Quando Cyberpunk 2077 foi anunciado para o Nintendo Switch 2 como um título de lançamento, a reação coletiva da indústria foi uma mistura de ceticismo e espanto. Trazer um dos mundos abertos mais exigentes da última década para um console híbrido parecia uma ambição desmedida, quase impossível. As lembranças do problemático lançamento do jogo em 2020 ainda pairavam no ar, mas também o seu subsequente arco de redenção, que o transformou em um dos RPGs mais aclamados da atualidade.
Graças a um código de análise gentilmente cedido pela CD Projekt Red, pudemos mergulhar de cabeça em Night City no novo hardware da Nintendo desde o seu lançamento em 5 de junho de 2025. E a conclusão, após dias explorando suas ruas de néon e becos perigosos, é inequívoca: esta não é apenas uma versão “jogável”. É uma versão transformadora que se estabelece como um testemunho do potencial do Switch 2.
Pessoalmente, Cyberpunk 2077 era um jogo que eu admirava, mas nunca tinha conseguido levar até o fim em outras plataformas. O gameplay com controle tradicional nunca clicou completamente para mim, e a era de passar horas em frente a um monitor com teclado e mouse já ficou para trás. O Switch 2 mudou tudo. Portanto, não focarei tanto na narrativa — que já cobrimos extensivamente em nossas análises do jogo base e da expansão Phantom Liberty — mas sim em como esta versão se joga, como ela se apresenta e por que ela pode ser, para muitos, a maneira definitiva de vivenciar esta obra-prima. Confira a nossa análise completa de Cyberpunk 2077: Ultimate Edition para Nintendo Switch 2 abaixo:
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O Milagre Técnico
Vamos direto ao ponto: Cyberpunk 2077 no Switch 2 é visualmente estonteante, superando todas as expectativas. A CD Projekt Red realizou o que muitos chamaram de feitiçaria técnica. A chave para este sucesso tem um nome: DLSS (Deep Learning Super Sampling). Em vez de tentar renderizar a imagem na resolução final, o jogo opera com uma resolução interna dinâmica e utiliza os Tensor Cores da GPU do console para reconstruir uma imagem final de qualidade muito superior.
O resultado é uma imagem incrivelmente limpa e estável, que deixa para trás o visual borrado de muitos ports da geração anterior. Para o jogador, isso se traduz em uma experiência visual nítida e detalhada, seja na TV ou na tela do próprio console. E ao conectar o Switch 2 a uma TV compatível com HDR, o espetáculo de luzes de Night City ganha uma vida e um impacto admiráveis.
Para acomodar diferentes preferências, a CDPR trouxe quatro modos gráficos distintos. No modo TV, há a opção “Qualidade”, que visa uma saída de 1080p via DLSS com uma meta de 30fps, usando uma resolução de renderização interna entre 720p e 540p para manter a estabilidade. De forma alternativa, o modo “Desempenho” também visa 1080p, mas com uma meta de 40fps, exigindo uma TV de 120Hz para ser ativado. No modo portátil, o modo “Qualidade” busca uma resolução de 810p via DLSS a 30fps, enquanto o modo “Desempenho” tem como alvo 720p a 40fps, sendo uma opção mais viável graças à tela VRR nativa do console que suaviza as flutuações.
Numa decisão que demonstra um profundo respeito pelo consumidor da Nintendo, toda a Ultimate Edition — incluindo o jogo base e a expansão Phantom Liberty — foi disponibilizada em um único cartão de jogo de 64 GB, oferecendo uma experiência plug and play completa sem a necessidade de downloads massivos.
O Giroscópio é a Estrela
É aqui que, para mim, a versão de Switch 2 transcende de um bom port para a minha forma preferida de jogar. A implementação dos controles de movimento por giroscópio é simplesmente fenomenal. Ao permitir o uso do giroscópio para ajustes finos na mira, a CDPR combina a imersão de um controle com a precisão de um mouse, criando o melhor de dois mundos. Cada tiroteio se torna mais instintivo e cada headshot mais satisfatório. A dificuldade que eu sentia para me adaptar ao combate em outras plataformas desapareceu, e foi substituída por uma fluidez que tornou o gameplay muito mais divertido.
O jogo também explora os novos métodos de controle do Switch 2 de outras formas. O sensor óptico no Joy-Con direito permite que ele funcione como um mouse quando apoiado em uma superfície. A precisão é boa e pode ser um grande atrativo , mas a ergonomia é um problema em sessões mais longas. Outra funcionalidade são os gestos para ações como recarregar ou usar armas corpo a corpo. Pessoalmente, não gostei muito desses gestos, pois me pareceram um artifício que lembra os controles imprecisos da era Wii, podendo atrapalhar a imersão. No entanto, eles existem como uma opção para quem busca uma forma alternativa e mais física de interagir com o jogo. Por fim, a tela sensível ao toque é usada para a navegação nos menus, uma pequena conveniência no modo portátil. Fora isso, uma grata surpresa é a inclusão de suporte nativo para teclado e mouse via USB quando o console está no dock, um bônus fantástico para quem prefere essa configuração.
Análise de Desempenho
Apesar do feito técnico, este port não é isento de compromissos. O modo Qualidade a 30fps é majoritariamente estável, uma melhoria colossal sobre a versão de PS4. O modo Desempenho a 40fps, embora mais fluido em áreas calmas, é mais variável e pode sofrer quedas durante combates intensos ou ao dirigir em alta velocidade.
O verdadeiro calcanhar de Aquiles do port reside no desempenho na expansão Phantom Liberty, especificamente em sua densa área de Dogtown. Esta região, projetada para hardware de ponta, sobrecarrega a CPU do Switch 2. Em Dogtown, a taxa de quadros pode cair para a casa dos 20fps em ambos os modos, acompanhada por engasgos e problemas de streaming de texturas, especialmente quando dirigimos. Isso deixa claro por que a expansão nunca chegou aos consoles da geração anterior e expõe a principal limitação do novo sistema: uma CPU mais modesta focada em eficiência energética, pareada com uma GPU moderna e capaz.
Da mesma forma, a densidade do mundo, em termos de NPCs e veículos, é comparável à da versão de PS4, visivelmente inferior à do PS5 e Series S, um sacrifício necessário para acomodar as limitações da CPU.
Switch 2 vs. O Mundo
Colocar esta versão em perspectiva com as outras é essencial para entender seu valor. Contra o PlayStation 4, é uma vitória esmagadora para o Switch 2 em todos os aspectos: taxa de quadros, carregamento, texturas, qualidade de imagem e conteúdo. A comparação com o Xbox Series S é a mais fascinante: o Switch 2 leva vantagem na qualidade de texturas e na nitidez da imagem pelo DLSS, mas o Series S vence no poder da CPU, oferecendo 60fps e mais estabilidade em Dogtown.
Tendo tentado jogar no Steam Deck, posso afirmar que a experiência no Switch 2 é superior. O port da CDPR para o Switch 2 é altamente otimizado e simplesmente funciona. A implementação do DLSS resulta em uma imagem muito mais limpa e temporalmente estável do que as soluções FSR no Deck. Embora o Steam Deck tenha uma CPU mais forte, a experiência padrão otimizada pela própria desenvolvedora no Switch 2 é, no geral, mais polida e visualmente agradável. A bateria também dura cerca de 2 horas, comparável ou até melhor que a do Deck. Naturalmente, as plataformas de ponta como PS5 e PC oferecem uma experiência tecnicamente superior, mas a versão do Switch 2 não compete em potência bruta, e sim em seu nicho de portabilidade e controles únicos.
Conclusão – Análise: Cyberpunk 2077 Ultimate Edition (Nintendo Switch 2)
Cyberpunk 2077: Ultimate Edition no Nintendo Switch 2 é um produto feito para um público específico, e para esse público, é uma obra-prima. É ideal para jogadores que priorizam a portabilidade, para donos de consoles exclusivamente da Nintendo, ou para fãs como eu, que encontraram nos controles de giroscópio a chave que faltava para destravar todo o potencial do jogo. Para quem busca 60fps a todo custo ou a maior fidelidade gráfica e já possui um console de ponta, os compromissos podem ser evidentes.
Este lançamento prova que, com otimização inteligente e o uso de tecnologias de ponta, o console é perfeitamente capaz de receber as maiores e mais exigentes experiências AAA da atualidade. A CD Projekt Red não apenas entregou um port; ela aplicou as lições duramente aprendidas desde 2020 para criar uma versão estável, completa e respeitosa com o jogador desde o primeiro dia.
Para mim, esta é a versão que finalmente me fará zerar Cyberpunk 2077. A conveniência da portabilidade, combinada com um sistema de mira que torna o combate muito bom, criou uma nova oportunidade para quem nunca jogou esse grande título. Cyberpunk 2077 no Switch 2 não é apenas um jogo; é uma prova de conceito, um triunfo da otimização e, para mim, a versão definitiva de um clássico moderno.
Essa análise de Cyberpunk 2077: Ultimate Edition segue nossas diretrizes internas. Confira aqui nosso processo de avaliação.
Um milagre técnico
Nota - 9
9
Excelente
Cyberpunk 2077: Ultimate Edition é um impressionante feito técnico, oferecendo a experiência completa com uma surpreendente qualidade visual graças ao uso inteligente do DLSS. Apesar de alguns compromissos de desempenho em áreas mais exigentes, a implementação de controles por giroscópio transforma a jogabilidade e, combinada com a portabilidade, torna esta a versão definitiva para quem quer experimentar Night City em qualquer lugar.