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Mortal Kombat 1 não é para amadores. Será isso um erro?

Decisões que podem fazer a comunidade amar ou odiar um jogo

Jogos de luta sempre geraram sentimentos dúbios. Enquanto sua dinâmica de duelo “mano a mano” afastava aqueles jogadores mais casuais, a beleza dos golpes, os cenários e todo o ambiente que esses jogos criava atraia um séquito de fãs fervorosos. Eu arrisco dizer que era 8 ou 80. Ou você amava, ou você se afastava (não necessariamente odiava). 

Com o passar dos anos, jogos de luta viraram uma categoria específica (fighting game). E enquanto alguns jogos ficavam cada vez mais complexos para agradar um pedaço da comunidade que se criava em torno desse estilo, outros buscavam um caminho mais acessível.

Esse texto foi feito pelo nosso redator Raphael Maia.

Tekken 3 era extremamente acessível e ganhou toneladas de seguidores

Um exemplo de jogos que viraram sucesso por conta da facilidade de se jogar foram as franquias Tekken (especialmente Tekken 3, com a chegada de Ed Gordo), Street Fighter Alpha e, por que não, The King of Fighters? 

No outro extremo oposto, tínhamos jogos mais complexos como a série Marvel vs Capcom, Guilty Gear, Street Fighter 3 etc.

Tanto os jogos complexos, quanto os mais simples, em ambos os casos os jogos fizeram muito sucesso. Porém, é inegável que quanto mais jogadores um game abraça, em teoria, mais chances de fazer sucesso ele tem.

Quem surfou bem nessa onda foi a franquia Super Smash Bros. A facilidade de lutar utilizando apenas dois botões e os quatro direcionais para fazer os golpes e combos, atraiu uma multidão de jogadores e a franquia explodiu.

Guilty Gear Strive agradou novatos, mas desagradou a base antiga

Recentemente, um título classicamente complexo lançou uma versão “mais acessível” para o público: Guilty Gear Strive. Resultado: o jogo é tido como o melhor da série. No agregador de notas Metacritic, Guilty Gear Strive tem a maior nota da franquia (87).

Street Fighter 6 explodiu de vendas

Depois de ser muito criticada após o conturbado lançamento de Street Fighter 5, a Capcom apostou em uma abordagem mais acessível em Street Fighter 6. Para o recente título, Street Fighter 6 estreou uma opção de configuração de controle chamada Modern (moderno). 

Nele, os comandos clássicos da franquia são simplificados. Ao invés de seis botões, utiliza-se quatro. Além disso, ao invés de “gastar seu dedo” para fazer um hadouken utilizando três setas do analógico, basta apertar o botão de especial (sim, nesse controle tem um botão dedicado aos golpes especiais).

Mortal Kombat 1 vai pelo caminho oposto

Mortal Kombat 11 foi um dos jogos de luta mais vendidos da geração recente de consoles. Com combos mais curtos, jogabilidade mais lenta que a do jogo anterior e muito conteúdo extra para todo tipo de gosto, a Netherrealm viu seu título receber chuvas de elogios da crítica especializada.

Por outro lado, alguns jogadores mais competitivos reclamam dos sistemas “simples” e da falta de opção de golpes e combos (eu nunca entendi essa parte, sinceramente).

Diante disso, ao começar a jogar Mortal Kombat 1 notei uma diferença grande em relação ao 11. Combos grandes (os Kameos, muitas vezes, funcionam para estender os combos), combos aéreos em profusão (quando você levanta o seu oponente e fica batendo nele enquanto ele está no ar).

Enquanto outros títulos rivais estão tentando ser mais abrangentes, parece que Ed Boon (presidente da Netherrealm) e companhia colocaram a faca nos dentes e trouxeram uma jogabilidade afiada e letal.

Você tem tempo para masterizar Mortal Kombat 1?

Aprender os combos leva tempo. Entender como funcionam os Kameos e como eles vão ajudar seu estilo leva tempo. Aliás, só para você entender toda essa nova dinâmica já vai lhe consumir bastante. Tempo este que você poderia estar jogando o bom modo história. 

Jogar sem os combos, sem os Kameos etc. é frustrante. Pois o jogo foi feito em torno desse sistema. Os combos sem auxílio de Kameos ou golpes extensores (como o arpão do Scorpion ou o congelamento do chão do Sub Zero) ficam demasiadamente curtos e tiram pouca energia. Jogar online sem saber isso é pedir para levar uma surra.

Daí eu te pergunto: qual o percentual de jogadores que terá tempo, vontade e dedicação de se aprofundar nessas mecânicas? Provavelmente um número bem menor daqueles que tiveram que gastar menos tempo e energia para aprender a mecânica de outros jogos.

Além da diferença na jogabilidade, o jogo possui menos opções de modos mais “casuais”. Em Mortal Kombat 1, não temos mais a Krypta de MK 11. Agora, temos basicamente o modo História, as Torres Clássicas e o modo Invasão.

Independente do que você acha do modo, notamos uma certa redução nesse tipo de modo. E isso pode afastar os jogadores mais casuais, que não necessariamente curtem desafiar suas habilidades online e muitas vezes preferem curtir outros modos de jogo.

Tiro no pé ou sucesso com a comunidade competitiva?

Street Fighter 5 foi muito criticado ao ser lançado sem praticamente nenhum modo offline que não fosse o treinamento e o tutorial do jogo. Ele não tinha modo história. Sequer tinha um modo arcade.

Como eu gosto bastante de jogar online, confesso que, em um primeiro momento, não reparei (!) nesse deslize da Capcom. Porém, estava claro que eu estava errado. Afinal, a voz do povo é a voz de Deus. 

Street Fighter V teve suas vendas negativamente afetadas por conta da ausência de modos de jogo mais “casuais”. O jogo estava praticamente enterrado em seu lançamento. Porém, a venda de skins (acredite, as roupas meio que salvaram comercialmente o jogo) e o sucesso que o jogo fez em torneios da Capcom fez que ele sobrevivesse tempo suficiente para a Capcom decidir seguir dando suporte ao jogo por muitos anos.

Mortal Kombat 1 parece ter nascido feito para os torneios de luta e para os jogadores mais competitivos. Será isso um tiro no pé? Ou a comunidade vai abraçar o jogo e conseguir levar o título por anos e anos?

Eu tenho uma teoria de que, quanto mais acessível, mais chances um jogo tem de atrair novos jogadores. E, atraindo novos jogadores, a tendência é que ele se perpetue por anos e, consequentemente, gerações.

E você, concorda comigo ou enxerga de forma diferente?

Para você, Mortal Kombat 1 vai conseguir ter o mesmo sucesso de seu antecessor Mortal Kombat 11?

Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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