Análise: Skull and Bones
Este navio pirata vai cruzar o atlântico ou naufragar na primeira onda?
Me lembro como se fosse ontem que logo após o lançamento do maravilhoso Assassin’s Creed IV: Black Flag, começou a surgir inúmeros rumores de uma nova IP da Ubisoft que focada na temática de pirataria, aproveitando tudo o que vimos em Black Flag e aprofundando as mecânicas. Alguns anos depois o rumor tornou-se realidade com o anúncio de Skull and Bones em 2017, porém, o jogo sofreu inúmeros adiamentos e foi lançado “apenas” 7 anos depois, agora em 2024.
Talvez a maior dúvida sobre esse simulador de pirataria é se a demora, juntamente das inúmeras mudanças no decorrer do processo de produção valeram a pena igual aconteceu com Granblue Fantasy: ReLink.
Essa análise de Skull and Bones foi feita graças a um código de Playstation 5 cedido pela Ubisoft. O jogo se encontra com legenda e dublagem pt-br.
A história de um novo lobo do mar
A saga de Skull and Bones inicia com uma batalha naval do qual você está fadado à derrota e tem o seu navio naufragado. Essa tragédia foi o momento de virada na vida do protagonista, pois ele teve a chance de ouro de chegar até o seu destino que é a lendária cidade/aldeia pirata de Sainte-Anne num pequeno barco junto de outros dois sobreviventes.
Ao chegar na cidade, aquele que inicialmente era só um marujo agora estava seguindo um caminho de cravar o seu nome entre os maiores piratas da história. Porém, essa jornada está repleta de marés altas e baixas, principalmente diante das missões de John Scurlock que é conhecido como um dos reis do crime.
Há outros personagens que vão cruzar o seu caminho, sejam como aliados ou inimigos. Porém, poucos conseguem ser marcantes.
Infelizmente Skull and Bones não se destaca em sua narrativa, fazendo com a campanha principal sirva apenas de treinamento para o pós game e, além disso, ela falha em trazer uma imersão maior na história ou criar uma afinidade entre o jogador e os acontecimentos.
Outra característica que trabalha nesta conexão é o protagonista ser “mudo”. Simplesmente não há voz no personagem principal e não estou mencionando na cidade de falar palavras dubladas. O problema é que ele simplesmente não faz nenhum som vindo da sua boca. Para exemplificar melhor, vamos usar o Link de The Legend of Zelda, o personagem não fala, mas solta sons da sua boca que trazem emoção.
Inclusive, em diálogos você pode selecionar entre duas opções de resposta, mas isso ainda não traz uma imersão dentro da narrativa, pois apenas uma ou duas linhas de texto do NPC vai mudar. A conclusão da conversa continuará a mesma.
Vamos velejar marujos
Se a campanha principal não consegue cativar pelos aspectos citados acima, pelo menos somos agraciados com uma baita imersão marítima quando estamos velejando em alto mar. É basicamente o que vimos em Assassin’s Creed IV: Black Flag, mas com algumas mudanças relevantes.
Cada tipo de embarcação comporta diferentes quantidades de equipamento e armamento, permitindo que o jogador customize qual arma ficará na proa ou na popa. Além disso, também temos a liberdade de trocar o casco, mastros, velas e muito mais.
É simplesmente fantástico como o jogo traz inúmeras possibilidades de customizamos os navios que estão disponíveis para construção. E sim, aqui você precisa juntar material para construir os seus navios da mesma forma que precisará de material para construir armas, equipamentos e ferramentas.
Há barcos com possibilidade de carregar quatro armas, permitindo que você escolha que cada uma seja diferente da outra e, consequentemente, o tipo da mira e função delas atuará de forma distinta. Por exemplo, um canhão terá um poder de fogo que se espalha, mas não atinge alvos mais longes, enquanto um canhão de cano longo consegue ter mais alcance. Torpedos, por sua vez, causam mais dano em embarcações que estão numa distância mediana e assim por diante.
Cada arma tem suas regras e saber como usá-las da melhor forma possível se torna a chave para que as suas batalhas navais sejam satisfatórias.
Pegue no leme e se prepare
Falei das armas e das batalhas, mas e da jogabilidade? O jogo não traz um tutorial tão intuitivo, fazendo com que você precise aprender por conta própria a maioria dos sistemas do jogo, principalmente o de combate. E exatamente por essa questão não irei me aprofundar neste aspecto, afinal a aprendizagem acontece por meio do próprio jogo.
Apesar disso, posso dizer que a jogabilidade apresentada funciona muito bem. Apesar das inúmeras quantidades de mira, elas são auto explicativas para compreender como funcionam e não é difícil pegar a distância e o recuo dos disparos.
Sempre que o navio inimigo está com pouca vida, você pode se aproximar para lançar os ganchos que vão permitir os seus piratas invadirem ele. Diferente de Black Flag, infelizmente aqui não acontece uma troca de golpes antes de dominar o barco alheio, pois apenas mostra uma cutscene de seus piratas invadindo e dominando a embarcação inimiga.
Junto disso, já adianto que a única função do seu personagem em terra firme é ficar andando de um lado para o outro em busca de conversas, compra de equipamentos e achar tesouros enterrados. Não há combate em terra ou um gameplay de fato. Tanto que você conseguir materiais é feito dentro da embarcação com um mini game de apertar um botão no momento certo para cortar madeira ou minerar algum tipo de metal.
Inúmeras atividades marítimas
Os mares não são águas fáceis de velejar, pois estão repletos de perigos por toda parte. Desta forma, saiba que você terá muito o que fazer dentro do jogo.
Há missões de contrabando para roubar ou levar cargas, batalhas navais contra inúmeros inimigos ou confrontar navios extremamente poderosos, desvendar mistérios do mar como aparições de monstros marítimos que se mostram um grande desafio e também incursões para roubar bases e portos.
Todas as atividades têm um nível para sinalizar se o seu barco aguenta o combate. Então desde já deixo o conselho de apenas pegar atividades que condizem com o seu nível, pois aquelas que estão acima se mostram realmente difíceis.
Ainda falando sobre o que tem para fazer no jogo, em todas as ilhas terá missões secundárias, enquanto em Sainte-Anne somos contemplados com inúmeros NPCs mais relevantes que trazem missões que darão recompensas importantes para a evolução do seu pirata. Além disso, há também mural de trabalhos e de procurados, para que assim você possa realizar contrabando ou caçar piratas perigosos.
Também temos algumas atividades online como eventos cooperativos de confrontar frotas navais ou até mesmo combater uma embarcação extremamente poderosa. Participei de um combate que juntou cerca de sete jogadores contra um único inimigo.
Apesar de ter muitas atividades, algumas são bem parecidas e isso pode fazer o jogo cair na repetitividade. Porém, levando em conta que Skull and Bones se trata de um jogo como serviço, novas atividades serão lançadas no decorrer dos seus anos de vida como vimos na franquia The Division que também é da Ubisoft.
Existe wi-fi no mar? Segundo Skull and Bones, sim
Skull and Bones pede conexão com a internet de modo integral, fazendo com que jogá-lo offline seja algo impossível. Um dos motivos disto é que você está o tempo todo conectado com inúmeros jogadores, podendo formar grupo com até dois amigos e juntos explorar os mares ou apenas compartilhar a mesma party para conversar, enquanto desfrutam do game de maneira individual.
Durante toda a sua aventura você verá outros jogadores no solo ou no mar, muitas vezes podendo ajudá-los a confrontar inimigos ou realizar incursões. Você literalmente pode se intrometer nas missões alheias para auxiliar um completo desconhecido.
Apesar de eu não ter feito isso, o jogo permite que você troque itens com outros jogadores. Fazendo com que a troca de mercadoria seja algo além de vender itens para NPCs.
Gráficos e trilha sonora
Essa análise como citada foi feita no Playstation 5, dito isto estou citando os gráficos de Skull and Bones apenas no que pude ver pelo console da Sony. Durante o jogo podemos ver várias camadas nos gráficos que vão de momentos de total admiração e outros momentos em que você simplesmente vai julgar a falta de polimento.
Os personagens sofrem isso, uma vez que estamos vendo eles nos cenários e temos total convicção de que os gráficos estão bem medianos ou até menos que isso. Porém, ao conversar acontece uma mínima tela de carregamento que recria aquele momento com gráficos consideravelmente melhores. Ou seja, há uma estrutura visual para fora e dentro da conversa.
Quando estamos em alto mar, podemos vislumbrar visuais esplêndidos que trazem uma imersão absurda ao mar, principalmente quando deixamos o navio em primeira pessoa. Contudo, há horas em que o jogo demora para renderizar fazendo com que os visuais fiquem com um ar 2D pela falta de profundidade, mas logo depois podemos notar as estruturas se preenchendo e ficando de fato algo 3D.
Por outro lado, os sons ambientes são impecáveis, principalmente se você estiver jogando com algum acessório que traz áudio 3D como o 3D Pulse do Playstation. A trilha sonora também é épica, principalmente com os cânticos que ecoam os sete mares, enquanto você veleja de um objetivo para o outro. A única crítica em relação ao áudio é o que citei anteriormente sobre o protagonista ser mudo.
Conclusão da análise de Skull and Bones
Skull and Bones realmente demorou muito para o seu lançamento e podemos ver no decorrer dos trailers o quanto o jogo mudou. É difícil confirmar se essa é ou não a melhor versão do game, pois há alguns aspectos realmente deixam a desejar, principalmente na parte gráfica em relação aos personagens e os momentos que ele demora para renderizar os gráficos por completo.
O enredo não é um cântico épico, apesar de cumprir o seu papel. Contudo, a falta de voz/som do protagonista é algo que infelizmente incomoda um pouco mesmo que seja ignorável quando estamos em alto mar.
As batalhas navais são divertidas e ter um controle tão livre do navio faz com que esse jogo seja o melhor simulador de pirataria atual. Mesmo que infelizmente o gameplay em terra firme deixa a desejar pela falta de ação e atividades relacionadas a isso.
Falando da necessidade de conexão, ela se torna justificada quando se tem tantas interações com outros jogadores, fazendo com que o game se torne ainda mais vivo por vermos eles o tempo todo. Principalmente nas atividades cooperativas ou na diversão de jogar em grupo.
Assim concluo essa análise de Skull and Bones, indicando que ele pode não ser perfeito, mas é um jogo que vai dividir quem gosta da temática ou apenas quer velejar um pouco. Por causa dos pontos negativos citados, não consigo vê-lo como um jogo “AAAA”, mas certamente está longe de ser um jogo ruim. E como se trata de um game que receberá mais conteúdo durante o seu tempo de vida, é possível que novas atualizações venham para deixar a sua experiência mais satisfatória.
Essa análise de Skull and Bones segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.
Análise: Skull and Bones
Visual, ambientação e gráficos - 7
Jogabilidade - 8
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 9
Narrativa - 6
7.6
Bom
Skull and Bones é um jogo imenso e com inúmeras atividades, apesar de algumas serem repetitivas. O jogo se destaca pelos seus combates navais, mas peca quando estamos usando o nosso personagem em solo. O jogo está longe de ser perfeito, mas tem vários pontos positivos para quem gosta da temática.