
Você certamente viu alguma coisa sobre Black Ops 7 nesses últimos dias. Uma repercussão extremamente negativa de sua campanha, abafando por completo seu multiplayer e modo zumbi. Se queria alguma confirmação de está tão ruim quanto parece, já te adianto, está pior. O que resume a campanha para mim é: se eu quisesse jogar Destiny, eu iniciava Destiny 2 na minha Steam, não COD BO7.
Call of Duty sempre foi aquela certeza de fim de ano: campanha curta, porém intensa, explosão, plot twist e multiplayer bom o suficiente para te viciar por alguns meses. Com Black Ops 7, a Activision conseguiu algo inédito na série: irritar, ao mesmo tempo, quem gosta de single player, quem curte a tradição de Black Ops e quem não aguenta mais agenda identitária empurrada goela abaixo.
Vem comigo conferir nessa análise como todas essas decisões tomadas pela Activision impactaram Black Ops 7.

Campanha: um delírio cooperativo que destoa da franquia
Vamos começar pelo desastre principal: a campanha. Ela é curta (cerca de 4 horas) e, mesmo assim, consegue parecer longa de tão cansativa. O problema não é apenas a duração, mas é a soma de decisões que simplesmente não respeitam o jogador nem a tradição da franquia.

Aqui eu destaco quarto absurdos para uma campanha de um jogo de tiro em primeira pessoa, tradicionalmente offline: modo história exige conexão constante mesmo jogando sozinho, não existe checkpoint persistente, não dá para pausar e se cair a internet e, por fim, se o servidor reiniciar ou se você ficar parado demais, é chutado da missão e volta tudo do zero.
Tudo passa a sensação de produto feito às pressas: as fases parecem desenhadas para quatro pessoas, mas quando você joga solo o jogo fica esquisito, vazio, pensando como multiplayer e vendido como single player cinematográfico. O enredo mergulha em alucinações, psicodélica e zumbis sem um fio condutor minimamente coerente. Nada tem peso, nada tem consequência, e qualquer tentativa de construir tensão é engolida por um roteiro picotado a cada novo absurdo.
Na prática, você entra em lobbies de campanha como se fosse um modo cooperativo de live service. Gente estranha entra, fala no microfone, some quando a missão começa, e você fica com a sensação de que está jogando um beta de Warzone com cutscene cara no meio. E sim, para avançar na próxima missão, você precisa da boa vontade dos seus colegas para se reunirem em um ponto.

Como disse lá no começo: se eu quisesse jogar Destiny, eu jogava Destiny. E nem lá eu preciso esperar meu time para avançar. Aqui os inimigos têm barra de vida, tem que usar poder ou matá-los de forma específica e ainda senti um pouco da famigerada mecânica bullet sponge. Ou seja, esqueça o saudoso Headshot…
Para quem sempre viu a campanha de CoD como aquele momento de sentar, desligar o cérebro e curtir um filme interativo e dar tiro loucamente, Black Ops 7 é um tapa na sua cara. O pior é que, mecanicamente, o jogo é bom de jogar. Só que não casa com o título.
E olha que adorei a campanha do Black Ops 6, depois do fraco MW3. Era só fazer algo similar, algo que respeitaria o DNA da franquia.
Em 2025 a lacração exacerbada não cola mais
Que fique claro. Ter uma mulher negra com prótese, forte (pique lutador peso pesado de boxe), em posição de destaque, não é problema nenhum por si só. Representatividade é ótimo quando vem acompanhada de boa escrita e personagem bem construída. Quando fica natural no gameplay e você nem percebe os aspectos físicos do personagem.
O problema em Black Ops 7 é como isso é feito. A personagem na metade das vezes entra na trama como se fosse um catálogo ambulante de pauta de reunião de marketing: mulher, negra, deficiente física, superpoderosa, sempre no centro das cenas mais importantes, roubando os holofotes do protagonista histórico, David Mason. Em praticamente toda sequência decisiva é ela que segura explosão, ela que salva o time, ela que dá o golpe final no chefão e ainda solta frase de efeito, ela que sacaneia o time. TUDO é concentrado nela e acaba ficando extremamente forçado.

O sentimento que fica não é “caramba, que personagem foda”, e sim “ok, está na cara que alguém está forçando e muito a barra”.
Uso de IA barata em um jogo que custa 350 reais e é anual
Como se não bastasse a campanha caótica, Black Ops 7 ainda se enfiou em uma novela com o uso de IA. O jogo foi alvo de críticas pesadas por usar arte gerada por IA nos cartõezinhos de desafios e cosméticos, com visuais que lembram a trend do Estúdio Ghibli no chat. A coisa foi tão mal recebida que até político americano usou Black Ops 7 como exemplo de empresa trocando trabalho humano por IA para aumentar lucro.

Usar IA em jogos, a meu ver, não é um problema. Inclusive sou um entusiasta de IA para melhorar o dia a dia de trabalho! Usar para acelerar desenvolvimento, codificar coisas repetitivas ou até auxiliar na sua pesquisa faz todo sentido.
Agora, fazer essa economia barata substituindo artistas por IA, num jogo triple AAA, de 350 reais, que já se aproveita de toda a base do Black Ops 6, com uma campanha (ignorando o conteúdo dela) de 4 horas, é um tiro de 12 na cara de nós gamers.
Multiplayer: gostoso de jogar, mas mais do mesmo
Digamos que o multiplayer de Black Ops 7 é mais um Black Ops 6.5. Ou seja: se você já curte o CoD moderno, vai encontrar aqui um multiplayer bem competente, com mais mapas e ajustes finos. A jogabilidade continua viciante, mas o salto que deveria justificar um novo capítulo nunca acontece: a sensação é de estar jogando o mesmo título do ano anterior, só que com mais velocidade, menos assistência de mira e partidas ainda mais intensas, chegando ao ponto de punir novatos com lobbies cheios de veteranos e viciados.
Isso de punir os novatos na franquia já é algo um tanto corriqueiro na franquia, mas Black Ops 7 chegou para assustar qualquer entrante.

Inclusive, é difícil olhar para o pacote e não pensar que isso poderia ser uma expansão robusta de Black Ops 6, em vez de um jogo vendido a preço cheio. Uma decisão (que só o tempo dirá se foi certa) que a EA tomou recentemente com seu jogo de Formula 1.
Zombies: a parte que mais tenta, mas ainda tropeça
O modo Zombies continua sendo onde a Treyarch se sente mais à vontade. O mapa principal é enorme, com viagem entre áreas, mecânicas de veículo, chefões novos e armas especiais que criam situações bem legais.
Ashes of the Damned é gigantesco, denso e cheio de rotas alternativas que fazem cada partida parecer diferente, seja jogando em equipe ou encarando tudo sozinho. O melhor do Zombies em Black Ops 7 é o equilíbrio entre caos e controle. Há momentos em que o mapa inteiro parece uma emboscada viva, com hordas surgindo de todos os lados, e outros em que o design mais espaçado permite respirar, explorar e planejar rotas, algo que traz de volta a velha sensação de “mapa vivo” que consagrou o modo.

O Zombies é, sem dúvida, onde Black Ops 7 mais acerta: entrega criatividade, personalidade e diversão de verdade, justamente por não tentar parecer outra coisa além do que é. Não é revolucionário, mas tem evoluções que justificam ser um novo título, diferente do multiplayer.
Visual e performance: bonito (como deveria ser)
No quesito visual, Black Ops 7 entrega o esperado de um AAA de 2025. As cutscenes continuam sendo o cartão de visitas da Treyarch, com acabamento cinematográfico e direção que realmente impressiona. Todas as cutscenes são um espetáculo visual. Em alguns momentos, modelos de personagens e efeitos de partículas brilham de forma inexplicável.

No meu caso, joguei Black Ops 7 em meu PC equipado com um processador 13600K e uma GPU 3080 Ti. Não sofri com stutters e outros problemas como alguns jogadores relataram. Mas, tenho consciência que esse setup é acima da média e caso tenha uma build mais fraca, poderá sofrer algum tipo de problema.
Black Ops 7 vale a pena?
Eu sei a sua pergunta, seja fã de COD ou jogador que compra alguns títulos: Vale a pena pagar 350 reais? Se você não é viciado em COD, que precisa ter sempre o título mais atual para mergulhar no multiplayer e no modo zumbi, definitivamente não.
A campanha é extremamente curta e não tem nada próximo do que fez as campanhas da franquia serem memoráveis. É uma loucura, alucinação e um gameplay completamente diferente do que estamos acostumados com a franquia. É um Destiny com skin de shooter do século 21. Vale pontuar aqui que eu amo Destiny e tenho mais de 100 horas na franquia.
O zombies, a melhor parte do título, simplesmente não vale 350 reais. Você pode esperar a primeira promoção relevante e se divertir daqui a uns meses (quem sabe no fim de ano ainda) da mesma forma.
Black Ops 7 infelizmente não é nem sequer um prato requentado. Digo isso porque existem pratos requentados que você espera chegar a hora da janta para comer. Aqui você quer pular quase todos os alimentos e comer apenas um ou dois no máximo.
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Essa análise de Call of Duty: Black Ops 7 segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Campanha vergonhosa, Multiplayer competente e Zombies criativo
Nota - 6
6
Mediano
Black Ops 7 é um daqueles casos em que a embalagem promete muito mais do que o jogo realmente entrega. A campanha é um desastre completo, com roteiro caótico, identidade perdida, escolhas de design que ferem o single player e momentos tão absurdos que beiram autoparódia. O multiplayer até brilha em ritmo e fluidez, mas não escapa da sensação de que é basicamente um BO6.5 vendido como jogo novo. Já o Zombies, por outro lado, é a parte onde a Treyarch finalmente acerta: enorme, criativo e cheio de boas ideias. No fim, o pacote desequilibrado e a falta de foco dificultam justificar o preço cheio de um AAA anual.




