Análise: Persona 3 Reload
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Lançado originalmente em 2006 para Playstation 2, Shin Megami Tensei: Persona 3 trouxe uma revolução no conceito de JRPG que a Atlus trabalhava em seus jogos da franquia Shin Megami Tensei. Deixando de lado o estilo mais tradicional que víamos em outras séries desta mesma franquia, o jogo trouxe consigo uma espécie de simulador de vida estudantil ao mesmo tempo que se desvinculou da narrativa estabelecida no primeiro Persona. O sucesso foi tamanho que o jogo recebeu novas versões como Shin Megami: Persona 3 FES e Persona 3 Portable.
E agora, em 2024, finalmente esse jogo tão querido pelos fãs vai receber um remake que promete expandir e melhorar a experiência que a Atlus trouxe há 18 anos atrás.
Esta análise foi possível graças a um código de Playstation 5 cedido pela Sega. Eles estão lendo junto com vocês pela primeira vez. O jogo se encontra com legendas em PT-BR.
Durante o dia, há muito mais do que apenas 24 horas
Persona 3 Reload traz consigo a mesma narrativa do jogo original. Aqui usamos um protagonista (do qual escolhemos o nome) que acabou de chegar numa cidade do Japão, sendo um aluno transferido para o Colégio Gekkoukan. Por ser órfão, ele tem que se hospedar em um dormitório, porém a sua chegada na cidade foi exatamente durante a meia noite.
Havia algo de estranho durante o seu caminho até o dormitório, pois diversos caixões estavam espalhados pela cidade. Isto, além da noite estar mais tenebrosa do que de costume. Ao chegar no dormitório, um estranho garoto o fez assinar um contrato. Logo depois, ele é recepcionado por duas alunas que moram no mesmo lugar.
A principio parece que ele vai viver uma simples vida de estudante, porém, num dia de lua cheia tudo mudou. O dormitório foi atacado por uma criatura conhecida como shadow e quando tudo parecia perdido, ele liberou um poder interno chamado de Persona, suficiente para obliterar a shadow por completo.
A Dark Hour muda tudo
A partir deste ponto, o protagonista descobre que os estudantes do dormitório também são usuários deste poder e estão juntos numa missão de proteger a cidade dessas criaturas que surgem num horário que existe exclusivamente entre as 23:59 e 00:00, conhecida como Dark Hour. Com um forte senso de responsabilidade, ele se junta a grupo SEES para combater os shadows.
Apesar de ser a mesma história, há conteúdos adicionais que expandem e muito a história do jogo e o background dos personagens. Diferente do Persona 4 e 5 que podemos fazer social link com todos os protagonistas, no 3 só era possível com as personagens femininas. Isso é dado por causa da possibilidade de se envolver romanticamente com uma delas.
Persona 3 Reload pode não trazer social link dos personagens masculinos, mas o jogo trouxe eventos exclusivos para cada um deles, permitindo que o jogador presencie um desenvolvimento mais convicente da amizade do protagonista com personagens como Junpei e Akihiko.
Além disso, também há eventos inéditos na história que justificam as novas mecânicas.
A S.E.E.S está mais poderosa do que nunca em Persona 3 Reload
Falando de novas mecânicas, o jogo continua sendo um RPG de turno com todo o glamour que foi apresentado em sua primeira versão. Contudo, diversas novas mecânicas fazem com que a sua experiência seja ainda melhor.
Em Persona 3 não era possível selecionar outro personagem para atacar quando causávamos dano crítico em um oponente. Essa mecânica foi adicionada na franquia graças ao baton pass em Persona 5. Mas felizmente em Persona 3 Reload temos a função Shift, permitindo que o jogador faça turnos mais opressivos contra os seus oponentes.
Outra mecânica que faz total diferença em seu gameplay é a Teurgia que se trata de um poder equivalente as Ultimate Skills que vieram em Persona 4 Golden e continuaram presentes em Persona 5. Diferente das Ultimate Skills, as teurgias não consomem PE ou PV, pois possuem uma barra própria que é preenchida de acordo com ações especificas de cada personagem (por exemplo, a Yukari curar seus aliados).
Mas afinal o que são as teurgias? Ela é uma habilidade extremamente poderosa que causa dano massivo ignorando a resistência do oponente ou traz uma poderoso buff para o time.
Fuuka ganha grande destaque no jogo
Outra otimização em relação ao original está na navegação da Fuuka. Para quem não a conhece ela é uma personagem equivalente a Rise de P4 ou a Futaba de P5. Ou seja, a sua função é o suporte para a equipe. Em Shin Megami Tensei: Persona 3, a Fuuka não era tão útil, uma vez que a sua análise dos pontos fracos dos inimigos demorava muito para acontecer e só revelava afinidades aleatórias.
Felizmente em Persona 3 Reload eles resolveram trazer mais funções para a personagem, fazendo com que ela analise por completo o inimigo após um turno de combate. Além disso, ela tem habilidades que podem ser utilizadas dentro das dugeons, como deixar o time imperceptível pelas shadows ou garantir um buff de evasão antes de iniciar o combate. Além disso, ela também tem uma teurgia própria que serve aleatoriamente para curar, restaurar PE ou dar buff para todos os aliados.
Outra mudança simples, mas muito útil foi a remoção dos status de felicidade dos personagens. Quando algum personagem morria ou não estava com o melhor dos humores, o seu desempenho nos combates era relativamente baixo, enquanto a felicidade máxima permitia ele dar o seu melhor. A equipe de produção do game simplesmente retirou essa mecânica e, sendo bem sincero, foi uma ótima escolha.
O protagonista tem novas funções
Não foram apenas os outros personagens que receberam novos poderes, pois o jogo trouxe novos personas que não estavam no catalogo do 3 e que aparecem exclusivamente no 4 e 5. Para liberar eles é necessário cumprir algum requisito para que assim a fusão seja disponibilizada para criá-los.
Além disto, o ato de registrar novos personas libera para eles novas teurgias, onde invoca-se mais de um persona por vez para realizar um poderoso golpe ou trazer algum benefício ao time. Por exemplo, se tiver o Jack Frost e o Jack O’Lanter, você consegue usar a habilidade especial “Irmãos Jack” onde os dois fazem um stand up de comédia que causa dano composto de fogo e gelo.
Nas dungeons, seja de chefes ou do Tártaros, o protagonista consegue fazer muito mais do que simplesmente atacar a shadow para garantir vantagem no combate. Agora ele consegue correr e executar dois hits para aumentar a chance de atingir o inimigo antes do combate realmente começar.
Falando em novas funções, agora o dormitório da SEES também tem interações que nas versões antecessoras não existiam. Por exemplo, é possível cuidar de uma horta, cozinhar com algum dos membros da equipe, passar o tempo livre com eles para ampliar status sociais e também usar o computador comunitário para rodar softwares ou acessar sites que trarão algum benefício no jogo. Isso faz com que a equipe base deles tenha uma função bem maior do que simplesmente ir dormir quando acabam as atividades diárias.
Tártaros estão mais perigosos
Apesar de tantos upgrades que o pessoal da SEES recebeu em Persona 3 Reload, os Tártaros ainda não são uma tarefa fácil.
Devo admitir que muitas batalhas foram facilitadas graças a Fuuka e a utilização do shift em conjunto das teurgias. No entanto, os andares dos Tártaros foram ampliados, trazendo mais batalhas e também uma porta misteriosa que leva o jogador até um sub andar que possui inimigos ainda mais poderosos. Eles são equivalentes aos “guardiões” ou chefes menores que a gente já costumava enfrentar nos Tártaros. Em poucas palavras, temos mais batalhas difíceis pela frente. Apesar da ampliação dos inimigos, há recompensas valiosas após derrotá-los.
Outra mudança nos Tartáros é a utilização de lascas do crepúsculo, que são itens que podemos encontrar pelos cenários ou receber da Elizabeth. Eles podem ser utilizados para abrir baús, recuperar o PV/PE dos personagens no relógio do andar principal e também ativar um relógio maior. Este, permite evoluir algum membro da party até o nível que o protagonista se encontra. Isso agiliza demais o o grind de nível.
Não são apenas os gráficos que foram renovados
Quando anunciado, todos os fãs acreditaram que o jogo seria apenas um Persona 3 reconstruído na Unreal Engine 4. Isto para trazer belos gráficos com fluidez equivalente ao que vimos em Shin Megami Tensei 5. Contudo, essa sua reconstrução não foi apenas nos gráficos in-game, pois as cenas de anime também foram refeitas para atender aos novos visuais. Isso fica evidente após os protagonistas conseguirem o equipamento inédito da SEES. Inclusive, também há cenas novas de anime que simplesmente não existiam no jogo original.
A HUD do jogo também mudou, deixando ela mais moderna e que lembra vagamente o que vimos em Persona 5, mas respeitando a temática de “gatilho” que o jogo original apresentava.
Outra inovação foi na trilha sonora, pois traz uma remasterização em HD de todas as músicas, além de novas melodias que deixam a trilha sonora mais diversificada. E ainda falando de áudio, contamos com a dublagem em inglês e japonês.
Conclusão da análise de Persona 3 Reload
Em suma, Persona 3 Reload é um jogo simplesmente incrível, pois traz diversos aspectos “raiz” do que vimos em seu primeiro lançamento. Ao mesmo tempo, renova sem sair muito da linha.
Ele traz mecânicas de Persona 5, mas não deixa de ser aquilo que conhecemos. Apesar das várias novidades, principalmente pelo fato das mecânicas terem sido adaptadas ao jogo e respeitando as limitações da época para não fugir muito do original. A única coisa que talvez deixe a desejar, seja o visual das dungeons que apesar de terem sido reconstruídas, ainda são bem simplórias.
Concluo essa análise de Persona 3 Reload deixando claro que aqui temos uma notável evolução do que foi visto em Shin Megami Tensei: Persona 3, do saudoso Playstation 2. Se aquele jogo já era fantástico e ditou o que Persona é hoje, então aqui temos o suprassumo otimizado ao próximo nível.
Essa análise de Persona 3 Reload segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Análise - Persona 3 Reload
Visual, ambientação e gráficos - 10
Jogabilidade - 10
Diversão - 10
Áudio e trilha-sonora - 10
Narrativa - 10
10
Perfeito
Persona 3 Reload é uma experiência inacreditável que resgata um dos melhores, se não o melhor, jogo da franquia. Ver tudo renovado e com novas mecânicas é algo que todo e qualquer fã de Persona estava aguardando há anos e finalmente tem em mãos.
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