O mundo pode estar devastado e chegando ao seu ápice da destruição, mas enquanto houver uma pequenina fé, ainda há uma gigantesca esperança. E, agarrando-se nesse pouco de fé, buscamos partir em uma jornada de redenção e salvação. Agora, se tudo isso vier em um jogo metroidvania, com um leve tempero de soulslike, como em The Last Faith, por que não? Então pegue a sua última fé e venha comigo.
Esta análise de The Last Faith só foi possível graças a uma cópia digital gentilmente cedida pela produtora, para a versão de PC, via Steam.
Sobre The Last Faith
The Last Faith é um é um metroidvania/soulslike em 2D, com uma excelente pixel art. Apesar do tema ser algo bem semelhante a Blasphemous II, já adianto que The Last Faith é bem distinto de Blasphemous II. Quando chegar na análise da jogabilidade, falarei mais sobre.
Nessa aventura, você encarnará nosso herói Eric, que acorda em um mundo desolado sem qualquer lembrança de seu passado recente. Conforme o tempo passa, Eric descobre que precisa correr contra o próprio tempo, para manter a sua mente e consciências intactas do mal que o aflige. E a sua missão é cruzar esse mundo através dessa cura. Sei que essa explicação ficou um tanto quanto vaga, porém não posso dar maiores detalhes sem dar grandes spoilers, o que certamente estragaria a experiência do jogador.
Por fim, parabenizo a equipe de desenvolvedores da Kumi Souls Games, por disponibilizar tanto a interface do jogo quanto as legendas em PT-BR. Ambas estão impecáveis, não encontrei erro algum na legenda, facilitando muito minha análise de The Last Faith.
Uma fé de encher os olhos
De uma forma geral, The Last Faith utiliza a pixel art de forma sublime. Graficamente falando, é difícil não o comparar com o já citado Blasphemous II, porém The Last Faith traz um ambiente mais gótico, denso e desolador, trazendo uma “beleza” a mais para o jogo.
Apesar de saber que a Unity consegue fazer milagres, é admirável como os desenvolvedores souberam usar a engine, proporcionando um ambiente e atmosfera singular para o jogo. Se há algum detalhe negativo que possa ressaltar, seria somente relacionado a iluminação: as sombras do personagem, monstros e objetos nem sempre reflete ao próprio objeto. Não é algo que atrapalhe, mas é algo que precisa ser ressaltado.
Para finalizar, algo importante para jogos metroidvania são os mapas. Caso um metroidvania tenha um mapa ruim de ler e navegar, é fato que o jogo se tornará mais complexo do que deveria, fazendo alguns jogadores se afastarem.. Contudo, isso não ocorre aqui, pois o mapa apresentado é muito bom e detalhado, até mesmo separando as áreas do jogo em cores. O game ainda conta com a possibilidade de incluir marcadores no mapa, ajudando mais ainda o jogador.
Em formato de comparação, entre todos os jogos metroidvania que já analisei, esse mapa só perde para o de Afterimage,
Uma aliança entre metroidvania e soulslike
Apesar de que a página do jogo na Steam gosta de ressaltar a união desses gêneros de jogo(“Uma aliança profana entre os gêneros metroidvania e soulslike”), não vi que o jogo ficou nesse equilíbrio. Aliás, o jogo tem muito mais de metroidvania do que soulslike.
The Last Faith como Metroidvania
Quanto a parte metroidvania, The Last Faith é exatamente aquilo que eu espero de um metroidvania: tem muitas plataformas e pulos, muita pancadaria, coleta itens para prosseguir, derrote os chefes, libere novas áreas para prosseguir e assim vai.
O jogo possui muitos itens diferentes, diversificando a jogabilidade ao máximo: itens de cura, armas diversas, power-ups que buffam suas armas, entre os itens necessários para o avanço. Os desafios de plataforma estão no nível esperado e são bem divertidos.
Contudo, o jogo traz uma progressão bem lenta, deixando o backtracking inicial muito incômodo, levando um bom tempo para começar a “engrenar”. Outro fator que incomoda é o tamanho do mapa, que é mais longo do que eu gostaria. É bom o jogador já ir se preparando e espalhando o máximo de marcadores que conseguir, pois esquecer de algo no jogo é extremamente fácil. Ainda mais se você deseja fazer 100% do mapa.
The Last Faith como Soulslike
Agora, quanto a parte soulslike, não é bem por aí, pois não é só dificuldade, mortes instantâneas e perda de experiência (com possibilidade de recuperar) que define o gênero. Contudo, os elementos que o jogo tem do gênero soulslike são bem implementados, tornando-o, de forma comparativa, algo entre Blasphemous I e o II.
A evolução do personagem é semelhante a um soulslike: os primeiros níveis exigem poucos pontos de experiência para evoluir mas a cada novo nível, exige um número maior de experiência, deixando a progressão mais estratégica quanto ao atributos do personagem, assim como os sub-atributos.
The Last Faith possui armadilhas e situações que podem lhe matar de primeira, caso seja descuidado e, como já citado, se morrer, o jogador perde toda a nycrux acumulada (a experiência e moeda do jogo) e revive no último checkpoint zerado, porém ainda tem a possibilidade de resgate da nycrux perdida.
Descrevendo dessa maneira, até parece que o jogo é soulslike, mas agora citarei as diferenças: A história não é contada de forma fragmentada, ou seja, através de objetos e quests. Os chefes são desafiadores, mas eles são fáceis, comparados a série Souls. E, para finalizar, a falta da terceira dimensão no jogo o impossibilita de fazer muitas ações que um jogos Souls tem.
Resumindo: o jogo é muito mais metroidvania do que soulslike. Em outras palavras, eu diria que The Last Faith está mais para um metroidvania com elementos de soulslike.
O último acorde
Os efeitos sonoros do jogo são suficientes. Não é algo que seja espetacular mas são bons. Os sons de tiros, ataques de armas, magias, arremesso de objetos e danos estão dentro do esperado.
Contudo a dublagem do jogo merece seu destaque. A atuação de vozes de todos os personagens (com áudio) é bem marcante, chegando a ser quase única. Até mesmo os monstros humanos soltam “grunhidos” reconhecíveis, como alguns gritos de sofrimento, ou até mesmo frases pequenas, mas bem audíveis. E os monstros inumanos tem gritos bem característicos também, ajudando muito ao jogador quando precisa detectar algum desafio mais a frente.
Comparando com Blasphemous II, que também tem uma excelente dublagem, não tem a mesma profundidade e impacto, contudo tem qualidade para quase se assemelhar.
Para finalizar, as músicas do jogo são boas. Elas conseguem ambientar o jogador em cada uma das suas áreas, passando a devida atmosfera da área atual.
Considerações finais
Para concluir esta análise, The Last Faith é um metroidvania que é obrigatório para os fãs do gênero. Os elementos de soulslike não interferem no jogo, deixando o jogo mais fluído. Olhando para outros jogos do gênero metroidvania, The Last Faith é um metroidvania que “joga seguro”, sem querer inventar demais ou criar mecânicas inovadoras, o que pode levar os jogadores a uma “saturação” do gênero. Porém vale a pena jogar pela sua história intrigante e suas reviravoltas.
O backtracking ainda está exagerado e incomoda um pouco no início do jogo, mas não se incomode com isso, pois o fluir do jogo ocorre “no seu devido tempo”. Porém, isso pode ser compensado pela boa trilha sonora que acompanha o jogador e a dublagem excelente.
Essa análise de The Last Faith segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
The Last Faith
Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 9
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 9.5
8.9
Ótimo
The Last Faith é um metroidvania que não traz muitas inovações, mas tem uma história bem montada e bem conduzida. Mesmo sem grandes inovações, é um ótimo metroidvania. A sua parte soulslike não é tão acentuada, mas os elementos de soulslike que contem no jogo são satisfatórios. Se você é um jogador fã de jogos metroidvania, The Last Faith é uma ótima adição a sua biblioteca de jogos.