
Aqui o foco desta análise será o port de Nintendo Switch 2 de Assassin’s Creed Shadows. O jogo já mostrou sua qualidade nas plataformas atuais e no PC, mas a grande curiosidade aqui é outra, entender se a Ubisoft conseguiu repetir o nível de excelência que vimos em Star Wars Outlaws, cujo port para Switch 2 surpreendeu muita gente pela eficiência técnica, ou se desta vez o estúdio ficou aquém do esperado.
Aqui vamos ver como esse port se comporta frente ao padrão que a própria Ubisoft estabeleceu no novo hardware híbrido da Nintendo.
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O que é Assassin’s Creed Shadows?
Ambientado no Japão de 1580, Assassin’s Creed Shadows coloca o jogador em um período marcado por disputas territoriais e pela ascensão de figuras históricas como Oda Nobunaga. É nesse cenário que a história se desenrola, trazendo uma abordagem inédita dentro da série.
A narrativa acompanha dois protagonistas com origens e motivações opostas: Naoe, uma shinobi em busca de vingança pelo ataque à província de Iga, e Yasuke, o lendário samurai africano que encontrou no serviço a Nobunaga um novo propósito de vida. Embora iniciem como inimigos, ambos acabam unidos por uma ameaça que coloca em risco o futuro do Japão.
A história se beneficia de uma construção madura, com personagens bem desenvolvidos e um elenco secundário que sustenta o tom dramático da trama. A direção das cutscenes é um dos destaques, trazendo influências claras de clássicos do cinema japonês e reforçando o clima histórico da aventura.
Visualmente, o jogo é um dos projetos mais ambiciosos da Ubisoft. Ambientes densos, florestas vivas, cidades detalhadas e personagens com altíssimo refinamento estético ajudam a criar um Japão feudal convincente. A trilha sonora acompanha esse nível, com composições que respeitam o período e ampliam a imersão especialmente quando combinadas com dublagem em japonês.


Em termos de estrutura, Assassin’s Creed Shadows permite diferentes formas de abordagem. O jogador pode seguir um estilo mais investigativo, explorando o mundo de forma imersiva, ou optar por um sistema mais tradicional, com indicadores claros no mapa. Há ainda a possibilidade de seguir a história “canônica” ou escolher um caminho alternativo com múltiplos finais.
A jogabilidade alterna entre furtividade e combate direto, representadas naturalmente pelos dois protagonistas. Naoe oferece mobilidade e discrição, enquanto Yasuke traz um estilo de luta pesado e resistente. O jogo incentiva o uso de ambos, alternando missões pensadas para cada abordagem.
O mundo aberto combina fauna variada, facções em disputa e atividades paralelas. Ao mesmo tempo, mantém algumas limitações estruturais, como terrenos íngremes e um sistema de montaria mais rígido, que direciona melhor o jogador pelos caminhos oficiais.
Por fim, o sistema de progressão unifica os dois protagonistas em um conjunto de árvores de habilidades e equipamentos que evoluem de forma compartilhada. O jogo também inclui um esconderijo que pode ser expandido, oferecendo bônus e serviços adicionais para o jogador.

O tamanho importa em Assassin’s Creed Shadows
Antes mesmo de entrar no mérito da performance do port de Assassin’s Creed Shadows no Nintendo Switch 2, existe um ponto que precisa ser destacado logo de início e não é algo que normalmente focaria em uma análise: o espaço ocupado pelo jogo. Pode parecer um detalhe estranho para começar a falar desse port, mas aqui não tem como ignorar.
A maior parte dos grandes títulos lançados para o Switch 2 gira em torno de 20 e poucos gigabytes. Esse tem sido o padrão observado em jogos como Persona 3 Reload, Hogwarts Legacy e até mesmo Star Wars Outlaws, que também é um mundo aberto da própria Ubisoft. Ou seja, é um tamanho considerável, mas dentro do que já se tornou comum no console.
Só que Assassin’s Creed Shadows foge completamente dessa curva. O jogo exige 61 GB, praticamente três vezes o tamanho de um “jogo grande” no Switch 2 hoje. E isso não é só um número na tela: ele impacta diretamente quem comprar a versão física. O cartucho é do tipo Game Key Card, então, de qualquer forma, você vai precisar instalar tudo, seja no armazenamento interno ou no cartão SD. Em um console com 256 GB de espaço total, estamos falando de cerca de 25% da memória ocupada apenas por um jogo.
Entendo que esse é um aviso relevante antes de continuar, porque ele já coloca Assassin’s Creed Shadows em uma categoria à parte no catálogo do Switch 2. Ele é um jogo pesado.
Mas por que tanto espaço? Existem dois motivos claros. O primeiro é simples: trata-se de um mundo aberto muito mais denso, complexo e detalhado que o de Star Wars Outlaws. A escala e o nível de riqueza dos cenários exigem muito mais dados.
E o segundo motivo talvez seja o mais importante para essa análise: Assassin’s Creed Shadows é o primeiro jogo a utilizar a nova versão da engine Anvil, enquanto Outlaws roda na Snowdrop. Uma tecnologia que a Ubisoft já domina há anos. Em uma engine nova, o ciclo natural de otimização costuma ser mais lento, e isso repercute em todo o conjunto do port, algo que vai ficar claro ao longo da análise.

Performance no Nintendo Switch 2
Chegando à parte mais importante desse review, a performance de Assassin’s Creed Shadows no Nintendo Switch 2 deixa claro que duas coisas acontecem ao mesmo tempo: há cortes profundos no visual e, mesmo assim, o console segura o jogo graças a uma combinação de ajustes e ao uso pesado de DLSS.
O primeiro impacto é justamente a queda de qualidade gráfica. A diferença para as versões de PS5, Xbox Series e, principalmente, PC, é bem grande e bem maior até do que vimos em Star Wars Outlaws. Essa é uma comparação inevitável porque foi o primeiro grande port da Ubisoft no Switch 2 e acabou criando expectativas altas demais. A empresa, sem querer, colocou o próprio padrão lá em cima com Outlaws, e agora muita gente espera resultados parecidos. Só que aqui isso não acontece.
Logo nos primeiros minutos já fica evidente que Assassin’s Creed Shadows recebeu um downgrade forte, algo esperado, mas que chama atenção mesmo assim. As texturas são mais simples, a resolução é mais baixa e a iluminação perde praticamente todas as técnicas de Ray Tracing incluindo o Ray Tracing global, que é um dos grandes destaques da versão principal de Assassin’s Creed Shadows e que faz uma falta enorme no Switch 2. A densidade de NPCs nas cidades também é reduzida, e vários sistemas de simulação aparecem em uma escala bem menor.
Para compensar, o jogo depende bastante do DLSS, que é o que permite que tudo funcione sem colapsar. Ainda assim, visualmente o corte é evidente. Em algumas cenas pré-renderizadas, a diferença fica ainda mais perceptível: os modelos têm mais detalhe do que o normal, mas a resolução geral da cena e principalmente as sombras sofrem bastante (algo um tanto irônico dado o nome do jogo). Mesmo nessas cenas o jogo entrega uma sensação de desnível entre o que seria a “versão ideal” e o que realmente aparece na tela do Switch 2.


Alguns detalhes menores também chamam atenção, como a simplificação do cabelo (que abandona a tecnologia de fios individuais presente nas outras plataformas) e volta para aquele visual mais rígido, quase sem movimento. Isso se repete em roupas e bandeiras, que se comportam de forma menos natural. Além disso, clipping é algo constante, com roupas atravessando braços, pernas e outros elementos do personagem.
Com todos esses cortes, a expectativa natural é ter um frame rate realmente estável em troca. E aqui o resultado é misto. Assassin’s Creed Shadows mira nos 30 fps, e na maior parte do tempo atinge esse objetivo. No entanto, nas maiores cidades existem quedas perceptíveis e, principalmente, um problema de frame time que causa stutter ao girar a câmera ou correr muito rápido. A fluidez simplesmente não acompanha o movimento, e isso acontece com frequência no modo dock.
Já no modo portátil, o VRR ativo ajuda bastante a suavizar essa sensação. O stutter não desaparece por completo, mas fica menos incômodo. Mesmo assim, o comportamento do frame time deixa claro que os 30 fps aqui não são tão estáveis quanto deveriam, e isso acaba impactando a experiência em momentos específicos.
Por fim, um detalhe interessante no modo portátil, é que é possível mexer com o touch da tela no mapa de Assassin’s Creed Shadows. Embora seja um gimmick, é algo que acaba sendo relativamente útil e agrega a experiência do modo portátil.

Crashes e mais crashes
Embora eu normalmente não dedique um tópico inteiro para falar de crashes, aqui isso se tornou necessário. Assassin’s Creed Shadows no Nintendo Switch 2 apresentou um nível de instabilidade que eu não esperava, especialmente considerando que estamos analisando um port técnico de um grande jogo.
Durante a minha jogatina, tive problemas recorrentes de desligamentos forçados em Assassin’s Creed Shadows. Não foi um caso isolado ou algo esporádico: foram muitos crashes, a ponto de atrapalhar o andamento da análise. O comportamento também não seguia uma lógica clara. Depois de avançar até a parte em que você libera as mecânicas de construção da vila e inicia um diálogo específico, o jogo simplesmente começou a encerrar sozinho. Isso aconteceu tanto nessa conversa quanto logo depois, ao explorar o mapa.
Tentei praticamente tudo para isolar a causa. Testei o jogo instalado no cartão SD e depois na memória interna do Switch 2. Desinstalei e reinstalei os 60 GB do jogo. Ajustei configurações e até reiniciei o console algumas vezes. Nada mudou. Passei de seis crashes rapidamente, mesmo trocando entre diferentes modos de uso.
Como último recurso, deixei de jogar na TV e passei para o modo portátil. Curiosamente, nesse formato consegui avançar pela parte problemática e o jogo voltou a funcionar. Mas isso não resolveu o problema de forma definitiva. Em outro momento, já com a campanha mais avançada, o jogo voltou a fechar sozinho, agora justamente no modo portátil. Ou seja, não encontrei um padrão; os crashes acontecem tanto dockado quanto portátil.
Vi que outros veículos também relataram instabilidades, mas em menor escala. Algo entre dois a quatro crashes ao longo da análise, segundo alguns deles. No meu caso, fui bem menos sortudo: tive pelo menos dez desligamentos forçados do jogo, o que tornou a experiência bem frustrante e prejudicou a fluidez da jogatina.

Assassin’s Creed Shadows vale a pena no Switch 2?
Chegar a uma conclusão sobre Assassin’s Creed Shadows no Nintendo Switch 2 não é tão simples quanto parece. Este é o primeiro jogo da Ubisoft a utilizar a nova engine Anvil e isso, por si só, já explica boa parte do cenário. Diferente da Snowdrop, que foi amplamente usada por anos e rendeu ports extremamente polidos, como Star Wars Outlaws, a Anvil ainda está dando seus primeiros passos nessa nova realidade mobile/híbrida.
A Ubisoft tentou entregar aqui um port ambicioso, que preserva a ambientação, a densidade e a identidade visual do jogo original. Em vários momentos, a qualidade visual surpreende pelo que o Switch 2 consegue suportar. Porém, isso não impede que a experiência seja inconsistente. Os cortes agressivos na parte gráfica podem até ser entendidos, mas os dois problemas principais estão mesmo no desempenho e na estabilidade.
O jogo ainda não entrega a fluidez necessária. Os stutters atrapalham o ritmo, e os crashes (no meu caso, em volume bem acima do normal) tornam a experiência instável demais para algo desse porte. São problemas que ficam entre o frustrante e o compreensível, considerando o desafio que é empurrar um jogo tão grande, tão denso e tão pesado para um chip mobile, mesmo com todo o suporte de tecnologias como o DLSS.
Dito isso, Assassin’s Creed Shadows entra facilmente na categoria dos “ports impossíveis”, da mesma forma que Cyberpunk 2077. O fato de ele rodar, e rodar com qualidade e fluidez aceitável em vários momentos, já é impressionante. Mas está claro que falta uma camada importante de polimento. Felizmente, a Ubisoft já confirmou um patch grande de estabilidade para dezembro de 2025, perto do período de Natal, o que deve resolver boa parte dos problemas técnicos que encontrei (assim espero).
Se você tem apenas o Nintendo Switch 2, a minha recomendação é simples: o jogo vale a compra, sim, porque Assassin’s Creed Shadows continua sendo um título enorme, complexo e cheio de conteúdo. Mas esteja ciente de que, por enquanto, você será quase um “beta tester” involuntário, ajudando o port a chegar à sua melhor forma nas próximas atualizações. As concessões visuais vão continuar existindo, mas a estabilidade e o desempenho ainda precisam amadurecer.
No fim das contas, é impressionante ver um jogo desse escopo rodando em um hardware portátil. Só falta ele alcançar a consistência que merece.
Essa análise de Assassin’s Creed Shadows segue nossas diretrizes internas. Confira aqui nosso processo de avaliação.
Um port ambicioso, mas ainda instável
Visual, ambientação e gráficos - 7.5
Jogabilidade - 8
Diversão - 7
Áudio e trilha-sonora - 8.5
Polimento - 5.5
7.3
Bom
Assassin’s Creed Shadows no Nintendo Switch 2 impressiona pela ambição e por conseguir entregar um mundo denso e detalhado em hardware portátil, mas ainda sofre com stutters, frame time irregular e crashes frequentes. O port preserva boa parte da escala e da atmosfera do jogo original, mas exige cortes visuais significativos e carece de polimento. Com um patch já confirmado, a tendência é melhorar, mas hoje a experiência é inconsistente. Vale para quem só tem o Switch 2 desde que aceite passar por esse período de ajustes.





