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Análise: Endless Dungeon

Uma excelente aposta da Amplitude Studios

A Amplitude Studios é conhecida por títulos de estratégia como Endless Space e Humankind. Dessa vez, a desenvolvedora francesa arriscou uma abordagem totalmente diferente com Endless Dungeon, um híbrido que mistura elementos de twin-stick shooter, tower defense e roguelike. Será que a ousadia deu certo ou estamos diante de uma colcha de retalhos mal costurada? Confira a nossa análise completa de Endless Dungeon abaixo.

Enredo – Análise: Endless Dungeon

Endless Dungeon mergulha o jogador em uma premissa direta, porém eficaz para sustentar sua proposta. Somos colocados na pele de um grupo peculiar de aventureiros espaciais que sofrem uma queda de nave em uma estação alienígena sombria e cheia de labirintos.

Presos nesse ambiente claustrofóbico sem aparente escapatória, a única esperança de nosso bando de desajustados é proteger um frágil robô cristalino, apelidado de “Robô do Cristal”. Essa pequena máquina, que lembra uma aranha mecânica, é a chave para ativar os portões que levam aos níveis mais profundos da estação.

Cada novo andar traz novos mistérios sobre a avançada civilização alienígena que construiu esse complexo de masmorras infinitas. Paredes metalizadas contrastam com cabos e máquinas que mesclam alta tecnologia com decadência, transmitindo uma atmosfera opressiva. A impressão ao adentrar cada nova sala é de estar violando um território proibido, cujos segredos jamais deveriam ser desvendados.

Infelizmente, apesar de eficaz para justificar a exploração procedural, o enredo de Endless Dungeon pouco se aprofunda. Os alienígenas responsáveis pelo complexo e os experimentos conduzidos em suas entranhas são um mero pano de fundo. Não há revelações impactantes ou plot-twists memoráveis conforme mergulhamos mais fundo. A história alienígena acaba ficando em segundo plano perante a jogabilidade.

Personagens

Ainda assim, o charme do elenco compensa em grande parte a falta de aprofundamento do enredo. Os oito personagens selecionáveis trazem personalidades caricatas e diálogos humorados que aliviam o clima tenso das masmorras, tornando essas incursões mais agradáveis.

Desde o robô Bunker até a tanker Zed, passando pela geógrafa-lagarta entusiasmada Cartie, o elenco é bastante variado e cativante. Em meio ao terror das hordas extraterrestres, os comentários sarcásticos e as tiradas espirituosas dos personagens aliviam a tensão. É impossível não se apegar a eles e torcer pela sobrevivência do grupo a cada nova run.

Essa galeria de figuras excêntricas acaba sendo o grande trunfo narrativo de Endless Dungeon. Mesmo que o enredo em si seja simples e não explore todo o seu potencial, a personalidade marcante dos protagonistas compensa essa deficiência. O carisma do grupo dá motivo para seguir em frente através dos labirintos alienígenas, desejando desvendar seus destinos.

Jogabilidade

A jogabilidade de Endless Dungeon impressiona por ser uma mescla heterogênea de três gêneros distintos que poderiam facilmente entrar em conflito, mas que na prática se complementam com maestria:

Twin Stick Shooter

O combate em Endless Dungeon é conduzido muito bem por controles twin-stick extremamente responsivos e precisos. Movimentar seu personagem com o analógico enquanto mira e dispara com extrema agilidade usando o segundo analógico é intuitivo e satisfatório.

O arsenal diversificado de armas cumpre seu papel mantendo confrontos contra hordas alienígenas sempre frescos e tensos. Cada nova arma traz uma nova possibilidade tática, desde fuzis de plasma até lança-chamas e canhões de gelo. Descobrir as fraquezas elementais de cada espécie mutante e equipar a arma ideal para aniquilá-los é empolgante.

Infelizmente, o ponto negativo da jogabilidade twin-stick fica evidente quando o combate fica muito caótico. Com dezenas de monstros na tela, efeitos visuais de tiros e explosões por todos os lados, fica difícil acompanhar toda a ação. O jogador acaba atirando às cegas, torcendo para que algumas balas acertem alvos. Felizmente, essas situações de excesso sensorial são pontuais em meio à diversão.

Tower Defense

Além disso, a mecânica de construir torres, armadilhas e trincheiras para deter as hordas de monstros alienígenas é extremamente satisfatória e traz uma camada tática bem-vinda à exploração. Cada nova porta que abrimos utilizando nossos frágeis cristais nos rende recursos (conhecidos por jogadores da série Endless) que podem ser investidos para reforçar as defesas do local.

Isso traz uma tensão deliciosa à progressão, ponderando riscos e recompensas. Devemos seguir adiante expandindo o mapa ou reforçar as defesas? Posicionar corretamente trincheiras, torres de laser e campos eletromagnéticos exige planejamento, tornando cada nova incursão única.

Entre uma partida e outra, desbloquear novas torres, aprimorá-las na base e experimentar novas formações táticas também é extremamente viciante. Ver uma horda ser dizimada por nossas armadilhas traz uma sensação incrível.

Roguelike

Ainda, a estrutura roguelike de itens, inimigos e mapas proceduralmente gerados garante uma montanha de conteúdo e alta rejogabilidade. Nenhuma run é igual à outra. A aleatoriedade também realça o impacto da progressão, já que nos força a adaptar constantemente novas estratégias.

O sistema de upgrades permanentes entre as partidas também é essencial para aliviar a frustração da derrota constante. Mesmo ao morrer no meio do caminho, sentimos que evoluímos, desbloqueando novos equipamentos e personagens para experimentar depois. Isso torna cada nova tentativa mais atraente.

A execução da mescla dessas três mecânicas discrepantes por si só já seria um feito impressionante. Mas Endless Dungeon vai além, integrando esses elementos de forma extremamente coesa e refinada. O combate twin-stick se complementa perfeitamente com a estratégia das torres, e a aleatoriedade dos roguelikes realça o impacto da progressão.

Mesmo em grupo, controlar apenas um herói por vez mantém a jogabilidade ágil e intensa. A inteligência artificial competente dos aliados elimina a necessidade de amigos humanos. Em suma, o equilíbrio entre ação e planejamento tático está calibrado com maestria. Endless Dungeon prova que a ousadia de mesclar gêneros pode dar certo com uma execução primorosa.

Gráficos e Som

Visualmente, Endless Dungeon impressiona com sua direção de arte detalhada e inspirada em quadrinhos. Os cenários renderizados em 3D são ricamente detalhados, com excelente iluminação criando uma atmosfera sombria e opressiva nas masmorras alienígenas.

A engine gráfica exibe uma gama impressionante de efeitos visuais como fumaça, faíscas e distorções eletromagnéticas que sublimam as batalhas. As animações vívidas da grande variedade de monstros extraterrestres certamente também são um show à parte, trazendo os terrores alienígenas à vida.

O acabamento retrô, inspirado em HQs e mangás cyberpunk, dá uma identidade única aos visuais. A interface intuitiva com cores vibrantes também combina com as ilustrações dos personagens em estilo cartunesco. O jogo tem uma personalidade visual marcante do começo ao fim.

O único problema reside em cenários muito caóticos, onde dezenas de efeitos especiais explodem na tela simultaneamente. Nesses momentos, fica difícil acompanhar toda a ação, prejudicando levemente a jogabilidade. Mas esses exageros visuais são pontuais em meio a uma apresentação audiovisual de encher os olhos.

Trilha Sonora e Efeitos

A trilha sonora eletrônica de Endless Dungeon merece elogios à parte por seu papel vital na experiência. As batidas industriais aceleram a adrenalina nos momentos de combate intenso. Já nos momentos de exploração, sintetizadores inquietantes aumentam a tensão e expectativa pelo perigo iminente.

Os efeitos sonoros também são primorosos, seja o ricochetear dos tiros nas paredes metálicas ou a satisfatória explosão dos monstros. Cada nova arma tem um timbre único e impactante. Esses áudios trazem grande profundidade à carnificina alienígena.

A dublagem caricata, por sua vez, combina perfeitamente com o tom humorado da aventura. Fora isso, as tiradas espirituosas e sarcásticas dos personagens aliviam nosso stress entre as batalhas. O trabalho sonoro como um todo merece aplausos por sua vital importância para a experiência.

Novamente, a poluição visual extrema em combates muito intensos é o único porém. A quantidade de estímulos simultâneos prejudica um pouco a clareza dos acontecimentos nesses raros momentos. Mas considerando a qualidade sonora consistente, é um problema menor em meio a uma trilha sonora superior.

Conclusão – Análise: Endless Dungeon

Para resumir esta análise, Endless Dungeon prova que misturas ousadas de gêneros diferentes podem de fato resultar em grande sucesso quando executadas com esmero e talento. Essa aventura viciante une as melhores qualidades de um twin-stick shooter, tower defense e roguelike com maestria.

Sua jogabilidade híbrida flui de maneira exemplar. O combate frenético em tempo real do jogo se complementa na medida certa com a tensão tática de construir defesas e explorar os cenários estrategicamente. A aleatoriedade dos roguelikes, por sua vez, aumenta exponencialmente a rejogabilidade e variedade de cada run.

Tudo isso é consolidado em uma experiência altamente polida, responsiva e divertida do início ao fim. Apesar de uma história simples que peca em aprofundamento e problemas técnicos pontuais, o pacote como um todo é primoroso.

Tanto fãs de ação pura quanto de jogos mais táticos e estratégicos encontrarão muito para deliciar seus paladares. As batalhas insanas atraem jogadores ávidos por adrenalina, enquanto o aspecto tower defense agrada jogadores estratégicos clássicos da série da Amplitude.

Endless Dungeon é um prato cheio para qualquer jogador que busca uma aventura desafiadora, repleta de variedade. Seu maior trunfo é conseguir equilibrar com maestria todas as suas partes distintas para formar uma experiência absurdamente viciante.

Reservem espaço em suas bibliotecas e agendas para esse pequeno grande jogo. Mesmo com falhas narrativas pontuais, Endless Dungeon certamente entrega uma aventura híbrida que supera problemas na soma de suas partes brilhantes. Essa é uma experiência de fato obrigatória para qualquer fã de ação, estratégia e tower defense.

Essa análise de Endless Dungeon segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Uma experiência obrigatória

Nota - 8.5

8.5

Ótimo

Endless Dungeon mistura com maestria os gêneros shooter, tower defense e roguelike em uma aventura viciante. Com uma jogabilidade híbrida fluida, combate frenético, tensão tática e alta rejogabilidade, o jogo se mostra uma obra-prima de design que prova que misturas audaciosas de gêneros podem dar muito certo.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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