Quando olhei pela primeira vez as imagens de Hidden Dragon Legend, eu fui pescado. A estética do sudeste asiático sempre me encantou e eu acabo me interessando por tudo que é ambientado nesse tema. Assisti alguns trailers e realmente me interessei por esse jogo independente. Porém, meu logo tive meu primeiro “que diabos?”. Isso foi quando no trailer sobre o lançamento do jogo, eles mostraram o jogador aplicando um especial no nada. Isso mesmo, no nada. Que empresa em sã consciência colocaria no trailer de lançamento do seu produto o boneco aplicando um especial no vento? Veja abaixo:
Ok, é um jogo indie, eu pensei…
Não poderia estar tão errado. Ao iniciar Hidden Dragon, eu percebi que, apesar de errarem com essa parte do trailer, todo o resto foi bem escolhido, pois mostrava um visual muito interessante que logo se mostrou duro, sem capricho e, no mínimo, estranho. A movimentação dos modelos é estranha, exageradamente rápida em alguns casos e curiosamente lenta em outros momentos, uma inconstância que incomodava a cada cutscene. A exceção da crítica ruim ao visual fica com os cenários que, mesmo sendo vazios na maioria dos casos, acabam em muitas partes deixando a fotografia muito bonita.
Falando em cutscenes, é nelas que um dos piores pontos do jogo se faz presente: a história e, meu deus do céu, os diálogos. A história é aquele cliché do herói que acorda sem memória por ter sido acometido por um incidente que descobriremos ao desenvolvermos a trama, mas é tudo tão de repente, tão mal explicado e tão forçado que você fica sem entender absolutamente nada e, pior, sem vontade de saber. É incabível que em 2017 jogos tenham diálogos tão pobres. Nem mesmo games de temática infantil tratam seus usuários dessa maneira.
É algo que beira o ridículo, como logo no começo quando o primeiro vilão é reveleado:
“Capitão, nós achamos um. E ele é um guerreiro incrivelmente habilidoso!” – um soldado qualquer avisando seu mestre sobre a presença do protagonista.
“Hmph! Eu duvido” – e em seguida o chefe dá um chute em seu capanga, estala o próprio pescoço numa demonstração viril tosca e ordena ao resto do grupo que assistia a cena impassível:
“Deem um jeito nesse tolo!” – todos saem correndo gritando, sedentos por briga.
Pois é. Para piorar, além de diálogos toscos ainda há a presença insistente de diálogos explicativos que não fazem nenhum sentido. Esse vilão do início do jogo foge dizendo ao protagonista que estava fugindo para avisar a um superior e, para completar, ainda cita o nome completo de seu próprio chefe. Que vilão em seu estado normal revelaria seus planos e o nome de seu superior na presença do próprio mocinho? Desculpe, não é aceitável.
Aliás, é extremamente importante destacar que, para completar esse bolo azedo, há a cereja da dublagem que é terrível. Além de ser completamente desincronizada com os lábios dos personagens, o resultado do trabalho foi audios que faltam tudo, desde emoção, passando por intonação, afinação, ou seja, um desastre completo.
Particularmente, gostei muito dos visuais do personagem
A mecânica plataforma 2,5D, como foi anunciado pela desenvolvedora, parece interessante no começo, e de fato tem alguns bons momentos com aproximação da câmera e alguns bons quadros, mas só é boa nessas transições. Logo você percebe que a jogabilidade extremamente dura impede a precisão de certos movimentos e é justamente isso que você precisa em diversos momentos do jogo, tornando a aventura de plataforma frustrante, pois a dificuldade não recai na superação dos desafios em si e sim nas falhas de design do jogo. E o recheio desse rocambole é o caso dos auto-saves que são muito ruins, geralmente logo antes de cutscenes longas e desnecessárias (apesar da opção de pular, ainda assim são irritantes), muito depois de algum desafio difícil ou no meio de algo complicado.
O mesmo se aplica ao combate. Muito interessante em alguns momentos, mas é tão cheio de erros e tão vazio de balanço entre itens, inimigos e a própria mecânica de movimentos que depois de um tempo passa ser simplesmente uma questão de fuzilar o dedo em determinados botões. Um grande exemplo são as adagas que você pode lançar na direção dos inimigos. Ela é extremamente roubada ao ponto de eu vencer alguns chefes praticamente só lançando adagas. Inclusive destravei um troféu de sei lá quantos mil hits só lançando adagas e sem deixar que o chefe aparecesse na imagem.
Até os especiais, que deveriam ser úteis em um jogo com tantos inimigos pela frente acabam se tornando obsoletos na maior parte do tempo, haja vista que são praticamente inúteis contra os chefes e contra muitos alvos (veja o gif lá de cima), forçando o jogador a optar pelas habilidades que garantem efeitos passivos. A parte positiva do combate, na minha opinião, fica com a diversidade de inimigos que é de fato interessante e só tem sua curiosidade quebrada pelas já mencionadas adagas.
Logo, podemos tirar daí o fato de que a progressão do personagem é fraca. Além de limitada na quantidade, ela é também limitada pela utilidade de suas habilidades. Acaba que a única progressão que realmente importa é através dos itens que podem ser adquiridos de diversas formas, entre elas achar baús escondidos pelo mapa. Achar esses pontos secretos são legais, devo admitir, pois a exploração dos cenários é interessante, pelo menos.
A trilha sonora é boa, realmente é difícil errar nesse quesito quando se trata da China imperial. Porém, um fiapo de combate divertido, com uma pitadinha de bons inimigos e chefes e uma música legal não conseguem salvar a catástrofe que Hidden Dragon Legend acabou sendo. Eu realmente queria dar 2 de 5 para esse jogo, mas eu lembrei que ele custa R$ 61,50 e, infelizmente, pagar R$ 61,50 para receber isso é um preço extremamente alto. Sessenta reais por um produto de qualidade questionável! Tanto jogo bom, ainda mais brasileiros, por aí por um preço muito melhor e você vai gastar essa bufunfa em um china pelado com espada nas costas?
{{
plataformas = [PS4]
nota = [1/5]
game = [Hidden Dragon Legend]
game = [ ]
info = [Lançamento: 19/09/2017]
info = [Produtora: MegaFun Games]
info = [Distribuidora: Oasis Games]
texto = [Um belo exemplo de falha em dar]
texto = [um passo maior que a perna.]
decisão = [Desastroso!!]
positivo = [Trilha sonora]
positivo = [Visual interessante]
negativo = [Narrativa/diálogos ruins]
negativo = [Mecânica dura]
negativo = [Repetitivo]
negativo = [Progressão de personagem limitada]
negativo = [Falta capricho]
}}
