A Hazelight Studios retorna com seu terceiro jogo, Split Fiction, sob a direção criativa de Josef Fares, um nome que se consolidou no mercado por suas experiências cooperativas inovadoras. Após o sucesso de It Takes Two, que surpreendeu ao vencer o prêmio de Jogo do Ano no The Game Awards de 2021, a expectativa para este novo título é altíssima.
Com uma abordagem ainda mais ambiciosa, Split Fiction eleva o nível estabelecido por seu antecessor e se posiciona como uma das maiores promessas do ano. Além de uma jogabilidade imersiva e desafiadora, o jogo se destaca por suas inúmeras referências à cultura pop e ao universo dos videogames, entregando uma experiência repleta de criatividade e momentos inesperados.
Nesta análise, exploramos como Split Fiction expande as ideias da Hazelight e se firma como um dos títulos mais empolgantes do ano.
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História: Criatividade, Conflito e Autoconhecimento
A premissa de Split Fiction pode, à primeira vista, parecer um tanto clichê, especialmente na figura do vilão, mas sua execução é o que realmente faz a história brilhar. O jogo acompanha duas escritoras, Mio e Zoe, que possuem estilos completamente opostos: Mio é focada em ficção científica, enquanto Zoe se dedica a histórias de fantasia e aventura. Ambas são convidadas para uma empresa especializada em extrair e transformar histórias em experiências imersivas, utilizando uma tecnologia capaz de dar vida às narrativas criadas pelos escritores.
O processo, aparentemente inofensivo, revela-se algo bem mais sinistro quando Mio percebe que há algo errado com a imersão. Relutante, ela acaba sendo puxada para dentro da simulação junto com Zoe, resultando em um erro inesperado no sistema. O que deveria ser uma experiência individual se transforma em um cruzamento entre dois mundos completamente distintos, e a fusão dessas histórias começa a desestabilizar a própria tecnologia por trás da empresa. Do lado de fora, o CEO da corporação se desespera, preocupado com os impactos desse erro em sua reputação e nos acionistas, enquanto tenta a todo custo retomar o controle da situação.
Enquanto isso, Mio e Zoe descobrem que a empresa não está apenas interessada em publicar suas histórias, mas sim em controlá-las e moldá-las para um propósito comercial muito maior. Diante disso, as protagonistas decidem avançar pelas narrativas – tanto as que já escreveram quanto rascunhos ainda inacabados – na tentativa de sabotar a máquina e impedir que suas ideias sejam roubadas.
Embora a estrutura narrativa possa parecer previsível em certos aspectos, a genialidade de Split Fiction está na dinâmica entre as protagonistas. A interação entre Mio e Zoe, duas estranhas forçadas a dividir um mesmo espaço criativo, é repleta de debates e provocações. A forma como cada uma enxerga o gênero da outra gera momentos de crítica sutil e até mesmo humor, à medida que elas precisam se adaptar a cenários completamente diferentes dos que estão acostumadas. O contraste entre o mundo frio e caótico da ficção científica e a fantasia vibrante e emotiva da magia cria situações únicas, sempre desafiando suas percepções sobre a escrita e sobre si mesmas.
A evolução das personagens é outro ponto-chave da trama. O jogo não se limita a contar uma única história do início ao fim, mas apresenta fragmentos e momentos que servem como peças de um grande quebra-cabeça emocional. Mio, introspectiva e acostumada a histórias mais sombrias e violentas, começa a questionar sua própria forma de ver o mundo. Zoe, por outro lado, com sua visão mais sentimental e idealista, confronta questões pessoais ligadas à sua família e ao peso de suas criações. No fim, Split Fiction não é apenas sobre histórias, mas sobre autoconhecimento, crises pessoais e como os escritores sempre colocam um pouco de si em cada narrativa que criam.
Essa abordagem faz com que a trama vá muito além de um simples embate entre uma megacorporação gananciosa e escritoras em busca de liberdade. O jogo constrói personagens profundas, cujo crescimento ocorre organicamente à medida que enfrentam desafios e revelam mais sobre suas motivações. Assim, Split Fiction consegue capturar a essência do que fez It Takes Two tão memorável, mas com uma abordagem focada no desenvolvimento pessoal e na jornada interna de suas protagonistas.
Ambientação: Um Espetáculo de Criatividade e Referências
Se há um aspecto em que Split Fiction realmente brilha, é na sua total liberdade criativa. Diferente dos jogos anteriores da Hazelight, que, apesar de extremamente inventivos, ainda se mantinham dentro de um escopo narrativo bem definido – como a fuga de uma prisão em A Way Out ou a jornada de um casal em crise em It Takes Two –, Split Fiction abraça a própria ideia de narrativa como um conceito mutável e em constante transformação. O resultado é um jogo que não se prende a uma única ambientação, mas sim a um desfile de mundos criados a partir das mentes das protagonistas.
A grande sacada aqui é que cada grande fase do jogo se alterna entre os estilos narrativos das protagonistas: a ficção científica de Mio e a fantasia de Zoe. Essa dualidade dá ao jogo um dinamismo raro, garantindo que cada nova área traga não apenas desafios diferentes, mas também atmosferas completamente distintas. E onde Split Fiction realmente surpreende é no papel das missões secundárias. Elas não apenas complementam a história principal, mas servem como uma inversão do tom do mundo em que você está – se a fase principal se passa em um cenário de fantasia, as missões secundárias trarão elementos de ficção científica, e vice-versa. Esse contraste cria uma experiência sempre renovada, onde o jogador nunca sabe exatamente o que esperar.
Além disso, a liberdade artística do jogo é impressionante. A cada nova história que as protagonistas visitam, o estilo visual e a direção artística se transformam completamente, muitas vezes trazendo homenagens e referências a jogos clássicos e cultura pop. Há momentos em que você pode perceber inspirações vindas de Donkey Kong, Sonic, Control, jogos indie e até o icônico Jogo da Cobrinha dos celulares antigos. Essas referências não são apenas acenos nostálgicos, mas fazem parte da construção do universo de Split Fiction, reforçando a ideia de que o jogo é um verdadeiro tributo ao poder da imaginação.
Essa abordagem também influencia diretamente a jogabilidade, pois o jogo não mantém um único conjunto fixo de mecânicas do começo ao fim. Cada mundo traz novas regras, novos desafios e novas formas de interagir com o ambiente. O ritmo nunca se torna repetitivo, pois a cada nova missão, seja principal ou secundária, há um elemento inesperado que desafia o jogador de maneira única. Um exemplo claro disso é a transição entre momentos de pura contemplação em cenários de fantasia, onde o jogador pode explorar um mundo mágico e interagir com a natureza, para, logo em seguida, ser jogado em uma missão frenética onde precisa impedir uma supernova de explodir.
O impacto audiovisual de Split Fiction também merece destaque. Os visuais são deslumbrantes, com mundos vibrantes e estilizados que mudam constantemente, sempre mantendo um nível artístico impressionante. A trilha sonora acompanha essa diversidade, adaptando-se de acordo com cada universo visitado, enquanto a dublagem dá vida às protagonistas e aos personagens que elas encontram pelo caminho. O resultado é uma experiência envolvente e cinematográfica, que reforça a imersão em cada nova história.
Diante de toda essa inventividade, Split Fiction pode ser comparado a Astro Bot, vencedor do Game of the Year de 2024, no quesito criatividade. Ambos os jogos exploram ao máximo a diversidade de mecânicas e cenários, oferecendo ao jogador uma experiência sempre nova e surpreendente. Split Fiction segue essa mesma filosofia, elevando o conceito de narrativa interativa a um nível raramente visto nos games. É um jogo que encanta não apenas pela sua beleza e inovação, mas também pelo modo como desafia as convenções de estrutura narrativa e jogabilidade, transformando cada nova missão em uma descoberta fascinante.
Gameplay: Criatividade, Variedade e Cooperação em Alto Nível
Se há algo que define o gameplay de Split Fiction, além da sua liberdade criativa, é a constante variação de mecânicas. O jogo nunca se contenta em repetir fórmulas; a cada nova história, ele apresenta mecânicas únicas que mudam completamente a forma como você joga. O resultado é uma experiência sempre fresca e imprevisível, que desafia os jogadores de maneiras criativas e mantém o ritmo dinâmico do início ao fim.
A base do gameplay gira em torno de dois estilos principais, que refletem os gêneros literários das protagonistas: um estilo mais tecnológico e futurista, com habilidades inspiradas na ficção científica, e um estilo mais mágico e fantasioso, onde as mecânicas são baseadas na transformação e manipulação do ambiente. Para evitar spoilers mais profundos, vamos focar nos dois primeiros mundos como exemplo.
No primeiro mundo, os jogadores assumem o papel de ninjas cibernéticas, cada uma com habilidades complementares. Uma delas pode manipular a gravidade, permitindo andar de formas inusitadas e mudando a perspectiva dos cenários – algo que desafia constantemente a noção espacial dos jogadores e adiciona uma camada única de desafio de plataforma. A outra personagem usa um chicote magnético, que permite agarrar e lançar objetos, além de interagir de formas diferentes com o ambiente. Esse design exige cooperação constante, com os jogadores combinando suas habilidades para resolver quebra-cabeças e superar obstáculos.
Já no segundo mundo, totalmente ambientado na fantasia, a mecânica central muda completamente. Aqui, os protagonistas são metamorfos, capazes de se transformar em diferentes criaturas para explorar o cenário e resolver desafios. Você pode se transformar em um grande macaco para usar sua força e mobilidade, em uma árvore gigante (ent) para interagir com a natureza, em uma espécie de peixe para navegar por áreas submersas ou até em uma fada para acessar locais flutuantes. Cada jogador tem acesso a duas formas diferentes, e a sinergia entre as transformações se torna essencial para avançar.
E essa variedade não se limita à campanha principal. O jogo também traz as side stories – missões secundárias que quebram o ritmo da história principal e adicionam ainda mais mecânicas ao jogo. Essas missões podem envolver desafios de gravidade zero, explorar cenários mágicos cheios de feitiços e encantamentos, ou até mesmo situações inesperadas que subvertem as regras estabelecidas até aquele momento. O impacto disso é gigantesco: cada nova missão pode trazer uma nova abordagem de gameplay, mantendo o jogador constantemente engajado e surpreso.
Mas não é só a variedade que faz o gameplay brilhar. Os desafios são bem projetados, mesclando puzzles inteligentes, seções que exigem precisão e reflexos rápidos, chefes muito criativos e por vezes complexos, e momentos que demandam uma comunicação impecável entre os jogadores. Afinal, como todos os jogos da Hazelight, Split Fiction é um jogo cooperativo por natureza – não há opção para jogar sozinho. Isso significa que o trabalho em equipe não é apenas recomendado, mas essencial para progredir.
Outro ponto positivo que reforça a acessibilidade e o aspecto social do jogo é o Friend Pass, um recurso já conhecido dos jogos da Hazelight. Com ele, basta um jogador comprar o jogo para que um amigo possa jogar junto de graça, como se estivesse no sofá ao lado. Esse detalhe reforça ainda mais a proposta de Split Fiction como uma experiência compartilhada, onde a diversão vem não apenas da jogabilidade criativa e inovadora, mas também das interações entre os jogadores – seja resolvendo puzzles juntos, rindo de falhas cômicas ou competindo em pequenas missões secundárias voltadas para desafios simples e descontraídos.
No fim das contas, Split Fiction entrega um dos gameplays mais inovadores e variados dos últimos tempos. Com mecânicas sempre em evolução, desafios criativos e um foco inabalável na cooperação, o jogo não apenas diverte, mas coloca um sorriso no rosto dos jogadores do início ao fim. É uma experiência que celebra a imaginação, a colaboração e o puro prazer de jogar.
Conclusão: Um dos Maiores Jogos do Ano
Desde o início desta análise, Split Fiction foi constantemente elogiado, e não é por acaso. O jogo é simplesmente fabuloso, entregando uma experiência que mistura inovação, criatividade e cooperação em um nível raramente visto na indústria. Embora estejamos apenas no início do ano, sendo lançado no inicio de março, já é possível afirmar que estamos diante de um dos melhores jogos de 2025 – um título que, sem dúvidas, deixará sua marca e será lembrado por muito tempo.
Seja pela originalidade, pelo resgate do modo cooperativo com excelência, pela narrativa envolvente, pelos personagens carismáticos ou pelas mecânicas surpreendentemente variadas, Split Fiction consegue aplicar todos os aspectos que tornam um jogo memorável. Ele equilibra perfeitamente desafios estratégicos, momentos de descontração, puzzles inteligentes e a necessidade de comunicação constante entre os jogadores, criando uma experiência única e cativante do início ao fim.
Mais impressionante ainda é o fato de que, na nossa opinião, Split Fiction consegue se igualar ou até superar It Takes Two, que já havia sido um marco dentro do gênero cooperativo. Além disso, compará-lo ao o recente sucesso da Sony, Astro Bot, que também se destacou pela criatividade e mecânicas bem trabalhadas, já diz muito sobre a qualidade e potencial do novo jogo da Hazelight.
No fim das contas, este é um jogo obrigatório para qualquer fã de games. Com a ousadia de quebrar paradigmas e entregar uma experiência cooperativa sem igual, Split Fiction já crava seu nome entre os grandes lançamentos do ano. Se você gosta de inovação, diversão e desafios que exigem trabalho em equipe, esta é uma aventura que merece ser vivida.
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