Originalmente postada por Vicente Brison.
A DC Comics renova sua parceria com a Telltale Games após o sucesso de The Wolf Among Us. Dessa vez, o pequeno estúdio famoso por produções como The Walking Dead, recebe uma das maiores franquias da gigante dos quadrinhos para um novo jogo do gênero “Adventure”. Batman: The Telltale Series (doravante referido como Batman 2016) é uma co-produção com a Warner Bros. e esteve cercado de muita expectativa. A pergunta é se a Telltale conseguiu corresponder ao furor.
Desenvolvedora | Telltale Games |
Distribuidora | Warner Bros Interactive Entertainment |
Lançamento | 02/Agosto/2016 |
Espaço em disco | 2.03 GB |
Plataformas lançadas | PC/PS4/XONE/PS3/360/Android/iOS |
Localização | Legendas em Português |
A proposta da Telltale para Batman era oferecer uma nova abordagem para o personagem e seu universo, pegando emprestados personagens e elementos estabelecidos de sua longa história para criar uma própria. O resultado é divertido e respeitoso para com os fãs da franquia, que já estão acostumados a reimaginações feitas por autores diferentes. Entre as caras conhecidas temos a ladra Mulher-Gato, o gângster Carmine Falcone, o super-vilão Oswald Cobblepot (mais conhecido como Pinguim, embora o estúdio tenha optado por uma versão de Oswald jovem e mais atlética, e certamente sem características tão obviamente aviárias) e o “cavaleiro branco de Gotham” Harvey Dent. O próprio Bruce Wayne está presente em uma versão de jovem adulto. É um amálgama de histórias intrigante e acertado, uma vez que um dos melhores aspectos de qualquer jogo da Telltale é acompanhar o desenrolar da história, que preza por reviravoltas e incertezas nas suas escolhas.
E Batman 2016 está cheio de escolhas. Cedo durante o jogo, Bruce apoia a candidatura de Harvey à prefeitura e declara seu apoio durante uma recepção para bacanas na Mansão Wayne. De repente, Carmine Falcone chega como convidado não anunciado na tentativa de estabelecer uma aliança com Bruce. A partir deste ponto, a uma série de escolhas em como conduzir a situação que podem moldar os acontecimentos até o fim do episódio. Porém, como de costume, essas escolhas são superficiais em sua grande maioria, reverberando apenas nos diálogos seguintes e na maneira como os personagens interagem uns com os outros até o fim do episódio, raramente transcendendo a barreira entre os capítulos. Se você gosta da fórmula da Telltale, já está ciente disso e pode entender que existe diversão apenas em “dirigir” os personagens pela aventura, sem exatamente protagonizá-la como em um RPG mais aberto, mas é importante pontuar esse caso de qualquer maneira.
Batman 2016 usa o mesmo motor gráfico que imita desenhos de quadrinhos usado pela Telltale desde The Walking Dead e já mostra sinais de desgaste. Os visuais são simples e apresentam um serrilhado pavoroso para a geração atual e, mesmo assim, o jogo enfrenta quedas frequentes na taxa de quadros, principalmente em momentos de ação intensa como Batman. Nos consoles elas são irritantes, mas no PC, onde elas também acontecem nas mais variadas configurações de máquinas, são inaceitáveis. Mas nada é tão ruim quanto as animações, que, exageradas, passam as emoções de maneira extremamente artificial e contribuem para deixar as cenas de ação bem menos interessantes. Já passou da hora de investir num belo upgrade para os visuais ou então repensar o motor gráfico utilizado. Já a trilha sonora não deixa nada a desejar, como é de costume nos jogos da empresa. Soa exatamente como a música em uma produção sobre o Batman deveria ser.
Se o leitor já é um velho conhecido dos últimos jogos da Telltale, há muito pouco capaz de surpreendê-lo no episódio um. Existem algumas novidades, que estão mais relacionadas ao fato de Batman ser um exímio lutador e detetive. Há sequências de investigação, em que você deve “linkar” provas presentes no cenário e deduzir o que aconteceu em uma cena do crime, por exemplo. Não chega a ser um desafio como nos Adventures de outrora mas os quebra-cabeças da Telltale nunca foram exatamente profundos ou complexos. Há também a possibilidade de, em um momento específico, planejar como o Batman se infiltrará em um esconderijo de bandidos e decidir entre um punhado de escolhas como nocautear cada um deles. Aí também há pouco desafio, com a jogabilidade se resumindo a uma série de Quick Time Events já padrões na série. Por fim, existe uma espécie de contador de combos que é preenchida a cada QTE apertado na sequência correta que resulta em um combo final capaz de encerrar uma luta, mas até isso aparenta ser bastante coreografo e desimportante.
No final das contas, Batman 2016 não inova em nenhum aspecto fundamental a fórmula que consagrou a Tellltale, o que reduz significativamente o impacto que a introdução de um novo jogo da empresa deve causar. O primeiro episódio pode ser concluída em um par de horas ou menos e, como de costume, serve mais para apresentar os personagens (que são velhos conhecidos dos fãs, mas apresentam uma dinâmica um pouco diferente da usual) e a trama e pode até animar para os capítulos seguintes, que também costumam ser mais fortes e encorpados que o inicial, mas o jogo não chega a ser um novo The Walking Dead e você não vai perder o sono por não poder jogar o episódio seguinte imediatamente.
[Costumava haver uma nota aqui, mas ela foi retirada porque queremos dar uma nota justa ao jogo após todos os episódios terem sido lançados]
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