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Blog E3 – Um dia cagado, em todos os sentidos, no aeroporto

Bom, galera, é com muito prazer que eu inicio mais um blog da E3 nesta nossa edição 2017. Quer dizer, o prazer é só de começar mais uma sequência de histórias incríveis da nossa viagem rumo à edição dessa incrível conferência de jogos neste ano, porque a experiência inicial inclui merda literalmente. Eu só ia começar a escrever nosso querido blog nos dias de E3, mas esse mereceu um relato extraordinário.

Como muitos sabem, eu, Coimbra e Thiago partiríamos hoje rumo à querida Califórnia. Nosso rumo inicial seria Los Angeles, de onde iríamos nos locomover para San Diego de ônibus. Nesses primeiros dias antes da conferência, assim como no ano passado, resolvemos dar uma relaxada em algum lugar interessante, no caso a região Sul da Califórnia para que pudéssemos ficar tranquilos antes da insanidade e correria dos compromissos da E3. Muito bem, há alguns meses, compramos uma passagem da “empresa de aviação” Avianca, que sairia do Rio de Janeiro para Bogotá, e de lá para Los Angeles. Até aqui está tudo tranquilo, certo? Pois bem, vou explicar a partir de agora a sequência de bosta que se sucedeu até o presente momento, em que Thiago e Coimbra estão no céu do Panamá (???) e eu estou indo para São Paulo (???). Peguem a pipoca e leiam com carinho os próximos parágrafos.

Chegamos hoje de boas de madrugada no Galeão com o intuito de ter tempo suficiente para fazer o check-in, despachar as malas e coçar o saco enquanto esperávamos o avião decolar para a Colômbia. Estávamos muito animados para a viagem e não queríamos dar chance para qualquer coisa dar errado. Contudo, assim que chegamos no aeroporto nos deparamos com o desagradável fato de que o avião que nos levaria do Rio para Bogotá estava atrasado em 2:30h. Isso acarretaria nos seguintes fatos: chegaríamos na nossa primeira parada às 14:40h da tarde, sendo que a nossa conexão sairia às 14:40h. Ou seja, não seria possível fazer a troca de aeronave. Pensamos: “OK, fodeu, mas vamos ver o que esses senhores podem fazer por nós”. Entramos na fila (quilométrica) e aguardamos nossa chegada no guichê. À nossa frente, havia um grupo de americanas que estava absurdamente de ressaca, jogadas no chão igual um pedaço de bosta (vocês vão ler muito essa palavra neste relato) e ainda com as tintas na cara da festa que elas foram ontem. A noite certamente foi boa e elas saíram direto da zoeira para o aeroporto. Nada mais justo. Elas tinham o mesmo destino que a gente. Aguardamos por muitos minutos até que finalmente chegou a hora de sermos atendidos pelo caro Misael (apesar do desfecho da epopeia, ele foi maneiro). Ele viu nossas reservas e falou: “Rapazes, vocês vão ter que se dirigir àquele balcão ao lado para ver quais opções de troca serão possíveis, já que o avião de vocês provavelmente não chegará à Bogotá a tempo de vocês pegarem a conexão”. Agradecemos e nos dirigimos ao referido balcão. Lá, havia o grupo de americanas, que também tinham sido mandadas para resolver problemas, dois russos perdidos e mais uma galera aleatória. Ficamos lá praticamente 1h completa sem que a fila andasse. Foi aí que começamos a nos mexer.

Já altamente bolados com a falta de agilidade no atendimento da Avianca, voltamos ao solícito Misael para tentar saber o que estava acontecendo. Chegamos e falamos: “Meu caro, como está a situação aí? Estamos há um tempo na fila e nada acontece”. Ele respondeu: “Vou ver aqui com a supervisora as outras opções de vôo para realocar vocês se quiserem. Mas seguinte, o avião aparentemente vai chegar aqui no Rio antes do horário previsto. Ficaria apertado, mas daria para vocês fazerem a conexão e seguirem viagem normalmente”. Na minha cabeça eu estava como: “SENTA O PÉ NA TÁBUA, PILOTO. AQUI É 455 NA ÚLTIMA VIAGEM DA MADRUGA”. Misael foi conosco até o guichê ao lado para ver o que faríamos até que todos tivemos uma grave surpresa. A Avianca havia nos realocado para vôos de outras companhias aleatoriamente sem o nosso consentimento. Enquanto Coimbra e Thiago haviam sido mudados para o voo de 11h via Panamá pela Copa Airlines, eu tinha sido jogado para um voo às 19h via Guarulhos pela American Airlines. Detalhe, nosso voo original era para sair do Galeão às 8h da manhã para que pegássemos nosso ônibus de Los Angeles para San Diego saindo às 23h. Com essa mudança de horários, perderíamos nossas passagens de ônibus, já que não daria para chegar a tempo nos EUA. Bolamos. Vimos que o avião que partiria para Bogotá tinha conseguido tirar 40 minutos do atraso programado, o que nos daria 40 minutos para fazer a conexão. Pedimos, então, altamente enfurecidos, mas ainda com classe, que nos colocassem de volta no voo original, afinal pagamos por ele, jamais pedimos para mudar qualquer coisa, e ele era o único que chegaria a tempo de pegarmos o ônibus. E lá vai todos os atendentes da Avianca fazendo análise combinatória, regra de três e os cacete a quatro para fazer o sistema nos mudar de volta. Neste momento algo inédito na nossa vida aconteceu. Vou até abrir um parágrafo aqui em homenagem.

Enquanto estávamos nessa epopeia no guichê, um Chihuahua que estava com uma senhora no saguão do aeroporto resolveu simplesmente agachar E LANÇAR UM CAGÃO GOSTOSO NO CHÃO. O que a senhora fez? PEGOU O FILHOTE DE SATANÁS E SAIU CORRENDO PELO SAGUÃO. Ela simplesmente largou o chapisco do cachorro no meio do caminho da galera e foda-se. Deixo abaixo um registro da bosta deitada singelamente no aeroporto. Nesse momento, ficamos apreensivos rindo e pensando na situação em que uma mala passasse em cima da bosta e sujasse a esteira inteira do aeroporto, causando um caos no sistema de despacho de bagagens por motivos de merda geral. Tudo por causa de um Chihuahua à vontade. Ficamos ali olhando a bosta torcendo para que ninguém pisasse até que um cara veio chegando e…: “EI EI EI EI EI MANO, OLHA A BOSTA!”. Gritamos no aeroporto. Vagabundo já olhou para a gente achando que era bomba, mas era só bosta. Rimos todos. Depois disso, a brincadeira da galera era gritar todo mundo junto na fila para as pessoas que quase pisavam no cagão um: “EEEETTAAAA! OOOOIIII! AEEEEE A BOSTA, CARAI!”. Nos divertimos por 10 minutos, e salvamos algumas vidas, até que a senhora dona do cachorro chegou com uma resma de papel Chamex direto do banheiro e limpou a cagada.

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Retornando deste momento de divagação, a Avianca nos veio com uma surpreendente notícia. Quem nos mudou de voo foi o pessoal da Colômbia, não do Brasil. E para melhorar, essas pessoas travaram nossas reservas, o que impossibilitou que o sistema nos mudasse de volta para o voo original. Com isso, não havia o que fazer a não ser embarcar nos voos que nos colocaram. Já tinha galera gritando no balcão, dando soco na mesa, americanas discutindo com russos, bate-boca e os cacete sobre vários assuntos diferentes. Em resumo, o caos estava instaurado. Tudo tinha dado errado para todos. Aí, para piorar, a companhia me vem com um voucher de 200 dólares para usar somente com voos da Avianca que tinha uma parte que dizia que o documento era prova de que o cliente (famoso eu) renunciava do meu direito de tentar qualquer ação judicial frente a companhia. Beijem meu traseiro magro. Baita cláusula abusiva. No final das contas. a empresa simplesmente está me obrigando a processá-la depois de tantos vacilos.

Para finalizar essa epopeia, tivemos que aceitar os voos em que nos colocaram. Thiago e Coimbra foram correndo para o guichê da Copa Airlines enquanto eu peguei um táxi pago pela Avianca (pelo menos isso) de volta para casa. Os dois tiveram que reservar um hotel para passar a noite hoje em Los Angeles e me esperar, já que a reserva do albergue em San Diego está no meu nome.

Para resumir a história: nosso voo atrasou, pilotou sentou o pé e conseguiu tirar a diferença, Última Ficha vibrou e achou que conseguiria chegar a tempo em Bogotá, mas vagabundo na Colômbia mudou o voo da rapazeada e meteu o pé. Cachorro cagou no chão, galera quase sujou tudo com ele, lançaram a cláusula abusiva, e Thiago e Coimbra estão no Panamá enquanto eu estou pegando meu voo para São Paulo. Perdemos nosso ônibus, tivemos que gastar dinheiros, mas o que importa é que tudo vai dar certo no final. Ninguém nos segura!

Com carinho,
Bernardo Cortez

Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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