Desde torno dos anos 2000 tivemos uma onda grande de jogos de simulação. De Roller Coaster Tycoon a Sim City, os jogadores se acostumaram a gerenciar recursos, construir as mais diversas estruturas e controlar uma divindade com um único objetivo: Alcançar o sucesso a partir de uma tela em branco. Per Aspera, desenvolvido pela Tlön Industries, traz uma visão moderna, ambiciosa e refrescante que faz o jogador ficar imerso no vazio de Marte.
Per Aspera já está disponível para PC via Steam. Essa análise foi feita com um código cedido pela produtora.
O que é Per Aspera?
Como mencionado, o jogo se caracteriza como uma simulação, na qual os jogadores precisam desenvolver uma base espacial em Marte. Para isso, é necessário coletar recursos e prosperando tecnologicamente a partir do ambiente hostil do planeta. Existem dois modos principais no game, um sendo para acompanhar uma campanha que contém uma narrativa intrigante e coesa, e o outro permitindo a construção e gerenciamento da base sem nenhuma interferência da história.
Contendo uma jogabilidade bastante parecida com Sim City, os jogadores são inseridos na pele da IA Autonomous Machine Intelligence, encurtada para AMI. A mesma conta com uma rede neural pela qual, conforme progride na história, começa a se desenvolver por conta própria, gerando um paralelo entre o aprendizado do robô e o do jogador, que se familiariza com as mecânicas do game. Para acompanhar a narrativa, ocorrem diálogos com cientistas e engenheiros da NASA que prometem apoiar os jogadores nos objetivos, assim como contextualizar toda a ambientação do game.
Uma odisseia no espaço
Per Aspera conta com uma jogabilidade bastante complicada no começo, repleta de submenus, recursos e estruturas para se familiarizar. No entanto, com o apoio da campanha principal, fica fácil de entender o fluxo das telas e os jogadores percebem na grande quantidade de conteúdo que o game proporciona. Ao pousar em Marte, recebemos um robô ajudante que permite construir e realizar o trabalho manual para colonizar o planeta. Após construir estruturas que nos permitem coletar os minerais mais básicos do terreno, como Silício, Ferro e Carbono, introduzem-se estruturas mais avançadas que transformam os materiais em peças de construção, eletrônicos e vidro. A partir daí entra o fluxo de jogo ao qual é fácil de se imergir.
Depois de desenvolver os pilares de sua base espacial, são disponibilizadas ferramentas que liberam novas regiões do planeta, assim como recursos que facilitam a chegada de cientistas e outros tripulantes à órbita marciana. Estes humanos então passam a trabalhar em melhorias espaciais para que a base possa ser aprimorada. Assim, pode-se desenvolver desde estradas mais rápidas a novos recursos como Plutônio e até a melhoria da produtividade das minas e fábricas. Conjunto a isso existem perigos do ambiente hostil de Marte, contendo meteoros, tempestades de areia e os desgastes de estruturas causados pelo clima.
O game conta com uma campanha extensa e que introduz cada mecânica e edificação presente na versão de lançamento do jogo. Dessa maneira, o mesmo flui tranquilamente, tornando a experiência muito prazerosa e difícil de se colocar de lado. Um dos únicos pontos negativos, no entanto, encontra-se na falta de uma tela de missão mais detalhada. Por conta disso, em alguns momentos é difícil de entender o objetivo a ser seguido, visto que o mesmo é apresentado de maneira resumida no canto superior da tela.
Dando vida ao vazio de Per Aspera
Um dos grandes pontos positivos do jogo se encontra na maneira singela que os desenvolvedores conseguiram trabalhar a narrativa do game. Apesar de controlarmos um robô, que gerencia a estação espacial no local, temos alguns diálogos breves com as cabeças por trás da operação. Através destas conversas entendemos melhor a época na qual o jogo se passa, assim como os sentimentos dos humanos que nos acompanham na aventura. Com as vozes de Troy Baker, Phil LaMarr, Laila Berzins, entre outros, recebemos uma variedade de emoções sendo narradas a cada descoberta ou surpresa que ocorre durante a história.
Ainda, conforme a AMI reflete sobre sua existência e os seus feitos no planeta, percebemos que a rede neural se torna cada vez mais humana. Com isso, é fácil criarmos um vínculo forte com a mesma durante a campanha. Isso se destaca quando temos que tomar decisões em algum momento do jogo como perseguir alguma tecnologia específica ou então como se preparar para uma chuva de meteoros, por exemplo. Nesses momentos AMI irá filosofar se a decisão tomada foi correta e o que isso desencadeará no planeta.
Em conjunto a tudo isso está a trilha sonora do game que cria uma ambientação vazia e solitária, mas também tranquilizante. No entanto, a música de fundo pode ficar enjoativa após algumas horas a fio.
Os visuais não deixam a desejar, seguindo uma estética mais simplista, porém coesa com a proposta do game. E para facilitar demais a vida dos jogadores, ainda é possível alternar entre diversas visões do mapa que mostram desde os minérios disponíveis para coleta até o tráfego das rotas entre as estruturas ou o estado de saúde de suas construções.
Is there life on Mars?
Per Aspera se sucede em entregar um jogo com uma linha de aprendizado desafiadora, porém viciante. O jogo com certeza agradará os fãs de RTS e Simulação e conta com uma campanha repleta de talentosos dubladores! Ainda, está com os menus e legendas localizados em Português do Brasil, facilitando a vida dos jogadores brasileiros. Se você gosta de jogos de estratégia como Sim City, não deixe passar esse game incrível desenvolvido por um pequeno estúdio argentino.
Essa análise segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Per Aspera
Visual, ambientação e gráficos - 8.5
Jogabilidade - 9
Diversão - 10
Áudio e trilha-sonora - 8.5
Narrativa - 9
9
Excelente
Per Aspera é viciante, possui uma grande curva de aprendizado e sua campanha conta com uma narrativa bastante coesa para o jogo, trazendo diversas reflexões sobre IAs e o espaço. Recomendo a fãs dos gêneros de simulação e estratégia!