
Em 2020, a Vicarious Visions nos entregou uma das melhores recriações já feitas na história dos games. Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 não era apenas uma camada de tinta nova, ele entendia perfeitamente a essência dos originais, atualizando-os com mecânicas mais modernas da própria série e um polimento impecável. A expectativa para uma sequência era gigantesca, mas o destino foi cruel: a talentosa Vicarious Visions foi absorvida e fechada, deixando o futuro da franquia no ar. Anos depois, a Iron Galaxy Studios assumiu a responsabilidade de continuar o legado com Tony Hawk’s Pro Skater 3+4, e a tarefa, descobrimos, era mais complexa do que parecia.
Este novo pacote é, em muitos aspectos, um bom jogo. Ele diverte, os controles são precisos e a sensação de encaixar um combo longo e complexo continua extremamente prazerosa. Contudo, ele vive à sombra do seu antecessor e sofre com decisões de design que, embora busquem uma coesão, acabam por sacrificar a identidade do jogo. Confira abaixo a nossa análise completa de Tony Hawk’s Pro Skater 3+4:

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Uma Fundação Familiar
Ao iniciar Tony Hawk’s Pro Skater 3+4, a sensação de familiaridade é imediata para quem jogou o remake de 2020. A interface, os menus com seu estilo de caderno de rascunho e a estrutura geral são praticamente idênticos. A Iron Galaxy claramente seguiu o lema “em time que está ganhando não se mexe”, mantendo a mesma engine e a mesma apresentação visual.
A jogabilidade principal, o coração da experiência, continua excelente. Os controles são responsivos, permitindo que veteranos e novatos executem manobras, manuais e reverts com a precisão necessária para criar combos absurdos. Nesse aspecto fundamental, a Iron Galaxy acertou em cheio, garantindo que o ato de andar de skate pelos cenários seja tão viciante quanto sempre foi. No entanto, a performance técnica no Nintendo Switch 2 mostra algumas falhas. Embora Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 vise os 60 quadros por segundo, a experiência não é totalmente lisa, com quedas de quadros perceptíveis, principalmente no início das fases. Até mesmo a navegação pelos menus parece estranhamente lenta, não passando a sensação de fluidez esperada, o que se soma a outros problemas técnicos como crashes que podem ocorrer durante o jogo.

O Desafio de Unir Mundos Distintos
O grande problema de Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 é o seu maior desafio: adaptar dois jogos com filosofias de design muito diferentes para um formato único.
Tony Hawk’s Pro Skater 3 foi o auge da fórmula clássica, aprimorando a corrida de dois minutos com a adição de truques como o revert, que expandiram exponencialmente as possibilidades de combos. Já Tony Hawk’s Pro Skater 4 foi um ponto de virada para a série. Inspirado pelo sucesso de jogos de mundo aberto como GTA, ele abandonou o cronômetro e apresentou fases enormes, onde o jogador podia explorar livremente e ativar missões falando com personagens espalhados pelo mapa.
A decisão da Iron Galaxy foi forçar as fases e a estrutura do THPS4 de volta para o formato de dois minutos dos jogos anteriores. Na prática, essa escolha se revelou um tanto desafiadora. As fases do quarto jogo, como Alcatraz e Faculdade, foram desenhadas para exploração. Elas eram grandes, cheias de segredos e com objetivos que muitas vezes exigiam que você atravessasse o mapa de ponta a ponta. Com um cronômetro na tela, tarefas simples como coletar as letras S-K-A-T-E ou encontrar itens específicos se tornam uma corrida frustrante e quase impossível de ser completada nas primeiras tentativas.
Essa adaptação, embora talvez crie um pacote mais uniforme para novos jogadores, acaba roubando a identidade e a inovação que Tony Hawk’s Pro Skater 4 representou em sua época. É uma pena, pois o que era um experimento ousado e bem-sucedido se torna aqui uma versão aguada e menos interessante de si mesmo.

Um Vislumbre de Brilho
Apesar dos tropeços na adaptação, há um ponto em que a Iron Galaxy demonstra um talento inegável: as fases totalmente novas. Para compensar o corte de alguns níveis clássicos do THPS4, como Carnival e Chicago, o estúdio criou três novos mapas, e eles são simplesmente incríveis.
O destaque absoluto é o Parque Aquático. A fase é uma obra-prima do design, capturando perfeitamente o espírito da série. Com toboáguas que servem como grinds gigantescos, piscinas vazias e um fluxo perfeito que te leva de uma ponta a outra, ela é um playground de combos esperando para ser explorado. Essas novas adições mostram que a Iron Galaxy entende profundamente o que torna uma fase de Tony Hawk divertida e nos dá esperança de que, se tiverem a chance de criar um jogo totalmente novo do zero, o resultado pode ser espetacular.

Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 e a alma que se perdeu na mixagem
Se há um elemento tão crucial para a identidade de Tony Hawk quanto o próprio skate, é a trilha sonora. As músicas que embalaram nossas sessões no início dos anos 2000 são parte inseparável da nostalgia. E é aqui que THPS 3+4 comete seu erro mais doloroso. Das mais de 50 músicas que compunham as trilhas sonoras originais dos dois jogos, apenas dez retornaram para o remake.
O restante foi preenchido com dezenas de faixas novas. Embora a música seja subjetiva e algumas das novas adições sejam boas, a mudança drástica é sentida. A trilha sonora, que antes era uma protagonista pulsante da experiência, aqui se torna um mero pano de fundo, muitas vezes genérico. A justificativa de que a série sempre foi sobre descobrir novas bandas é válida , mas em um remake que se apoia tanto na nostalgia, a ausência de clássicos como “Paparazzi” do Xzibit ou “The Boy Who Destroyed The World” do AFI é uma perda imensurável que enfraquece a conexão emocional com Tony Hawk’s Pro Skater 3+4.

Problemas Técnicos no Novo Hardware
Jogando no Nintendo Switch 2, a experiência foi, na maior parte do tempo, fluida, mas não livre de problemas, tanto na TV quanto na mão. O jogo travou completamente em pelo menos duas ocasiões, exigindo que fosse fechado e reaberto. Em uma dessas vezes, a fase começou com a tela totalmente preta, permitindo apenas ouvir os sons do skate. Em outra, a câmera ficou presa na nuca do personagem, tornando impossível jogar.
Além disso, a configuração de HDR do jogo é tão confusa quanto a do próprio console. Sem um ajuste manual cuidadoso, a imagem fica lavada e sem vida. Jogadores menos experientes podem ter uma primeira impressão visual negativa sem entender que a culpa é de uma má configuração padrão. São pequenos problemas que, somados, arranham um pouco o polimento geral do título.

Conclusão – Análise: Tony Hawk’s Pro Skater 3+4
Para resumir, Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 é um jogo de sentimentos mistos. Ele acerta na base, mantendo a jogabilidade sólida e viciante que consagrou a série. As novas fases da Iron Galaxy são um sopro de ar fresco e um testemunho do talento do estúdio.
No entanto, Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 falha em sua missão principal de recriar fielmente dois clássicos. A adaptação forçada do formato de Tony Hawk’s Pro Skater 4 e a trilha sonora descaracterizada removem uma parte significativa da alma e da nostalgia que tornaram o remake anterior tão especial. É um produto que diverte, sim, mas que deixa um gosto de oportunidade perdida. Ele entretém, mas não encanta; funciona, mas não inspira. É um bom jogo, com ressalvas, mas que não consegue chegar nem perto do posto ocupado pelo trabalho magistral da saudosa Vicarious Visions.
Essa análise de Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 segue nossas diretrizes internas. Confira aqui nosso processo de avaliação.
Um bom jogo
Nota - 7.5
7.5
Bom
O novo game da série Tony Hawk's Pro Skater acerta em cheio na jogabilidade viciante e brilha com fases inéditas espetaculares. No entanto, o pacote é prejudicado por uma adaptação desajeitada das fases de THPS4 e uma trilha sonora que abandona a maior parte dos clássicos, perdendo parte da identidade da franquia

