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Análise: Psychonauts 2 é uma grande surpresa

Confira abaixo a nossa análise de Psychonauts 2:

Psychonauts 2 chegou na semana passada para Xbox One, Xbox Series, Playstation 4 e 5 e PC e foi agraciado pela crítica. Nós acabamos jogando o jogo um pouco depois data por conta da quantidade de jogos e embargos que recebemos recentemente, mas a espera valeu muito a pena. Sou um dos muitos jogadores que não teve contato com o primeiro jogo da série, que foi lançado 16 anos atrás, e os trailers que a Microsoft vinha soltando não vendiam o jogo muito bem. Psychonauts 2 está sem sombra de dúvidas entre os melhores jogos do ano, acertando em todas as suas propostas.

Veja também a nossa análise de Psychonauts 2 em vídeo:

A história de Psychonauts 2

Para quem não conhece a série, Psychonauts coloca a gente na pele de Razputin, um vidente descendente de uma família de acrobatas que viaja pelo mundo com seu circo. No primeiro jogo da série, o personagem foge da sua família para fazer parte de uma equipe de espiões psíquicos chamada Psychonauts, que entra na mente das pessoas para curar as suas mágoas, ressentimentos e bagagens do passado. Razputin vai desenvolvendo novas habilidades dentro da equipe, que permitem levantar objetos através da telecinese, ou se locomover por figmentos da imaginação das pessoas, por exemplo. A gama de poderes é diversa, mas o fato é que todos eles, misturados com as habilidades acrobatas de Razputin, criam um gameplay extremamente divertido.

Ao longo da trama da série, o personagem vai descobrindo mais sobre a história dos fundadores dos Psychonauts, viajando pelas suas memórias, experiências e imaginações. Isso tudo acontece dentro da mente das pessoas, mas o jogo não se restringe a isso. É possível também percorrer e explorar o Quartel-General da equipe e os seus diversos arredores, com pedreiras, acampamentos, florestas e laboratórios. Cada um desses locais revela personagens incrivelmente carismáticos, interessantes e engraçados, que tornam a experiência de Psychonauts 2 muito divertida.

Um roteiro incrível

O jogo vai levando a gente pela trama de forma fluida, e cada personagem funciona como uma ponte entre os diferentes momentos do jogo. A Double Fine fez um excelente trabalho de roteiro e design, que muda toda hora os cenários, a jogabilidade, os desafios e a experiência geral do jogo. A trama de Psychonauts 2 começa quando se descobre que um infiltrado estaria presente no Quartel-General da organização. À medida que se avança na história, coleta-se itens, objetos e colecionáveis que representam os pensamentos das mentes por onde Razputin passa. 

Estou analisando o gameplay e a história do jogo juntos porque ambos se conectam de forma primorosa, e esse é um dos elementos que fazem Psychonauts 2 ser tão genial. Ao longo da história, Razputin precisa se infiltrar na mente dos criadores da organização e de outros personagens, e cada um deles possui uma psique única, com cenários, inimigos e coletáveis próprios que representam suas mentes. A grande beleza do jogo é trazer histórias e problemas comuns de todas as pessoas, e é inevitável não se identificar com vários dos personagens do jogo.

Falando de saúde mental de forma caricata e humana

A temática de Psychonauts 2 é saúde mental, e conforme vamos entrando na cabeça dos personagens, nos deparamos com memórias, angústias, julgamentos, ressentimentos, dúvidas, ansidades e outras sensações e acometimentos que são de fato inimigos a serem destruídos. É aí que o jogo acerta, dando um toque humano e um contexto extremamente interessante para a mente de cada personagem que Razputin visita. Cada um deles possui experiências, paixões, obssessões e formas de pensar distintas que modificam a forma como os cenários e desafios de plataforma se dão no jogo. 

Há personagens com crises de ansiedade, problemas de auto-confiança, traumas passados, depressão, delírios, e outros acometimentos mentais que criam diferentes desafios ao mesmo tempo em que constrõem laços de afetividade entre o jogador e o personagem. Psychonauts 2 é o jogo mais empático que eu já joguei, e a forma como os roteiristas representam a mente humana de forma caricata, porém precisa, é digna de prêmio. Cada personagem é diferente, e entrar na cabeça de todos eles e descobrir os mundos dentro das suas mentes é incrível, e faz com que se queira continuar jogando mais e mais.

Como eu nunca tinha jogado Psychonauts e nem tinha pesquisado muito sobre o jogo, eu imaginava que o título seria uma espécie de jogo de plataforma cartunesco com humor, mas ele é muito mais que isso. Psychonauts 2 não se leva a sério, e acerta bastante no humor, mas também traz momentos obscuros e pesados que podem até gerar gatilhos aos jogadores. Tratar de temáticas como a perda de um ente querido, a separação, e a aceitação de decisões passadas não é fácil, e o jogo consegue abordar esses tipos de temas com muito tato, balanceando bem os momentos de humor e os momentos de emoção.

O gameplay de Psychonauts 2

Psychonauts 2 traz elementos de plataforma que me trouxeram uma certa nostalgia durante suas 12h de gameplay. A sensação que eu tive foi de ser transportado para 2005, quando os jogos eram extremamente coloridos, psicodélicos e cheios de colecionáveis e itens espalhados pelos mapas. Essa essência foi mantida e é possível encontrar coisas em absolutamente todos os cantos do jogo, mecânica essa que nos faz querer explorar cada centímetro dos cenários.

Há 8 habilidades, que podem ser melhoradas conforme Razputin vai subindo de level, e permitem fazer combos diversos durantes combates. É possível equipar 4 poderes de uma vez, que podem ser controlados rapidamente através dos botões superiores do controle. Há também uma roda de poderes que pode ser acessada segurando o direcional para cima caso você precise trocar uma habilidade em algum momento específico. Os poderes de Razputin auxiliam também durante puzzles, minigames e desafios de plataforma, que variam drasticamente dependendo de cada mente. Como eu mencionei antes, os cenários variam bastante baseados nas memórias das pessoas, tanto em temática, quanto em termos de inimigos e desafios, e cada nova invasão é uma surpresa. Há níveis em pistas de boliche gigantes, hospitais disfarçados de cassino, bibliotecas, tufos de cabelo, livros e muitos outros lugares. Criatividade é o ponto forte de Psychonauts 2, e é praticamente impossível saber o que virá pela frente.

Missões, side quests e chefões

Há também missões secundárias no jogo, que desvendam um pouco mais da história, que é extremamente rica em detalhes e se conecta maravilhosamente do início ao fim sem nenhum furo. É bastante recomendável, inclusive, que se faça essas missões ao longo da jornada, já que elas mostram curiosidades e pontos específicos da história que remetem ao jogo anterior ou a outros personagens que são encontrados na trama. Além disso, essas side quests dão pontos de experiência preciosos, que ajudam bastante na tarefa de melhorar as habilidades. O jogo também possui uma loja, chamada Otto Matic, que vende itens e broches que incrementam o personagem e suas habilidades, e são essenciais principalmente nas lutas contra chefes, que são o auge da criatividade de Psychonauts 2.

Cada chefe concentra todas as características da psiqué dos personagens, variando drasticamente. Há, por exemplo, bichos de pelúcia que vomitam na sua direção e polvos gigantes que tacam fichas de cassino na sua cara. Todos eles são muito bem desenhados e oferecem combates bastante divertidos.

Uma direção de arte monumental

Tudo isso acontece em meio a belos gráficos, que cumprem bem a proposta cartunesca e estilizada do jogo. Psychonauts 2 segue a linha do jogo anterior, com modelos relativamente simples, mas não ache que o jogo seja feio por isso. Novamente, a criatividade infinita do time da Double Fine proporcionou cenários consideravelmente variados e detalhados, com efeitos e partículas por todos os lados. Eu sou um daqueles que não achava Psychonauts 2 bonito julgando pelos trailers, mas felizmente, quebrei a cara e percebi que o jogo tem momentos lindos e memoráveis.

Todo o visual se mescla com a excelente trilha sonora do jogo, que vai variando de acordo com cada mente, e traz canções e obras originais de altíssima qualidade. Eu me arrisco a dizer, inclusive, que Psychonauts 2 trouxe a melhor trilha sonora do ano, que acompanha os diálogos com poucas e impactantes notas que vão dando o tom de cada cena. O jogo é uma experiência visual e sonora absurda, e certamente ganhará prêmios nesse quesito esse ano.

Conclusão – Análise: Psychonauts 2

Para resumir essa análise, Psychonauts 2 foi uma grande surpresa para mim. Eu não esperava que o jogo tivesse um roteiro e uma trama tão bem escritos, que traduzem perfeitamente as fragilidades da mente humana. Todos os acontecimentos do jogo se encaixam maravilhosamente, e a cada nova mente invadida, temos mais vontade de saber o que virá pela frente. O gameplay do jogo não é exatamente inovador, mas é muito divertido, e vai agradar aos fãs de jogos de plataforma, principalmente aqueles que adoram procurar colecionáveis ao longo do percurso. Psychonauts 2 demorou 16 anos para ser lançado, e finalmente, deu para perceber que cada segundo de espera valeu a pena.

Esta análise de Psychonauts 2 segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Confira também:

Psychonauts 2

Visual, ambientação e gráficos - 9.5
Jogabilidade - 9.5
Diversão - 10
Áudio e trilha-sonora - 10

9.8

Maravilhoso

Psychonauts 2 é a maior surpresa de 2021, e fica facilmente entre os melhores jogos do ano.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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