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Análise: Lies of P é mais um bom Soulslike

Jogo entrega experiência agradável para os fãs do gênero

É inquestionável que o gênero Soulslike está em alta. Além dos diversos jogos feitos pela From Software, cada vez mais vemos diversas empresas empregando a mesma fórmula em seus mundos. Nessa análise você verá se Lies of P é um jogo que vale a pena ou não você investir seu tempo.

Será que transformar o clássico conto do pinóquio para algo mais sombrio foi um acerto? Descubra aqui!

Essa análise de Lies of P foi possível graças a um código de PS5 cedido pela distribuidora.

Uma narrativa tradicional para o gênero

Em Lies of P nós temos uma história completamente inspirada no romance As Aventuras de Pinóquio escrito por Carlo Collodi. Você irá controlar um títere (uma espécie de automata) que é ninguém menos do que o famoso Pinóquio.

Ao acordar na cidade de Krat, você verá que tudo foi destruído e que os títeres se voltaram contra os humanos trazendo morte e destruição. A parte objetiva da história é que você deverá avançar pelos diversos cenários para resgatar os sobreviventes, dentre eles Geppetto (seu pai), assim como entender o que aconteceu com os títeres e porque eles estão agindo dessa maneira.

É claro que isso é devidamente ampliado dentro da lore do jogo onde contamos com diversos detalhes deste mundo. Por exemplo, é possível ver a preocupação genuína de Geppetto ao tentar entender a revolta dos títeres que não deveriam atacar os humanos. Ou então, ver como a aristocracia mandava na cidade e como o dinheiro movimentava tudo.

Diversos desses detalhes irão enriquecendo a história ao longo da sua jogatina. Adicionalmente, existem diversos colecionáveis que falam mais sobre momentos e situações específicas como o casamento entre um homem e um títere. Um líder religioso e sua influência sobre todos. A construção de distritos em Krat e muito mais.

Algo que também existe é a opção de Pinóquio mentir, algo clássico na fábula. Em alguns momentos você poderá mentir ou não. Ou então ajudar ou não alguém. Essas escolhas se acumularão ao longo do jogo para afetar o final do game.

Por fim, existem missões secundárias espalhadas pela cidade que me lembraram muito o saudoso Bloodborne. Em diversas janelas iluminadas é possível falar com pessoas e ir atrás de algum item para ter uma recompensa.

Uma bela ambientação, mas com suas falhas

Andando de mãos dadas com a história temos a ambientação do game que mais uma vez lembra o saudoso Bloodborne. Digo isto, porque Krat é uma cidade no estilo vitoriano onde está sempre muito escura, com vielas sujas e abandonadas.

Aqui tudo funciona muito bem e o jogador fica imerso nesse universo. Temos uma cidade industrializada, ruas onde vivia a aristocracia, fábricas, esgoto e mais. O diferencial fica para uma parte à lá Resident Evil 4/Village tendo uma floresta sinistra e até uma catedral caindo aos pedaços.

No entanto, tenho que relatar dois problemas onde Lies of P deixou a desejar. A primeira foi em seu game design. Embora a ambientação acerta em cheio, existe uma grande repetitividade em alguns cenários. Sim, aqui temos cenários interligados como é algo usual no estilo.

É possível sim passar por um ponto de salvamento, que é chamado de Stargazer, e depois de um tempo, após desbloquear uma porta voltará ao mesmo ponto liberando um atalho. Porém, muitas vezes senti um cenário linear demais com poucas descobertas.

E o que reforçou este sentimento foi o uso em exagero de algumas “surpresas” que viraram lugar comum rapidamente. Vou exemplificar. Por muitas vezes você vê itens no chão que podem ser pegos, porém em algumas situações, um inimigo vai cair de uma plataforma e vai te surpreender. Ou então aparecer detrás de uma caixa.

Isso acontece e é legal, só que em seguida aconteceu de novo e de novo. Ou seja, aquele sentimento de surpresa se torna repetição muito rapidamente.

E ainda temos o modo Performance

Adicionalmente, ainda falando neste ponto, existe o modo qualidade e performance. Embora o modo qualidade funcione melhor para os olhos, em um jogo onde cada reação conta, a maioria das pessoas certamente utilizarão o modo performance.

A boa notícia é que atinge sim 60 frames e os momentos de quedas são mínimos e em termo de gameplay, isso não é algo que afete a experiência. Mas para chegar a este ponto, a parte visual é afetada. E em certos pontos isso incomoda.

Por exemplo, ao andar nas ruas de Krat a iluminação dos postes se acende ao chegar mais perto deles. Ou então as texturas dos prédios a meia distância são carregados à medida em que olha. Não me esqueço de uma luta de chefe onde eu estava em uma espécie de praça da vila e lutei contra 4 inimigos simultâneos.

Aqui estamos falando de um cenário “fechado” e apenas com casas ao seu redor. Após matar eles, eu simplesmente via ainda texturas carregando no fundo desta vila. Ao virar a câmera para trás, o mesmo acontecia do outro lado. E estou falando de um cenário fechado, sem grandes detalhes e após matar os inimigos.

Infelizmente isso me distraiu por diversas vezes e não vi nada visualmente revolucionário para meu PS5 se comportar desse jeito.

Por fim, os personagens possuem uma boa modelagem e a maioria deles possuem bastante detalhes em suas roupas de época. Infelizmente a animação facial deixa muito a desejar.

E falando da sua parte sonora, Lies of P não decepciona tanto em sua trilha sonora empolgante que se encaixa muito bem, assim como com uma dublagem de alta qualidade.

As possibilidades no combate são o ponto forte

Agora falando da parte do combate em Lies of P, vou separar este tópico em três partes nesta análise. Primeiramente temos os inimigos que se dividem em alguns tipos. Temos o inimigo comum, o comum forte, o elite e claro, os chefes.

O inimigo comum é bem simples de ser destruído e eles só representam um perigo real se você for cercado por eles. Aqui eles se diferem na agilidade e alcance. Já o inimigo forte está em menor quantidade e fica em alguns pontos específicos. Ele poderá se mostrar um desafio.

Adicionalmente, o inimigo elite pode, dependendo, ser considerado um sub chefe. Eles possuem agilidade, muita força e resistência, por muitas vezes eu apenas corri deles até me sentir apto para enfrentá-los. Logicamente que existe uma grande recompensa ao derrotá-los.

E por fim temos os grandes chefes. Eles fazem o dever de casa em serem muito desafiadores. No geral possuem um moveset diferenciado e é necessário memorizar o padrão deles para achar aberturas e derrotá-los. Adicionalmente eles possuem mais de uma fase se tornando mais agressivos e apresentando novos golpes após tirar metade de sua vida.

Algo que vale o destaque neste ponto, é que os títeres inimigos são extremamente bem caracterizados. Como eles inicialmente serviam os humanos, se prepare para ser atacado por mordomos, empregados, faxineiras e todo tipo de trabalho que a aristocracia usava.

As armas de Pinóquio

Para evoluir Pinóquio e destruir todas as ameaças, você contará um com arsenal invejável. É possível equipar duas armas e alternar dentre elas. Aqui existirão estilos, alcance, velocidade e um elemento como elétrico, normal, fogo ou ácido. Cada um dos inimigos presentes no jogo terão uma fraqueza ou resistência.

Em seguida, Pinóquio conta com o “legião” que é seu braço mecânico. Ele serve como uma espécie de ataque especial que segue a mesma lógica de elementos e utilidades diversas ampliando a gama de ataques e possibilidades.

Por fim, existe a habilidade de fábula. Sendo ativadas por sua “mana”, cada uma dessas armas possuem dois ataques especiais que dão um grande dano ou te ajudarão a escapar do perigo iminente.

De resto, temos o arroz e feijão do estilo como ataque fraco, ataque forte, ataque carregado, utilização de diversos itens, subir de nível após conseguir experiência e mais. Logicamente temos aqui que gerenciar nossa stamina entre os ataques e as muitas esquivas que terá que fazer.

E um rápido e pequeno diferencial é a possibilidade de recuperar vida após uma defesa ou parry. Assim como vimos em Bloodborne, é possível recuperar parte da vida ao bater no inimigo em uma janela de tempo. Isso incentiva a agressividade do jogador.

Customização quase infinita

Mas ainda há mais o que ser falado nesta análise de Lies of P. Além de tudo que mencionei, ainda existe uma grande possibilidade de customização.

Tirando de lado a parte visual, é possível trocar a roupa de Pinóquio, mas aqui não muda nada em seus status. Ao longo de sua aventura você coletará diversos itens que serão usados para melhorar seu braço mecânico, suas infinitas armas, amuletos que darão alguma vantagem e até preencher a grande árvore de habilidade.

Após encontrar Gepetto, Pinóquio poderá utilizar quartzos para melhorar diversos aspectos. Essa árvore de habilidade conta com fases onde cada uma delas conta com 4 habilidades/melhorias. É necessário ativar duas células em cada habilidade para torná-la funcional. E cada uma dessas ativações você poderá optar dentre habilidades passivas.

Por exemplo, digamos que queira mais uma célula de recuperação de vida. Ao ter os dois Quartzos você precisará optar entre melhorias passivas de ataque, defesa, esquiva ou até recuperação. Aqui você fará uma build complexa que se adapta ao seu estilo de jogo.

Em suma, você fará infinitas visitas ao hotel Krat, que é o último ponto seguro da cidade e realizará infinitas melhorias e troca de equipamentos em Pinóquio.

Dificuldade justa ou fácil demais após atualização?

Por fim, quero trazer uma análise da dificuldade de Lies of P. Como é sabido, os chefes são o ponto alto de uma experiência Soulslike.

Sobre os inimigos padrões, eu já pincelei como se dividem. No entanto, temos os chefes e eu passei por uma experiência curiosa. Digo isto, pois ao iniciar Lies of P, a polêmica atualização de facilitar o jogo ainda não havia sido liberada. Mas dois dias após iniciar o jogo, o update chegou.

Bem, o que eu posso dizer é que com relação aos inimigos padrões eu não vi nenhuma diferença significativa. Já sobre os chefes existe sim uma facilitada, mas não é exatamente com os chefes em si.

Quero frisar que encontrei dificuldade em todos os chefes tanto antes como após essa atualização. Antes de iniciar uma luta é possível invocar um espectro que é um NPC que lhe ajuda. Antes da atualização ele simplesmente morria super rápido e todas as atenções ficavam voltadas para você, o que tornava o combate muito tenso.

Agora, com essa atualização, a grande diferença é que o espectro consegue ficar vivo por pelo menos uns 70% a 80% da luta. Isso ajuda na divisão da atenção e te dá mais liberdade para dar um dano extra. Essa atualização me agradou, mas imagino que os jogadores mais hardcores podem ficar decepcionados.

O que foi uma oportunidade perdida foi ajustar a física de colisão das armas de Pinóquio com as paredes. Após mais de 10 horas de jogo eu simplesmente desisti de tentar entender qual era a lógica entre alguns ataques passarem pela parede e outros não. Por muitas vezes eu queria acertar um inimigo, mas a arma batia na quina de uma parede.

No entanto, isso não seguia uma lógica se tornando algo aleatório e, algumas vezes, frustrante.

Conclusão da análise de Lies of P

Resumindo essa extensa análise, eu posso dizer que gostei sim de Lies of P. E gostei mais do que achei que fosse gostar, sendo sincero.

O combate é seu grande destaque assim como sua extensa customização. Por muitas vezes me pegava vendo qual era a melhor build para um cenário ou chefe específico. E o sentimento de passar por uma situação perigosa era sempre recompensador. O mix de elementos entre fraquezas e forças acaba sendo a cereja do bolo para a experiência.

Já a ambientação e personagens me agradaram bastante. Inclusive gostei muito de como usaram o Gemini que faz alusão ao grilo da fábula clássica. Ele é um grande companheiro para falar sobre a cidade, dar conselhos e comentar sobre diversas situações.

No entanto, ressalto aqui as ressalvas que fiz ao longo desta análise. Faltou polimento em alguns pontos para trazer Lies of P a uma experiência que se diferencie ainda mais do gênero. Os pontos mais gritantes foram o game design por muitas vezes repetitivos e as texturas que pipocavam pela tela em diversos momentos.

Em momento nenhum isso acaba com a jogabilidade do jogo, mas poderia ter feito dele ainda melhor.

Essa análise de Lies of P segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Um mundo rico e interessante

Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 8
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 8

8

Ótimo

O combate e a ambientação são o grande destaque em Lies of P. O desenvolvedor teve sucesso em tornar o conto clássico em uma ambientação sinistra com sua lore própria assim como trouxe diversoss elementos que fazem o combate brilhar. O porém do jogo se encontra em um game design mais simplificado assim como uma falta d epolimento em certos pontos. De qualquer forma, os fãs de Soulslike irão adorar o jogo.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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