Análise: Sonic Frontiers é o Breath of the Wild da SEGA

Até hoje me lembro quando estava andando no shopping e vi o Sonic 3D Blast para Mega Drive. “Sonic virou 3D”! E a partir daí começou uma revolução 3D na franquia que passou por Sonic Adventure, Sonic Generations, Forces e finalmente chegamos em Sonic Frontiers que obviamente traremos sua análise aqui.

Será que o ouriço azul mais rápido do mundo vai conseguir uma revolução em sua cansada fórmula com essa aposta de mundo aberto ou veremos mais um jogo esquecível do mascote da SEGA?

Essa análise de Sonic Frontiers foi feita graças a um código cedido pela distribuidora. O jogo já se encontra disponível para PS5, PS4, Xbox Series, Xbox One, PC e Nintendo Switch e conta com legendas em pt-br.

Uma história de cortar os pulsos de chata

Bem, eu vou iniciar essa análise de Sonic Frontiers falando de sua história que eu não tenho como ser gentil. A história é simplesmente fraca e desnecessária.

Como esperado temos o icônico vilão Robotnik mexendo com uma arquitetura antiga que acaba despertando uns robôs diferentes que estamos acostumados a ver e ele é sugado para dentro dessa misteriosa pedra. Logo em seguida vemos nossos heróis voando para as ilhas Starfall onde estão buscando as esmeraldas do caos. Porém tudo dá errado e eles são sugados por um vortex.

A seguir nós temos Sonic nesse novo e estranho mundo, que mescla realidade com um mundo digital, onde irá explorar algumas ilhas onde cada uma terá um aliado e missões específicas para libertar e interagir com eles. E aqui vai a primeira crítica, a interação com os personagens é lenta e sua animação é estranha. Tudo acaba sendo muito artificial e se agrava com uma dublagem que pouco empolga sem contar que a animação dos personagens é muito limitada.

Não apenas a animação é limitada, como os gráficos nas cutscenes são bem questionáveis. Muitas vezes a modelagem dos personagens me lembrava de Sonics lançados no PS2.

Apesar dos personagens clássicos com suas atuações sonolentas, a história que envolve as Ilhas Starfall é interessante. É muito bacana ver seus habitantes e entender o que levou essa civilização à destruição, assim como seus esforços para se manterem vivos. Adicionalmente temos como antagonista uma misteriosa e nova personagem chamada Sage que a princípio trabalha para o Robotnik, mas que tem uma personalidade e opinião que vai sendo desenvolvida através das ações de Sonic e de seu eterno rival.

Ou seja, temos aqui uma história com uma lore interessante que infelizmente é muito mal apresentada e desenvolvida.

Lindos gráficos e Blast processor

Agora falando dos visuais encontrados no mundo aberto do jogo, temos aqui uma experiência completamente diferente do que vemos em suas cutscenes.

Os diversos biomas que temos oportunidade de atravessar são lindos e em diversos momentos eu me peguei apenas admirando os visuais. Cada uma das ilhas tem um tema, mas que mesmo assim mescla lugares mais ou menos arborizados assim como partes com ou sem água. E claro, temos muitas aberrações mecânicas estáticas e se movimentando por este mundo.

Como o mundo conta com sistema de dia e noite, é possível ver a iluminação mudar ao longo da jogatina, além do fato que ao cair a noite temos a dualidade entre a escuridão e as luzes que iluminam esses mundos.

Porém, eu faço uma crítica na parte visual. Antes de jogar Sonic Frontiers eu tinha achado muito estranho ver os trilhos e molas voando pelo ar. Verdade seja dita, realmente é feio ter tanta coisa jogada no cenário, porém, isso serve para dar mobilidade ao Sonic e funciona muito bem sendo um dos grandes destaques do jogo.

Porém, mesmo tendo jogado no PS5, a quantidade dessas construções que vão pipocando na tela é algo negativamente incrível. Em muitos momentos você olha para uma ilha voadora mais distante e pensa como será que irá chegar nela, porém, só saberá se conseguirá chegar nessas partes chegando no local, pois essas construções vão aparecendo magicamente na sua frente. Isso por diversas vezes  tira a imersão do jogo sendo que raramente é possível planejar algum movimento já que tudo vai aparecendo à medida que anda. 

O mundo aberto funciona de forma inusitada

E bem, vamos agora para a parte mais crucial dessa análise, o mundo aberto funciona ou não em Sonic Frontiers?

Eu agora acabei de falar que as estruturas para interagir aparecem à medida que anda e isso é realmente estranho, porém, funciona. De certa forma tudo foi feito de forma pensada e o jogo tem um grande foco em game design.

O que eu quero dizer com isso é que tudo é feito de forma automatizada. Uma faixa de turbo te leva para outro turbo, que te leva para uma mola e que te leva para um trilho para deslizar e que te leva para um gancho e por aí vai.

É incrível como essa exploração do mundo funciona e funciona bem demais. De certa forma aqui eu tive um sentimento similar a The Legend of Zelda Breath of the Wild onde era prazeroso demais explorar cada canto e tentar chegar em lugares distantes ou inacessíveis. Inclusive é impossível não pontuar que foi usado o mesmo som do Breath of the Wild quando se conclui um puzzle e libera parte do mapa.

E por falar em puzzles, o mapa está repleto de micro atividades que te darão algum tipo de benefício como itens para melhorar ataque, defesa, velocidade e número de moedas carregadas. Além disso, é possível ir liberando o mapa aos poucos, o que faz com que novas plataformas e trilhos sejam revelados facilitando a travessia.

Esses puzzles no geral são bem simples e bobos, porém, eles acabam funcionando por serem rápidos. Inclusive Sonic Frontiers funciona muito bem quando ele é rápido, ou seja, quando Sonic é Sonic.

Um gameplay cheio de altos e baixos

Se Sonic Frontiers fosse apenas um jogo de exploração eu ia parar por aqui com esta análise e iria elogiar bastante ele, porém, tenho que abordar alguns pontos muito importantes em seu gameplay incluindo o combate que é cheio de altos e baixos.

Para explicar o gameplay, tenho que falar como funciona o ciclo de Sonic Frontiers. Primeiro você chega em uma ilha onde encontrará um de seus aliados. Você precisará explorar a ilha e coletar tokens para continuar com sua história. Além disso, você deverá derrotar pequenos e grandes inimigos para conseguir engrenagens que liberaram as fases clássicas lineares que ao terminá-las conseguirá chaves que destrancam as esmeraldas do caos. E com as esmeraldas em mãos, você vai poder enfrentar o grande titã da fase em uma batalha épica.

Agora que o ciclo está explicado vou abordar cada ponto na ordem em que falei. Eu já afirmei que explorar a ilha é super prazeroso e que esses tokens vêm de forma natural. E também já mencionei que o desenrolar da história é arrastado, porém, o que não falei é que em alguns momentos você terá que fazer umas missões obrigatórias na forma de mini games que são possivelmente a pior coisa do jogo. Certamente minhas maiores frustrações vinham desses eventos obrigatórios que quebra completamente o ritmo do jogo onde temos que juntar os habitantes dessa ilha como se fossem ovelhas ou até capinar um lote. Eu sinceramente me questiono quem levou essa ideia para frente.

E indo para o embate de inimigos ele no geral funciona, porém como já mencionei em algum momento, ele é melhor quando é rápido. Sonic sempre foi sobre velocidade e poder utilizar uma estratégia e eliminar o inimigo indo para o próximo é bem legal. Mas quanto mais se arrasta a luta, mais chata ela fica. E isso, no geral, está relacionado ao tamanho do inimigo onde os maiores são uma espécie de mid bosses. Vale pontuar também que as habilidades que o Sonic desenvolve ao longo das fases acabam funcionando muito bem e sendo uma boa adição ao jogo.

E bem, após derrotar esses inimigos e conseguir as engrenagens, é possível ativar vários totens ao longo do mundo que terão as fases lineares clássicas com movimentação em 2D e 3D trazendo uma espécie de remake de muitas das fases que conhecemos e amamos. Cada uma dessas fases terão desafios de tempo, anéis, moedas vermelhas e a própria conclusão da fase. Cada um desses objetivos irão te dar uma chave para liberar as esmeraldas dos caos. Eu aqui fui transportado para os bons momentos da minha infância, assim como tive uma sensação similar quando joguei o excepcional Sonic Generations.

E por fim, após conseguir as 6 esmeraldas você deverá enfrentar o titã. Inicialmente é necessário escalar cada titã que tem a última esmeralda em sua cabeça o que apresenta um interessante desafio de plataforma, porém, depois de virar Super Sonic a luta desanda. Você fica super poderoso e fica imortal. E aí temos uma luta megalomaníaca nos moldes de Dragon Ball. Você voará, baterá no inimigo, fará fugas monumentais e mais. Isso tudo com um rock pesado e agitado tocando no fundo. Isso acaba sendo uma grande salada que no fim não traz prazer para os jogadores.

Conclusão

E depois de tudo que falei, finalmente cheguei ao fim desta análise de Sonic Frontiers. Como deixei bem claro, o jogo é uma montanha russa de emoções onde traz novidades incríveis e ao mesmo tempo tem coisas que nem deveriam existir.

De certa forma eu acho que o Sonic Team tem um grande diamante bruto em suas mãos e já penso em um próximo jogo onde os erros e problemas podem ser sanados ou então algumas ideias bem questionáveis podem ser completamente descartadas como a adoção de mini games para prosseguir a história.

E tentando resumir minha experiência, eu me diverti muito mais do que me irritei com o jogo. A grande parte dele eu estava correndo, explorando o mundo, destruindo pequenos inimigos e estava curtindo muito as fases clássicas e lineares. Se Sonic Frontiers se resumisse a isso, seria mágico.

Porém, a cada dezenas de minutos eu era lembrado que tinha que fazer alguma tarefa chata ou uma luta muito demorada que acabava com o ritmo divertido que ele possui.

Temos aqui o melhor sonic 3D já feito? Bem, se não fosse pelo Sonic Generations eu diria que sim. Sonic Frontiers tem muito potencial e diversão, mas ele ainda precisa de melhorias em diversas áreas para se tornar fluido e perfeito!

Essa análise de Sonic Frontiers segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.