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Análise: Wandering Sword ensina a não julgar um livro pela capa

Visuais incríveis perdem força perante falta de polimento

Wandering Sword é um jogo que chamou a atenção de todos pelos seus belos gráficos e veremos nesta análise se ele é isso tudo. Em um mundo dominado por RPG’s Japoneses, iremos verificar aqui se essa empreitada chinesa que se inspira em jogos mais recentes da Square Enix vale a pena ou não.

É importante salientar que Wandering Sword possui apenas legendas em Inglês ou Chinês e será lançado apenas para PC neste primeiro momento. Adicionalmente, eu já adianto que o primeiro impacto do jogo é muito negativo. E nem falo por não ter legendas em nossa língua nativa.

O problema é que ao iniciar Wandering Sword, você se deparará com comando em Chinês e deverá mudar para inglês por puro instinto. Adicionalmente, eu tentei jogar este RPG tático com controle e foi uma experiência lamentável. Logo em seguida utilizei o mouse e não me arrependi.

Dito isto, vamos à análise de Wandering Sword!

Um mundo repleto de conflitos

Em Wandering Sword nós iremos controlar o jovem guerreiro Ywen Yi que está tentando sobreviver em um mundo completo de conflitos e com diversos poderes se chocando. A história acontece após o fim da Dinastia Ning e Yi está com um grupo de pessoas escoltando uma pessoa desconhecida.

Após sua caravana ser pega em um conflito de bandidos todos acabam morrendo menos Yi que fica severamente ferido assim como envenenado. Ali ele já jura vingança a gangue Tianlong, mas antes tem que sobreviver ao veneno.

Em seguida, ele é deixado aos cuidados do mestre Jiang Yinfeng que após um árduo treinamento, que dura mais de um mês, ele finalmente se cura do veneno. No entanto, esse tutorial glorificado, serve como uma forma de apimentar a história.

Jiang na realidade é um antigo mestre que fez muitos inimigos e chegou a um ponto onde diversas gangues e clãs querem sua cabeça. Após um grande embate, Jiang passa um pergaminho com seus ensinamentos para Yi e pede para que ele salve e cuide de sua filha, Jiang Xiaotong. Porém, ela é sequestrada e agora cabe a Yi cumprir sua promessa enquanto procura por vingança.

No geral, esta é a tônica de Wandering Sword. Um mundo em conflito onde vários grupos querem demonstrar poder enquanto diversas pessoas buscam por vingança.

Histórias pessoais são interessantes

Algo que achei interessante no jogo são os muitos personagens que passam por nós. Não apenas temos uma história principal, mas contamos com diversas histórias secundárias assim como personagens que cruzam nossos caminhos.

Isto eu achei bem legal, pois, de certa forma, quebrava o ritmo do jogo. O destaque aqui vai para a apresentação que por muitas vezes não é tão óbvia. É comum em diversos jogos seus aliados surgirem de forma conveniente. E após um bate papo ou luta, eles entram em sua party.

Mas isso não acontece em Wandering Sword. Por diversas vezes aliados, geralmente mais fortes do que você, surgirão e ficarão ao seu lado por um tempo. Com o desenrolar daquele arco, você ficará mais próximo dele e conhecerá sua história. Até que ele vai sumir em plena luz do dia dando alguma dica onde posso encontrá-lo.

No geral eu curti mais ir atrás desses personagens e conhecer suas histórias do que a história principal em si. Na realidade, a história principal só serviu para eu explorar mais desse mundo e conhecer novas pessoas.

Faltou um polimento – Parte 1

Em seguida, embora eu tenha achado a história de Wandering Sword interessante, e estou elogiando nesta análise, existem alguns problemas. E esses problemas não irão ficar apenas por aqui. Ao longo dessa análise levarei contra pontos as boas ideias do jogo.

E o primeiro que tenho que levantar é em sua apresentação. Por diversas vezes os muitos diálogos são cansativos e enfadonhos. Imagine ser jogado de início inúmeros nomes de pessoas, nomes de clãs, nomes de golpes, pontos de chakra e mais. Muito mais.

E não é apenas ter uma quantidade de informação massiva. Algo que não gostei ao jogar Wandering Sword, é que todos os textos apareciam de uma vez. Não existiu sequer uma tentativa de imersão na conversa. Tome aqui o texto e preste atenção. Aliás, faço um alerta. Sempre preste atenção nas conversas para entender o que está acontecendo e o que deve fazer.

Ocasionalmente vezes acabei coletando missões secundárias sem entender para onde deveria ir. Em suma, por mais que tenhamos um mundo rico e interessante, a forma em que a história é contada é desestimulante.

Bela parte técnica

Em contrapartida, temos aqui os visuais. E sim, vou falar bem nesta análise dos visuais de Wandering Sword. Aqui temos uma China do passado com toda a influência oriental que podemos esperar.

Aqui temos as famosas florestas de bambus, castelos de época, cidades mais simples, montanhas e mais. Adicionalmente, muitos desses ambientes são exploráveis mostrando o interior de construções e de cavernas onde temos lindos gráficos.

Seguindo o estilo HD-2D, que vemos em jogos da Square como Triangle Strategy, Project Octopath e Live a Live, Wandering Sword dá um show nos visuais. Temos aqui um mundo extremamente detalhado e rico com uma linda iluminação que eleva a ambientação como um todo.

Em adição a isto, temos os personagens que aparecem nos diálogos onde seus rostos são desenhados e são lindos. Houve certamente um grande investimento e carinho nessa parte visual. Por fim, temos também os gracejos visuais na hora da luta, em especial quando ativa uma habilidade suprema que impacta grande parte do cenário.

Em seguida, tenho que falar da parte sonora. Assim como a ambientação oriental, temos também uma trilha sonora repleta de flautas que muda seu ritmo entre a exploração e a luta.

Faltou um polimento – Parte 2

Apesar de ter trazido diversos elogios, mais uma vez tenho que destacar uma falta de equilíbrio. Sim, temos gráficos interessantes e muitas vezes impressionantes. E o mesmo vale para a trilha sonora.

Porém, o jogo cansa rápido em sua parte visual e sonora. E o que quero dizer com isso? Bem, quase sempre eu fiquei perdido nas cidades que não contam com um mapa ou qualquer sentido de direção e o mesmo vale para o mapa mundi que serve como um HUB para se locomover. Mas, o mapa e suas localidades, acabam sendo um tanto desproporcionais.

Outra coisa que senti que faltou um investimento foram nas fases que no geral são muito repetitivas. Ou seja, você não tem uma boa experiência ao explorar essa China antiga.

Gameplay fora da batalha

Finalmente, falando de seu gameplay, tenho que dividir em duas partes. A preparação até a luta e a luta efetivamente.

Bem, como já falei, você é esse guerreiro chamado Ywen Yi que irá andar pela China. E ele terá um grande diferencial! Yi pode usar todas as armas. Aqui temos as classes que são representadas por essas armas que se dividem entre: Punhos, arremessáveis, espada, sabre e bastões. Cada uma dessas armas possuem um alcance específico, assim como habilidades específicas.

E como faz para melhorar suas habilidades e personagem? Bem, são dois jeitos disso ser feito. A partir das tradicionais batalhas entre os personagens, ganharemos pontos de experiência. Cada uma de suas habilidades chega até o nível 10 e ganha uma habilidade passiva a partir de um certo nível. E para conseguir novas habilidades, você deverá ler livros que servem como estudo de uma arte marcial.

Do mesmo modo, os personagens também contam com seus pontos de Chakra que ao atingi-los, melhora algum status do personagem como força, agilidade, vida, defesa e mais. Porém, aqui temos uma pegadinha. Os pontos de experiência que podem ser usados nessas melhorias vem através da melhoria de uma habilidade de meditação. E sim. Ela é limitada até o nível 10. Portanto, até conseguir novos tipos de meditações, existirá um limite que seu personagem pode atingir.

E sim, temos opções de party

E sim, logicamente é possível montar sua party. Tirando os membros obrigatórios e temporários, existe a possibilidade de praticamente escalar qualquer NPC do jogo. Para isso, Wandering Sword conta com um sistema de afinidade. Cada NPC irá gostar de algo. Pode ser uma arma, armadura, itens para forja, consumíveis e mais. Em seguida você dá itens (que são divididos por raridade) para aumentar a afinidade. Ao chegar na afinidade 20, é possível chamar para uma batalha treino. E ao chegar ao nível 60, é possível chamar ele para a party.

Por fim, sim, existem equipamentos com suas devidas raridades. Eles melhoram os status da forma tradicional sem grandes destaques.

Gameplay dentro da batalha

Agora, falando da batalha em si, temos um clássico Tactics RPG. O campo de batalha será dividido em quadrados e cada personagem terá sua mobilidade dentro dele a cada turno. Isso vale tanto para seus personagens como para seus adversários.

Como é esperado, nós podemos escolher nossas habilidades disponíveis para atacar os inimigos. Logicamente, será necessário pesar o alcance de seus golpes assim como de seus inimigos e sua movimentação. Por fim, temos ataque de área e é possível implicar status em seus inimigos como queimadura ou envenenado.

Aqui, Wandering Sword não reinventa a roda e entrega uma experiência padrão de um RPG tático com turnos com tudo que já discuti aqui.

Faltou um polimento – Parte 3

E mais uma vez me repetirei aqui. Faltou polimento também nessa parte de combate e gerenciamento de recursos. Assim como decisões estranhas.

Algo que me saltou os olhos foi a total incapacidade de usar itens no meio da luta. Isso eu nunca vi na vida. Se você entrar minimamente despreparado, não existe a chance de usar um item para recuperar vida ou pontos de magia. Embora exista a possibilidade de gastar um turno para recuperar um pouco de vida ou MP, isso muitas vezes não é o suficiente.

Outra coisa que percebi é que a IA não varia muito seus padrões. Se eu em toda luta contra os mesmos inimigos fizesse o mesmo movimento, eles iriam responder sempre da mesma forma. Adicionalmente, ao investir muito tempo no mesmo local/dungeon, a variação de NPC’s é mínima trazendo um cansaço.

Do mesmo modo, outra coisa que não me agradou foi a HUD. Simplesmente os menus são confusos e a experiência do usuário não é tão boa. No início desta análise eu falei que certos diálogos e situações em Wandering Sword eram meio “jogados”. Tive a mesma impressão com o menu e suas formas de gerenciá-lo.

Claro, não é nada que torna o game injogável. No entanto, fica clara a falta de polimento de diversos elementos do jogo. Eu, por exemplo, demorei cerca de 3 horas pelo menos para entender corretamente a mecânica de aumentar meu nível. E precisei de mais de 6 horas para descobrir que os pergaminhos de habilidades poderiam ser usados em todos meus personagens.

Nada disso é dito ou explicado da forma correta, infelizmente.

Conclusão

Em suma, Wandering Sword não é um jogo ruim, porém, não é um jogo bom. Ao longo desta análise, assim como de minha jogatina de Wandering Sword, eu tive momentos positivos e negativos.

Aqui temos um pacote recheado de ideias, mecânicas e belos gráficos. Porém, fica evidente que muitas dessas mecânicas e conteúdo não atingem seu ápice. E o motivo? Uma falta de polimento claro em diversos níveis.

Quero enfatizar, Wandering Sword não é ruim! E depois de jogar algumas boas horas, você irá dominar sua mecânica e menus confusos. Mas até chegar neste momento, irá passar por muitos momentos decepcionantes.

Essa análise de Wandering Sword segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Podia ser bem melhor

Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 7
Diversão - 5.5
Áudio e trilha-sonora - 6

6.6

Razoável

Wandering Sword tem um potencial imenso com personagens interessantes, lindos visuais e um combate sólido. Infelizmente, ele não alcança seu ápice, pois falha em divertos elementos de polimento seja em sua história, mapa, menus e até no combate.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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