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Análise: Resident Evil 4 Remake é um dos melhores jogos já feitos

Resident Evil 4 é um dos jogos mais aclamados da franquia de survival horror da Capcom desde o seu lançamento inicial para GameCube e Playstation 2 em 2005. O jogo basicamente revolucionou o gênero e a indústria de games no geral com a implementação da câmera sobre o ombro, que junto com a sua atmosfera envolvente, criava uma experiência extremamente tensa. Quando a Capcom anunciou que estava trabalhando no remake dessa obra-prima, muita gente ficou animada. Afinal, a empresa vem acertando em cheio quase sempre nos novos lançamentos da franquia e a chance do remake desse clássico ser excelente era muito alta. E eu já me adianto aqui, Resident Evil 4 Remake consegue superar o jogo original e se consagra como um dos melhores jogos já feitos, mas deixa eu explicar o porquê para vocês.

Confira abaixo a nossa análise em vídeo de Resident Evil 4 Remake. A análise foi feita em um PS5 graças a um código cedido pela Capcom.

O retorno de uma clássico – Análise: Resident Evil 4 Remake

Como muitos de vocês já sabem, não tive a incrível experiência de jogar o jogo original no seu lançamento. Na época, eu era muito fã dos primeiros jogos da série, e não tinha gostado muito da mudança do estilo do jogo para algo mais voltado para a ação. Mal sabia eu do erro que cometi. Por muitas vezes ouvi de amigos que o jogo era excelente, mas ainda assim eu não dava o braço a torcer. Felizmente a gente cresce e amadurece e finalmente resolvi zerar o original mais ou menos duas semanas antes do lançamento do remake. Como já era esperado, quebrei a minha cara e entendi porque Resident Evil 4 é tão amado. Aproveitei também para fazer umas boas anotações com a memória fresca para trazer alguns comparativos aqui para vocês, mas deixa eu dar um contexto geral do jogo para quem nunca o jogou.

Resident Evil 4 se passa 6 anos após os acontecimentos de Raccoon City e traz Leon Kennedy em uma missão para resgatar a filha do presidente dos Estados Unidos, Ashley Graham, que foi sequestrada por uma seita macabra chamada Los Illuminados. O protagonista, então, viaja até uma vila rural na Espanha e descobre que os moradores foram infectados por um parasita chamado Las Plagas, que os torna violentos e obedientes à Osmund Saddler, o líder da seita. Ao longo da jornada, Leon enfrenta diversos perigos e inimigos, como aldeões armados com foices e motosserras, monges fanáticos, soldados mutantes, monstros gigantes e muito mais. Fora isso, ele também conta com a ajuda de aliados, como Luís Serra, um personagem que sabe sobre o paradeiro de Ashley, e Ada Wong, uma espiã que tem uma relação complicada com Leon desde o incidente de Raccoon City. Não vou me prolongar muito mais sobre a história porque tem gente que nunca experimentou o título original, mas resumindo, esse é o enredo geral do jogo.

Uma fórmula revolucionária

O título misturava elementos de horror, ação, aventura e suspense para trazer um gameplay tenso a todo momento. Diferente dos jogos anteriores da franquia, Resident Evil 4 focava bastante no combate, misturando ação frenética com estratégia e gerenciamento de recursos. A câmera sobre o ombro em terceira pessoa era o carro chefe do jogo, e permitia que o jogador mirasse livremente nos inimigos presentes na tela. Apesar do jogo original não permitir que o personagem se movesse e atirasse ao mesmo tempo, ainda assim a experiência da jogabilidade era excelente, já que era possível seguir diferentes estratégias para matar os inimigos, atirando nas pernas para que eles caíssem, ou na cabeça para dar mais dano, por exemplo.

Diferentes inimigos ofereciam diferentes desafios e estratégias, o que fazia com que o jogador tivesse que pensar sempre rápido para garantir a sua sobrevivência. A mistura do enredo com a ambientação e o combate fizeram de Resident Evil 4 um dos jogos mais marcantes da história e provavelmente, um dos maiores desafios que a Capcom já enfrentou. Refazer esse jogo é uma responsabilidade enorme e a empresa resolveu colocar Kazunori Kadoi e Yasuhiro Anpo, diretores do incrível remake de Resident Evil 2, para liderarem o projeto produzido por Yoshiaki Hirabayashi. Sabendo das críticas clássicas e da importância da fórmula original do jogo de 2005, os dois mantiveram a essência do jogo, mas resolveram fazer importantes mudanças, que ao meu ver, melhoraram muito a experiência. 

O remake traz um Leon mais experiente e maduro, que passou por diversos treinamentos e desafios após o desastre de Raccoon City. Além disso, Ashley possui uma personalidade mais forte e independente, tendo mais diálogos e demonstrando mais emoções ao longo da jornada. Ainda, Luís Sera agora revela mais informações sobre o seu passado, da do Los Illuminados e muito mais. Basicamente todos os personagens tiveram suas personalidades alteradas e agora temos um jogo muito mais pé no chão e encaixado que o original. Em muitos momentos eu tinha a impressão de que o clássico de 2005 se perdia durante as cutscenes, que contavam com piadas infames e exageradas e diálogos dignos de vergonha alheia. Praticamente tudo isso foi corrigido e agora, temos uma direção mais próxima do que vimos em Resident Evil 2 Remake, com personagens mais centrados.

O melhor do anterior com melhorias bem-vindas – Análise: Resident Evil 4 Remake

Isso é só uma pequena parte das mudanças feitas pelos diretores, que tiveram que modificar desde o design do mapa do jogo até a estrutura do gameplay para trazê-lo para 2023. Cada uma das três sessões desse pequeno local na Espanha agora funciona como um hub integrado que pode ser percorrido livremente pelo jogador. A Vila, o Castelo e a Ilha mantiveram os seus aspectos visuais originais, mas agora contam com muito mais detalhes, tesouros e tiveram áreas inteiras removidas ou acrescentadas. Eu, por exemplo, que joguei o original de 2005 há muito pouco tempo, percebi claramente quais áreas foram reproduzidas fielmente e quais foram modificadas para permitir uma fluidez maior na jogabilidade e integração entre esses hubs. Alguns dos locais mais memoráveis foram mantidos, mas a grande maioria das áreas do original foram completamente repaginadas e trazem bons desafios tanto para jogadores novos quanto veteranos.

Agora, as principais e mais óbvias mudanças no jogo são a jogabilidade e os visuais. O remake honra o legado desses dois aspectos do original e os supera utilizando a RE Engine, motor gráfico proprietário da Capcom presente em todos os lançamentos da franquia desde Resident Evil 7. Os artistas da empresa refizeram os cenários de forma extremamente bem trabalhada, adicionando detalhes, objetos, luzes, inimigos, texturas e muito mais para criar uma atmosfera tensa e desoladora. O jogo original já tinha esse aspecto, mas eu posso dizer com tranquilidade que o remake aumentou muito mais a sensação de terror do jogo, fazendo uso das sombras e luzes indiretas de forma maestral. Em muitos momentos, eu me peguei parado simplesmente admirando os cenários que são impressionantemente bem trabalhados.

O jogo usa técnicas como reflexos de espaço de tela, oclusão ambiente, mapas de luz, traçados de raios, subsurface scattering e muito mais para criar locais e personagens detalhados. Todos os materiais possuem propriedades fidedignas, que dão uma identidade visual única ao jogo. Desde o couro da jaqueta de Leon até os reflexos nas poças, tudo é muito bonito e consegue superar os trabalhos anteriores da própria Capcom na franquia. O nível de detalhe é tão grande que é possível até ver o efeito de fotoluminescência nos olhos dos inimigos dependendo da posição das luzes no cenário. Isso fica mais evidente quando olhamos os modelos na galeria do jogo, que por sinal, mostra o carinho que os desenvolvedores tiveram com cada personagem. Resident Evil 4 Remake é um dos jogos mais bonitos dos últimos tempos, e é possível parar para apreciá-lo em literalmente todas as cenas e locais, desde florestas e cavernas até castelos e laboratórios.

Grandes mudanças que tornam Resident Evil 4 Remake uma obra-prima

Outro aspecto que merece destaque no Remake são as animações dos personagens e dos inimigos, que são muito mais fluidas e naturais do que as do original. O jogo usa um sistema de captura de movimento, que registra os movimentos reais de atores e os aplica aos modelos 3D. Isso faz com que os personagens se movam de forma mais realista e expressiva, transmitindo suas emoções e personalidades. O remake também usa um sistema de animação facial avançado, que sincroniza os movimentos da boca e dos olhos dos personagens com as falas e faz com que os eles falem de forma mais natural e convincente, melhorando a imersão e a narrativa. Alguns exemplos desses dois fatores são as cenas em que Leon conversa com Ada Wong pela primeira vez, que demonstra o interesse de um pelo outro, e a cutscene em que o protagonista conhece Luís Serra, onde um é mais sério e cauteloso e o outro é descontraído e sarcástico.

E bem, deixa eu falar sobre a jogabilidade em si, que é a primeira coisa que chama a atenção assim que iniciamos o jogo. O jogo original tinha uma mecânica um tanto quanto engessada, que obrigava o jogador a parar para atirar e não permitia se esquivar ou se movimentar livremente. Agora, no remake, isso mudou e Leon pode andar e atirar ao mesmo tempo, se abaixar atrás de obstáculos, trocar de armas sem abrir o menu e até mesmo usar a faca para se defender. Essas mudanças tornam a jogabilidade muito mais dinâmica, dando mais opções de combate e estratégia para o jogador. Fora isso, Leon agora pode se mover furtivamente, o que permite que o jogador evite confrontos diretos ou escape de situações perigosas. Algumas áreas, inclusive, podem ser completamente feitas somente de forma furtiva, o que aumenta a quantidade de formas para se passar pelos diferentes locais do jogo.

Além disso, há uma variedade maior de armas no jogo agora, que permitem diferentes abordagens por parte do jogador. Algumas delas podem ser encontradas pelo mapa, mas a grande maioria pode ser comprada no mercador, que foi repaginado em comparação a sua versão original. Fora as mudanças nas suas falas, agora o personagem oferece um layout muito melhor para compras, vendas e melhorias, e auxilia tremendamente na progressão da maleta e da jogabilidade. Os tesouros e objetos presentes no jogo original permaneceram no Remake, mas agora há também itens que só podem ser comprados com cristais específicos obtidos em missões secundárias. Essas são espalhadas pelas diferentes sessões do jogo e pedem que o jogador faça tarefas pelo mapa. Surpreendentemente, eu não achei nenhuma delas enfadonha e busquei fazer todas para que eu pudesse progredir meu personagem mais rápido. Inclusive, eu busquei também fazer todos os desafios de tiro presentes no jogo, que dão amuletos que aumentam certos status do personagem ou da maleta. Nada presente no jogo é meramente cosmético e ajuda bastante no gameplay com buffs e melhorias muito bem vindas.

A cereja no bolo – Análise: Resident Evil 4 Remake

Finalmente, eu preciso falar sobre dois aspectos que colocam a cereja no bolo do remake, que são a direção de som e o uso do Dual Sense, caso você jogue em um Playstation 5. A equipe da Capcom fez questão de colocar uma variedade de retornos hápticos e sensações no controle que refletem de forma fiel o que acontece durante o gameplay. Por exemplo, os gatilhos do controle variam a resistência de acordo com a arma que Leon está usando. Pistolas têm gatilhos leves, enquanto espingardas e rifles são mais pesados e difíceis de apertar. Além disso, é possível sentir os passos de Leon conforme ele pisa em diferentes locais, desde lama a folhas secas. Armadilhas e explosões trazem um retorno no controle, facadas criam uma resistência nos gatilhos e por aí vai. Praticamente toda ação no jogo tem uma reação no controle e após testar o jogo também no PC e no Steam Deck, eu posso falar com tranquilidade que o Dual Sense melhora muito a experiência já incrível do jogo. Fora isso, diálogos feitos no rádio do protagonista são reproduzidos no controle, o que nos deixa levemente mais próximos da experiência de Leon nessa jornada infernal.

Além de todas as melhorias já comentadas, o remake também se destaca pela sua trilha e efeitos sonoros, que contribuem para criar uma atmosfera de tensão e imersão. Ambos foram feitos por Hiroshi Tamura e Kota Suzuki, que capricharam nas composições e efeitos. Eles mantiveram as músicas originais, mas as regravaram com instrumentos e arranjos mais modernos, dando um toque de atualidade sem perder a essência. As músicas acompanham os momentos de ação, suspense e horror do jogo, variando de acordo com o cenário e a situação. Por exemplo, na vila dos Ganados, onde há hordas de inimigos infectados pelo parasita Las Plagas, a música é marcada por tambores, violões e vozes distorcidas, criando um clima de caos e perseguição. Já no castelo de Ramon Salazar, a música é mais orquestral e sinistra, remetendo à nobreza decadente e à loucura do vilão.

Música para os meus ouvidos

Os efeitos sonoros também são um ponto forte do jogo, aumentando o realismo e o impacto das cenas. Os sons dos tiros, das explosões, das facas e dos objetos do cenário são bem detalhados e variados, dando uma sensação de peso e potência. Os sons dos inimigos também são bem feitos, desde os grunhidos e sussurros dos Ganados até os rugidos e urros das criaturas mais monstruosas, como o El Gigante e o assustador Regenerador. Os sons dos passos, da respiração e dos movimentos do protagonista também são bem audíveis, fazendo com que o jogador se sinta na pele de Leon.

E claro, a dublagem do jogo também merece elogios, e conta com um elenco de vozes talentosas e expressivas. Os destaques vão para Felipe Grinnan, que faz Leon, Michelle Giudice, responsável pela Ashley, Michel di Fiori, como Luís e o Mercador, feito por Marco Nepomuceno. Todo a direção de som do remake é incrível, sendo responsável por uma experiência de terror envolvente e memorável. A trilha sonora e os efeitos sonoros são bem produzidos e adequados ao clima do jogo, fazendo com que o jogador se sinta parte da história. Inclusive, eu recomendo fortemente que o jogo seja jogado com um bom sistema de som ou fones de ouvido, para aproveitar ao máximo o seu potencial sonoro.

Conclusão – Análise: Resident Evil 4 Remake

Para resumir, Resident Evil 4 Remake é um jogo que honra o legado do original e o supera em vários aspectos. O jogo mantém a experiência tensa e envolvente que marcou o gênero, mas traz melhorias gráficas, sonoras, de jogabilidade e narrativas que o tornam mais atual e imersivo. A história é mais coerente e profunda, os personagens são mais desenvolvidos e carismáticos, e os cenários são mais detalhados e realistas. O jogo é uma obra-prima que merece ser jogada por todos os fãs de Resident Evil e de games em geral e é um exemplo de como se fazer um remake de qualidade, respeitando a essência do original, mas trazendo novidades e surpresas que o enriquecem ainda mais. Se você é um fã de jogos em geral e quer ter uma experiência de primeira linha, vá sem medo e compre Resident Evil 4 Remake, você não vai se arrepender.

Essa análise de Saga of Resident Evil 4 Remake segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Resident Evil 4 Remake

Visual, ambientação e gráficos - 10
Jogabilidade - 10
Diversão - 10
Áudio e trilha-sonora - 10

10

Perfeito

Resident Evil 4 Remake honra o legado de um clássico e o eleva a outro patamar com novidades que se encaixam bem com a fórmula do jogo.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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