ANÁLISESNINTENDOPCREVIEWSSWITCH

Análise: Decarnation é uma incrível obra sobre a depressão

Simplesmente Fantástico!

O jogo de terror psicológico Decarnation que será alvo de nossa análise, traz uma história densa onde aborda diversos aspectos sobre a depressão e diversas pressões que a pessoa recebe ao longo da sua vida.

Esta pronto para ver o que esse jogo pode oferecer com sua densa narrativa? Então confira aqui nossas impressões sem spoilers!

Essa análise de Decarnation foi possível graças a um código de PC cedido pela produtora. O jogo já está disponível para PC e Nintendo Switch e conta com legendas em PT-BR.

O medo do futuro

Decarnation é um estilo de jogo focado totalmente em sua narrativa, portanto ele entra no grupo de experiências que irei entregar o mínimo possível da história para evitar spoilers. Mas logicamente, irei pincelar seus profundos questionamentos e motivações.

Aqui você irá controlar Glória, uma dançarina de cabaré de Paris no final da década de 80. Glória é a grande estrela do Cisne Negro, porém, ela está chegando aos 30 anos de vida e começa a se questionar de diversas coisas como seu futuro, sua felicidade e mais. Adicionalmente, ela tem uma relacionamento com uma jovem que acaba logo após os primeiros minutos da jogatina.

Isso começa a afetá-la assim como o relacionamento com sua mãe, seu trabalho e futuro. É perceptível os questionamentos que ela tem sobre diversos momentos de sua vida e o esforço que ela faz para continuar com o seu dia a dia e rotina.

Porém, tudo piora ao supostamente receber uma chance de ouro que rapidamente se transforma em seu maior pesadelo e ela se vê em uma situação de cárcere privado. A partir daí todos seus questionamentos ganham mais peso e ela entra ainda mais em sua depressão ao aceitar parte desta nova realidade.

O gigantesco mérito do game é ver Glória fluir entre suas emoções e como elas são representadas neste mundo. Eu fui sem saber o que esperar da história e fui completamente surpreendido.

Ambientação e trilha sonora acertam em cheio no tom

Um outro aspecto que brilhou durante esta análise, é que Decarnation triunfa tanto na sua parte sonora como visual.

Em sua parte sonora, temos uma trilha sonora composta por ninguém menos que Akira Yamaoka que trabalhou na franquia de Silent Hill. Com sua experiência, a trilha sonora dá o real clima de tensão e desespero a diversos momentos do jogo, assim como também acerta em suas músicas francesas capitaneadas pela banda Fleur et Bleue para representar os momentos de dança de Glória trazendo Paris e seus momentos à vida.

Já em sua parte visual, temos um show à parte. É fabuloso como a arte encaixa como uma luva e o pixel art mostra corretamente todas as emoções de Glória. Seja ela feliz ou triste, é possível ver seu cabelo bagunçado, um falso sorriso, um andar desengonçado e mais.

Além das expressões de Glória, o jogo se divide no mundo real, que é relativamente simples e bem feito, e no mundo do imaginário onde a sua depressão dá vida aos ambientes mais estranhos e nojentos. É muito interessante ver desenhos na parede, pessoas que são desvirtuadas nesse mundo estranho até como as facetas e representações tanto de Glória como de diversos fatos de sua vida.

É tudo estranho, nojento e muito bem representado, trazendo à tona a confusão mental que uma pessoa em estado de depressão tem.

Gameplay é o calcanhar de Aquiles

E embora eu tenha amado jogar Decarnation enquanto fazia esta análise, teve apenas um ponto de sua estrutura que não me encheu os olhos. E sim, estou falando de seu gameplay.

Como em Decarnation temos um jogo focado na narrativa, os controles são por muitas vezes simples demais. Além de movimentar Glória pelas fases e interagir com objetos pré definidos, muitas vezes seremos submetidos a jogos de ritmo. Afinal, Glória é uma dançarina e ela dança por inúmeros motivos.

O problema não está na dança em si, mas essa mecânica não traz nenhum tipo de desafio ou recompensa. Além dos momentos de ritmo, temos alguns quebra cabeças bem interessantes onde destaco um que tinha que movimentar peças de xadrez para avançar no ambiente. Existem também diversos desafios que brincam com a luz e escuridão.

E embora até tenhamos lutas contra chefes, as mecânicas permanecem as mesmas. Quero enfatizar que o gameplay de Decarnation está longe de ser ruim, mas ele fica muito abaixo de toda a obra e poderia ter sido melhor explorado em diversos momentos.

Conclusão

De forma geral, eu me surpreendi muito positivamente com Decarnation. Sua estética e trilha sonora encaixam perfeitamente em sua narrativa. E claro, as múltiplas facetas de Glória e o discurso sobre depressão é certeiro e encantador.

A única coisa que acaba destoando é realmente o fato do gameplay ser por muitas vezes simples até demais. Felizmente a qualidade da história faz com que você sempre queira continuar com o jogo e ver aonde Glória chegará tanto em sua mente como na vida real.

Essa análise de Decarnation segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Decarnation é uma obra necessária para muitos

Visual, ambientação e gráficos - 10
Jogabilidade - 7.5
Diversão - 9
Áudio e trilha-sonora - 10
Narrativa e história - 10

9.3

Fantástico

Decarnation foi um jogo que me chamou a atenção por sua estética, mas que a real beleza está em sua forte narrativa que aborda de forma primorosa a discussão da depressão e suas faces.

User Rating: Be the first one !

Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo