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Análise: Robocop: Rogue City

Robocop: Rogue City é a melhor adaptação da franquia para os videogames

Robocop é um dos ícones mais emblemáticos do cinema de ação dos anos 80. Sua mistura singular de violência exacerbada, humor ácido e crítica social inteligente o tornou um clássico cult instantâneo. Agora, depois de muitas tentativas frustradas, finalmente temos um jogo à altura do lendário policial ciborgue.

Robocop: Rogue City, desenvolvido pela Teyon e publicado pela Nacon, é um FPS situado entre os eventos do segundo e terceiro filmes. Nele, o famoso policial robô investiga uma onda de crimes ligados a um novo chefão do submundo criminal em Detroit.

Essa premissa simples é tudo que a desenvolvedora precisava para construir uma carta de amor aos fãs, repleta de referências, combate sangrento, customização extensa e até o retorno do ator Peter Weller como Robocop.

Confira todos os detalhes dessa impressionante adaptação na nossa análise completa de Robocop: Rogue City abaixo:

Jogabilidade – Análise: Robocop: Rogue City

A jogabilidade de Rogue City entrega exatamente o que promete: colocar o jogador no controle de uma máquina imparável de justiça. Assim como nos filmes, Robocop é lento, porém praticamente indestrutível, capaz de absorver uma saraivada de balas antes sequer de piscar.

Isso permite, diferentemente de outros FPS, adotar uma postura extremamente agressiva. Podemos simplesmente seguir em frente, ignorando coberturas, enquanto atiramos rajadas certeiras da nossa Pistola Automática sobre os oponentes. Quando próximos o suficiente, também podemos utilizar nosso braço cibernético para arremessá-los pelo cenário.

E é impressionante como esses poucos elementos já são suficientes para trazer toda a personalidade do personagem para o game. A animação robótica de Robocop, seu andar pesado que faz o chão tremer e os efeitos sonoros metálicos de cada passo já bastam para nos transportar para dentro do universo dos filmes.

Mas é claro que Rogue City tem muito mais na manga do que apenas isso. Conforme progredimos e ganhamos experiência ao finalizar missões, podemos desbloquear novas habilidades que expandem nosso arsenal.

Itens como granadas de luz, que cegam temporariamente grupos de inimigos e permitem ataques furtivos são excelentes adições táticas. Já upgrades como munições explosivas, que fazem com que projéteis grudem antes de detonar, e recargas rápidas, para diminuir o tempo entre rajadas maximizam nosso dano.

Todos esses extras são muito bem-vindos, adicionando mais estratégia a um combate já bastante satisfatório, ao lado da nossa clássica parceira Anne Lewis.

E o fato do jogo manter um nível consistente de desafio é outro grande trunfo. Mesmo no fim do jogo, quando já somos praticamente uma torreta andante, a IA ainda consegue nos surpreender com combos mais agressivos e inteligentes, além de novos tipos de inimigos, mantendo a tensão alta.

Exploração

Entre as longas e sangrentas sequências de tiroteios contra gangues criminosas, também há momentos mais investigativos onde realizamos trabalhos policiais de rotina.

Nessas fases exploramos meticulosamente recriações de locais icônicos dos filmes, como a sede da OCP ou até mesmo a própria casa de Murphy. E apesar de Rogue City não ter um mapa totalmente aberto, as áreas, que funcionam como hubs, são relativamente grandes e recompensam jogadores que dedicam tempo a uma busca cuidadosa por todos os cantos.

Coletáveis como arquivos, fotos e vídeos expandem nosso conhecimento sobre os eventos da trama, revelando detalhes importantes sobre o passado de Murphy e dos novos vilões. Já itens mais práticos como suprimentos médicos, peças de armadura e créditos servem para melhorar nossas habilidades.

Mas o que realmente torna essas sessões memoráveis são as numerosas missões paralelas, nas quais assumimos o papel de legítimo “policial robô”.

Podemos escolher investigar o desaparecimento de uma testemunha chave, ajudar um informante usuário de drogas a se reerguer ou até mesmo resgatar o animal de estimação perdido de uma senhora.

Missões Secundárias – Análise: Robocop: Rogue City

Todas essas missões são pequenas, mas significativas, trazendo toques de humanidade e variedade que quebram o ritmo alucinado dos tiroteios, e permitem explorar o conflito entre a máquina impessoal e o policial dedicado dentro de Robocop.

Em outros momentos, lidamos com ocorrências bem mais triviais como multar veículos estacionados irregularmente, prender infratores por porte de bebida alcoólica em via pública ou confiscar produtos piratas.

E não pense que esses extras são meros preenchimentos: cada ação afeta suas estatísticas de desempenho policial, influenciando diretamente quão bem sucedido Alex Murphy é em manter sua humanidade nas difíceis decisões nos momentos finais da história principal.

Portanto, mesmo com uma agenda extremamente ocupada combatendo o crime organizado, vale muito a pena reservar um tempinho para também patrulhar as ruas como um legítimo “policial robô”, garantindo o cumprimento das leis e a segurança dos cidadãos comuns.

Esse esforço para mesclar missões épicas de tiro com atividades mais corriqueiras de um verdadeiro Robocop expande a imersão no universo do personagem, além de trazer muito mais variedade à campanha. Essa abordagem híbrida entre FPS e simulador policial é uma grata e inesperada surpresa.

Gráficos

Visualmente, Rogue City impressiona bastante para um jogo feito por um estúdio menor com orçamento limitado. É notável o uso que a Teyon fez da Unreal Engine 5, especificamente das ferramentas Nanite e Lumen, para trazer um realismo estilizado ao jogo. A iluminação, com raios de luz neon cortando a escuridão, e os densos efeitos de névoa, traz uma atmosfera sombria e opressiva muito similar aos filmes.

Os cenários também estão recheados de micro detalhes nostálgicos para fãs atentos, desde pôsteres de filmes cult da época até protótipos descartados do icônico ED-209 e outros robôs, adicionando de fato uma camada extra ao mundo que recompensa a exploração.

A animação facial e corporal dos personagens, por sua vez, também merece elogios. Desde o andar pesado característico de Robocop, passando pela gesticulação exagerada dos bandidos, até tiques mais sutis como o brilho assustado no olhar das testemunhas, tudo isso transmite personalidade e dramaticidade às interações.

Efeitos visuais como respingos de sangue, estilhaços de vidro e poeira levantada por explosões também são bem executados, aumentando o impacto dos constantes tiroteios. Até mesmo o modo “Raio X” usado para destacar alvos e evidências tem uma estética retrô condizente com a premissa futurista dos anos 80 que é fidedigna aos filmes.

Os designs dos ambientes também merecem atenção especial: desde a decadência chuvosa das ruas de Detroit até o minimalismo ameaçador do quartel general do vilão, passando pela atmosfera sórdida dos porões da OCP, todos os cenários são inspirados e memoráveis.

Trilha Sonora – Análise: Robocop: Rogue City

Na trilha sonora, o destaque fica para os solos funk de guitarra elétrica misturados com pesados graves eletrônicos, que nos colocam no clima retrô logo no menu principal. As músicas temáticas das fases de ação e furtivas têm papel igualmente importante, ora acelerando nossa pulsação durante tiroteios épicos, ora aumentando nossa tensão na espera por inimigos ocultos.

Já na parte técnica, a excelente mixagem faz com que sons ambientes, como o gotejar constante em porões úmidos e até mesmo o ruído hidráulico da movimentação das juntas mecânicas de Robocop sejam nítidos, aumentando o senso de espaço e presença dentro desse universo.

No geral, apesar de imperfeições eventuais como bugs de áudio ou quedas de frame rate, a equipe técnica e artística de fato conseguiu utilizar a Unreal Engine 5 para entregar um título impressionante para os padrões de um jogo independente, superando em muito as expectativas.

Narrativa

A premissa da narrativa em si, que serve como pano de fundo para a pancadaria constante que Robocop: Rogue City nos traz, é relativamente simples e direta, como manda a tradição das histórias de vingança dos filmes de ação dos anos 80.

Contudo, existem diversos momentos memoráveis, principalmente quando revelações impactantes sobre o passado de Murphy e detalhes sórdidos sobre os experimentos da OCP vêm à tona através de coletáveis escondidos.

Os frequentes diálogos com a Dra. Yvonne Hunter, nossa “psicóloga” durante as sessões de terapia obrigatórias, também permitem explorar com mais profundidade o intenso conflito interior entre o dedicado policial Alex Murphy e a eficiente máquina impessoal em que ele se tornou após o assassinato brutal que o vitimou.

Essa dualidade também fica evidente nas escolhas que somos forçados a fazer durante missões chave, que definem o destino de criminosos: prender ou executar impiedosamente um traficante desarmado; confortar uma testemunha apavorada ou interrogá-la com frieza robótica.

Em cada decisão, definimos um pouco mais a personalidade final de Robocop, o que aumenta o senso de conexão com o protagonista.

Personagens

O elenco coadjuvante também conta com alguns personagens carismáticos que enriquecem nossa jornada por Detroit. O destaque fica para o retorno triunfal de Nancy Allen como Anne Lewis, parceira de Murphy desde os tempos da academia de polícia.

Seu jeito durão e falas sarcásticas somados à excelente química com Robocop trazem mais profundidade e toques de humor à dupla dinâmica, essencial para amenizar o tom sombrio da história.

Já o antagonista principal e seu bando de mercenários sádicos, embora relativamente genéricos, como é de praxe em vilões sádicos de filmes B, ainda sim têm bons momentos graças aos maneirismos intimidantes.

Por fim, um grande trunfo no quesito elenco é o retorno vitorioso do lendário Peter Weller no papel que o tornou célebre nos anos 80. Sua interpretação seca repleta de pausas cômicas continua tão impecável quanto antes, embalando com maestria frases icônicas que já são parte da cultura pop.

A sinergia entre uma história repleta de reviravoltas, um protagonista carismático e vilões marcantes, combinada com a excelente recriação do universo sombrio de Robocop, resultam em uma experiência envolvente com a dose certa de drama, ação e comédia pastelão para agradar tanto fãs antigos quanto novos.

Conclusão – Análise: Robocop: Rogue City

Para resumir esta análise, Robocop: Rogue City de fato cumpre com maestria sua missão de trazer o guardião cibernético de volta aos games. A inteligente reinvenção de mecânicas clássicas de tiro em primeira pessoa com as limitações do personagem resultam em combates tensos e extremamente divertidos.

O mundo repleto de missões secundárias e segredos enriquece a experiência, transformando o game em um dos melhores indies do ano. Mesmo com alguns erros aqui e ali, o jogo se mostra bastante competente e faz com que uma franquia relativamente esquecida ganhe vida em 2023.

Ao final, a Teyon e a Nacon entregaram a melhor adaptação já feita de Robocop, e um dos títulos licenciados mais criativos da atual geração. Não importa se você é fã desde a infância ou está conhecendo o personagem agora, vale muito embarcar nessa emocionante jornada pelo submundo futurístico de Detroit.

Veja também: Análise: Alan Wake 2

Essa análise de Robocop: Rogue City segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Robocop: Rogue City

Nota - 8

8

Ótimo

Mesmo com um orçamento baixo, Robocop: Rogue City consegue imergir o jogador no mundo do robô policial, trazendo visuais incríveis, uma narrativa competente e elementos clássicos da franquia.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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