vão ser tão poderosos. É você quem decide qual aspecto melhorar, e os talentos em que você investe vão refletir essas decisões.
Conforme você vai subindo na árvore de talentos, as opções disponíveis ficam cada vez mais poderosas. Então, pense bem antes de escolher o seu caminho!
Eu passei grande parte do tempo da análise de Diablo IV jogando de Necromante. Isso porque só tivemos uma chave de acesso e por isso achei que as invocações me ajudariam a avançar mais rápido pelos desafios – o que de fato aconteceu. Mas tive dificuldades de lutar sozinho contra chefes na segunda dificuldade do jogo quando ele matava meus esqueletos e eu era o foco das atenções. Então escolha com sabedoria como irá enfrentar as forças de Lilith.
Uma nova maneira de explorar o mundo
Diablo sempre foi dividido por atos e com passagens de tempo e viagens para ligar seus ambientes e também seguir em sua história. Aqui temos algo bem diferente do que vimos até hoje na franquia.
Em nosso tempo na análise de Diablo IV vimos um mundo muito mais livre e, graças a esse fato, o mundo mais vivo até então. O jogador é livre para andar por onde quiser e no momento que desejar, não há barreiras físicas porém você pode encontrar inimigos um pouco mais fortes do que o de costume e perceber que ainda não está no momento de ir por aquele caminho.
Ainda nas novidades, temos também vários elementos vindos de jogos mais robustos nesse aspecto, como World of Warcraft, da própria Blizzard. Temos missões secundárias, eventos em tempo real, masmorras e até mesmo World Bosses. Esse último seria uma espécie de raid para derrotar grandes chefes e monstros que aparecem em dias e horários específicos. Um mundo muito mais interativo e vivo para os jogadores.
Mobilidade no mapa e montarias
Para ajudar na mobilidade, temos duas novidades expressivas. A primeira é que o jogador agora pode se teletransportar para qualquer waypoint/cidade sem precisar estar em cima de um deles. E a segunda grande novidade é a possibilidade de ter montaria no jogo.
Falando das montarias, elas funcionam com uma mistura dos cavalos de Breath of the Wild e Elden Ring. Breath of Wild mais pela resistência do cavalo e estamina (o número de vezes que ele pode acelerar). Você também pode atropelar inimigos investindo para cima deles e até mesmo pular do cavalo para causar um dano em área, o que me remete mais a mecânica de montaria de Elden Ring.
É legal ver que os inimigos tentam criar armadilhas e te cercar quando você está montado em seu cavalo, isso torna a dinâmica muito mais interessante e menos passiva nas viagens de um lugar para o outro.
Todas essas mudanças são muito bem vindas e funcionam como um respiro para a fórmula da franquia. Difícil saber como os jogadores mais hardcore irão se sentir quanto a isso. Mas se você não está incluído nesse grupo, tenho certeza que essas novidades só têm a acrescentar à sua experiência.
O Diablo mais cinematográfico até hoje
Acho que a única opinião unânime que vi de quem jogou a Beta de Diablo IV foi o quanto suas cutscenes, seus vídeos, eram grandiosos e bem feitos. Algo que os fãs da Blizzard esperavam no novo jogo após todo esse tempo. E de fato, temos aqui uma qualidade altíssima nesse aspecto narrativo.
Esse é, sem sombra de dúvidas, o título mais cinematográfico da franquia até hoje. Não só por suas cutscenes, mas pela grandiosidade de sua dublagem e da maneira como a história é contada. Além disso, nosso personagem é alguém realmente importante para o enredo, tem uma motivação pessoal, e não é mais só mais um em meio a luta contra o mal.
Essa qualidade vai além do enredo principal e se estende para os detalhes nos mapas, estátuas, esculturas, livros e side-quests. Tudo ao seu redor pode te contar um pedaço da história e dos acontecimentos até ali, principalmente nas missões secundárias. Essas nos dão a oportunidade de entender como o povo está lidando com tudo que está acontecendo e como isso afeta a cidade em questão. Algo que era extremamente raso nos títulos anteriores.
Conclusão
Diablo IV tem tudo para ser um novo respiro para a franquia após um período conturbado da empresa, dos atrasos e da receptividade de Diablo Immortal para os celulares. O jogo entrega uma experiência rica para os veteranos e recém chegados, mas ainda precisa se provar em seu end-game e como dará longevidade ao jogo pelos anos seguintes.
A nova liberdade de mapa e o fato de ter um servidor com vários jogadores, pode sim ajudar a criar novos eventos, novas missões e até mesmo novos inimigos e chefes que senti falta durante meu tempo no jogo.
Com gráficos deslumbrantes e uma trilha sonora de alta qualidade, Diablo IV nos impressiona com detalhes minuciosos, efeitos visuais envolventes e uma cativante composição orquestrada, que é a essência da franquia.
A história é boa e traz uma visão um pouco mais humanizada de guerra entre o céu e o inferno. Ela não está livre de clichês e me deu a sensação de ter começado muito mais ambiciosa do que terminou. Mas acredito muito que, assim como nos títulos anteriores, temos ainda mais coisas por vir e quem sabe velhos inimigos possam reaparecer.
Por fim, posso concluir que Diablo IV tem tudo para ser um dos melhores jogos da franquia e teve um ótimo começo em tudo que tive acesso antecipado. Agora é saber o suporte que será dado e o quão bem as coisas vão funcionar em seu lançamento no dia 6 de junho de 2023.
A análise de Diablo IV segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Diablo IV
Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 9
Diversão - 8.5
Áudio e trilha-sonora - 10
9.1
Excelente
Diablo IV tem o potencial de revitalizar a franquia, oferecendo uma experiência envolvente tanto para os fãs de longa data como para os recém-chegados, embora ainda precise comprovar sua capacidade de proporcionar um end-game robusto e duradouro ao longo dos anos.
2 Comentários