
Lançado originalmente em 2017, No Heroes Here apresentou uma proposta cooperativa bastante única, misturando estratégia, ação e caos controlado em um mundo 2D pixelado. Agora, em No Heroes Here 2, a desenvolvedora brasileira Mad Mimic retorna com uma sequência que busca evoluir essa fórmula. A principal mudança visual é a transição do 2D para o 3D, trazendo um novo olhar para a ambientação e os desafios cooperativos do jogo.
Nesta análise de No Heroes Here 2, vamos explorar como essa transformação impacta a experiência e o que mais a continuação traz de novo em relação ao título original.
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O que é No Heroes Here 2?
No Heroes Here 2 mantém a essência do primeiro título da franquia, mas agora expande sua experiência com uma nova perspectiva em 3D. O jogo da Mad Mimic é direto ao ponto: não há uma narrativa elaborada ou foco em personagens marcantes. O centro da experiência é o gameplay cooperativo com elementos de Tower Defense, fortemente inspirado por títulos como Overcooked, com quem compartilha o estilo de caos organizado e cooperação intensa entre jogadores.
Para quem não conhece o início da franquia, o primeiro No Heroes Here foi lançado em 2017 com uma proposta semelhante, mas ambientada em um mundo 2D pixelado. Em 2018, o jogo recebeu uma versão alternativa chamada Mônica e a Guarda dos Coelhos, uma parceria com a Maurício de Sousa Produções que reaproveitava as mecânicas principais do jogo original com uma roupagem mais acessível e familiar ao público brasileiro.
Em No Heroes Here 2, o foco permanece na defesa de castelos, que são atacados por dois pontos distintos. A missão dos jogadores é manter as armas carregadas começando com canhões, mas evoluindo para bestas, estilingues e outras opções e coordenar esforços para impedir o avanço dos inimigos.
É importante reforçar que esse é um jogo essencialmente cooperativo. Embora tenha a opção de ser jogado sozinho, essa não é a experiência recomendada. Jogar sozinho torna o ritmo lento e repetitivo, enquanto em grupo, o jogo ganha vida com sua proposta de caos supostamente coordenado. A dinâmica exige comunicação constante e tomada de decisões rápidas, principalmente quando a ordem dá lugar ao improviso em meio ao ataque inimigo. Nesse aspecto, No Heroes Here 2 traduz com eficiência a fórmula do primeiro jogo para o ambiente tridimensional, sem perder o charme do caos colaborativo.
Ambientação e trilha sonora
A principal mudança de No Heroes Here 2 em relação ao seu antecessor está na transição do 2D para o 3D que é justamente aí que mora sua maior fragilidade. Embora o jogo funcione bem em termos gerais, com visuais simples e legíveis durante as fases, ele perde parte do charme presente nas versões anteriores, especialmente o primeiro jogo e sua reinterpretação com a Turma da Mônica.
Os sprites em 2D eram mais claros, visualmente carismáticos e facilitavam a leitura do cenário. A mudança para o 3D trouxe uma estética mais genérica e uma direção de arte menos expressiva. Os personagens, por exemplo, não têm destaque suficiente em relação ao ambiente. Em algumas fases, eles parecem pequenos demais em comparação com o mapa e acabam se misturando ao cenário. Falta algum elemento visual (seja contorno, contraste ou filtro) que os diferencie com mais clareza do fundo.
Outro ponto que merece atenção é a interface. A HUD apresenta excesso de informações agrupadas em áreas pequenas da tela, principalmente nos momentos entre as ondas de ataque, quando os jogadores podem comprar e posicionar novos itens. Os menus ficam visualmente poluídos, com textos apertados e descrições pouco claras, dificultando a tomada de decisões rápidas. O layout da loja poderia ser mais espaçado e ter uma hierarquia visual melhor definida.
Já na parte sonora, os efeitos cumprem seu papel sem grandes destaques. No entanto, a trilha sonora é um ponto fraco. As músicas são repetitivas e pouco variadas, o que acaba tornando a experiência sonora cansativa com o passar do tempo. A ausência de variações musicais entre fases ou momentos de tensão reduz o impacto emocional e a imersão durante as partidas.
Cooperação, caos e estratégia
No Heroes Here 2 mantém a base de seu antecessor e apresenta uma jogabilidade focada na cooperação em tempo real, misturando elementos de tower defense com organização estratégica em tempo real. O objetivo segue direto: defender o castelo de ondas inimigas, utilizando diferentes armas e recursos espalhados pela base. Cada castelo conta com dois pontos de entrada e exige que os jogadores montem canhões (ou suas variações) e fabriquem munições com materiais como pólvora, pedras, borracha ou outros elementos, dependendo da arma selecionada.
Ao longo do jogo, novas armas são desbloqueadas e exigem diferentes combinações de produção, o que obriga o time a se adaptar constantemente à dinâmica de cada fase. A coordenação entre os jogadores é essencial, já que além de construir, carregar e posicionar as armas, também é necessário manter a limpeza das estações e distribuir os recursos de forma eficiente, o que pode ser feito manualmente ou por meio de acessórios e melhorias adquiridas entre as fases.
Esses itens adicionais são comprados com o ouro acumulado e trazem vantagens como bancadas que não sujam, baldes aprimorados, esteiras, plataformas de teletransporte e até bombas de efeito de área. Contudo, nem sempre suas funcionalidades ficam claras. Alguns equipamentos não têm descrições objetivas, o que obriga o jogador a descobrir seu funcionamento durante a partida, algo que pode se tornar frustrante, especialmente nas fases mais intensas. Um exemplo é a bomba de mel, cujo uso correto só fica evidente após tentativa e erro.
Outro acréscimo ao gameplay é o sistema com leves elementos de roguelite: após um número de ondas vencidas, o jogador pode escolher entre duas opções com recompensas e penalidades. Embora a ideia adicione variedade, ela sofre do mesmo problema de clareza — muitas vezes o jogador não entende o que determinada penalidade causará, como no caso do inimigo estandarte, que aparece como punição antes mesmo de ser introduzido no jogo.
Apesar das falhas em explicação, o jogo oferece três níveis de dificuldade, e sua curva de desafio é bem construída. As fases vão se tornando mais elaboradas com obstáculos que exigem novas formas de coordenação, como passagens estreitas, restrição de movimento entre seções do mapa, ou obrigatoriedade no uso de esteiras para transportar itens. Essas variações forçam uma constante adaptação tática entre os membros da equipe.
No fim das contas, o gameplay mantém a essência divertida do original e traz boas adições, mas carece de um refinamento maior na comunicação de suas mecânicas, o que impacta diretamente a acessibilidade de novos jogadores.
Conclusão: um passo adiante, mas ainda com tropeços
No Heroes Here 2 representa uma evolução ambiciosa em relação ao primeiro jogo, especialmente ao tentar transpor sua proposta do 2D para o 3D. O cooperativo caótico, que já era o coração da franquia, segue presente e divertido, proporcionando bons momentos quando jogado com amigos. No entanto, o jogo peca em pontos fundamentais de usabilidade e clareza, especialmente na navegação pelos menus, na leitura dos elementos da interface e na compreensão de mecânicas novas.
Enquanto o primeiro título da série era mais enxuto, objetivo e bem polido, No Heroes Here 2 ainda parece inacabado em alguns aspectos. Há potencial claro no que foi entregue, e a base do gameplay continua sólida. Entretanto, falta um acabamento mais refinado, principalmente na parte visual, nos elementos entre as fases e na comunicação com o jogador.
É possível que atualizações futuras resolvam esses problemas e entreguem a experiência mais coesa que o jogo claramente almeja ser. Por ora, No Heroes Here 2 é um título divertido quando aproveitado em grupo, mas que exige paciência e alguma boa vontade para contornar suas arestas mais ásperas.
Essa análise de No Heroes Here 2 segue nossas diretrizes internas. Confira aqui nosso processo de avaliação.
Uma evolução na franquia, mas com arestas a serem aparadas
Visual, ambientação e gráficos - 7
Jogabilidade - 7.5
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 6.5
7.3
Bom
No Heroes Here 2 representa uma evolução ambiciosa em relação ao primeiro jogo, especialmente ao tentar transpor sua proposta do 2D para o 3D. O cooperativo caótico, que já era o coração da franquia, segue presente e divertido, proporcionando bons momentos quando jogado com amigos. No entanto, o jogo peca em pontos fundamentais de usabilidade e clareza, especialmente na navegação pelos menus, na leitura dos elementos da interface e na compreensão de mecânicas novas.