Análise: FATAL FURY: City of the Wolves
Nostalgia pura!

Lançado em 1999, Garou: Mark of the Wolves representou o oitavo capítulo da aclamada franquia Fatal Fury. Ambientado uma década após a morte do icônico antagonista Geese Howard, o jogo promoveu uma transição significativa: embora mantendo a presença de Terry Bogard no elenco, o protagonismo foi transferido para Rock Howard, o filho de Geese. Garou trouxe uma abordagem renovada e promissora para a série, mas, apesar das expectativas, uma continuação direta não se materializou por muitos anos. Agora, após um longo hiato de 26 anos, a espera chega ao fim com FATAL FURY: City of the Wolves. Curiosamente, o novo título retoma o nome original da franquia, funcionando, na prática, como a tão aguardada sequência de Garou.
Nesta análise, avaliaremos se este retorno consegue honrar o legado estabelecido pela série nos anos 90 e dar um seguimento digno à jornada de seus personagens.
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O Legado de Geese
Uma das pontas soltas deixadas por Garou: Mark of the Wolves era, sem dúvida, o destino de Rock Howard e as implicações de carregar o sangue de Geese. Que fardos acompanhariam tal herança? Na época de Garou, modos de história aprofundados não eram comuns em jogos de luta, uma lacuna que FATAL FURY: City of the Wolves busca preencher com uma narrativa mais elaborada.
O jogo apresenta duas abordagens principais para a história. A primeira é o modo ‘Episódio de South Town’. Nele, o jogador escolhe um lutador e navega por um mapa da cidade, selecionando oponentes representados por ícones para enfrentar em missões principais ou secundárias. Este modo incorpora elementos de RPG: vitórias concedem níveis e é possível equipar habilidades para fortalecer o personagem. Embora o sistema de progressão funcione adequadamente, seu apelo é limitado. A narrativa apresentada é superficial, restrita a balões de diálogo sem dublagem, o que torna o ‘Episódio de South Town’ uma alternativa menos envolvente para quem busca aprofundar-se na história dos lutadores, especialmente quando comparado ao modo Arcade.
Por outro lado, o modo Arcade oferece a experiência narrativa mais robusta e tradicional. Seguindo a fórmula clássica, o jogador enfrenta uma sequência de adversários culminando em um confronto final específico para cada personagem. Este modo representa o ponto alto da experiência offline para um jogador, oferecendo combates desafiadores, um chefe final à altura do legado da SNK e, crucialmente, histórias individuais mais bem desenvolvidas, enriquecidas com dublagem que amplia a imersão. É aqui que a verdadeira exploração da lore do jogo acontece.
Além desses modos focados na história, FATAL FURY: City of the Wolves inclui as opções esperadas para o gênero: modo Versus offline, Treinamento, e modos Online Casual e Ranqueado.
Gráficos e áudio
Visualmente, FATAL FURY: City of the Wolves adota uma estética semelhante à de The King of Fighters XV, porém evidencia melhorias notáveis. Os gráficos apresentam maior detalhamento e beleza, complementados por uma fluidez de animação exemplar. Os cenários contribuem significativamente para a atmosfera, repletos de elementos dinâmicos e vida ao fundo.
As animações dos personagens e, em particular, os efeitos visuais durante a execução dos golpes especiais, proporcionam um espetáculo visual impactante, elevando a intensidade dos combates.
No departamento sonoro, o jogo mantém um alto padrão de qualidade. As opções de dublagem, disponíveis em inglês e japonês, são bem executadas. Igualmente notável é a trilha sonora, que, juntamente com os efeitos sonoros dos menus, trazem a sonoridade clássica da franquia Fatal Fury, intensificando o sentimento de nostalgia para os fãs de longa data.
Combate rápido e agressivo
O sistema de combate de FATAL FURY: City of the Wolves apresentará familiaridade aos jogadores de The King of Fighters XV, mas se distingue fundamentalmente pelo foco em batalhas individuais (1×1), em contraste com os confrontos de trios do outro título da SNK. Além disso, o jogo introduz mecânicas exclusivas que aprofundam sua identidade.
Cada personagem possui um conjunto de movimentos distinto, incentivando a experimentação para encontrar lutadores que se alinhem ao estilo de jogo preferido do jogador. Pessoalmente, enfrentei uma curva de aprendizado inicial, vindo de Guilty Gear Strive, conhecido por seu ritmo de combate frenético. No entanto, a adaptação ao fluxo de FATAL FURY: City of the Wolves foi relativamente rápida.
Duas mecânicas centrais definem a jogabilidade:
- Sistema REV: Representado por um medidor percentual localizado acima da barra de especial, o Sistema REV recompensa a agressividade. Quanto maior a porcentagem acumulada, mais potentes se tornam os ataques e mais robusta a defesa do jogador. Contudo, diversas ações consomem essa porcentagem. Ao atingir 100%, o personagem entra no estado de ‘Sobrecarga’, beneficiando-se de todas as vantagens do REV até que o medidor se esgote completamente.
- S.P.G. (Selective Potential Gear): Trata-se de uma habilidade passiva cuja ativação está vinculada à quantidade de vida restante do personagem. Antes da luta, o jogador escolhe um tipo específico de S.P.G., determinando se ele será ativado quando a vida estiver cheia, na metade ou próxima do fim. A ativação ocorre automaticamente quando a barra de vida atinge a marca correspondente (ou desde o início, o marcador estiver próximo da vida cheia). Os efeitos do S.P.G. são variados, podendo incluir aumento de dano, redução de dano sofrido, aumento de velocidade, entre outros.
A possibilidade de escolher o momento de ativação do S.P.G. permite ao jogador optar por um início de luta explosivo, fortalecer a defesa em momentos críticos de baixa vitalidade ou adotar uma postura de risco calculado (‘tudo ou nada’). Esse sistema não só confere maior individualidade ao uso de cada personagem, como também promove lutas mais dinâmicas e variadas, pois um mesmo lutador, como Terry Bogard, pode adotar abordagens mais ofensivas ou defensivas dependendo da configuração de S.P.G. escolhida pelo jogador.
Conclusão da análise de FATAL FURY: City of the Wolves
FATAL FURY: City of the Wolves marca uma evolução competente para a série, conseguindo resgatar a essência clássica dos jogos de luta da SNK ao mesmo tempo que moderniza sua apresentação audiovisual. A introdução do modo ‘Episódio de South Town’, com suas mecânicas de progressão inspiradas em RPGs (níveis e habilidades), representa uma tentativa válida de inovação. No entanto, sua execução – marcada por uma narrativa superficial, ausência de dublagem e diálogos limitados a balões – o posiciona mais como um complemento experimental do que uma alternativa substancial ao tradicional modo Arcade.
Este último, por sua vez, cumpre com excelência as expectativas para um título do gênero: oferece combates desafiadores, chefes finais memoráveis e narrativas individuais mais bem elaboradas, enriquecidas pela dublagem que favorece a imersão. No cerne da jogabilidade, a aposta em confrontos 1×1 é acertada, e a introdução de sistemas como REV e S.P.G. injeta profundidade estratégica e personalização.
Visualmente, o jogo refina a base estabelecida por The King of Fighters XV, apresentando melhorias nítidas em detalhamento e fluidez, com cenários vibrantes e efeitos especiais impactantes. O design sonoro também merece destaque, tanto pela qualidade das dublagens (inglês e japonês) quanto pela trilha e efeitos que prestam uma eficaz homenagem ao legado auditivo da franquia.
Apesar das evidentes qualidades, as limitações narrativas do modo ‘Episódio de South Town’ são um ponto a ser observado, indicando potencial para refinamentos futuros, embora não comprometam o conjunto da obra. Concluindo, FATAL FURY: City of the Wolves configura um retorno respeitável e gratificante para a série, alcançando um equilíbrio bem-sucedido entre tradição e inovação, sem jamais renegar suas origens.
Essa análise/review de FATAL FURY: City of the Wolves segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.
Acerta em cheio no combate, visuais e modos.
Visual, ambientação e gráficos - 10
Jogabilidade - 9
Diversão - 9
Áudio e trilha-sonora - 10
Narrativa - 8
9.2
Excelente
FATAL FURY: City of the Wolves moderniza a série com melhorias visuais e um combate dinâmico, mas seu novo modo de história não alcança o mesmo impacto do tradicional arcade.