Análise: Blades of Fire
Forje o seu caminho
Blades of Fire é a mais recente criação do MercurySteam, estúdio espanhol aclamado por seu trabalho na trilogia Castlevania: Lords of Shadow e nos reimaginados Metroid: Samus Returns e Metroid Dread. Trata-se de um jogo de ação e aventura que se propõe a oferecer uma experiência singular, com um sistema de combate distinto do convencional e uma narrativa original ambientada em um mundo dominado pelo poder das forjas. Convidamos você a prosseguir com esta análise para desvendar os detalhes desta nova aventura.
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Um mundo forjado em aço e fogo
A trama de Blades of Fire se desenrola em um mundo outrora regido por gigantes conhecidos como Forjadores. Após sucumbirem em uma grande guerra, estes seres ancestrais deixaram como legado a humanidade, criada com o propósito de perpetuar a arte da metalurgia. Contudo, séculos mais tarde, a Rainha Nerea lança uma maldição que converte todo o aço em pedra, privando os forjadores humanos de seu ofício e transformando-os em exilados caçados.
O jogador assume o papel de Aran de Lira, cuja rotina em uma cabana isolada é abruptamente interrompida por ruídos suspeitos. Ao investigar, Aran se depara com uma carruagem sob ataque dos guardas da rainha. Apesar de seus esforços, o Abade Dorin não resiste aos ferimentos, confiando a Aran a proteção do jovem Adso. Este revela que acompanhava o abade em uma missão para encontrar o próprio Aran e entregar-lhe um artefato: um dos martelos primordiais usados na criação do mundo. A posse do item revela o potencial latente de Aran como forjador.
Assim, Aran e Adso iniciam uma jornada perigosa, buscando não apenas respostas, mas também a sobrevivência diante da perseguição implacável dos soldados da rainha.
A narrativa central se mostra interessante, embora os protagonistas Aran e Adso careçam de maior carisma. Ao longo da aventura, personagens secundários como a excêntrica Glinda injetam mais vivacidade à trama, contrastando com a postura predominantemente séria da dupla principal, que parece buscar uma dinâmica similar à de Kratos e Atreus.
Combate agressivo e tático
O sistema de combate é um dos principais destaques de Blades of Fire, introduzindo uma mecânica direcional para os ataques. Cada botão frontal do controle corresponde a uma direção ofensiva: X para golpes baixos, Quadrado para ataques à esquerda, Círculo para a direita e Triângulo para investidas superiores. Essa configuração exige que o jogador escolha estrategicamente a direção de seus golpes, explorando possíveis fraquezas ou resistências dos adversários.
Além dos ataques direcionais, o L1 aciona a esquiva, enquanto o L2 ativa a guarda, que também auxilia na recuperação de vigor. O R2, por sua vez, permite alternar entre posturas de combate ou trocar de arma.
Dominar a direção dos ataques é crucial, assim como identificar a arma e a postura mais eficazes contra cada tipo de inimigo. Para auxiliar nessa leitura, ao mirar em um oponente, um indicador visual exibe as cores verde (vantagem total e dano máximo), amarela (vantagem parcial) ou vermelha (desvantagem completa).
A gestão eficiente de ataques, esquivas, recuperação de vigor e movimentação constante é vital para superar os desafios propostos. Embora a base do gameplay de combate seja excelente, o jogo tropeça em um de seus conceitos centrais. O estúdio promove um combate tático, mas frequentemente sobrecarrega o jogador com um número excessivo de inimigos simultâneos. Isso transforma o que deveria ser estratégico em um ‘hack and slash’ focado na sobrevivência por meio de ataques frenéticos.
Outra falha notável reside na ausência de impacto nos golpes desferidos. Inimigos frequentemente continuam suas ofensivas mesmo após serem atingidos por ataques pesados. Da mesma forma, golpes carregados pelo jogador podem ser interrompidos abruptamente por ataques simples de adversários ágeis, o que gera frustração considerável.
Navegação confusa
Embora Blades of Fire apresente um mapa de dimensões consideráveis, sua exploração se dá de forma linear, com novas áreas desbloqueadas progressivamente. No entanto, o jogo falha significativamente no quesito navegação, ao não fornecer indicações claras sobre os objetivos. Essa omissão resulta em momentos frequentes de desorientação para o jogador ao longo da campanha. Os únicos marcadores visuais consistentes são os que apontam para as forjas (que funcionam como checkpoints) ou para colecionáveis recém-descobertos.
Grande parte dos ambientes, mesmo os mais abertos, assemelha-se a corredores, limitando o espaço de manobra durante os confrontos. Essa característica agrava-se com a presença de múltiplos inimigos, gerando situações de combate particularmente frustrantes.
A penalidade por derrota também merece menção: ao ser vencido, o jogador perde a arma que estava equipada. É necessário retornar à última forja visitada e refazer o trajeto para recuperar o armamento, o que implica enfrentar novamente os mesmos adversários.
Por fim, Adso, o companheiro de jornada, desempenha um papel auxiliar na resolução de alguns quebra-cabeças, oferecendo pistas e decifrando inscrições em linguagem ancestral para liberar passagens.
A forja
Na condição de forjador, Aran de Lira possui a capacidade de acessar a Forja, uma espécie de dimensão paralela onde pode criar armamentos, contanto que disponha dos materiais requeridos.
Blades of Fire não implementa um sistema tradicional de evolução de personagem. A progressão se limita ao acúmulo de gemas que podem conferir aumentos discretos de vida ou vigor. No mais, o desempenho em combate é ditado primordialmente pela arma empunhada.
Dentro da Forja, o jogador pode criar uma variedade de armas e personalizá-las extensivamente, selecionando diferentes componentes estruturais e os materiais empregados em sua confecção. Essas escolhas impactam diretamente atributos como o dano infligido, a durabilidade da arma e o consumo de vigor durante o uso. O processo de criação culmina em um minigame de marteladas, que determina a qualidade final do item.
A qualidade é representada por um sistema de estrelas, variando de zero a quatro. Cada estrela indica o número de vezes que a arma pode ser restaurada. Armas sem estrelas restantes são permanentemente destruídas quando sua durabilidade se esgota.
Gráficos e Aúdio
Na parte gráfica, Blades of Fire exibe um notável contraste. Enquanto os cenários se destacam pela beleza visual e por uma sólida direção de arte, a modelagem dos personagens desaponta. A falta de texturas refinadas e de maior detalhamento nos modelos remete à qualidade visual de jogos da era PlayStation 3, destoando do esperado para a geração atual.
Em contrapartida, o design de áudio apresenta qualidades, especialmente nos sons ambientes e a trilha sonora. As composições musicais são memoráveis e bem executadas. Contudo, o jogo falha na transição dessas músicas. Durante os confrontos, a trilha sonora intensifica-se para refletir a urgência do momento, mas persiste mesmo após a eliminação de todos os adversários, criando a falsa impressão de que o combate não terminou. Esse atraso na transição sonora compromete a imersão.
Conclusão da análise de Blades of Fire
Ao concluir esta análise de Blades of Fire, é evidente que o jogo apresenta um universo promissor e um conceito de combate intrigante. No entanto, sua execução tropeça em diversos aspectos que poderiam ter sido mais bem trabalhados. Destaca-se a dissonância na proposta de combate: o que é vendido como uma experiência tática frequentemente se transforma em confrontos contra hordas de inimigos, atrapalhando a oportunidade de planejamento estratégico.
Ademais, o jogo demonstra deficiências na orientação do jogador, seja através de uma progressão orgânica pelos cenários ou por meio de indicações claras no mapa. A qualidade da modelagem dos personagens também fica aquém do ideal, e o atraso nas transições da trilha sonora prejudica a imersão.
Apesar das críticas apontadas, Blades of Fire não se configura como um título dispensável. Contudo, carece de um polimento mais apurado para atingir o patamar de um jogo verdadeiramente memorável e consistentemente divertido.
Essa análise de Blades of Fire segue nossas diretrizes internas. Confira aqui nosso processo de avaliação.
É promissor, mas faltou refino ao ser forjado
Visual, ambientação e gráficos - 6
Jogabilidade - 7
Diversão - 6
Áudio e trilha-sonora - 6
História - 7
6.4
Mediano
Blades of Fire tem boas ideias, mas não consegue se classificar como um combate mais tático ou hack'n slash. Além disso, deixa a desejar em seus gráficos e o delay na trilha sonora pode atrapalhar o jogo. Fora isso, a navegação também deixa a desejar. Apesar de tudo isso, o conceito do combate é divertido.