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Análise: Dead Rising Deluxe Remaster

O retorno de um clássico

Lançado originalmente em 2008 para Xbox 360, Dead Rising rapidamente se consolidou como um título icônico, estabelecendo o repórter Frank West como uma das figuras mais emblemáticas dos jogos de zumbis. Agora, mais de uma década depois, a Capcom ressuscita essa aventura clássica com Dead Rising Deluxe Remaster.

Esta remasterização surpreendeu os fãs ao ser anunciada de forma inesperada, trazendo uma série de melhorias que modernizam o jogo e o aproximam de um remake em termos de qualidade gráfica e jogabilidade. A atualização vai além de um simples polimento visual, oferecendo uma experiência renovada que promete cativar tanto os fãs da franquia quanto os novos jogadores.

Nesta análise de Dead Rising Deluxe Remaster, exploraremos as principais mudanças e atualizações dessa versão, discutindo o que torna essa remasterização digna de atenção e avaliando como ela se posiciona no cenário atual dos jogos de zumbis.

História

A trama de Dead Rising Deluxe Remaster permanece fiel ao lançamento original de 2008, preservando a essência que cativou os jogadores há mais de uma década. O protagonista, Frank West, é um fotojornalista freelancer que se vê envolvido em uma situação extraordinária ao investigar eventos misteriosos em uma pequena cidade fictícia no Colorado. Ao chegar, West descobre um cenário apocalíptico: a cidade está infestada de zumbis, dando início a uma narrativa que mescla ação intensa e humor irreverente.

Diferentemente de outras franquias de zumbis da Capcom, como Resident Evil, que adota um tom mais sombrio e tenso, Dead Rising abraça uma abordagem mais leve e satírica. O jogador tem 72 horas para guiar Frank em sua fuga do shopping onde está preso, equilibrando-se entre fotografar o caos, enfrentar hordas de mortos-vivos e desvendar as origens do surto zumbi. A narrativa é pontuada por personagens excêntricos, muitos dos quais parodiam grupos extremistas e figuras controversas do mundo real, criando uma atmosfera única de comédia macabra.

Um aspecto notável da estrutura narrativa é sua flexibilidade. Embora exista um “caminho ideal” que permite ao jogador descobrir todos os personagens, derrotar chefes opcionais e resgatar o máximo de sobreviventes, o jogo oferece liberdade para que cada um defina suas prioridades. Seja focando exclusivamente no extermínio de zumbis, na missão de resgate ou na progressão da trama principal, o jogador molda sua própria experiência.

Essa maleabilidade narrativa confere ao jogo uma rejogabilidade semelhante a títulos roguelite, permitindo múltiplas “corridas” onde Frank pode iniciar cada nova tentativa mais forte e preparado. Embora a história de Dead Rising Deluxe Remaster não seja particularmente profunda ou inovadora, ela mantém seu apelo cômico e ritmo envolvente do início ao fim, oferecendo uma experiência singular no gênero de jogos de zumbis.

Ambientação e Parte Gráfica

A reformulação visual de Dead Rising Deluxe Remaster destaca-se como um dos aspectos mais impressionantes desta remasterização. Diferentemente de muitos relançamentos que se limitam a melhorias texturais e ajustes visuais menores, como o recente Lollipop Chainsaw RePop, a Capcom elevou o padrão, entregando uma atualização que se aproxima mais de um remake em termos de qualidade gráfica.

Utilizando a RE Engine, motor gráfico responsável pelos recentes sucessos da Capcom, o Dead Rising Deluxe Remaster passou por uma reconstrução visual abrangente. Esta não é uma simples melhoria de resolução, mas sim uma reformulação significativa que traz avanços impressionantes em comparação com o original de 2008 para Xbox 360. Embora não busque um realismo extremo, o resultado é um salto visual notável que moderniza a experiência.

O cenário principal, o shopping onde Frank West está confinado, recebeu um tratamento meticuloso. Cada área exibe um nível de detalhamento surpreendente: das praças de alimentação ao jardim central, passando pelas lojas de vestuário e brinquedos, todos os ambientes foram recriados com esmero, respeitando o design original enquanto incorporam um aspecto contemporâneo. Os personagens também foram beneficiados com novas texturas e animações, tornando as interações mais convincentes e imersivas. Detalhes como o tecido das roupas, expressões faciais e objetos de cena foram cuidadosamente retrabalhados, contribuindo para uma atmosfera que honra o conceito de remasterização.

Embora não alcance o patamar gráfico dos remakes de Resident Evil, Dead Rising Deluxe Remaster oferece uma experiência visual impressionante. O jogo roda em 4K a 60 FPS, proporcionando fluidez às hordas de zumbis e mantendo a ação constantemente dinâmica.

O aspecto sonoro também recebeu atenção especial. A trilha sonora foi expandida, permitindo aos jogadores personalizar a ambientação musical do shopping, mesclando faixas originais com clássicos da Capcom. A dublagem foi inteiramente refeita, com destaque para a versão em português brasileiro. A nova voz de Frank West na localização brasileira apresenta um tom mais maduro e assertivo, alinhando-se melhor à personalidade de um jornalista audacioso enfrentando um apocalipse zumbi, superando até mesmo a interpretação em inglês, que pode soar excessivamente jovial para o personagem.

Gameplay de Dead Rising Deluxe Remaster

A jogabilidade de Dead Rising Deluxe Remaster mantém-se fiel à essência do original, incorporando, no entanto, diversas melhorias significativas, com ênfase nas chamadas “melhorias de qualidade de vida”. O cerne da experiência permanece inalterado: o jogador controla Frank West durante 72 horas cruciais, nas quais deve investigar, fotografar, interagir com personagens e avançar na trama principal.

O tempo transcorre continuamente, criando uma constante sensação de urgência e exigindo um gerenciamento eficaz entre exploração, combate e cumprimento de missões.

Exploração e Combate

O cenário principal é um vasto shopping de três andares, segmentado em áreas temáticas distintas. A praça de alimentação oferece itens para recuperação de saúde, enquanto as lojas de vestuário e academias disponibilizam uma ampla gama de objetos utilizáveis como armas. Esta diversidade de itens constitui um dos pontos altos do Dead Rising Deluxe Remaster, permitindo que praticamente qualquer objeto encontrado possa ser empregado contra os zumbis, desde armas convencionais até itens inusitados como cabides e bancos. Cada uma dessas “armas” tem uma utilização única trazendo frescor e diversão ao gameplay.

Os zumbis, individualmente lentos e facilmente evitáveis, tornam-se uma ameaça considerável devido à sua quantidade avassaladora. O jogador frequentemente se vê cercado por centenas de inimigos, criando cenas de caos genuíno. O jogo oferece flexibilidade tática, permitindo tanto o confronto direto quanto estratégias de evasão, através de manobras de corrida e salto.

É válido pontuar que além dos zumbis, existem diversos grupos que irão se opor a Frank. Eles irão variar entre os mais siversos tipos como caçadores a cultistas ou então fugitivos que estão em um carro do exército. Isso força o jogador a criar novas estratégias e sair da monotonia de matar zumbis.

Sistema de Progressão

A evolução de Frank baseia-se em pontos de experiência (XP), adquiridos através do cumprimento de missões, resgate de sobreviventes, eliminação de zumbis e captura de fotografias. O sistema fotográfico, elemento icônico da série, abrange quatro categorias principais: drama, comédia, brutalidade e momentos únicos, cada qual oferecendo recompensas de XP variadas conforme a situação registrada. Este XP aprimora automaticamente as habilidades de Frank, aumentando sua força, resistência, capacidade de carga e até desenvolvendo novas habilidades que o ajudam a driblar as hordas de inimigos.

O sistema de progressão é notavelmente acessível, permitindo uma rápida evolução do protagonista. Com o avanço do jogo, Frank se torna progressivamente mais capaz de enfrentar hordas maiores de zumbis com crescente eficácia.

Melhorias de Qualidade de Vida

Dead Rising Deluxe Remaster introduz diversas melhorias de jogabilidade que modernizam e tornam a experiência mais acessível. Destaca-se a implementação de um sistema de mira e tiro, ausente no jogo original de 2008. Adicionalmente, o jogo agora dispõe de um mapa mais intuitivo e uma barra de objetivos clara, facilitando significativamente a navegação e o cumprimento de missões.

O novo sistema de autosave, que armazena o progresso automaticamente ao transitar entre áreas do shopping, é uma adição bem-vinda, minimizando a preocupação com perda de progresso. Melhorias na durabilidade das armas e na interface, que agora exibe indicadores sobre o estado dos itens, também contribuem para uma experiência mais fluida.

Por fim, uma das inovações mais significativas é a opção de avançar o tempo para ativar novas missões ou alcançar o dia de partida do shopping, oferecendo maior controle sobre o ritmo da narrativa.

Desafios e Acessibilidade

Embora estas melhorias sejam bem vindas, elas podem não agradar a todos. Veteranos em busca de uma experiência mais desafiadora e “hardcore” podem considerar Dead Rising Deluxe Remaster excessivamente facilitado devido às novas mecânicas que simplificam a navegação e o combate. Este aspecto pode ser visto como um ponto negativo para os puristas, que podem sentir falta da dificuldade original.

Por outro lado, para novos jogadores, estas melhorias tornam Dead Rising Deluxe Remaster uma experiência significativamente mais acessível e fluida, preservando o carisma caótico do jogo original enquanto o adapta aos padrões modernos de jogabilidade.

Conclusão de Dead Rising Deluxe Remaster

A análise de Dead Rising Deluxe Remaster pode ser abordada sob duas perspectivas distintas. Do ponto de vista técnico, como uma remasterização, o jogo apresenta melhorias substanciais e impressionantes. A Capcom poderia, justificadamente, ter anunciado o título como um remake, considerando a magnitude das alterações implementadas: a migração para a RE Engine, a renovação completa das texturas, a regravação da dublagem e uma série de ajustes significativos na jogabilidade e nas mecânicas de qualidade de vida. Em termos de aprimoramento gráfico, refinamento da jogabilidade e até mesmo na qualidade da dublagem em português, o jogo se destaca notavelmente, estabelecendo-se como a versão definitiva do Dead Rising original.

Contudo, é crucial reconhecer que as mecânicas fundamentais do jogo foram concebidas em 2008. Apesar das melhorias trazidas pela remasterização, o cerne da jogabilidade permanece ancorado nos conceitos daquela época. Para alguns jogadores, o ciclo repetitivo de enfrentar hordas intermináveis de zumbis pode se tornar monótono e exaustivo. Além disso, a narrativa não apresenta uma profundidade marcante, e a limitação do cenário ao ambiente do shopping pode não satisfazer aqueles que buscam uma maior diversidade de ambientações.

Embora a progressão de Frank West ao longo da campanha – com a aquisição de novas habilidades e armas que dinamizam o combate – ofereça uma sensação de evolução, a jogabilidade não traz inovações significativas para o gênero nos padrões atuais. Dead Rising Deluxe Remaster mantém seu apelo principalmente devido à sua abordagem única e caótica do tema do apocalipse zumbi. É fundamental que os jogadores ajustem suas expectativas: trata-se de uma experiência nostálgica, refinada em diversos aspectos, mas que pode não oferecer grandes surpresas ou inovações revolucionárias.

Em última análise, Dead Rising Deluxe Remaster representa uma homenagem notável a um clássico que desempenhou um papel crucial no gênero de jogos de zumbis. No entanto, suas mecânicas, mesmo aprimoradas, ainda refletem as limitações e os conceitos característicos de 2008. Para os fãs da franquia e jogadores que desejam reviver essa experiência com uma roupagem moderna, a remasterização cumpre plenamente sua proposta, oferecendo uma versão definitiva e aprimorada de um título que marcou época.

Essa análise/review de Dead Rising Deluxe Remaster segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.

Um clássico renovado acima das expectativas

Visual, ambientação e gráficos - 8.5
Jogabilidade - 7.5
Diversão - 7
Áudio e trilha-sonora - 8

7.8

Bom

Dead Rising Deluxe Remastered representa uma homenagem notável a um clássico que desempenhou um papel crucial no gênero de jogos de zumbis. No entanto, suas mecânicas, mesmo aprimoradas, ainda refletem as limitações e os conceitos característicos de 2008. Para os fãs da franquia e jogadores que desejam reviver essa experiência com uma roupagem moderna, a remasterização cumpre plenamente sua proposta, oferecendo uma versão definitiva e aprimorada de um título que marcou época.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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