
Tempest Rising é um título que chama atenção por resgatar um gênero que dominou os anos 90: os jogos de estratégia em tempo real, os clássicos RTS. Com inspirações evidentes em franquias consagradas como Warcraft, Starcraft e, principalmente, Command & Conquer, o novo jogo busca trazer de volta a essência desse estilo, hoje praticamente esquecido pelas grandes desenvolvedoras.
Em 2025, a proposta de reviver o gênero com fidelidade e identidade própria chama a atenção — e nesta análise vamos explorar todos os aspectos do jogo, das suas mecânicas às decisões de design. Para quem sente falta de um bom RTS, essa é uma análise que vale acompanhar de perto.
Campanha e história
Como é tradicional no gênero RTS, Tempest Rising apresenta uma campanha robusta focada na disputa entre facções rivais, permitindo que o jogador acompanhe a narrativa a partir de diferentes perspectivas. Cada campanha oferece uma rota única dentro desse cenário de conflito global.
A história parte de uma premissa alternativa: a crise dos mísseis de Cuba, datada originalmente dos anos 1960, evolui para uma guerra mundial, alterando drasticamente os rumos da civilização. Anos depois, surge uma nova forma de energia chamada Tempest, extraída das profundezas da Terra e com propriedades elétricas únicas. O enredo se passa cerca de 30 anos após essa crise, no final da década de 1990, num mundo dividido entre duas grandes potências.
De um lado está a Tempest Dynasty, uma facção que acredita ter o direito divino sobre a energia descoberta, tratando sua posse quase como um dogma religioso. Do outro, a GDF (Global Defense Force), uma entidade criada após a guerra para evitar que desastres como aquele se repitam, atuando como uma espécie de força militar internacional com traços de autoritarismo.
A narrativa remete diretamente a clássicos como Command & Conquer: Tiberian Sun e Red Alert, tanto na construção de suas facções quanto na condução das missões. As campanhas são estruturadas com briefings, objetivos claros e a presença de personagens-chave — como comandantes e especialistas — que conduzem o enredo em cenas dubladas e animadas. Essas sequências ajudam a dar contexto às batalhas e reforçam a ambientação do jogo.
Além da guerra entre os grupos, a história também se aprofunda no mistério em torno da origem e do propósito do Tempest, revelando surpresas ao longo da campanha. Tempest Rising acerta ao recriar o clima de tensão e conflito característico dos grandes RTS dos anos 90, entregando uma experiência nostálgica, mas com roupagem moderna.
Ambientação, visual e trilha sonora
Tempest Rising aposta em uma ambientação que respeita as raízes do gênero RTS, mas com um visual moderno e bem trabalhado. O jogo utiliza câmera isométrica, padrão do estilo, que permite ao jogador controlar unidades de forma precisa, visualizar grandes grupos em combate e ter um bom controle tático do campo de batalha. As construções e os personagens são extremamente bem animados, o que melhora ainda mais a imersão no jogo.
Apesar de se inspirar em jogos da década de 90, o visual aqui é contemporâneo. As texturas são nítidas, as animações são bem executadas e há variedade nos biomas e nos cenários. As missões passam por regiões com florestas densas, áreas litorâneas, zonas nevadas e locais marcados pela presença do Tempest, a energia fictícia de Tempest Rising, que altera o clima e dá um tom visual único às fases com suas vinhas vermelhas e energia pulsante. Esse cuidado com a ambientação ajuda a tornar cada missão visualmente distinta.
As cenas entre missões seguem um padrão de personagens em salas de comando, com modelos bem detalhados e animações que, apesar de relativamente estáticas, são competentes. Os personagens se movimentam, gesticulam e transmitem bem suas falas. Há ainda algumas CGs utilizadas em pontos específicos da campanha, com qualidade inferior ao restante do jogo. Essa escolha parece ser proposital, já que remete diretamente às cutscenes de Command & Conquer, com um tom quase “tosco” que reforça o apelo nostálgico.
A trilha sonora é outro destaque. Ela acompanha bem a ação intensa nas batalhas, com composições que seguem uma linha mais agressiva e tensa. Os efeitos sonoros são claros e bem mixados, reforçando o impacto dos combates. Um detalhe interessante é que a trilha foi composta por Frank Klepacki que trabalhou na franquia Command & Conquer, reforçando ainda mais a conexão com os clássicos do gênero.
Durante os testes, Tempest Rising foi executado em um PC com processador Ryzen 7 5800X e uma GPU RTX 4070 Super, rodando na qualidade máxima entre 80 e 100 quadros por segundo. O título também conta com tecnologia de geração de quadros, embora não seja essencial, visto que o desempenho já é alto em configurações mais potentes.
Gameplay clássico e moderno
Tempest Rising entrega uma experiência de gameplay sólida e fiel às raízes do gênero RTS, com uma estrutura clássica que agrada tanto veteranos quanto novatos. O jogo se apoia em duas vertentes principais de missões: aquelas em que o jogador deve estabelecer bases, reunir recursos, montar um exército e destruir o inimigo — e outras com objetivos mais específicos, como atravessar um mapa, eliminar alvos pontuais ou cumprir tarefas táticas.
O título apresenta duas facções jogáveis: GDF (Global Defense Forces) e Tempest Dynasty, cada uma com suas peculiaridades. Ambas possuem unidades aéreas, terrestres e de infantaria, mas com características distintas, como velocidade, poder de fogo, resistência e especialização (anti-aéreo, terrestre, etc.). A estrutura clássica de Command & Conquer está presente aqui de forma evidente, mas o diferencial de Tempest Rising está justamente nas nuances que essas facções oferecem.
Um exemplo claro está no sistema de construção. A GDF adota o método tradicional: ao escolher uma estrutura, é preciso posicioná-la no mapa e aguardar sua construção. Já a Tempest Dynasty trabalha de forma mais “oculta”, produzindo estruturas em segundo plano e implantando-as de forma imediata quando prontas. Isso impede que construções em andamento sejam destruídas e garante um ritmo mais ágil ao jogador dessa facção.
Além disso, a Tempest Dynasty mostra-se mais eficiente na coleta de recursos, com unidades mais rápidas e um ritmo de expansão superior. Por outro lado, a GDF compensa com poder de fogo mais pesado e tecnologias únicas, como comandos especiais e a habilidade de construir fora do perímetro da base — uma vantagem estratégica que pode mudar o rumo das batalhas.
Outro destaque são os especialistas, unidades únicas com habilidades especiais como camuflagem, cura ou ataques de alto impacto. Embora não sejam exatamente “heróis” como em Warcraft III, esses personagens cumprem papéis cruciais em missões mais complexas, lembrando figuras icônicas como Tânia de Red Alert. O uso correto desses especialistas pode virar uma partida, mas Tempest Rising, por vezes, apresenta essas unidades de maneira muito rápida e em meio a combates intensos, o que pode comprometer a compreensão imediata de suas funções.
Complementando a experiência, cada facção possui comandos especiais — habilidades que podem ser ativadas ao longo da campanha, como ataques de precisão, interferências tecnológicas ou reforços táticos. A GDF, por exemplo, pode ativar zonas de construção avançada longe de sua base, criando possibilidades únicas de expansão e cerco.
Ao fim de cada missão, o jogador recebe pontos de experiência, utilizados em uma árvore de habilidades que permite desbloquear bônus passivos, como aumento de vida das unidades ou armamentos alternativos (mísseis por lasers, por exemplo). Também é possível desbloquear equipamentos especiais que oferecem vantagens pontuais, com builds personalizáveis que se adaptam a diferentes estilos de jogo.
Em resumo, o gameplay de Tempest Rising é profundo, estratégico e extremamente dinâmico. Cada missão exige atenção constante, decisões rápidas e adaptações inteligentes, proporcionando uma experiência desafiadora do começo ao fim. A única crítica fica por conta do ritmo acelerado, que pode dificultar o entendimento imediato de novas unidades ou habilidades especiais. Ainda assim, essa intensidade é parte do charme do jogo e garante partidas cheias de adrenalina e tensão estratégica.
Tempest Rising é um verdadeiro tributo ao RTS clássico
Tempest Rising é, sem dúvida, uma carta de amor aos fãs de jogos de estratégia em tempo real. O título acerta em cheio ao resgatar o espírito dos clássicos dos anos 90, trazendo toda a nostalgia de volta — mas sem se prender ao passado. Pelo contrário, o jogo se adapta perfeitamente à modernidade, oferecendo visuais impressionantes, trilha sonora intensa e desafios constantes que mantêm o jogador engajado do início ao fim.
Cada missão apresenta obstáculos únicos e bem construídos, com uma curva de dificuldade instigante. Em nenhum momento a campanha pareceu fácil ou previsível — e isso é um grande mérito. Com mecânicas sólidas, ritmo acelerado e diferenças marcantes entre as facções, Tempest Rising mostra que o gênero RTS ainda tem muito a oferecer.
A única dúvida que paira no ar é se esse estilo de jogo ainda terá apelo entre o público mais novo. Para veteranos do gênero, como eu, a resposta é clara: há espaço, sim — e esse espaço merece ser ocupado por um jogo como Tempest Rising. Que mais jogadores deem uma chance ao título, porque ele certamente merece o reconhecimento.
Essa análise/review de Tempest Rising segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.
Uma carta de amor pra os fãs de RTS
Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 10
Diversão - 9
Áudio e trilha-sonora - 9
9.3
Excelente
Tempest Rising é, sem dúvida, uma carta de amor aos fãs de jogos de estratégia em tempo real. O título acerta em cheio ao resgatar o espírito dos clássicos dos anos 90, trazendo toda a nostalgia de volta — mas sem se prender ao passado. Pelo contrário, o jogo se adapta perfeitamente à modernidade, oferecendo visuais impressionantes, trilha sonora intensa e desafios constantes que mantêm o jogador engajado do início ao fim.